❝ 親切な少女 ❞

CH: 675/675 HP: 675/675 ST: 00/05

"Um herói não é alguém que nunca falha. Pelo contrário, é alguém que cai, mas ele sempre levanta, de novo e de novo, sem que perca a visão dos seus sonhos." sob essa premissa filosófica, ascendeu à montanha dos sete picos, no extremo norte do País da Terra. Repousava, sentada, sobre uma formação rochosa de altitude impressiva. Aquele era um ambiente local escondido, que servira de treinamentos secretos dos shinobis e kunoichis da Vila da Pedra. Estava na costa, no exato encontro entre as duas forças da natureza, a terra e a água. O balanço entre o dois era necessário.

Sentada sobre a rocha, cruzou as pernas e juntou os punhos ao corpo, pressionando-os com as palmas viradas ao rosto. — Om! — entoou consigo. Reunia-se com seu espírito de luta, uma grande fera verde de dentes e presas afiadas. "Então você está aqui, garotinha?" questionou a fera. Obviamente, era aquela uma condição de transe, não havia, de verdade, qualquer besta papável. Aquela era simplesmente uma representação imagética de todo potencial alcançável. "Sim. Eu vim para me tornar forte." respondeu Crystal, sabendo que nem sempre poderia depender de sua mãe se quisesse sempre treinar. Era naquele momento em que rendia-se a sua vã filosofia, buscando, quem sabe, abrir um novo portão de chakra, revelando um poder ainda superior.  

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Todas as palavras por ela proferidas repercutiam no mais profundo nível de consciência. Acertavam o espírito. Retratavam nada além da mais pura verdade. Entretanto, onde estariam essas amarras? Havia sido presunçosa em pensar que o limite poderia ser superado somente em situações de estresse físico? Certamente haveria, sobre o mental, ainda que afundada sob um volume tempestuoso de subjetividades, fronteiras a serem rompidas pelo seu ser. Encarou o problema de maneira proba. Ergueu a cabeça, rebelou-se contra os seus próprios instintos de segurança. Se quisesse progredir, haveria de encontrar o limiar entre o instinto protetivo que lhe impedia de colocar seu corpo sobre condições miseráveis e a alucinação de simplesmente cometer um suicídio.

Lutou. Persistiu. Digladiou contra tudo e todos. À fera somente lançou um olhar determinado. — Não existem limites, besta. — asseverou. — Tomon, kai! — gritou. De si um poderoso chakra surgiu. A estrutura do pilar rochoso ao qual se sentava era abalado. Uma intensa aura verdejante surgia, fazia com que pequenas lascas do solo se erguessem através do ar. A onda de choque provocada pela abertura parecia conseguir, inclusive, abater as pequenas gotículas subproduto das ondas que invariavelmente acertavam as imediações. — Eu preciso superar, meu corpo precisa entender que não há limites sobre minha força. Sou eu quem irá defini-los! — afirmou. — Gyaaaaaaah! — berrou, aumentando o fluxo de chakra, acentuando a aura em direção aos ares. Fazendo com que todo o poder que percorresse o corpo fosse exaustivamente levado ao máximo. A vascularização de todos os músculos era visível. Buscava, a partir dali, um caminho que pudesse trilhar na direção do sexto portão.

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"O caminho é tudo." repetiu em sua mente uma vez mais tão logo a besta houvesse proferido. Afundou-se na alma, integrava a vontade de se superar às pessoas que um dia haviam se posto a ajudá-la. De início, pai e mãe, seus progenitores. Imaginou-se pequena, ainda Atane Rena, sendo carregada por um bosque de flores e um caminho de ladrilhos, as imagens dos parentes eram como miragens, brilhavam. À medida que com eles andava, crescia. A pequena Rena ia cada vez mais se aplicando aos treinos. Apesar de ser neutra em todos os aspectos, ouvir o sensei da academia falar em grandes mulheres kunoichis havia lhe despertado o desejo de também ser uma. Desejo este que também assumiu forma humana, sobrepondo à mão da mãe que a apalpava do lado esquerdo. Quanto mais fundo, mais lembranças.

Takahashi. Este nome representava, em muito, tudo aquilo que havia aprendido durante os tortuosos anos iniciais na academia ninja. Não somente ele, como também os incontáveis colegas com quem fez amizade. Apesar de tudo, Takahashi-kun era seu rival, somente ele era capaz de despertar em, àquela época, Rena, o desejo de continuar crescendo como uma kunoichi. Recordou também de Hyakuya, alguém que indiscutivelmente também tivera a capacidade de acrescer às capacidades ninja da jovem. Ao fim de tudo, o nome Crystal, com o qual se agarrou e decidira, a partir dali, buscar uma inspiração e focar ainda mais no caminho das artes marciais. Já era Crystal Lee, alta, mas ainda não conseguia contemplar o fim daquele caminho.

Era necessário mais, decerto. No entanto, não poderia simplesmente focar-se somente em um dos caminhos. Ou se o fizesse, deveria abrangê-lo em vários espectros, quem sabe ocupar outras dimensões. Somente assim superaria aquilo que a mera compreensão humana lhe impunha. — Você está certa, fera. — concordou. — No entanto eu devo ampliar este caminho, preciso fazer com que ele atinja também aos demais. De que adianta uma caminhada solitária? — questionou. Daquele modo, novas estradas se abriam. Os ladrilhos cintilavam em cores diferentes. Todos aqueles que haviam participado de sua vida, espiritualmente, lhe davam forças. — Eu alcançarei o topo! — certificou, intrépida.

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Compenetrada sobre um mundo próprio completamente escuro, Crystal e a sua besta verdejante discorriam, filosoficamente, acerca de todos os tópicos referidos ao poder alcançável por um ninja. Foi nesse momento em que a via pavimentou-se com o esforço de todos aqueles que haviam lhe trazido até ali. Não mais poderia recuar, sequer tinha essa vontade. Não desdenharia do empenho dos seus pares durante tanto tempo. Pressionaria-se até o fim, até finalmente reparar o ponto em que romperia uma nova fronteira. Lançou de sua força ao máximo, agressiva, bestial, esmeraldina e pura. Era a perícia em um grau de atribuição dos mais altos. Foi neste exato instante em que pôde enxergá-lo.

— Então você estava aqui o tempo todo. — comentou brevemente, pairando contra o reflexo de sua força: a fera. Encostou a mão no seu abdome, a parte central dele, o estômago. Fazê-lo, era, metaforicamente, liberar de si uma nova represa de toda a força shinobi. A representação máxima que sentenciava a uma forma absoluta e majestosa das competências físicas. A fera atiçou-se, ganhou brilho, cintilou, tornou-se ainda mais brutal, um verde ainda mais vívido. Doutro lado, ao mundo exterior, evocou-se a cólera. Não esta a qual pronuncia-se a alma irascível. Longínqua. Tratava-se de um quintessencia da primazia física em um estado puro, rebelando-se contra toda a natureza humana presente. O transcender absoluto da humanidade no tocante à força. Somente abaixo, em dois patamares, daquilo que poderia considerar-se o limite, se é que este existisse.

Diante da nova forma, simplesmente entregou-se de corpo e alma. Rebateu-a de cabeça. Levantou-se, encarando a fera em seu olho. — Obrigado, fera. Parece que finalmente encontrei o meu próprio caminho. — agradeceu. — Diga-me, entretanto, o quão forte eu estou agora? — questionou com olhos bem cerrados, demonstrando uma aura única.

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Enxergou a colossal massa d'água avançando sobre seus olhos, não mais integrava o mundo da fera. Retirou-se sem despedidas. Diante daquilo, eriçou o chakra e aumentou o poderio da aura emitida, cobrindo-se por uma extensão considerável. Visou um soco contra a massa, mas notou não ser necessário. Simplesmente curvou os joelhos, manteve os braços próximos ao corpo e aguardou que a enxurrada lhe acertasse. Aquela não era tão somente a provação, mas também a lavagem de toda a corrupção da alma, atributo ao qual um disciplinado artista marcial deveria se evadir ao máximo. Deixou que a lavasse por completo. Ao primeiro atingir, no curto intervalo do primeiro contato, forçou o corpo um pouco para a frente, calcando o pé na rocha e mantendo-se firme.

A rocha poderia partir-se, ela não. A onda colossal se foi, ainda sim revoltosa atingiu e destruiu outras áreas até que não mais estivesse em fúria. Retornou a costa ilesa, num único salto, rachando o solo com um mero pouso das suas pernas contidas em frenesi. — Impressionante. — avaliou solitariamente, encarando, com os olhos inexpressivos, as palmas de suas mãos. — Qual será o meu limite? — perguntou-se. Deixou o lugar após o isso, testando, àquela altura, quais eram os seus novos poderes então despertados.

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