Os conflitos entre nações eram inevitáveis. Grandes vilarejos despendiam quantidades massivas de dinheiro e parte da existência de pessoas em prol do poder bélico. Sacrifícios eram recompensados com a glória eterna. A busca pela sublimidade, pelo prestígio social e pelo reconhecimento, sendo o último o mais importante, levavam o homem a percorrer caminhos árduos e espinhosos, repletos de dor e desespero, sozinho.

Uma tarefa. Talvez a mais difícil durante a sua caminhada. Talvez a que lhe trouxesse mais dor. Talvez a que lhe trouxesse mais prazer. Talvez. A incerteza solene realçava os aspectos hostis e afáveis de uma tarefa que poderia ser apenas mais ou a última. Preciso estar preparado, pensou.

Poucos dias atrás, Kuroko, o líder local, expediu uma missão para confirmar as competências do ávido candidato a patente especial nas Forças Kinkaku. Alçar-se pela hierarquia militar foi a maneira encontrada por Tenzou para transpor as barreiras que seus medos lhe impunham, enquanto as dificuldades, forçadamente, o tornavam uma pessoa melhor. "Diga a um homem que ele consegue realizar grandes feitos e ele provará que você estava certo", essa frase retratava bem a vida do garoto que almejava tornar-se a luz que ilumina o caminho dos aflitos. O objetivo de sua vida surgiu após ler a carta deixada pelo seu progenitor. Como fazer isso, era o verdadeiro problema.

Era de seu conhecimento que os seus objetivos, enquanto soldado de elite, se resumiriam em assassinatos e infiltrações. Como isso me ajudará a iluminar o amanhã das pessoas, indagava a si mesmo o garoto. Boa parte do tempo estaria incógnito atrás de uma máscara que representava a morte. Não seria melhor trajar algo que trouxesse a esperança de volta aos desesperados, questionava-se. Ideias surgem como os relâmpagos, as dúvidas, como a chuva. O processo no qual eram cultivadas regia-se através de experiências e do tempo, de um longo tempo.

—— Quem eu sou; ——, disse, próximo a um senhor que empilhava caixas fora de seu estabelecimento. A pergunta foi respondida prontamente. —— Tenzou, da Nuvem. —— respondeu, com um breve sorriso breve, o homem que logo tornou a trabalhar. Os seus feitos lhe renderam prestígio, mas ainda não era aclamado da forma esperada. Ser um membro da Kinkaku Butai lhe renderia a experiência necessária para salvar o seu povo de um grande mal, e assim, tornar-se a luz do amanhã. Ou era isso que Tenzou esperava.

Um prazo foi solicitado pelo garoto, a fim de ganhar tempo e fortalecer-se antes de enfrentar aquela que seria, provavelmente, a tarefa mais desafiadora até então. Versar-se em uma arte levava tempo e os últimos 6 anos foram utilizados quase que exclusivamente para isso. Não obstante, existe um limite até onde os humanos conseguem evoluir e, Tenzou sentia que alcançara o seu a pouco. —— Como alcançar a força absoluta? —— os indagamentos eram audíveis pelas pessoas mais próximas. —— A ciência tem a resposta para as suas perguntas, jovem. —— respondeu um homem. Naquele momento, os dois estavam sentados à dois metros de distância em uma barraca que provia lámen aos seus clientes. —— A ciência surgiu para responder diversos questionamentos humanos. Acredito que, com paciência e a motivação certa, o seu também pode ser respondido. —— disse o velho, que continuou a comer em seguida. —— Tornar-me o símbolo da esperança para o povo da Névoa, essa é a minha motivação. —— o garoto usou a bancada como apoio para girar em cima da cadeira e ficar frente ao homem. —— Mas não consigo imaginar como a ciência me ajudaria nisso. —— a hesitação do jovem era compreensível, nunca havia estudado com o propósito de deter conhecimento científico. Sua vida baseava-se no empirismo. —— Acompanhe-me até o meu laboratório, Tenzou. —— de alguma forma, até mesmo Biruni, o cientista, conhecia a identidade do Jounin.

Foram necessários alguns minutos de caminhada até conseguir avistar o prestigioso Edifício Zerbini. As paredes do estabelecimento eram cobertas com uma espécie de tinta especial que adequava-se a luz solar, tornando-se mais escura a medida que a incidência solar aumentava. Placas solares fomentavam a energia necessária para nutrir o centro de pesquisas. As grande e largas janelas de vidro transparente dava um aspecto tecnológico ao local. Diversos aparatos eram desenvolvidos com a supervisão de Biruni e seus assistentes. Desde utensílios domésticos a máquinas que potencializavam a energia humana. —— Veja essa grande máquina, Tenzou. Ela é capaz de dobrar a resistência de quem a utiliza. —— disse o homem, satisfeito com o sucesso de uma das suas mais recentes invenções. —— A verdadeira força reside dentro de si, senhor Biruni, não dentro de máquinas. Peço perdão por parecer prepotente, mas esse não é o tipo de força que eu busco. —— disse, despedindo-se e dando meia volta em direção à entrada. —— Pelo visto a paciência é uma dádiva da qual você não usufrui. Eu o trouxe aqui por outro motivo, acompanhe-me, por favor. —— o homem instigou o garoto mais uma vez, que atendeu o seu pedido e o seguiu.

O caminho deu acesso a uma porta dupla feita de metal que abriu-se imediatamente assim que os dois se aproximaram. Aquela era outras das invenções do velho Biruni, algo que ele chamava de "elevador". O motivo de entrar uma espécie de compartimento, pequeno e apertado, foi esclarecido assim que o mesmo começou a despencar lentamente, aprofundando os dois no interior da montanha no qual a Aldeia da Nuvem fora construída. A sensação de perigo é corriqueiramente atrelada ao desconhecido, e, pelo fato de não ter ficado claro a necessidade da sua presença, a hesitação passou a tomar conta do corpo do jovem. —— Percebo que está ficando tenso, Tenzou. —— sorriu o homem, por conta da trocadilho. —— Gostaria de ouvir uma música para acalmar-se? —— indagou o homem, que, logo em seguida, ligou um aparelho sonoro dentro do próprio elevador.

A viagem para o centro da terra parecia não ter fim. A medida que os dois desciam, a pressão parecia aumentar lentamente. —— Até que enfim. —— Biruni mostrou-se aliviado ao ouvir um sinal sonoro que indicava a vossa chegada. As portas metálicas voltaram a abrir automaticamente. Diferente da parte superior do prédio, aquele ambiente parecia mais lúgubre. Uma porção de tubos translúcidos preenchidos por um líquido verde ocupavam maior parte da sala. Próximo as paredes era possível encontrar os equipamentos que mantinham visíveis as informações referentes aos materiais cultivados dentro dos recipientes cilíndricos.

A caminhada prolongou-se até que o jovem estivesse a frente de uma cabine metálica também preenchida pelo líquido verde. —— Com licença, senhor Biruni, o que é essa água esverdeada espalhada por todos o cantos. —— essa pergunta surgiu em sua mente desde que adentrou o ambiente, mas o garoto aguardava uma oportunidade adequada para dirigi-la ao homem. —— Esse muco é conhecido como Ambrosia. Ele detém o DNA do clã que fundou a primeira aldeia e deu início ao mundo Shinobi que conhecemos hoje. —— poucos dias atrás, Tenzou havia encontrado artigos que relatavam os possuintes daquele material genético. —— O Clã Senju! —— disseram os dois, uníssonos. —— Esse líquido foi desenvolvido a fim de preservar a vida para realizarmos um experimento nunca visto antes na história da ciência. —— o experimento em questão tornava possível a alteração dos marcadores genéticos de uma pessoa em um nível molecular. Em outras palavras, era possível implantar habilidades cultivadas em pessoas que cumprissem determinado requisito, fossem portadoras de uma saúde indomável, uma grande vitalidade.

Além de implantar competências também era possível mesclar o DNA de dois clãs diferentes. —— Caso deseje, gostaria de lhe oferecer a oportunidade de alcançar a força absoluta através do experimento. —— enquanto falava, Biruni preparava um pequeno dispositivo que coletava o sangue de uma pessoa e analisava. —— Imagine o poder visual do Clã Hyuuga mesclado as habilidades prodigiosas e técnicas restritivas do clã Uzumaki. —— disse o homem, que utilizou uma agulha para picar o dedo da mão direita de Tenzou e, em seguida, analisar com o equipamento. —— Como eu imaginava, você está apto. Bem, caso esteja de acordo. Apenas entre na cabine. —— Biruni apertou um botão vermelho que liberou a entrada na cápsula, fazendo derramar toda o líquido contido.

Durante alguns segundos o jovem permaneceu relutante, mas por fim, concordou. —— Tudo bem, vou aceitar sua oferta. —— disse, galgando as escadas e repousando no assento acolchoado. Durante vários dias, o garoto permaneceu confinado dentro da cabine enquanto uma quantidade massiva de técnicos e especialistas monitoravam seus sinais vitais, com o propósito de conter as complicações que a experiência trazia.


O inverno permanecia enérgico sobre a Aldeia da Nuvem. Os feixes de luz adentraram o quarto pelas janelas e repousaram sobre o rosto do jovem, que passara os últimos dias desacordado. Durante o despertar, pouco a pouco a relutância em abrir os olhos foi sendo vencida. —— Onde estou? —— cochichou para si mesmo, antes de dar-se conta que estava na sua própria residência. Será que aquilo tudo foi um sonho, pensou o jovem caminhando na direção do espelho do banheiro. Para a sua surpresa, a gordura visceral que preenchia seu tronco havia desaparecido. Seus olhos estavam pigmentados com uma cor diferente, eles estavam totalmente brancos. Aquele era o Byakugan.

Tenzou; HP: 1400, CK: 1700

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