—— Mais uma noite qualquer, não é? —— Enquanto falava sozinho podia observar uma parte da área residencial da vila pela janela do meu quarto, o que não costumava fazer muito, me sentia cabisbaixo pela primeira vez na vida. O sentimento era novo para mim, não o entendia ou fazia questão. Minha missão de vida era conquistar tudo o que poderia conquistar e nada disso mudou com a minha mudança para Konoha.

—— Que seja —— voltei minha atenção para dentro de casa, não esperava fazer mais nada no dia, pude ver minhas roupas jogadas pelo chão de madeira e pela primeira vez notei que não tinha tempo para ficar em casa; uma ótima oportunidade para organizar tudo. Juntei todas as roupas sujas e as levei até a lavadeira, onde com as próprias mãos lavava as roupas. Depois de fazer todo o trabalho doméstico e deixar minha casa limpa o suficiente para que o cheiro de limpeza invadisse minhas narinas, fui tomar um banho.

—— Chisaki-kun! —— Esbravejava uma voz não muito distante, presumi que estava na porta de casa, enrolando uma toalha na parte debaixo do corpo saí do banho após desligar o chuveiro para conferir o que era. Quando abri a porta um ninja, obviamente de alta patente, abaixado e me encarando com um semblante sério —— desculpe interromper, venho do quartel general com uma mensagem: você foi convocado para uma reunião. Uma missão rank B o aguarda. Agora preciso ir porque tenho de reunir os demais —— e então, usando o shunshin no jutsu, o homem desapareceu.

"Que conveniente" dei as costas para a saída da casa e fechei a porta bruscamente, era hora de me preparar. Não demorei muito tempo para me aprontar, mesmo sendo tarde da noite eu gostava da ideia de realizar uma missão, ainda mais sendo minha primeira missão rank B. Poderia deduzir que meus talentos, aos poucos, eram reconhecidos pela alta patente e talvez logo logo eu poderia me juntar à eles.

—— Boa noite —— disse ao adentrar na sala após uma breve caminhada até o local, consegui sentir a pressão do local devido à demonstração nada empática dos presentes "não importa, um dia vou mandar em todos vocês" pensei. Me sentei, observando o Tokujo começar com a explicação. Por um momento lembrava de Hipátia e sorri por detrás da máscara.

Tudo estava ocorrendo bem até que fui pego de surpresa pelo fato de que as "vítimas" cometeram suicídio. Para mim era impressionante o fato de uma pessoa desistir da própria vida, bom, perdedores sempre serão perdedores. Mesmo com o espanto momentâneo, conseguia me focar na minha tarefa, deveria encontrar a causa de tudo aquilo.  

O vento do lado de fora fazia com que os galhos de uma árvore próxima batessem na janela da sala, o que me incomodava um pouco, então fiz questão de abri-lá totalmente para que o ruído cessasse. Por um momento ganhei a atenção de todos, mas não liguei, minha indiferença era grande e poderia contar com ela para muitas coisas —— bom — proferi inicialmente fazendo uma breve pausa —— investigarei o caso da terceira vítima —— e, utilizando do mesmo jutsu citado anteriormente, deixei o local sem esperar pelos outros.

Já do lado de fora só teria de fazer o que foi dito na reunião, que por sinal demorou muito, caminharia até a casa do entregador. Trabalhava com a hipótese de que todos teriam uma conexão "não precisa ser algo direto, talvez um fator que ligue os três, essas mortes são um mistério que preciso resolver... mas como?" Não havia treinado habilidades investigativas ainda mas como ninja deveria me aperfeiçoar a ponto de conseguir investigar o caso. Todavia, a missão havia começado.

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"Que merda!" Escutava o relato da mulher enquanto ela se desmanchava em lágrimas. Entretanto, como um shinobi, fui educado na acadêmia que sentimentos apenas atrapalhavam as missões, não poderia me envolver emocionalmente em um caso assim. Mas, era fato, quis mostrar um pouco de empatia pela mulher mesmo não sendo uma atitude comum para mim —— escute senhora —— coloquei a mão em seu ombro para que ela se sentisse mais calma —— eu prometo que investigarei o que aconteceu com o seu marido ——.

—— Pode me passar o endereço de onde ele trabalhava? —— Sim. Havia pedido o endereço do trabalho do homem pois se tivesse de investigar, que fosse fazer isso à fundo. Admito, também, que esse sentimentalismo exagerado - mesmo para uma pessoa de luto - também me era suspeito. Só não poderia acusá-la de algo sem provas. Esperaria a mulher responder minha indagação, prestando atenção em todas as suas ações para que eu não sofresse nenhum ataque inesperado.

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