Para a minha infelicidade, o inverno estava prestes a acabar, o que significava que as temperaturas aumentariam ainda mais. Visando aproveitar as últimas horas da minha estação preferida, resolvi sair para mais um treinamento.

━━ Acho bom que você aprimore a velocidade de execução dos seus selos de mão, moleque ━━ avisou Shukaku na minha mente, em tom de ameaça. ━━ Para a sua idade, você deveria ser mais rápido do que é. Eu já estou cansado de te salvar ━━ complementou.

━━ Certo, farei isso ━━ lhe respondi respeitosamente, surpreendentemente encerrando a discussão.

Em outros tempos, eu teria me enfurecido com as palavras do Demônio de Uma Cauda, mas ele estava certo, eu realmente estava abaixo do nível médio de um Chūnin de Sunagakure no Sato e ter que depender do Tanuki para sobreviver não era algo que eu me orgulhava. Talvez o fato de eu me tornar um Jinchūriki me fizera relaxar, mas eu não deixaria mais os dias passarem em vão. Além do mais, eu havia feito uma promessa para Shukaku no dia em que ele me cedeu o seu poder: em troca, eu lhe daria o deserto.

Fora do vilarejo oculto da areia, o calor estava mais intenso, mas no deserto era onde eu me sentia bem e à vontade para treinar, sem ninguém bisbilhotando ou me importunando.

“Quatro selos de mão em um único segundo, este é o meu objetivo para hoje!”, exclamei em pensamento, enquanto fitava a infinidade de substância arenosa que cobria o País do Vento. Para tentar realizar tal feito, minha ideia era realizar os doze selos básicos em três segundos, invertendo a ordem dos selos sempre que uma sequência fosse dominada no tempo estimado.

Primeiramente, comecei pela ordem que me foi ensinada na Academia Ninja: Pássaro, Javali, Cão, Dragão, Boi, Tigre, Cobra, Rato, Cavalo, Macaco, Coelho, Carneiro. Eu utilizava apenas dois destes com mais frequência, sendo o selo do Cão para técnicas do elemento vento e para manipulação de areia; e o selo da Cobra para técnicas do elemento terra. Devido a isso, levei cerca de seis segundos para a executar a sequência completa dos doze selos, o que era o dobro do tempo esperado. A cada nova tentativa, no entanto, meus dedos já se moviam cada vez mais rápido, até que os movimentos se tornaram praticamente automáticos. Era hora de alterar a sequência.

“Agora de trás para frente”, planejei em minha mente. Ichibi pareceu ter se agradado com o treinamento, pois não se manifestou em nenhum momento, o que ele certamente faria se visse algo que julgasse errado.

Assim, permanecei por mais algumas horas praticando incessantemente. Sempre que eu conseguia realizar a sequência da vez de doze selos de mão em três segundos, formava uma nova ordem aleatória e começava mais uma. Quando, por fim, imaginei uma sequência e consegui realiza-la em três segundos na primeira tentativa, julguei que minha velocidade com as mãos estava, finalmente, aprimorada, o que me levou de volta para a vila da areia.

Considerações:

Técnicas Utilizadas:

002	HP: 455   CH: 275   BIJUU: 1000

O tempo parecia estar passando mais rápido que o comum. Estávamos agora na primavera, o que significava temperaturas ainda mais elevadas, ainda que as nuvens aparecessem com maior frequência nesta época do ano. O mundo parecia estar virado de cabeça para baixo, com os Demônios de Cauda destruindo vilarejos e matando centenas de pessoas em diversos países. Isso me deixou em alerta, afinal, a qualquer momento uma besta poderia invadir o País do Vento, ou pior, invadir Sunagakure no Sato. Se essa tragédia de fato se confirmasse, eu deveria estar preparado para enfrentar qualquer tipo de adversário, o que só seria possível com treinamento duro.

Entretanto, o dia de hoje não seria destinado a nenhum treinamento que aprimorasse minhas habilidades físicas, como força ou velocidade, e sim um treinamento mental a fim de adquirir conhecimento e poder reagir de maneira mais adequada no campo de batalha.

Depois de um demorado e satisfatório café da manhã, saí de casa trajando roupas casuais simples e me dirigi à biblioteca de Sunagakure. Muitos consideravam este dia como sendo perfeito. O céu estava num tom de azul intenso e algumas poucas nuvens completamente brancas estavam espalhadas acima do vilarejo, criando ótimos pontos de sombra para os transeuntes e para os comerciantes que anunciavam suas mercadorias no tom mais alto que conseguiam.

Não levei mais do que vinte minutos para adentrar a biblioteca localizada no centro da vila, pegar cinco livros sobre táticas de combate, registra-los em meu nome e sair em direção ao deserto.

Já fora de Sunagakure, procurei uma pedra no deserto em que eu pudesse me sentar confortavelmente e quando a encontrei, iniciei a leitura do primeiro livro, intitulado “A Arte de Criar Armadilhas”.

━━ As armadilhas são táticas utilizadas para prender, capturar ou causar algum dano a alvos. Elas geralmente são previamente montadas no terreno e podem ser ativadas através de um mecanismo desencadeado pelo alvo ou pelo próprio montador ━━ li em voz alta, para absorver melhor o conhecimento. ━━ Vários são os objetos que podem ser utilizados para se montar uma armadilha, como troncos de árvores, fios de aço, redes, bombas de fumaça, armas básicas e até alguns Jutsus específicos ━━ continuei.

O vento no deserto a esta hora da manhã era quase nulo, o que facilitava a leitura. Obviamente eu não conseguiria ler os cinco exemplares em um só dia, portanto, folheava algumas páginas aleatórias à procura de informações que fossem mais importantes, como prevenir armadilhas, antecipar movimentos através de leitura corporal e um pouco da história das grandes guerras, buscando saber o motivo da vitória em cada caso.

Meu estudo levou várias horas, até que meu estômago me deu sinais de fome. Pela posição do sol, o meio-dia já havia passado a muito tempo, o que justificava a fome. Com isso, me levantei e recolhi os livros, voltando para o vilarejo. Devolveria os livros na biblioteca e provavelmente comeria em algum restaurante no centro de Suna.

Considerações:

Técnicas Utilizadas:

003	HP: 455   CH: 275   BIJUU: 1000

Mais um dia chegava à sua metade em Sunagakure no Sato. Depois de dormir por mais de doze horas, estava preparado para mais um dia dedicado a treinamentos no deserto. Por planejar um treinamento de extremo esforço físico e espiritual, minha refeição fora mais reforçada que o normal. Após o almoço, trajei minha vestimenta típica dos Chūnins da Areia e, sem a minha bolsa de armas, saí de casa.

Em uma caminhada lenta e tranquila, levei cerca de quarenta minutos até sair de Suna e chegar no deserto que a cerca. O treinamento de hoje visava aprimorar minha resistência em todos os sentidos, como velocidade, força e manipulação de Chakra. Ainda que ser Jinchūriki da Ichibi me proporcionasse uma grande fonte de energia extra, eu estava com um mau pressentimento sobre o futuro do meu país. Vários anos se passaram desde a aparição do Shukaku no Chūnin Shiken e, diferente daquela época, as aparições de Bestas-Com-Caudas estavam se tornando cada vez mais frequentes. Bijus significam poder e disputas por poder significam guerra. Por conta dessa minha preocupação, eu deveria ser capaz de ser resistente e aguentar o máximo possível no campo de batalha.

Para me ajudar nesse árduo treinamento, eu contaria com uma técnica peculiar que havia aprendido um pouco antes da minha viagem à Kumogakure no Sato.

━━ KAGE BUNSHIN NO JUTSU! ━━ invoquei com os dedos indicadores e médios em sinal de cruz.

Duas cortinas de fumaça branca apareceram do meu lado e, quando se dissiparam, revelaram dois clones meus.

━━ Assim vai ficar mais fácil ━━ disse para mim mesmo.

A ideia do treinamento de hoje consistia em chegar ao máximo da minha capacidade física enquanto mantinha os dois clones e os suspendia com o Sabaku Fuyū. Desta forma, eu estaria aprimorando minha resistência de todas as formas, além de ser um bom exercício de concentração em combate. Com tudo pronto, dei início ao treinamento.

Primeiramente, com um selo de mão, manipulei parte da areia contida no jarro à minha cintura, moldando duas plataformas de areia que pararam na frente dos clones. Depois que cada cópia subiu em uma plataforma, gesticulei sutilmente com ambas as mãos e elevei as cópias cerca de cinco metros do chão do deserto. Um dos clones moldou uma linha fina horizontal de areia a aproximadamente trinta metros de onde eu estava, que representava o ponto de chegada. Durante o trajeto, o segundo clone tentaria me impedir com obstáculos e ataques. Assim, meu objetivo seria cruzar a linha de chegada no maior tempo possível, sem nunca parar, enquanto mantinha os clones flutuando.

Iniciei a corrida já buscando a velocidade máxima. O segundo clone começou a criar alguns morros de areia no meu caminho, a fim de me fazer cair ou diminuir a velocidade, mas nunca me atingindo. O treino durou várias horas, até que eu senti que conseguiria aguentar por muito mais tempo no campo de batalha.

Considerações:

Técnicas Utilizadas:

004	HP: 455   CH: 275   BIJUU: 1000

Finalmente, o inverno havia chegado na Vila Oculta da Areia. Minha estação favorita me dava uma motivação ainda maior para aprimorar minhas habilidades físicas e mentais. Eu já possuía planos audaciosos para meu futuro e o futuro do meu país, mas para alcança-los seria preciso muita dedicação, além de uma pitada de sorte.

Há alguns dias atrás, eu peguei emprestado um livro velho da biblioteca de Suna. Esperava que o exemplar intitulado como “As 33 Estratégias de Guerra” me ajudasse com estratégias durante um combate ou mesmo uma Grande Guerra Ninja, uma vez que eu realmente acreditava que a inteligência era a chave do sucesso de um Shinobi durante sua vida.

Ainda em casa, finalizei meu almoço – arroz, peixe e ovo cozido – e lavei rapidamente a louça. Com tudo pronto e portando apenas o livro, saí de casa em direção ao deserto que cercava Sunagakure, o local que me dava paz e tranquilidade para treinar, além de uma segurança maior em caso de confrontos, já que o terreno inteiro trabalharia para mim.

As ruas do vilarejo estavam tranquilas e poucas pessoas transitavam pelas estreitas vielas feitas de terra batida. O céu estava azul como sempre e o vento soprava um pouco mais forte do que o normal. Durante a caminhada desapressada até a entrada de Suna, cumprimentei algumas poucas pessoas que simpatizavam comigo e passei a observar tudo que fora reconstruído desde a batalha contra a Besta de Cinco Caudas. Os aldeões estavam de parabéns por conseguir reconstruir todo um vilarejo em tão pouco tempo. Me sentia com a obrigação de defender tudo isso e esse motivo era um dos que mais me empurravam para frente. Não temer nada, não ser inferior a ninguém, livrar os moradores de Suna de todo o mal, ser o herói do País do Vento.

Cheguei no deserto em menos de uma hora. Como já era de costume eu treinar ali, os guardas da entrada do vilarejo nem me faziam mais perguntas quando me viam sem minha bolsa de armas, pois já sabiam aonde eu iria ir e o que iria fazer. Meu treinamento de aprimoramento físico seria igual ao das outras vezes: uma maratona de exercícios sem parar até que meu corpo chegasse ao limite. Eu ainda não podia confirmar, mas parecia que o fato de ser um Jinchūriki me fazia ser ainda mais resistente que o normal, o que era algo muito bom, mas que poderia ser melhorado ainda mais.

Com um único selo de mão, gerei dois clones meus que prontamente começaram a moldar alguns obstáculos com a areia do deserto. Em poucos segundos, pilares, dunas, buracos e outras moldes foram espalhados por um circuito de aproximadamente quinhentos metros. Com um segundo selo de mão, moldei duas plataformas de areia que sustentariam os dois clones a alguns metros do chão. Assim, como anteriormente, eu deveria completar o circuito quantas vezes eu aguentasse, enquanto ainda teria que me concentrar em manter os dois clones suspensos no ar.

Respirei fundo e iniciei. Atingindo a máxima velocidade o quanto antes, ziguezagueei por entre uma fileira de pilares de areia, visando não encostar neles. Poucos metros à frente, um buraco de aproximadamente vinte metros de diâmetro me impediria de continuar sem algum recurso. Rapidamente, manipulei acima do buraco quatro cubos de areia, grandes o suficiente para que eu conseguisse apoiar meu pé. Perto do final, sete silhuetas humanas feitas de areia serviam como bonecos de treino. Golpeei-as com socos e chutes o mais velozmente possível, nunca parando de me mexer. Enfim, alcancei a linha de chegada e não descansando mais do que três segundos, repeti o circuito inversamente.

Permaneci neste exercício por horas. Por vezes, alguns obstáculos mudavam de lugar para que eu não me acostumasse a executar o circuito e precisasse sempre pensar no que fazer enquanto corria em velocidade máxima. Na última hora do treinamento, os clones passaram a tentar agarrar meus pés com a areia do solo, dificultando minha movimentação e me obrigando a fazer ainda mais esforço para completar as voltas.

Quando, enfim, julguei que não conseguiria mais continuar devido ao cansaço e a falta de Chakra, desfiz os clones e as manipulações de areia, com exceção de uma plataforma flutuante, que utilizei para me manter cerca de vinte metros no ar. Com o corpo praticamente fadigado, agora era uma boa hora para relaxar e ler o livro de estratégias de guerra. Assim, deitei-me na areia, abri o livro e passei a procurar por trechos que fossem do meu interesse.

“Houve há muito tempo atrás, na Vila Oculta da Folha, no País do Fogo, um membro do clã Nara que se destacou por sua inteligência, sendo considerado por alguns como o Shinobi mais inteligente que o mundo já vira, possuindo um QI superior a 200 pontos”. Ler este fato lembrou-me de um Nara que conheci em uma missão certa vez. Seria a inteligência um dom dos manipuladores de sombras?

Segui lendo e descobri coisas absurdamente fascinantes, como um garoto que derrotara um Inuzuka – um clã que aparentemente possuía um vínculo forte com cães – peidando em sua cara. Era incrível confirmar a minha teoria de que força sem inteligência não era nada. Havia diversos relatos de ninjas supostamente mais fracos que derrotaram seus inimigos com estratégias eficientes. Continuei com a leitura até que a ausência de luz solar me impedisse de continuar. Pela falta de tempo, não pude concluir a leitura completo do livro, mas certamente terminaria de fazê-lo em casa. Descobrir todas essas coisas me deixou ansioso para lutar, mas esperava que fosse fora da Vila da Areia, de preferência.

Levantei-me e comandei a plataforma a se movimentar, retornando, assim, para casa.

Considerações:

Técnicas Utilizadas:

005 & 006

HP: 705   CH: 525   BIJUU: 1000