Entreabriu seus olhos, ainda turvos e arenosos, vislumbrando nada além da escuridão para além da janela. O tempo ainda lutava para escapar daquele período frio e escuro, finalmente alcançando a alvorada. Shizuke resmungou alguma coisa, esfregando os olhos, retendo-se momentaneamente e escutando o frágil som que vinha de longe; uma, duas, três, quatro vezes e então até que perdesse a conta. As batidas eram incessantes, amplificando-se em sua cabeça a cada repetição. Olhou novamente para o lado de fora, como se para checar a veracidade do que fora antes visto por olhos sonolentos, mas não haviam truques. Realmente estava ainda no coração da madrugada, longe de alcançar o nascer do dia. Revirou-se inquietamente sobre a cama, tentando achar novamente o sono sobre seu lençol de algodão e o colchão de penas, mas ele não veio. As intermitentes batidas haviam minado toda a sonolência restante daquele corpo, despertando-o por completo. Projetou seu tronco para frente, impulsionado pelas palmas das mãos afundando no colchão; a cabeça latejava sutilmente, a respiração ofegante por ter acordado de súbito. Erguendo-se, sequer lembrou de trocar as vestes, avançando pelo corredor somente em sua calça de linho e nada mais. Não esquecera, porém, de tomar sua espada de pela bainha que a envolvia, rumando pelo corredor em direção às batidas. Com a canhota abriu bruscamente a porta, trazendo a arma em sua bainha à mostra, esperando ter de lidar com algum oficial da vila inconveniente que perdera a noção do tempo. Mas não.
— Oh, que gostosa do cacete em que posso ajudar-la? — sua postura instintivamente transformara-se em algo neutro, quase acolhedor, diante da visão da jovem. Estava desconcertado.

Shizuke: Hp: 400; Ck: 450; Sta: 0/3; Vício: 0/3; Tinta: 470 ml.

Considerações:

Arsenal:

Após ser totalmente desarmado pela inesperada presença de uma jovem em meio a madrugada, Shizuke logo percebeu a aura negativa que pairava intensamente ao redor daquela, sufocando todo o brilho de sua beleza. Desapontado, relaxou os ombros, deixando a extremidade da bainha tocar de leve no solo. Por outro lado, percebera que finalmente haviam notado sua prodigiosidade, resultando nesta aparição indesejada. Mulheres sempre foram um fraco do garoto, bastava um vislumbre de beleza feminina para que ele baixasse guarda e se visse totalmente hipnotizado; pior ainda seria encontrar uma no campo de batalha, onde qualquer vontade ofensiva seria imediatamente suprimida por uma espécie estúpida de código de honra. Desviando-se dos pensamentos acometidos de súbito, deu ouvidos à Keiko, se dando conta da tarefa impossível que lhe fora designada; por mais próxima que sua casa fosse de um dos portões de entrada de Konohagakure, nunca chegaria a tempo ao lugar apontado. Tinha de tentar mesmo assim.
Com a porta aberta pode ter uma amostra de como o clima se encontrava do lado de fora, fresco, ameno. O usual. Não precisaria voltar atrás e procurar por vestes, apenas sua calça de linho bastaria e, caso seus pensamentos se mostrassem corretos, muito em breve estaria tendo de forçar seu corpo a uma situação de quase batalha, o suficiente para aquecer seu corpo.

Correu em frenesi pelas vias da vila, forçando seu corpo ao máximo possível, totalmente alheio ao tempo que se passava — preferia nem mesmo saber, já que sabia ser uma tarefa impossível a que executava. Atravessou os portões, emergindo no negrume provocado pelo aglomerado massivo de árvores próximas umas as outras; a floresta da morte. Antes que pudesse relaxar-se e procurar pela garota de anteriormente ela veio diretamente á ele. Alvejara-o com um único golpe, um soco esquivado no último segundo, por pouco não atingindo em cheio seu maxilar. A personalidade rabugenta somada à ofensiva de agora fazia Shizuke desejar desembainhar sua espada, mas fora apenas um impulso. Reprimiu-o. Apenas desviaria e recuaria, se fosse necessário, mas não ergueria sua mão contra aquela.

Shizuke: Hp: 400; Ck: 450; Sta: 1/3; Vício: 1/3; Tinta: 470 ml.

Considerações:

Arsenal:

Quando fora investido novamente pela garota pagara o preço por sua hesitação; os demais golpes vieram repletos de malícia e o bloqueio mental que tinha no que tangia as mulheres não ajudara na defesa. Foi atingido, golpeado sucessivas vezes e arremessado longamente contra o solo. Nada daquilo fazia sentido algum, por que não podia atacar? Um golpe. Por que não conseguia? Outro golpe. O quão estúpido era Shizuke? Prendendo-se em coisas tão ilógicas, num mundo onde bem e mal não possuem faces; homens, mulheres, idosos e crianças, não faz diferença alguma. Então, fui estúpido o tempo todo? Esperava ter uma voz para responde-lo que sim, mas em resposta obteve apenas o silêncio desolador. Imagine quantas mulheres com más intenções ele poderia encontrar em sua caminhada, por quantas não passaria até o dia de sua morte. Havia muito ainda para se fazer, uma trilha a percorrer e não podia deixar que algo tão frugal o impedisse. Não mais.

Keiko sumira, deixando o garoto confuso sozinho em seus pensamentos, apenas ele e a floresta. Ele e uma imensidão de troncos negros projetando sombras mais negras ainda. Avançou cegamente, usando o pouco que sabia para seguir sua avaliadora — o que se resumia apenas a encontrar pegadas sobre o solo úmida. Parou. Um ruído aproximava-se, flanqueando-o. Manteve-se à escuta, a mão repousando sobre o cabo da espada, até que finalmente foi atacado. O que parecia ser uma língua projetou-se por entre as árvores, alvejando-o. Moveu seu corpo sutilmente para trás, desembainhando o aço e cortando o órgão em dois. O animal irrompeu num grito agoniante enquanto o sangue jorrava descontroladamente. Deixou a criatura em sua agonia e seguiu adiante, o avanço cada vez mais dificultado pela densa floresta, um organismo vivo que tentava a todo custo repeli-lo. Após um bom tempo de caminhada cautelosa, ouviu o segundo som. Esgueirava-se não tão distante, não parecendo se importar com o som que seu corpo causava ao passar por arbustos ou chocar em árvores. Silêncio. O som reavivou-se em seguida, com o animal saltando impetuosamente contra Shizuke. O futuro chunin claramente perdia em velocidade para seu atacante, mas tivera a vantagem de saber que seria atacado antes mesmo disto acontecer. Dançou para trás de uma árvore, evadindo. Minha vez. Fazendo uso da presença em abundancia do arvoredo, ocultou-se entre troncos, rodeando a fera e saltando contra ela; o movimento seria concluído impelindo sua lâmina contra a nuca da criatura.

Shizuke: Hp: 400; Ck: 450; Sta: 2/3; Vício: 2/3; Tinta: 470 ml.

Considerações:

Arsenal:

Até agora seu avanço se mostrara de facilidade inesperada, tendo em vista tudo que ouvira a respeito dos testes de graduação. Um lagarto e uma fera que assemelhava a um coelho, nada além disso. Mas não gostava de quando as coisas se apresentavam de tal maneira à ele, pois isso podia significar uma onda sufocante de desafios e dificuldades. Num ato que lhe era costumeiro, tocou o cabo da espada em busca de coragem, era necessária para seguir em frente. E, seguindo em frente, adentrando cada vez mais na imensidão negra da floresta da morte, Shizuke finalmente encontrara sua avaliadora. As palavras que ouviu colocaram-o no mais extremo alerta; não tinha certeza se falava realmente com um clone ou se era aquilo algum truque. Decidiu que seguiria seu instinto e este lhe dizia para dar ouvidos ao que fora falado, indo em direção ao torre no centro da floresta.
Afastou as folhagens que se colocavam em seu caminho, retirando-as com suas mãos, tendo a caminhada num ritmo lento para que não tropeçasse em galhos caídos. Nenhum som se fez ao seu redor, nenhum outro animal à espreita. Era melhor assim, um pouco de paz e descanso. Encontrou a torre numa área onde as árvores se espaçavam, abrindo um espaço onde havia somente a construção ao meio e nada mais. A marca do homem sobre a natureza. Adentrou a estrutura, em total sinal de alerta. Visualizou o corpo completamente inerte ao centro. Não hesitar. Seu teste dependia daquilo supos, não somente ele; toda sua vida dependia de superar essa barreira ilógica que o impedia de levantar uma mão sequer contra mulheres. Pensou em todas as possibilidades que poderiam ser criadas contra ele caso soubessem de tal coisa. Não podia seguir assim.
Afundou as mãos na bolsa de sua coxa, retirando uma arma laminada e adicionando à ela uma tira explosiva. Atirou contra o corpo inerte.
Enfiou, desta vez, a mão num dos bolsos de sua calça, retirando um doce de embalagem dourada. Retirando o embrulho, atirou a bala de café em sua boca.

Shizuke: Hp: 400; Ck: 450; Sta: 0/3; Vício: 3/3; Tinta: 470 ml.

Considerações:

Arsenal:

Tendo todo seu foco resumido à figura inerte ao centro da arena, foi pego desprevenido. Era como se Keiko houvesse incorporado os aspectos da floresta ao redor, movendo-se como o vento em um farfalhar de folhas, atingindo em cheio o rosto de Shizuke e deslocando-o pelo ar. Novamente baixei a guarda para uma mulher? Não, tratava-se agora de outra coisa. Seu devaneio anterior servira em boa parte para clarear sua mente a respeito disso. Simplesmente fora pego e não havia nada que pudesse ter feito a respeito desse truque.
Equilibrou seu corpo ainda em voo, utilizando seu centro de gravidade como apoio para pousar em pé. Seguidamente, dera uma cambalhota para a frente, minimizando o impacto da queda sobre seus joelhos. Antes que pudesse ter ao menos um segundo de descanso foi atacado novamente; saltando da arquibancada Keiko o alvejou com outro chute, mas este não se comparava ao anterior. Ela está se segurando? Hesitou perante a isto, esquivando-se com um ágil movimento lateral que o tirou da rota do ataque, ainda o mantendo próximo a garota. Apreensivo, manteve-se inerte. Ela não utilizara todo seu potencial, então por que ele deveria fazer o mesmo? Não, de novo não. Balançou uma das mãos no ar, como se aquele movimento pudesse desvencilha-lo desse tipo de pensamento.
Projetou-se para a frente, tentando encurtar a distância; seu avanço tivera em conjunto o saque da arma e um golpe em arco que seria suficiente para abrir a garganta de um lado ao outro. Aproveitando-se da obstrução de visão que este ataque criaria em seu outro braço, sacou sua lâmina menor com a canhota, lançando-a em direção ao estômago de Keiko.

Shizuke: Hp: 400; Ck: 450; Sta: 2/3; Vício: 0/3; Tinta: 470 ml.

Considerações:

Arsenal: