Estava eu terminando de ferver a água para tomar uma bebida quente pela manhã, quando a porta emitia seu sutil e urgente sol. Uma visita? Não, era muito cedo para isso. Repousei a faca sobre a mesa e me dirigi até a porta. De imediato um shinobi se pronunciava sem se apresentar, apenas sendo breve e avisando que eu deveria ir até os portões de kumogakure. Aparentemente havia sido escolhido para um treino incomum, já que este tipo de coisa não costumava ocorrer. Direcionei meus olhos sem vida para o sujeito e lhe respondi.

Certo, estarei me indo para lá imediatamente. Contudo, irei me aprontar antes.

Sem delongas, dei-lhe minha resposta e o mensageiro e fui encostando a porta para comer e me arrumar. Com tudo pronto, e de barriga cheia, deixei um papel azul, guardado em uma caixa que separava cartões de várias cores e cada um representava uma ação. O azul, indicava treino, em referencia a cor do chakra. Dessa forma, minha mãe saberia o motivo de minha saída, que poderia demorar algum tempo. Deixei o cartão azul no criado mudo que estava ao lado de sua cama, e parti para fora de casa e segui rumo ao portão.

Uma vez no portão, como um bom cego que eu era, não poderia ver saber as informações contidas no local, uma vez que os pergaminhos não eram feitos em Braille. Usava de meus sentido naquele momento, para encontrar alguém. Uma vez que tivesse alguém por perto, me aproximaria e educadamente eu lhe dirigiria a palavra.

Com licença... Er... Poderia ler para mim os pergaminhos que estão por aqui?

Pelo meu jeito de agir, típico de um cego que não olha diretamente para as pessoas, eu conseguia denunciar meu problema visual. Dessa forma, uma alma caridosa ajudava um ninja em necessidade. Ao ouvir tudo, um me chamava a atenção.

Origamis? Sempre gostei de brincar com dobraduras de papeis. E o nome me agrada. Certo. Estou decidido, será este.

Com o pergaminho finalmente escolhido, eu esperava para ver o que iria acontecer. Talvez novas informações estivessem no pergaminho, como quem seria meu mestre e onde seria. Se eu teria que seguir sozinho ou talvez...


Considerações:
- Narrei uma auto ajuda de algum npc que não afete nada abrangente. Já que meu char é cego.

Com a ajuda de algum desconhecido, pude decidir o que queria. Logo mais, um anuncio geral era feito e me surpreendia pelo que fora dito. Existiria diversos ninjutsus e demais técnicas a disposição, todos variados. Tive uma ideia do motivo daquilo, mas deixaria a duvida para depois.

Em alguns instantes, um novo sujeito me era apresentado. Não precisei me virar muito, para me alinhar com o mesmo. Sua voz era um pouco diferente da maioria dos adultos. Até me lembrava um pouco a voz do vizinho rabugento. Certamente o ninja em questão, era de idade um pouco avançada.

Incrível...

Deixava o comentário escapar. Era de fato surpreendente, ninjas vivos com idades tão longas. Não cheguei a conhecer nenhum ninja ainda em atividade, que não fosse algum kage.

Compreendo. Me chamo Klotz!

Assim que respondi, percebia o velhote se dirigindo para uma direção "X". Ouvindo seus sutis passos, eu o seguia. Durante o trajeto, eu queria por a prova minha dedução sobre este estranho evento no vilarejo.

Senhor... Este tipo de evento é bem incomum, certo? Digo, eu nunca ouvi falar sobre algo assim, nem na acadêmia. Estava pensando... Kumogakure quer repassar seus segredos e técnicas para as futuras gerações e assim manter seus conhecimentos variados para que a vila mantenha o nível militar de sempre. Afinal, Kumo sempre foi reconhecida pela força militar, sendo a principal fonte de renda da aldeia.

Aguardava a resposta, enquanto continuava a caminhar.


Considerações:
- Não sei sobre Kumo no fórum, se tem alguma diferença do anime/manga, então as características citadas, são a respeito de conhecimentos que tenho a respeito da obra original.

De uma forma ou de outra, o jounin respondeu exatamente o que eu pensava. Manter a qualidade ninja da vila era importante. E isso dependia das futuras gerações.

Compreendo. Darei o meu melhor.

Agora eu estava em frente aos origamis que o ninja teria feito com antecedência. Ele parecia gostar também de esculturas de dobras de papel. Em meio a tantos, eu fui tateando um por um e procurando algum que eu reconhecesse o seu formato. Quando notei um pássaro, o peguei em minhas mãos no mesmo instante.

Este eu conheço. Tentarei replica-lo para começar a me acostumar com o manuseio dos papéis.

Peguei uma folha de papel lisa e logo comecei a fazer as primeiras dobraduras da ave a ser feita. Ia formando um triângulo e depois outro. Ia juntando algumas pontas, formando outras combinações geométricas e abrindo algumas partes. O corpo da ave ia tomando forma, e logo eu ia puxando a cauda e o pescoço, seguido da pequena cabeça. Terminava e estendia minha mão com o origami na palma para o mestre ver.



Considerações:

De fato eu teria uma boa coordenação motora com minhas mãos. Desde que fiquei cego, o tato fora a primeira dos 5 sentidos que eu comecei a utilizar para tudo. Fazer meus lanches, escovar os dentes, lavar meu rosto, cuidar para que eu não esbarrasse em algo, até mesmo em casa, dentre outras coisas que me forçava a usar as mãos e os braços. Porém, na falta dos olhos, minha concentração com estes dois membros, passou a ser mais cuidadosa e cautelosa, exigindo certo foco no que eu fazia, pois antes o fato de poder ver, me permitir não ter muito cuidado, por saber o que estava fazendo e vendo o que me cercava. Bem... Hoje depois de tanto praticar, eu já me acostumei e estou seguro das minhas ações. Enfim... O velhote era perspicaz e logo vinha a segunda parte do treinamento.

Mover o origami? Hum...

Imaginava que teria que fazer algo do tipo. Não faria sentido ninjutsu de papel, que não os movesse. Todavia, eu ainda não teria muita habilidade com este tipo de situação. Mas como um shinobi esperto que sempre fui, sabia que o básico se aplicava nesse treino também.

Primeiramente devo mesclar meu chakra, ao papel, igual fazemos com as armas ninjas. Exato. O papel é como mais uma ferramenta cortante.

Compreendido o primeiro passo, eu comecei a concentrar meu chakra. Controlava minha respiração e focava meus portões internos para deixar circular minha energia pelos meus tenketsus e assim eu poder manipular e transferir chakra para o papel, afim de começar algum evento que o papel poderia fazer ou reagir. Mantive minha concentração de chakra, por alguns segundos, como forma para aquecer meu corpo e não haver represálias depois de mal uso do chakra.

O chakra ia fluindo e eu ia liberando através de minha mão, para o papel, mesclando a energia e cobrindo todo o pássaro de papel. Mas agora vinha o complicado. Como fazer levitar? Concentrava o chakra e pensava em coisas como "voar". Mas nada acontecia de fato. A flutuação parecia estar longe de acontecer. Eu podia sentir ainda o papel espetando com suas pontas, a palma da mão.

Er... Senhor. Isso parece meio complicado. É um simples papel, não pesa nada. Mas como devo mover algo utilizando o chakra?


Considerações:
- Tranquilo, é que to seguindo um pouco o personagem já ser mais inteligente que a média, combinado com sua personalidade meio lógica.

"Veja"... Eu deixava escapar um leve sorriso no momento, mas disfarçava bem. Eu era cego, afinal. Mas tudo bem, eu ria pelo fato de alguém estar me tratando normalmente. A cegueira trás certos preconceitos e cuidados por partes dos desconhecidos. Já o velhote não se importava muito.

Tentarei novamente.

Com o auxilio dado por Tetsuo, eu novamente me concentrava. Transferia meu chakra e tentava criar um vinculo com a peça de origami. Mantinha o fluxo sem problemas, uma vez que eu tinha certa afinidade com aquilo. Em certo momento, acreditava que a conexão estava forte. Contudo, a ave de papel não se movia. "Algo de errado, não estava certo". E eu percebia isso e ao notar meu constante fracasso, ficava cada vez mais motivado, tentando aumentar esse vinculo de chakra entre shinobi e matéria física.


Considerações:

O treino seguia descontraidamente, até que o mestre mudou seu semblante. Deu par anotar pelo tom da voz. Minha expressão serena, foi disso, para uma mais contraída, sem esboçar nenhum sentimento ou reação. Abaixei minha cabeça por alguns instantes, refletindo talvez, sobre o que fora perguntado. Embora tenha parado para pensar, a resposta fora breve.

Talvez eu não tenha a resposta que queira. Talvez ela não exista ou até posso ter uma boa colocação em tudo que me permite e motiva a crescer e avançar na trilha shinobi. Estar aqui é apenas um degrau. Uma etapa. Entretanto, é do meu agrado lidar com dobraduras de papeis. Erguia minha cabeça e mesmo sem poder ver, eu ficava "olhando" para o mestre com uma face firme, de olhos estreitos e dentes cerrados. Desde que perdi minha visão, passei a gostar mais da arte e aprecia-la. Modelar o barro e criar vasos, fazer móveis, através de um pedaço de árvore, dar forma a um simples pedaço de papel. Tudo isso me cativa. Me faz estar em contato com tudo que deixei de poder apreciar. E me faz fixar como as coisas ainda são ou podem ser. O ninjutsu lida diretamente com o inimaginável e assim, até mesmo um cego, pode "ver" através das possibilidades que o chakra fornece. Mas ainda sim, eu não sei lhe responder apropriadamente essa questão. Como citei, é uma fase que tenho passar e superar. Preciso desse conhecimento e técnicas, afim de combinar com o que já sei e com o que ainda irei aprender. Sou novo, porém ambicioso e desejo o melhor para minha mãe e nossa terra natal. A partir disso, tenho minha busca a se fazer. Portanto, estou aqui para aprender.

Me calei nesse momento e voltei-me para o origami sem esperar uma resposta do mesmo. Se viesse a conversar novamente sobre algo paralelo, eu lhe daria novamente atenção.


Considerações:

Me surpreendia mais uma vez com as boas risadas do velhote. Aquilo amenizava o teor de peso em meus ombros e a melancolia era breve, partindo para o além no exato momento.

Tudo bem. Vamos continuar. Mas... Será que preciso endurecer o chakra? Isso é possível? Er... Creio que não. Se bem que quando manipulo em uma kunai, o chakra pode virar uma extensão da lâmina física, podendo crescer e cortar. Se o chakra pode causar um ferimento físico, só de tocar, certamente ele pode ser endurecido, e talvez até mesmo dar a oportunidade de erguer algo, como se tivesse uma "mão" imaginária. Farei o teste.

Mais uma vez eu estava lá, com uma nova teoria para um amador e iniciante como eu, que sem saber, existe realmente a possibilidade de endurecer o chakra, como em Kekkais ninjutsus. Focado, avançava em meu treino, seguindo minha ideia, eu tentava erguer ou levitar o papel. Ia maximizando cada vez mais meu potência em ninjutsu e quando menos esperava, podia perceber o pássaro se movendo. Assustei e repentinamente eu cessei o ato. Mas logo voltei a completar e logo eu sentia que estava levitando a ave, a fazendo voar baixo, como um animal que voa de verdade.


Considerações:

Ouvindo o que tinha a dizer, fui logo erguendo meu braço e pegando firmemente em sua mão, sem errar, como a maioria dos cegos fariam. Não entendia muito o porque, mas logo descobriria. A mão dele de macia e quente, ia se desfazendo e afinando, ficando com uma textura singular, típica do papel.

Wow wow wow... É isso mesmo? Um tipo de kawaramiri?

Comentava enquanto recuava a mão.

Não espere, isso parece ser ainda melhor. Se pode mudar a forma do seu corpo em papel, escolhendo aonde for, pode fazer por todo o corpo. Isso é genia. As possibilidades são infinitas.

Dizia eu, um tanto ansioso agora, com diversos pensamentos do que eu poderia fazer com aquele papel, quando aprendesse o shikigami no mai.


Considerações:

Técnica única?

Fiquei intrigado pelo comentário do mestre. Uma habilidade que apenas 1 em milhões de shinobis, poderia aprender, certamente era um belo trunfo a se ter. E mal imaginava eu que estaria apto pra algo tão grandioso, sendo tão novo.

O mestre então me contava todos os segredos do Shikigami no Mai. Seu uso era esplêndido e algumas das minhas ideias que tive, realmente era viáveis. Mas a habilidade em si, disparava em muito, os humildes pensamentos que tive. Depois de um dialogo realmente produtivo, tive noção das coisas que eu teria que fazer e treinar. Respirei fundo e afirmei em alto e bom tom.

Estou realmente preparado. Podemos começar de verdade.


Considerações:

Enfim, era dado a nova ordem. Concentrar. Algo que eu estaria acostumado. Meu foco era bem maior, por ser cego. Não precisava me incomodar com o fato de lidar com a curiosidade que a vista proporcionava a quem podia ver. Sei disso, pois eu também já fui assim, antes de perder a visão.

Eu queria mais espaço para mim, portanto eu me abaixava e sentava com as pernas cruzadas, em forma de lótus. Repousei meus braços sobre ambos os joelhos e em uma posição ereta, fiquei com as pálpebras fechadas. Velhos hábitos, nunca mudam, já dizia o sábio. Nessa posição, pude inspirar e expirar. Começava então a concentrar meu chakra novamente e aos poucos eu ia liberando energia pelas vias de chakra, preenchendo cada tenketsu e alastrando poder por meu ser. Mantinha o ritmo e fluxo constante, pra que não houvesse falhas a principio. Ficaria naquela tarefa, até o senhor Tetsuo achar que já estava bom.


Considerações:

Recebia novamente um pedaço de papel e teria que dobrar algo novamente. Pensei e pensei, chegando uma conclusão do que eu faria.

Hora de fazer algo realmente útil e familiar.

Comecei a dobrar o papel nas formas geométricas mais básicas, enquanto o fluxo de chakra permanecia continuo. Dobrando o papel no meio, formando retângulo, depois reunindo as pontas no centro em forma de triângulo e seguindo a trajetória do origami em questão. Alguns minutos e logo estavam formada a primeira shuriken de papel.



Considerações:

Desfazer era o próximo passo. Imaginava eu como faria aquilo. Mover até que não era difícil, mas simplesmente desfazer em pedaços... Seja como fosse, eu teria que tentar. Comecei primeiro mantendo meu chakra envolta da pesa e impregnando com minha energia. Lembrava da sensação do braço do mestre, se desfazendo e tentava bolar alguma teoria daquilo. Mas sem sucesso.

Mantive o fluxo de chakra na shuriken de papel e de alguma forma, tentava faze-la se rasgar. Talvez fosse isso? De toda forma, não estava dando certo. O que faltava? Independente do que faltava, eu estava motivado e tentava mais uma vez fazer o papel se mover para lados opostos e talvez pudesse rasga-lo.


Considerações:

Talvez eu não estivesse tão errado no fim, bastava usar mais de meu chakra. Mas o quanto seria? Eu estava preste a descobrir. Mantive meu fluxo de chakra. Ia manipulando tal quantia e a mantinha em uma certa quantia. Eu ia transferindo o chakra de meu corpo, que percorria por minhas vias e ia passando para a shuriken de papel, que recebia e ia acumulando a carga imposta. Ao chegar em uma determinada quantia, eu começava a pressionar o papel. Ele se movia e aos poucos ia abrindo um pequeno rasgo próximo a uma das pontas da shuriken de origami.

Todavia, a quantia de chakra era pouca e eu precisava intensificar mais. Me esforcei mais um pouco e fui enaltecendo minha energia ao ser transferida. Ao lançar tal transferência, estreitei as sobrancelhas e maximizando de forma bruta com o chakra, eu fazia a shuriken de papel se desfazer violentamente. Parecia faltar mais controle por minha parte, pois a shuriken parecia se abrir de várias formas. Sentia alguns pedaços de papel voando em meu queixo.

Acho que exagerei um pouco, sensei? O me diz? Ou era isso mesmo?

Questionava o mestre. Ele devia saber a razão por trás daquilo e a melhor forma de criar um nivelamento para que eu pudesse dominar a técnica.


Considerações: