Os primeiros sons que ecoaram pela minha casa naquela manhã avisaram que meus pais estavam acordados. Apressei-me para sair da cama e encontra-los ainda antes da primeira refeição – Bom dia – Cumprimentei minha mãe sem entrar na cozinha enquanto ela ainda preparava o café.

- Bom dia minha anjinha – Gentilmente ela me respondeu sem largar o que estava fazendo.

Apoiei-me em meu ombro e ele no canto da porta, foi quando por mim meu pai passou e então me deu um beijo no rosto antes de encontrar minha mãe e envolve-la em um abraço. Mamãe sempre diz que não é todo o coração que é capaz de amar. Por isso, sempre que posso, tento aprender a amar com ela que sabe tão bem.

- Posso sentir o amor de vocês daqui – Pensei um tanto alto enquanto admirada

Papai estava com a testa colada com a de minha mãe, trocavam olhares quando os distraí sem querer – Por falar em sentir, minha pequena. Eu esqueci o mais importante – Ela se desprendeu dele sentenciando enquanto deixava o cômodo com uma pressa incomum. Retornou com um pergaminho – Não deixei esse junto dos outros porque você não deve só ler. Precisa pratica-lo também – Minha mãe estendia as mãos entregando-o para mim.

- Certo, vou me concentrar apenas nisso até dominar – Confirmei recebendo o pergaminho.

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Entrei na cozinha atrás da minha mãe que agradeceu minha ajuda tentando me dispensar para que eu sentasse a mesa antes dela. Não poderia. Depois de aprontarmos a mesa, e agradecer a comida ainda conversamos um pouco entre o comer e sorrir.

- Aproveita o momento de comer para ler minha filha – Minha mãe me lembrava dos meus estudos.

Adiantar a leitura do pergaminho foi uma excelente ideia, abrindo ele na mesa encontrei uma figura conhecida, mas as palavras me confundiam. Percebi que mamãe estava certa, seria ainda mais importante ler e tentar entender sobre aquilo a princípio antes de tentar qualquer coisa – Obrigada pelo conselho mamãe, eu realmente só entendo a parte do fluxo de chakra que aqui menciona – Agradeci sorrindo.

Voltei minha atenção ao que ali na minha frente estava escrito, com uma ilustração que se estendia ao fundo das letras em forma de energia mais opaca. O fluxo de chakra precisa ser sentido através do chakra. Não soa tão bem se falar alto, então não repeti essa parte. Prossegui com a leitura tentando entender como funcionaria a coisa na prática através dos meus pais, mas zero resposta física, bem, pelo menos sentir nada. Voltei a ler, era o melhor a fazer.

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Minha concentração fora interrompida pelo ranger das cadeiras que meus pais empurraram para se levantar da mesa, pedindo licença vieram em fila para ambos beijarem minha testa antes de partirem em direção a porta rumando seus trabalhos.

Não resisti segui-los até a porta, mas como não deixaria de atender um pedido da minha mamãe segurei o pergaminho com força antes de me levantar da mesa sem ao menos pedir licença – Até a volta – Me despedia enquanto a porta se fechava na minha frente.

O frio estava dentro de mim, e eu o dominava até o momento em que eu dominava meu corpo. Tal controle para quem não controla as emoções tão bem não é tão possível, e já com a pequena cozinha gelada ouvi as batidas na porta começarem.

“A energia emana através do corpo, uma sincronia entre o espírito e o físico...” Prosseguia com a leitura relutando a atenção que as batidas tentavam tomar, removendo as lágrimas que se congelavam em cristais de neve em meus olhos. Amargurei sem poder praticar o que lia, não queria sentir quem requisitava atenção atrás da porta. Mesmo sabendo que falharia na tentativa, lia pensando que o descrito era exatamente o oposto do que eu devia fazer no momento.

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Na medida em que recuperei a calma e conseguia me concentrar mais no que estava escrito, onde eu estava não importava muito. Dali enxergava as marcas do meu crescimento que meus pais acompanhavam comigo desde que me criam. Não encontrei de longe o que procurava, e de perto concluí que não tinha marca de um metro ali.

“Esta tudo bem, já passou” – Conseguia me confortar enquanto tinha um objetivo a ser cumprido.

Reconhecer a distância entre você e seus alvos, milímetros, centímetros, metros, uma centena inteira eu conhecia pela teoria ensinada por meu pai. E como se ele adivinhasse que um dia eu precisaria apareceu sobre nessa lição da minha mamãe. Consegui senti-los perto de mim através de seus ensinamentos, mas ainda me faltava assimilar tudo isso.

- Eu vou achar essa fita – Afirmei confiante que lembrava onde minha mãe guardava após usar comigo e meu pai marcando meu crescimento.

Não encontrei no quarto dos meus pais, mas não deixei nada fora do lugar para encontrar, também não encontrei pela cozinha, e finalmente quando olhei em uma das gavetas no banheiro ela estava lá. Com a fita, medi meu braço, e o projetei na minha mente três vezes na minha frente. A ponta solta da fita enrolada marcava o um centímetro um pouco a frente, desenrolei os três metros e lancei a fim de confirmar se meu primeiro chute estava correto, e estava. Continuaria meu estudo de medidas antes de retornar para a leitura.

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O corredor inteiro não passava de 3 metros, a sala tinha menos que isso nas minhas medidas, mas em outra que eu não tinha muito entendimento meu pai chegou a um número maior. Por volta de uma hora em um cômodo sem esfriá-lo, apenas aumentando meu alcance de projeção imaginária.

Talvez fosse um pouco de ousadia de minha parte chamar assim a seta que substituía meu braço em minha mente quando tentava projetar uma distância que via ter na enorme fita em rolo onde podia conferir o resultado se a jogasse na direção onde marquei em mente.

Fui até a cozinha onde encontrei o pergaminho em cima da mesa, não me lembrava de tê-lo deixado ali. Mesmo assim, como queria aproveitar a imaginação avivada pelo treinamento para vê-los ali na mesa onde estavam mais cedo naquela manhã, meu olhar buscou a mesa assim que adentrei a cozinha e mesmo esperando encontrar outra coisa lembrei-me do que deveria realmente fazer pegando o pergaminho.

Em uma corrida atravessei a porta da cozinha, manobrando o corredor onde passei pela porta e a sala com extrema agilidade, apertei o pergaminho com firmeza antes de passar pela janela e saltar alguns degraus até metade da escada para repetir o movimento sem tomar respiração até o chão onde finalmente esperaria para me recuperar

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Antes de enrolar novamente o pergaminho uma ultima vez ressaltei sua parte final em pensamento algumas vezes. Já me faltava confiança para acreditar que faria realmente qualquer coisa dali, um vazio profundo dentro de mim trouxe todo aquele frio me cercando até alcançar uma área onde percebi um limite, procurava meu pai para contar a aventura dos metros e pedir ajuda para levar a fita até onde eu não alcançava com nada além da vista.

Não o encontraria ainda sim procurei, quando visualizei a principal que daria na biblioteca da vila, o que deveria ser tomado como esperança não parecia ter um fim, percorreria tal distância para os meus olhos enquanto ansiava o amparo de minha mãe, pois ela certamente me ajudaria a recobrar minha confiança para iniciar uma parte prática nesses estudos.

Uma fina camada cristalizando acima das areias e terra marcou a área ao meu redor confirmando o que de alguma forma já tinha me esquecido completamente. Ao menos parti do básico desenrolando os 50m de fita segurando sua ponta, concentrei-me em distribuir chakra direcionando o fluxo para as minhas pernas bem pouco vasaria pelos pés para impulsionar um movimento rápido, de onde estava naquele momento sacudi um pouco a fita a fim de acertar o comprimento e conferir a distancia.

“30 metros” – Concluí quando medi a área umedecida pela camada de neve que já estava derretendo, na fita marcava 20 metros e confirmei retornando para conferir suportando a velocidade com a mesma técnica básica de controle do chakra que usei para esticar a fita sem conceder tempo para distrações amargas, se faltava apenas metade do que percorri, lembrei-me de ter acertado a primeira medição quando pressenti um limite talvez por conhecer a reação do meu chakra quando perco o controle dos meus pensamentos.

Se eu deveria me sentir feliz quando voltava para casa alguém precisava falar. Cabisbaixa caminhava quase me arrastando pelas paredes mais próximas, sem prestar muita atenção no caminho que tomava esperava chegar a salvo em casa.

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Depressão: 3/3

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Qualidades de dois pontos precisam ser treinadas com 8 posts. Adicione mais dois para finalizar.

Recuperava o folego na janela quando me lembrei de que em outros pergaminhos encontraria lições que exigiriam determinado controle do fluxo de chakra. Virei-me para a rua onde não pretendia me distrair com as pessoas que passavam, faria uma medição mental, mas não perderia tempo me aprofundando, medi a distância entre o ponto que eu estava para os pontos em que eu olhava.

Obtive muito progresso com os treinos de medida, soube quando mesmo estando em movimento não perdi a concentração no exercício mental, precisei escalar a parede do prédio para alcançar seu topo e ter uma melhor visibilidade do que outras construções conseguem bloquear em torno de onde moro.

“Concentração” – Mudei o mantra

De pernas cruzadas no alto do prédio onde eu morava busquei me concentrar no fluxo de chakra que sentia dentro de mim quando realizava alguma técnica, ou mesmo enquanto o enviava para os pés me fazendo escalar uma parede. Sensações limitadas a memórias mais recentes do uso do chakra não me impediram de visualizar na minha imaginação o centro da ilustração contida no pergaminho sobre kanchi.

Nada além da minha determinação ou da minha imaginação foram tão necessários para alocar o que na figura indicava ser a corrente de chakra de um humano em meu corpo projetado na minha mente.

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Onde meus olhos alcançaram a seta que usava na minha imaginação para tirar as medidas enquanto ainda limitada a 20 metros de noção para iniciar os cálculos. Estar em uma construção mais baixa que muitas outras, dificultavam o treinamento prático quando me perdia na conta sendo distraída por algum prédio do entorno, me fez refletir no que iria realmente “encontrar”.

Aquela era apenas uma parte supérflua de todo o processo de aprendizado, se eu me perdi por alguns momentos expandindo minha noção de espaço em metros, não demorei em me reencontrar dentro da minha mente vazia. O caminho da minha mente para a limpeza foi breve, mas impactante ao ponto de me permitir aprofundar-me ainda mais em meu interior, iniciado pela memória mais dolorosa e vaga que me assombrava como o porquê teve de aprender a sobreviver tão nova e a amar tão velha.

O branco aconchegante que assumiu minha mente antes que minha mente pudesse se deprimir com saudades, tantas, era familiar. Como o gelo que se formava para me proteger, apenas luz sem trevas. Em mim senti um primeiro foco algo pequeno que circulava se estendendo em meu interior, não visualizada ou imaginava, conexões internas que eu estava acessando para focar em ações durante todo aquele dia fluía dentro de mim por inteira. Tentei recobrar minha visão, mas estava muito turva, não ousei me mover até conseguir enxergar apenas uma escada abaixo do andar onde eu estava. Faria uma ultima prova de meu controle concentrando chakra nos pés para descer pela parede e retornar para a sala com o pergaminho pela janela.

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Spoiler:

@Aprovada