A lua, essas horas, era a única que arriscava a se mostrar nas ruas solitárias de Konohagakure, dizem serem tempos pacíficos, mas eu sei bem o que acontece aqui. Dentro de meu quarto reinava um silencio absoluto, em outro lugar não tão longe dali, a barulheira de estantes e incontáveis livros revirados por uma figura desconhecida. Sem saber de tudo aquilo eu dormia firme como uma rocha, num repouso imóvel e imutável, meu sono pesado impossibilitaria-me de acordar mesmo que a casa estivesse indo abaixo, somente estaria a par de toda a situação quando acordasse.

As batidas fortes e rapidamente seguidas em minha porta fizeram-se ecoar por toda a casa e após algumas repetições eu fui acordado, por mais incrível que pareça. Bocejei e direcionei um de meus ouvidos na direção da porta, quem sabe fosse aquilo coisa da minha cabeça, quem sabe eu poderia voltar a dormir? Mas não era, aquele som estrondoso continuava cada vez mais forte, me forçando a descer e ver do que se tratava. Minha audição afiada captou uma breve conversa: ele não está em casa, vamos procurar por outro. Isso poderia significar uma missão e missões davam dinheiro, sendo assim corri para abrir a porta e mostrar aos homens que me requisitavam que eu estava lá.

A falatória que ouvi por detrás da porta teve fim quando fui avistado, ambos os ninjas, que deveriam ter alguma importância, assim como a missão, já que tal convocação fora feita nessa hora da madrugada, apenas me entregaram um pequeno envelope, sumindo de minha vista num piscar de olhos. Fechei a porta e voltei para dentro, lendo a mensagem contida naquilo que fora entregue e me deparando com a urgência do assunto, seria necessário começar minha busca o mais rápido possível, por isso tomei somente o que me era essencial e parti.

Esconder-se dentro da vila após tal coisa seria um grande erro e alguém capaz de roubar um pergaminho tão bem guardado não cometeria esses deslizes. Por onde começar então? Os portões, é claro. O solo fofo que começa além dos limites de Konohagakure e vai adiante pode facilmente afundar com os pés de quem passa por ali, esse seria meu ponto de partida.

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Os ventos, o clima, essa situação, de um lado ao outro, de baixo para cima. Algo parecia não se alinhar com perfeição, talvez fosse minha ingenuidade ao mergulhar de cabeça em algo que sequer sei o que é, movido pela inconsequência. Não questionei quando tive a chance, porque estou fazendo isso agora? Já não é mais tempo, agora me resta seguir com o planejado, investigar a fundo esse tão misterioso desaparecimento de algo que aparentemente nem existia, parece até um enredo de caça ao tesouro, mas minha intuição me diz que procuro algo palpável, concreto e existente. Espero não estar errado, não posso me dar esse luxo.

Os passos desajeitados e desprecavidos levaram-me pelo chão de terra das principais vias de Konohagakure até os portões, como sempre, estava aberto, dando o ar receptivo que a vila tinha apesar de todos os acontecimentos recentes. Meu pisar do lado de fora da vila desencadeou o desastre, fui atraído até uma armadilha, escondida na perversidade da noite, além da luz do luar. Forcei meus olhos a abrirem um pouco mais, era necessário para enxergar naquele escuro, identificando uma figura a me encarar, seus traços não eram como os meus, os traços de um humano, havia algo de animalesco em sua essência, mas algo comum a nós dois: a bandana em sua testa, remetendo a minha vila. Em suas costas pude notar o branco enrolado em si mesmo, um pergaminho, como o que havia sido roubado, não poderia existir tamanha coincidência.

Muito tarde para se vagar por aí desacompanhado, não é mesmo? Mas se quiser me matar ou levar para algum culto canibal, que seja rápido, não tenho todo tempo do mundo! Fitei-o, fazendo certa referência a armadilha que acabara por me pegar desprevenido.

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Meu questionamento diante da criatura tão peculiar trouxe-me de volta algumas respostas. Conforme as falas saiam de sua boca uma luz clareava sua aparência, clareando também minha mente e me deixando a par da situação. Eu deveria ter percebido, logo que vi seus traços animalescos imaginei que fosse o que ele acabava de admitir, mas pra mim era só uma lenda, não acreditava que realmente o Clã Sarutobi tinha um contrato de sangue com uma criatura como essa, um macaco com sabe-se lá que habilidades. Sua pergunta me deixava em dúvidas, não tinha certeza alguma de qual seria minha resposta, mas sabia que aquilo me daria uma chance momentânea de fuga ou ao menos tempo para pensar em algo.

Desça-me daqui e poderemos conversar. Quanto a sua afirmação, não tenho dúvidas de que é verdadeira, o clã Sarutobi realmente tem laços de sangue com um animal de características primatas, mas achava que isso era apenas um boato, não existem mais membros conhecidos de minha linhagem, apenas eu. O que vai acontecer agora? Não confio totalmente em você, preciso de algo para comprovar sua versão.

Minhas mãos rígidas logo deslizavam pelas laterais de meu abdômen e se agarravam firmemente nas espadas penduradas em minha cintura, nunca se dá para prever o que vem em seguida.

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— O que acontecerá agora, dependerá de você, humano. — rogou a criatura, anulando a prisão qual prendia o ser que outrora apareceu em sua frente. Enma caminhou em sua direção, com um pergaminho em mãos e estendeu a Kuroko.

— Faça o que tenha de fazer, após isto, o contrato estará selado. — finalizou o macaco, observando a reação da criança.

ultimo post, vai logo.