E ali estava eu novamente. Fitava a grande construção enquanto pensava em tudo que eu deveria saber caso realmente quisesse me tornar alguém digna de respeito naquela vila. Atualmente eu não passava de uma mera Genin, e, apesar de ter ciência era nada mais que um título, para obter respeito por qualquer um naquele mundo eu teria que ter um nome; um título, uma alcunha que me fizesse ser reconhecida por quem eu era. Normalmente eu adentrava esse local buscando por conhecimentos menos abstratos, conhecimentos que me levariam a ter maior controle sobre minas habilidades, mas agora não; eu buscava por história, por pessoas, por habilidades variadas, por assuntos que eu nem sequer imaginava poder um dia saber, mas que estariam ali. – Como eu posso ser dramática às vezes... - murmurei a mim mesma com uma risada baixa enquanto passava pela porta da biblioteca.

Usualmente eu buscava pelas mesmas prateleiras, pelos mesmos assuntos, mas hoje eu estava aberta a aceitar o que o destino trouxesse a mim. Era cedo e a programação do dia era praticamente ficar sentada em uma das mesas ali presentes até que as luas estivessem no céu.  Sem ver muito o que cada livro dizia, eu simplesmente fui pegando-os. Com o passar do dia eu os devorava como alguém do clã Akimichi se alimentava para utilizar da gordura como fonte de chakra (informação essa que aprendi em um dos livros que se referia a vários dos clãs de originalmente de Konoha). Os livros tocavam nos mais diversos assuntos: clãs vindos dos mais diversos cantos do mundo, kenkkei genkai de origens desconhecidas, pessoas muito famosas, inclusive os antigos Hokages, Mako e Mordred, os salvadores de Konoha contra a mulher que se autonomeou deusa, Okina, a culpada pela morte das últimas pessoas que me restavam.  Fechei os olhos com a lembrança e com a sensação das lágrimas chegando aos meus olhos em um reflexo. Eu não choraria mais, eu prometi a mim mesma. Continuei com os estudos em uma tentativa de deixar tais pensamentos irem embora. Com o passar do dia eu via a montanha de livros ao meu lado aumentado e aumentando até que a responsável pela biblioteca me avisasse que eu deveria ir para casa. Olhando para a janela podia ver as luas brilhando no céu; o tempo passou sem que eu nem mesmo visse. Me desculpei pelo incômodo para ver aquela senhora me dando um sorriso de compreensão. Meu coração se apertou; a lembrança que tanto me feria apenas se intensificou dentro de mim.

Saindo do estabelecimento me direcionei ao único lugar em que poderia deixar aquela dor: o cemitério. Em um túmulo simbólico os nomes daqueles que cuidaram de mim por toda minha vida estavam inscritos. Nas minhas mãos um amontoado de papéis se juntou em um buquê de lírios brancos. Me ajoelhando, eu senti uma lágrima escorrendo pelo meu olho esquerdo; não conseguira manter minha promessa. Colocando as flores de papel sobre o túmulo, me virei com a cabeça baixa e me coloquei em direção a minha casa.

Considerações: