Preço da Fama

Era fim do Outono quando Jäger retornou de seu treino intensivo com o Velho Bêbado. Tinha aprendido três técnicas extremamente úteis, absolutamente fortes e essencialmente violentas. Conseguia agora entrar num outro nível de batalha, junto ao Suiken e os primeiros portões do Hachimon.

Assim que ele retornou para sua casa, nos subúrbios de Iwagakure, um mensageiro batia em sua porta oferecendo-lhe uma missão e dando um aviso.

- Bom dia, rapaz. Me pediram para entregar isso aqui. Todas as informações estão presentes no pergaminho, não se atrase. E mais uma coisa... Seu tio pediu para avisar que você pode voltar para a loja.

- Tá, tá... Obrigado. – E fechou a porta.

Jäger não tinha um tio. O que tinha era uma espécie de tutor com o qual sua mãe o tinha deixado, mas o garoto acabara por fugir da casa dele antes de sua empreitada nas montanhas, quando desapareceu de Iwa durante um mês. A relação dos dois não estava tão boa e o velho parecia querer se retratar.

- Muita coisa pra fazer, não posso perder meu tempo com isso. – Resmungou Jäger, falando sozinho.

Ele buscou uma camiseta qualquer e uma calça confortável, que desse alguma mobilidade. Vestiu uns tênis que facilitavam a corrida, e saiu. O pergaminho dizia para encontrar a comitiva da atriz nos portões, e foi o que ele fez.

O grupo era composto por dois serviçais, um homem que era o cocheiro e uma mulher que era a criada, e um guarda, que na verdade era outra mulher. Além disso, havia a própria atriz, que se recusava a sair de dentro da carroça, e Jäger.

- Mas que falta de educação... – Reclamou, baixo, a respeito da famosinha sequer sair para saudar seus protetores.

Sem muitas delongas, a trupe saiu de Iwa e partiu por uma estrada nas montanhas. O caminho era íngreme, perigoso. Jäger ia afrente, como um batedor, e a guarda ia atrás da carroça, checando tudo.

A viagem continuava e nada de estranho ou incomum acontecia. Inúmeros viajantes iam e vinham de Iwa, nenhum deles se mostrou hostil.

O caminho montanhoso foi deixado para trás, transformado numa paisagem florestal. E era ali que o perigo vivia. Era muito mais fácil se esconder na floresta.
Como estava avançado, Jäger pôde ver um obstáculo um tanto artificial: Makibishis, estrelas ninjas, feitas para retardar um adversário numa corrida ou emboscar alguém. O garoto recolheu o item e arremessou-os na floresta.

- Ei! Vamos logo! Antes que algum maldito tente impedir a viagem!

O grupo apressou o passo, mas estavam a 20m de Jäger quando tudo aconteceu.

Das laterais da estrada, na floresta, um grupo de pessoas maltrapilhas e com o rosto escondido se revelou. Em seu lado, Jäger contou quatro. Mas, ao lado da carroça, pôde contar dez. O problema da distância era esse.

- Portão da Abertura! Liberar! – Utilizando o primeiro portão do Hachimon, ativando o Shunshin no Jutsu e utilizando o Suiken, Jäger sequer viu os golpes que os quatro bandidos que o cercaram tentaram efetuar. Ele correu em disparada até a carroça e, em apenas um salto, chutou três dos dez indivíduos que a rodeavam.

- Ieeeeeeeei, chega mais, seus merdas!

Eles tentaram invadir a carroça, mas a outra guarda também lutava com afinco. Ela dava cabo de outros dois. So que Jäger era um ninja, ele tinha muito mais força e velocidade do que um humano comum.

Ele correu ao redor da carroça, socando, chutando, empurrando e ameaçando tudo o que via pela frente.

Encontrou-se com um bandido e quebrou seu quadril, curvando-se completamente e girando em sua base para frente, desferindo uma cotovelada em seu tórax ao melhor estilo Drunken Box, que fez o homem voar em meio aos arbustos.

O próximo ergueu um pedaço de pau e deu-lhe contra Jäger, que somente ergueu o antebraço e viu a madeira se estilhaçar. Ele sentiu todo o poder ancestral do Hachimon fluir através de suas veias.

- TOMA!! – E subiu seu punho, girando no próprio eixo, fazendo o inimigo subir dois metros do chão.

O restante foi massacrado, como de costume.


A viagem continuou sem muitas pausas. Encontraram mais algumas armadilhas no caminho, mas nenhum bandido. A atriz chegou no local indicado, sem questionar o que tinha acontecido, sem olhar para Jäger ou seus criados, sem sequer agradecer por nada.

- Eu devia ter deixado eles te levarem. – Reclamou mais uma vez.

Um tempo depois, o rapaz partiu para Iwa, aonde receberia sua recompensa pelo trabalho e poderia gastar como quisesse.

Considerações: