Mais um dia nesse vilarejo me fazia crer que nada de diferença jamais fosse tornar a acontecer. Minha imaginação estava a mil, enquanto apenas permanecer imóvel era uma tortura. Precisava fazer algo, precisava sair de casa e me aventurar um pouco ou morreria de tédio naquela residência. Tornei a andar por aí, me distanciando de casa e adentrando cada vez mais em direção às árvores. Me lembrava haver um tempo em algum lugar desses terrenos, então lá seria capaz de fazer algo realmente divertido, antes que o tédio me consumisse ainda mais.

Muito chão foi deixado para trás, mas finalmente encontrara uma escadaria como haviam me contado anteriormente. Subi-la levou algum tempo, com os incontáveis degraus, sendo estes enormes e rígidos, não pareciam ter fim, até que me encontrei diante do enorme torii no topo deles. Um templo de aparência impecável e silencioso me aguardava, sendo possível determinar que não havia ninguém pelo simples fato da falta de barulho e pelo caminho tenebroso que enfrentara para alcançar esse lugar.

Procurei por todos os seus corredores pela sala principal, sendo não só capaz de encontrá-la, como também capaz de encontrar os pergaminhos de treino aos quais ela possuía. Me interessei no de cor vermelha, com apenas um carimbo e selo em forma de fogo. Retirei o pequeno fecho de metal e desembrulhei o enorme pedaço de pergaminho. As instruções eram precisas e iriam me ajudar bastante — Dominação do Elemento Fogo: O Katon. Era tudo o que precisaria no momento, então fechei o pergaminho novamente e procurei ir até o pátio, onde seria melhor para praticar.

Um monte de velas, repostas sobre pedaços de azulejos seriam meus alvos. O domínio do elemento vento não seria de grande ajuda no momento, mesmo que fosse complementar para as chamas, então me tornei a ficar levemente decepcionada. As mãos corriam pelo pergaminho, buscando as instruções corretas para que aquilo pudesse funcionar. Ao invés de acumular o chakra nos pulmões, como o habitual, o elemento fogo exigia o acúmulo no estômago, aquecendo-o e disparando-o em seguida. Não fazia ideia se conseguiria, mas poderia tentar. Comecei então a acumular o chakra e concentrá-lo no ponto certo. A agitação de meu corpo não me ajudaria em nada no momento, então tentei me focar apenas no chakra que precisava ser disparado para fora e nada mais.

Muitos minutos de concentração se instauraram, me fazendo ter pressa para testar. O chakra se moveu para minha boca, sendo cuspido para fora na forma de, bem, de nada. O chakra vazou, sem adquirir quaisquer propriedades. Era apenas chakra, não era quente e estava longe de ser fogo. Então tentei novamente o processo, até ter certeza que deveria tentar novamente. Depois de algumas tentativas, o sol já começara a se pôr, ocultando-se por detrás das enormes árvores que cercavam o local. As velas estavam completamente novas, não havia conseguido um único acerto nessas vários horas que passara ali.

Comecei então a me aborrecer. Minha frustração ardeu no peito, fazendo com que a próxima vez fosse de fato a minha última. Minhas reservas de chakra eram enormes, por causa do inseto em meu abdômen, mas em nada ele me ajudaria se não prover chakra para meu treinamento. A fúria de ambos fez com que as labaredas se formassem na ponta de minha língua, tornando o chakra, até então azulado, numa coloração vermelho alaranjada — fogo, afinal. As chamas se espalharam pelo campo, cobrindo as velas e acendendo seus pavios. Havia sido um treinamento bem sucedido, mesmo depois de tantos fracassos, o que importava de fato era o sucesso no fim. Esse talvez fosse o motivo de me chamarem de prodígio, mas isso nunca me subirá a cabeça de qualquer forma. Uma das velas foi levada comigo até os aposentos que passaria a noite, já que depois de tanto treino, estava louca para descansar.

Palavras: 638
Adendos: Sou prodígio, então não demonstrei tanta dificuldade, mesmo tendo praticamente o dobro de linhas requeridas.

Uma boa noite de sono havia me feito muito bem. Minha circulação de chakra havia se restaurado, permitindo que meu treinamento prosseguisse. Cheguei novamente até o pátio, na esperança de me aperfeiçoar ainda mais no elemento que acabara de aprender.

Objetivo: Perícia em Katon
Adendos: Sou prodígio, então quantidade mínima de post é reduzida pra quatro.

O campo estava claro e limpo, assim como meus pensamentos. Minha disposição se fez presente, movendo meu corpo até o melhor local possível para mexer com fogo. Os princípios do elemento já eram conhecidos, então já estava preparado para ir ainda mais fundo. A concentração de chakra se mexia ferozmente em meu estômago, enquanto os selos de mão se formavam, cada vez mais rápidos. Com um sopro sutil, chamas se exalaram de minha boca, espalhando-se pelo ar, enquanto dançavam conforme a sinfonia do vento.

Não estava tão frio assim, já que a primavera vigorava no momento, mas o calor produzido pelas labaredas aqueciam meu corpo de uma forma sem igual, era um calor aconchegante. Não tardei a ter companhia. Um senhor se aproximou, puxando assunto sobre o que acabara de ver. Estava admirado com meu domínio sobre o fogo, além de buscar alguém para repassar seus conhecimentos sobre o mesmo. — Sendo esta uma chance para que ambos saiam ganhando, aceito sua ideia. Poderá me ensinar. — Falei, com um leve sorriso de canto de rosto. Preferi não corrigi-lo quanto a meu gênero, já que isto não importava no momento. Estava acostumada a ser confundida com um garoto.

Me posicionei de forma mais confortável, abandonando a postura de treinamento. Fiquei parada, esperando o bom homem se dispôr a começar suas instruções.

Objetivo: Perícia em Katon
Adendos: 1/4.

O homem continuara a confundir seu sexo, mas isso, como antes citado, não importara. Seus ensinamentos compensariam sua falta de saber. Ele tomou seu lugar em minha frente, sentando-se com as pernas cruzadas em um pequeno banco. Sua história de vida preencheu meus ouvidos, sendo contada com entusiasmo e orgulho. Seus atos haviam sido tão lendários que jamais ouvira falar dele antes.

Tendo sua história chegado ao fim, ele me pedira que começasse o treinamento. Cruzei as pernas, como já jazia sentada, entrando em estado de meditação, como me fora solicitado. A circulação de chakra se exaltando e se espalhando, atravessando cada fibra e cada músculo, cada neurônio e cada célula e voltando ao meu coração. Podia sentir cada bater dele, espalhando não só sangue, como minha energia vital. De olhos fechados, sentia apenas o que precisaria sentir, uma só com o universo.

A transformação elemental ocorrera, minha energia se transmutava em fogo, queimando meus medos e desesperanças, transformando minha coragem no sentimento dominante. Não tardei a sentir uma sensação estranha, um calor em todo meu corpo, como se realmente estivesse sendo dominado pelas chamas.

Objetivo: Perícia em Katon
Adendos: 2/4.

Minha concentração era a mais perfeita que conseguiria deixá-la. De olhos fechados, não imaginei que o senhor pudesse fazer algo para chamar minha atenção, mas este fizera. Uma claridade invadiu o espaço, iluminando minha vista, sendo possível ver as formas luminosas por detrás das pálpebras. O som de algo consumindo o ar não me deixou dúvidas — Fogo... — Sussurrei.

Abri então meus olhos, dando de cara com a figura que antes seria um bom senhor de idade avançada, agora não passando de um turbilhão de chamas, que aparentemente haviam queimado suas vestes e deixado-o nu. Tentei não imaginar a cena, então me foquei em ouvir o que ele tinha a dizer. Reflexões e mistérios, coisas que não dava importância, mas que de certa forma puxavam a minha atenção no agora. — "O quanto do fogo eu já vi" ? — Refleti, mantendo as palavras em minha mente. Imagens do meu passado voltavam para me assombrar, os flashes da luta contra o inseto, meus parentes mortos, o sangue deles em minhas mãos. Não derramei lágrimas pelos mortos, já que elas já haviam se perdido há muito tempo.

Os olhos mais abertos do que nunca, estendi levemente a mão, mantendo-a aberta um pouco afrente de meu rosto. A palma aberta para cima começava a concentrar a energia elemental que precisava. Como num passe de mágica, uma chama se irradiou dela, subindo até o céu rapidamente. O controle não era perfeito, mas estava no caminho. Olhei para o senhor mais uma vez, mais séria do que antes e lhe respondi — Uma guerreira...é isso que sou!

Objetivo: Perícia em Katon

O velho parecera aborrecido, brandiu palavras de desaprovação, ousando disparar contra mim um golpe flamejante ao qual eu não teria chances de desviar. Meus ensinamentos até agora não foram dos melhores, meu mestre estar querendo me matar também não ajudara muito.

O fogo me engolira rapidamente, tornando tudo a minha volta no mais absoluto clarão. Só via as chamas escarlate que cobriam meu corpo e produziam calor. Não era agradável, seria morta se não desse um jeito de acabar com aquilo. Usar da natureza do vento seria suicídio, aumentaria as chamas apenas. Então minha única chance seria usar meu próprio fogo para extinguir o outro.

Me relembrei de todos os ensinamentos até o momento, respirando suavemente e ainda assim, rapidamente também. As labaredas vazando de minhas narinas, como um dragão respira suas chamas antes de cuspi-las. Com um movimento de mãos, afastei-as para os lados, empurrando as chamas com elas, enquanto fazia o fogo cessar. As roupas levemente queimadas e algumas leves queimaduras. Ficaria bem, apesar daquilo. — Se é de um rei que as chamas precisam, então eu serei um! — Vociferei, orgulhosa de meu resultado.

Objetivo: Perícia em Katon

Mais um dia se passava, tornando meu cotidiano cada vez mais tedioso. Não insisti na moleza e parti até o campo de treinamento para fazer algo de produtivo com meu tempo. Cada passo era mais rápido que o outro — estava com pressa, de fato.

A escadaria a frente não era desafio, já havia me acostumado com ela, o que tornava subi-la uma tarefa fácil. No topo da escadaria, Chomei se pronunciava — "Vai mexer com eletricidade hoje ? Boa sorte, que não acabe se machucando..." — Como sempre, muito positiva. Apenas grunhi, já que ela poderia me entender de qualquer forma. Me sentei no chão do templo e não tardei a esperar. Alguma hora surgiria alguém disposto a me ensinar — já que isso ironicamente era comum nesse vilarejo.

Objetivo: Perícia em Raiton

Mais algum tempo havia se passado e a princípio nada acontecia. Não havia uma alma bondosa na região que se dispô-se a me ensinar algo naquele dia. Rabugenta, me levantei do chão frio da primavera e tornei a andar. Um ruído entranho chamou a atenção — "Mas que barulho é esse ?" — Nanabi questionou. Com um leve grunhido, indiquei que checaria.

Andei até a fonte do som e me deparei com um garoto, aparentemente treinando sua dominação dos raios. O som vinha da técnica que ele preparava em sua mão, que expelia eletricidade para todos os lados em grande velocidade e ferocidade. Esperei que ele terminasse seu treinamento para me aproximar, calmamente e tentaria me comunicar. — Raio. Ensinar. Mim. — Anos sem falar me fizeram essa criatura estúpida, sem conseguir me expressar corretamente, tornando-me frustrada até o limite.

Objetivo: Perícia em Raiton

Ele se dispôs a falar comigo, não apenas fugir como se tivesse recém conhecido uma aberração. Todos os anteriores já haveriam desaparecido de minha vista, o que me fez ficar surpresa, realmente surpresa. Sua ironia se materializava na forma de brincadeiras e gracejos que me faziam crer que não teríamos problema algum.

As instruções do jovem se faziam entendíveis, sendo fácil compreender meus próximos passos. O chakra se intensificou pelos poros, sendo liberado ao redor de meu corpo. Assim como fiz com o elemento fogo, transformei toda aquela energia no elemento desejado — no caso, eletricidade. As leves rajadas elétricas se espalharam pelo ar, não sendo a potência desejada, eram apenas lampejos.

Todo aquele chakra desperdiçado não era necessário, era apenas um gasto de energia. Talvez se diminuísse um pouco a corrente e aumentasse a potência o resultado se mostraria mais coerente com as técnicas que pude ver em meu passado. — Qua-se... — Resmunguei, cabisbaixa.

Objetivo: Perícia em Raiton

Havia percebido meu erro, estando pronta e prestes a concertá-lo, quando o garoto se pôs a falar uma vez mais. Suas instruções estavam mais turvas agora, demonstrando que ele não fazia ideia de como me ensinar o que eu precisava — mesmo que o que ele fizera fosse exatamente o que precisava. A estaca elétrica em sua mão comprovou minha teoria, estava pronta para colocar em prática.

Com ambas as mãos juntas, os lampejos voltaram a aparecer, agora com maior intensidade. Eram como vários vagalumes flutuando pelo ar, desaparecendo ao se afastar demais de minhas palmas. A eletricidade tornou a se formar mais intensa e veloz, cruzando o ar e criando ruídos estranhos e quase inaudíveis — que me lembravam as bobinas que o cientista possuía em sua casa.

A aparelhagem em minha testa tornou a brilhar, quase como se reagisse à eletricidade liberada por meu corpo. Como num passe de mágica, os pequenos relâmpagos que se esvaiam de minhas mãos se juntaram em minha testa — mais precisamente, na ponta do chifre dourado que se encontra na mesma. Uma espera pequena de eletricidade parecia se formar, mesmo sendo pequena, era possível sentir sua periculosidade. Sem pensar duas vezes, ela foi liberada para o alto, seguindo na direção do céu e desaparecendo de vista. Me sentia orgulhosa do progresso até aqui, mas ainda havia mais por vir.

Objetivo: Perícia em Raiton

Minhas mãos se juntavam mais uma vez, enquanto o garoto se colocava a falar uma vez mais. As informações que vinham dele não eram tão precisas, apenas algumas observações que provavelmente perceberia sozinha quando o elemento fosse dominado. Mas não liguei, ele havia sido um bom professor até o momento, então não havia do que reclamar.

Com um leve sorriso, absorvi novamente uma parcela do meu chakra para fora, transformando-o em eletricidade. Os jatos de energia se alastravam de meus poros, cobrindo uma área moderada ao meu redor. O brilho liberado iluminava o campo que já se encontrava envolto na escuridão da noite. Com as palmas das mãos juntas, mirando o céu, acumulei toda a energia uma vez mais, criando outra esfera, assim como a anterior.

Mantive a esfera nas minhas mãos por algum tempo, com certo receio de falhar, disparei a esfera ao céu, num jato de luminosidade e ruído, que iluminou o céu noturno. Estava dominando com maestria o elemento desejado, tudo graças a meu professor. Com um sorriso no rosto, retirei uma flor das proximidades, entregando-a ao garoto. — Obri-ga-da... — Me despedi, partindo em seguida.

Objetivo: Perícia em Raiton

Havia feito um novo amigo — se é que podia chamá-lo assim — e fui até o campo de treino mais uma vez. Essa espada estava em meu arsenal por um longo tempo até o momento, mas nunca havia tentado aprender a usá-la corretamente. Com ela sacada, comecei a fazer alguns movimentos de ataque, como havia visto outros lutadores mais experiente fazerem. Era óbvio que ainda havia muito treino pela frente e quiçá ter um professor seria de boa serventia.

Objetivo: Perícia em Kenjutsu

Muito esforço jogado fora me faziam ficar meio frustrada. Com uma leve suadeira escorrendo de minha testa, pensei em guardar minha espada e partir para outro lugar para fazer algo de mais produtivo. Já quase desistindo, fui surpreendida por uma risada alegre vinda do ambiente.

Um velho senhor banguela parecia sorrir para mim, me indicando que iria me ensinar o caminho da espada. Meio sem jeito, acenei com a cabeça, em aprovação, mas me mantive parada. — Sinto muito, mas peço que inicie o embate. Não é de meu feitio atacar um homem desarmado. — Lhe disse, com uma distância de cinco metros nos separando.

Objetivo: Perícia em Kenjutsu

O senhor me dizia algumas palavras sem sentido. Não esperava que ele entendesse minhas decisões, mas era essa a honra que me fora ensinada. O senhor retirou uma espada de seu manto, equipando-se e vindo em minha direção. Sua velocidade não era tão alta, se comparada a minha, então podia vê-lo facilmente.

Com uma investida, corri em sua direção, com a espada em mãos. Tentaria ler seus movimentos, mesmo que fossem completamente imprevisíveis e desconhecidos para mim, faria o possível para que esse combate fosse inesquecível para ambos. Com uma corte na horizontal, tentei atingi-lo pela direita na altura da cintura. — Vamos! Hei de nos enfrentarmos nesse campo!

Objetivo: Perícia em Kenjutsu