Calçamento das ruas!

Estava em casa, sentado tomando meu café da manhã. Resvalava os olhos pelas páginas do jornal mas não conseguiria reter nada do que estava lendo. Apenas ficava matando tempo até terminar a refeição. Após terminar de comer, me levantei e fui para meu quarto trocar de roupas pois iria até o Quartel General solicitar alguma missão para realizar.

Parado em frente ao guarda roupa, minha cabeça era inundada de pensamentos. Tentei me concentrar no imediato. Me questionava sobre as roupas que eu estava usando anteriormente em minhas missões. Usava trajes comuns, de uso casual. Mas me pareceu que eu deveria começar a usar o uniforme padrão dos shinobis de Suna. Com o uniforme eu poderia ser reconhecido como um shinobi do meu país e também estar mais apto aos combates que poderiam surgir.

Vestido em meu uniforme, sai de casa rumo ao QG. Caminhava pelas ruas e sentia o vento acariciar minha face, fazendo meus cabelos se movimentarem. As crianças corriam e brincavam, era ótimo aquele clima de paz. Ninguém precisava se preocupar com as tensões diárias da guerra, sua falta de alimentos, as mortes, os traumas. Todos nós nos esforçávamos diariamente para garantir aquela tranquilidade. Não consegui segurar e deixei escapar um sorrido de alívio e alegria ao ver meu povo tão feliz e próspero.

Por um momento me deixei mergulhar naquele pensamento sobre a prosperidade e a felicidade das pessoas. Quase não reparei quando que um shinobi me chamava. Meus olhos focalizaram o local donde vinha o chamado. Me aproximei em passos lentos e com as mãos dentro dos bolsos da calça. Cumprimentei o shinobi, ele retribuiu e foi me passando algumas informações. Eu estava escalado para ajudar no calçamento das ruas na estrada ao norte da Vila. Sorri enquanto recebia as instruções e o pergaminho da missão. Quase não consegui esconder a felicidade por receber missões em que eu precisava estar junto das pessoas. Eu julgava muito importante a proximidade com os cidadãos. Sabia que eram essenciais para o funcionamento da Vila e também em período de guerras.

Imediatamente após receber todas as informações necessárias, me desloquei para o local. Chegando lá, já estavam a minha espera. Um trabalhador se aproximou de mim e me informou o local que eu poderia retirar meus instrumentos de trabalho. Movimentei minha cabeça em forma de agradecimento e fui até o local indicado. Retornando até o local aonde iriamos fazer o calçamento, me pediram para encher um carrinho de mão de terra e levar até próximo ao metro quadrado que estavam calçando. Eu não quis usar nenhuma técnica para facilitar meu serviço. Apenas empunhei com ambas as mãos uma pá que estava no chão e a finquei numa terra de diferente qualidade que tinha ali para esse uso. Flexionei meus joelhos e elevei a pá, direcionando-a até o carrinho e deixando cair ali a terra. Repeti o mesmo movimento até encher o carrinho e depois o levei e despejei no local indicado.

Repetíamos os mesmos movimentos o tempo todo. Eu ficava a encher o carrinho com a terra e levar para quem ia nivelando e colocando as pedras em sequência. Outros trabalhadores iam conferindo o posicionamento das pedras e colocando as substâncias necessárias entre elas para dar uma melhor ligação e não soltar tão cedo.

Em um terminado momento, um trabalhador me avisou que estava um pouco cansado e pediu que eu assumisse sua função no posicionamento das pedras. Prontamente o atendi e caminhei até lá. Dobrei meus joelhos e os deixei tocar o chão. Minhas luvas estavam bastante sujas, uma mescla do marrom da terra com o pó cinza das pedras. Fiquei ali ajoelhado, pegando as pedras que me entregavam e colocando-as posicionadas uma ao lado da outra, quase encaixando elas, parecia que eu estava a montar um quebra cabeças.

Fui revezando minhas tarefas até o fim do dia. Todos trabalhávamos juntos. Fiz todos os serviços que ali se realizavam: posicionei as pedras, levei a areia até o ponto de nivelamento, ajudei na fixação das pedras. Era um trabalho cansativo mas prazeroso. Podia sentir meus braços e pernas acusarem um pouco de cansaço. Eu não era dos ninjas mais fortes fisicamente e ainda era uma criança. Minha força não se diferenciava quase nada da de adultos normais. A noite já se mostrava para nós e o cansaço era nosso companheiro mais íntimo.

Pouco tempo depois de escurecer, finalizamos todo o trajeto que nos foi designado para calçarmos. Estava tudo em aparente ordem e muito bem feito. De um em um os trabalhadores foram para suas casas, trocando algumas palavras uns com os outros. Provavelmente iriam se ver no outro dia para outras obras pela Vila. A mim, cabia aquela missão, quem sabe no outro dia eu não iria me juntar a eles em uma nova empreitada que o escalão acima de mim julgasse necessário.

Fui um dos últimos a deixar o local. Agradeci a disposição de todos e disse estar satisfeito em ter contribuído. Guardei a pá e o carrinho de mão no local indicado. Terminada minhas atividades, me desloquei para o QG, iria entregar o relatória da minha missão e depois ir para casa descansar um pouco e me libertar de todo o pó impregnado em minhas roupas e corpo.