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Considerações:

- Rei, REI! ME SALVE...



Assustado, o jovem genin acorda e se senta em seu colchonete, seus olhos não paravam de procurar a fonte da voz que lhe pediu socorro. Uma pausa para recuperar o fôlego foi o suficiente para ele notar seu estado atual e compreender. – Tanto eu quando meu colchão esta ensopado de suor, minha boca está completamente seca e minha mente está bagunçada... Foi apenas um sonho? Mas... Essa voz...  Alphonse! – O semblante do garoto já não era mais de preocupado com quem clamava por socorro, e sim de profunda tristeza. Ao pegar uma foto de uma prateleira ao seu lado, Edward se via voltando ao passado e relembrando sua vida ao lado de sua família.


(...) - Mãeeeee, o Rei não quer devolver minha bola!
(...) – Rei, devolva a bola do Tokiro por favor. Você sabe que não é certo pegar sem pedir.

Rei... já fazia muito tempo que não ouvia esse nome!

(Rei) – Certo... Me desculpe mamãe. Tokiro, me desculpe por pegar sua bola sem pedir, isso não vai mais se repetir.
(Tokiro) – Tudo bem nii-san! O que acha de brincarmos lá fora agora? Podemos oka-san?
(...) – Claro Toki, mas voltem antes do jantar.

Com um aceno de despedida com a mão, Edward e seu irmão saíram pela porta de casa e partiram em direção a um lago próximo. O local era deslumbrante, o simples ato de estar no local fazia com que o espírito de cada um que fosse até lá se acalmasse. O lago não era muito grande, por pouco não é classificado como uma lagoa. Suas águas eram calmas e limpas, tão limpas que era possível ver o reflexo de tudo à sua beira, e a noite, o céu todo parecia descer até o lago, refletindo cada detalhe e cada estrela que se residia nele. O lago era rodeado por uma floresta, composta por grandes árvores, era a moradia de alguns animais silvestres, especialmente de pássaros. No entanto, em determinada parte, essa floresta se dividia e exatamente nessa lacuna, dava-se inicio ao pequeno vilarejo onde residia os irmãos juntamente com sua mãe, essa pequena “fenda” era a única passagem para o lago, e por conta disso, os moradores da vila acreditavam que o lago e a floresta eram sagrados, protetores um do outro e também da vila e de seus moradores. ¹
 Edward segurava um amontoado de pedras em sua mão esquerda e de uma em uma, com seu braço direito, as lançava no lago, fazendo-as quicar sobre a água e finalmente afundando.

- M... meu braço... já não sei mais o que é ter os dois braços!

O irmão mais novo estava sentado à beira do lago, brincando com as pernas submersas na água e vendo seu reflexo.

(Tokiro) – Rei... Você acha que o otou-san vai voltar para casa? Sabe... já faz muito tempo, e eu, estou com saudades.

Edward parou por completo e ficou assim por um tempo. Mordeu tão forte o canto de seu lábio que algumas gotas de sangue começaram a escorrer por seu queixo, suas sobrancelhas estavam curvadas e quase se encontravam no meio, seus olhos dourados estavam cheios de fúria e ódio, com a mão cheia de pedras, Ed a apertou fortemente até manchar cada uma das pedras com seu sangue.

(Rei) – Como pode ter saudades de alguém que simplesmente nos deixou sem dizer nenhuma palavra? Como pode sentir saudades de alguém que abandonou nossa mãe e deixou a tarefa de cuidar sozinha de nós? Me diz Tokiro... Como pode sentir saudades de alguém que nem sequer aprecia a nossa existência? Alguém que nunca saboreou nossa presença e que a única coisa que importava para ele era ele mesmo!
(Tokiro) – Rei...
(Rei) – Para mim Tokiro, ele não precisa voltar nunca mais! Para mim... Ele não é meu pai!

O irmão mais novo se virava para encarar seu irmão, no entanto, assim que olhou para o rosto de Edward, se deparou com Ed chorando e desfazendo sua postura de ataque. As pedras de suas mãos estavam no chão, agora ele usava um de seus braços para esconder e limpar suas lágrimas.

(Rei) – Pra mim... pra mim ele está morto.

Alphonse agora estava de pé e correu até o irmão, fechando seu punho direito, o irmão mais novo acertava um soco em cheio no rosto de Edward.

(Tokiro) – Ele é seu pai sim, Rei... Pare de tentar odiá-lo. Você sente a sua falta tanto quanto eu, mas tenta lutar contra isso e alimenta sua raiva! Pare com isso!
(Rei) – Tokiro... Me desculpe! ME DESCULPE! Eu só não entendo o porque dele ir embora sem dar explicação! Por que ele abandonou a nós e nossa mãe? Por que...
(Tokiro) – Quando encontrarmos novamente, faremos todas as perguntas que temos para fazer, vamos sanar nossas dúvidas e somente assim vamos poder entende-lo Rei! Mas se você continuar alimentando sua raiva, nunca encontraremos respostas para nossas perguntas Nii-san...
(Rei) – Tokiro... está tarde, mamãe deve estar preocupada, vamos voltar.

Alphonse... Você podia ser o irmão mais novo, mas você sempre foi o mais sábio de nós dois.

Os irmãos fizeram o caminho de volta para casa, sentiam que esse momento fez eles se aproximarem e entender o lado do outro. A verdade é que Edward sabia que Alphonse era parecido com sua mãe, respeitoso, delicado, amoroso, responsável, uma pessoa que se importa mais com os outros do que com ele mesmo, já Ed não se parecia com nenhum dos dois, e estava com medo de acabar se tornando igual seu pai, um homem rancoroso, cheio de mágoas e fraquezas, alguém que se coloca no topo de todos e do mundo, disposto a sacrificar o que for para manter seu orgulho em primeiro lugar.

(...) – O que foi que aconteceu? Rei, por que você está com o rosto e suas mãos machucadas?
(Rei) – Oka-san...
(...) – Andaram brigando de novo, não foi? Qual foi o motivo dessa vez?
(Tokiro) – Foi por causa do Otou-san mamãe... desculpe.
(...) - Meninos, eu já falei com vocês sobre o seu pai... Ele está muito ocupado com o trabalho, por isso teve que ir, ele foi transferido e não pode nos levar junto... Mas ele vai vir nos visitar quando tiver um tempo livre, ele prometeu. Agora, vão lavar as mãos para o jantar, fiz a comida preferida de vocês, carne de coelho e batatas cozidas.

Após a refeição, a família foi sei deitar, mas Edward não conseguia dormir de forma alguma. Se levantou e seguiu até o banheiro da casa, jogou uma água no rosto para tentar dissipar os pensamentos que o perturbavam, porém, ao levantar o cabeça e olhar para o espelho, não foi ao seu reflexo que ele viu.

(Rei) – AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH.

Otou-san... Hohenheim!

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