As nuvens envolviam perfeitamente as montanhas, mas um chamado vinha em meio a elas. Um felino, um pequenino, caberia na palma da mão de qualquer um, buscou o jovem Chrollo para... O quê? Ele deveria seguir o animal até um verdadeiro templo no topo das montanhas, mas o que ele encontrará por lá?

—— O vento está sibilando. —— uma brisa inconstante. Outrora vinha com força, na outra, paz. Ergui-me de uma posição donde observava frivolamente as baixas nuvens. A altura colocava-me no aconchego sob as colunas brancas. E assim como a brisa, eram inconstantes: outrora via-se o que havia abaixo delas, outrora não.

Um súbito miado recobrou-me a atenção. A aurora trazia um espetáculo luminoso por dentre as árvores secas dali. Não devia chover muito por ali. O minúsculo animal roçou nas minhas pernas, e foi quando pude senti-lo. Apesar de ouvir seu som, não consegui deduzir a direção no momento. Fitei-o com um certo carinho; era de minha natureza dar-lhe a atenção que merece. Sou um adorador, e talvez por isso tenha formado um pacto com os peludos.

—— E o que você está fazendo aqui, amigo? —— indaguei o felposo, sorrindo.  Nem todos os gatos eram capazes de se comunicarem comigo; algo que ficou claro no dia em que formei o pacto.

Revirei-me, focado nas cercanias. Algo não estava certo. Um gato jamais sobreviveria ali, não sozinho. Partes da montanha instigavam minha curiosidade; outras, despertavam medo. Uma área obscura e negra, como o pelo do animal, repassavam a sensação de que nenhum humano deveria transpassá-la.

Spoiler:

Chrollo; HP: 400, CK: 770.

Em meio as sombras do templo um gato se aproximou. Seu pelo era de um branco como a neve, andava como um humano e agarrava-se a um bastão de ponta circular e felpuda; os seus  olhos eram verdes como esmeraldas. — Chrollo, você precisa se preparar, tempos sombrios estão a caminho — disse ficando de frente para o rapaz, batia em seus joelhos — queres se tornar um verdadeiro mestre da natureza?

O ponto obscuro cujo fitei era realmente algo que eu imaginava, na verdade, mais ou menos. De dentro de suas sombras surgiu uma criatura um tanto quanto peculiar: um gato, assemelhava-se ao que recém encontrei, todavia, outros aspectos o tornavam mais parecidos comigo. Andava em duas patas: um bípede? Era realmente bizarro, mas não tanto quanto outros que conheci. O cajado que empunhava era usado como bengala; sinal de sua suposta velhice, deduzi. Seus olhos eram verdes como o fundo de um oceano, e ousadamente, talvez uma das sete maravilhas deste mundo.

—— C-Como sabes meu nome? —— reagi. Era um tanto quanto suspeito alguém, ou algo, saber o meu nome sem que eu tenha antes dito. Ele era um gato, mas não um conhecido. Seus objetivos ainda eram vagos e eu só estava tentando ser racional. "Dias sombrios virão." O que será que ele quis dizer com isso? E seguido, outra curiosidade: "Queres se tornar um mestre da natureza?" Eu estava perdendo algo, por isso o branco na mente. —— E o que exatamente seria isso, neko-san? —— indaguei. Sem respostas, eu não seguiria em frente... mas talvez ele me convencesse. O vento sibilou outra vez, perhaps, algo realmente iria acontecer?


Chrollo; HP: 400, CK: 770.

O velho gato demonstrou algo como um sorriso e esticou o seu bastão tentando alisar a barriga de Chrollo. — Meu nome é Ōneko e eu conheço todos os felinos e todos os contratantes de nossos poderes — respondeu gentilmente mexendo os bigodes. Talvez ele fosse mais simpático ainda do que demonstrava. O sábio deu as costas entrando no templo e moveu o bastão numa ordem silenciosa ao rapaz, mandando-o segui-lo. — Chrollo-kun, a natureza é mais forte do que o próprio chakra e eu estou disposto a lhe tornar em um Eremita, caso queira obviamente — brincou virando-se para o garoto com um sorriso de canto.

O gato ancião tinha seu charme, de certo modo. Ergueu seu bastão contra mim, apontando-o para o meu abdômen. Não tinha muito significado, mas deu ênfase em sua fala. Ele era, de fato, conhecido dos outros. Sabia dos contratantes e dos próprios contratos. Haveria algum gato desconhecido por ele? Minha mente propôs que existisse um reino dos gatos. Se fosse verdade, eu iria querer vê-lo. O velho me intrigava; segui-lo-ia.

Chacoalhou o aparentemente leve instrumento e induziu-me ao trilhar o seu caminho. Calado, obedeci. A curiosidade ultrapassava quaisquer outros pensamentos e sentimento naquele momento, e apesar de estar só observando-o de costas, não temi momento algum. A forma com que andava, os pelos, o bigode e a expressão repassavam a sensação de que era um ser experiente; alguém que já vivera o bastante para poder se por no lugar de um trilhador, mostrando-me o caminho, agradeci por sua vontade.

—— Um eremita, hm? —— a princípio, como sempre, a dúvida. —— isso soa bastante como coisa de velho. Ei velho, eu vou ficar velho? —— as indagações imaturas de um adolescente. Nada que eu pudesse ter feito para mudar isto, pelo menos não na época. —— Se conhece os outros, provavelmente conhece Dhoko. Então, confio em você. Mostre-me. —— apesar de sofrer um pouco com a timidez, as criaturas animalescas sabiam como alcançar o meu coração gentil, então não pensei em nenhum momento sobre como ou quando começar a falar; na verdade, já estava o tempo todo, tagarelando. Preocupei-me somente com o meu vício; será que ele iria calhar? Havia trago comigo alguns doces, mas não lembrava até então.


Chrollo; HP: 400, CK: 770.

Uma boa e velha risada de gato surgiu daquele sábio. — Não ficarás velho Chrollo-kun — respondeu e aos poucos a luminosidade apresentou um verdadeiro universo de gatos; estátuas, pinturas, tapetes, havia de tudo que uma boa seita poderia precisar para um verdadeiro culto. Havia, porém, diversas estátuas incrivelmente assustadas e... humanas? — Elas são de pessoas que não souberam controlar o poder, mas sei que você irá — respondeu indicando as terríveis construções.

— A natureza nos cerca, sabia? Tudo é natureza. Se pensares em um deus, ele é natureza. Pois Deus é Natureza. Há quem possa canalizar essa energia da natureza para dentro de seu próprio corpo, tornando-se assim... — a hesitão aparente fora somente momentânea, o animal esticou os braços para os lados e uma enorme pressão de energia surgiu no lugar, seus pelos cresceram e quando ele se virou estava com os olhos dourados — um verdadeiro Eremita.

Não mais parecia um velho, parecia um tigre, talvez. Aos poucos, porém, ele retornou ao seu estado normal, tão pequeno quanto antes; e riu. — Sente-se em uma posição confortável e comece a se concentrar. Seu corpo é o centro da energia, o universo é a energia. Puxe-a até ti, transforme-a em sua parte. Faça-a ser inteiramente sua.

Com aquela ordem só restaria o treinamento de Chrollo.

Conforme íamos atravessando a trilha, novas coisas iam aparecendo e minha curiosidade se abrangia. Estátuas, templos, panos, pinturas e outros gatos. Um lugar que nem um conto de fadas se imaginaria. Algumas estátuas eram realmente assustadora, um breve deslize encarando-as fez com que Ōneko percebesse e me explicasse. Eles não haviam conseguido controlar o poder. Uma leve sensação de medo e insegurança; o que fazia-lhe pensar de que eu era capaz? Só restava-me confiar nele de corpo e alma.

Demos mais alguns passos, fomos para uma área relaxante e confortável ali. Havia de tudo, e também, quase nada. Estávamos em um nada coberto de tudo. O gatinho realizou uma façanha; virou-se e ao retornar, seus olhos e corpo estavam diferentes, como se tivesse transformado-se. Eu ficaria assim? Resolvi que era hora de deixar as aparências de lado e segui-lo com o coração; pensara que esta atitude tinha o único propósito de me convencer, e se ele se esforça tanto, deve precisar de mim, e confiar, também. E quando ordenou-me à sentar, obedeci, calado. Não pestanejei. Assim como Dhoko, estávamos conectados.

Aconcheguei-me no chão, dobrando os joelhos e permanecendo inerte, de olhos fechados. O chakra que circundava o meu corpo transcendia-me. Os sentidos foram,aos poucos, instintivamente, se desligando - mas não tornando-se necessariamente inutilizáveis. Uma aura invisível suspendeu-se sobre minha pele; eu a sentia, mas não a via. Entretanto, conseguia encher de maneira simplória e direta, tudo ao meu redor, mesmo de olhos fechados. Uma sinergia abrupta, uma sensação inesperada e cativante. Algo que me consumia, algo que outrora não pude perceber sua presença. Senti-me vívido. Como em um rio, a água continuava seu fluxo constante. A energia, por sua vez, seguia um rumo similar. Senti meu chakra se fusionando com algo bastante incomum e também, natural. Este 'algo' era puxado de todos os cantos até mim, como se eu fosse o canalizador. Havia tanta energia num lugar assim? A medida em que o tempo foi passando, substancialmente, fui adquirindo energia natural que não só se prendia em meu corpo, como também, tornava-se parte dele.

Induzi meu próprio corpo à uma paralisação temporária. Não havia truques, mágica ou ciência. Era só a vontade de ser. O espírito. Assim como disse Ōneko, Deus é Natureza. Se ela quer, que assim seja. Quase adormeci, mas não ousei deixar meu corpo perder o momento que estava passando. Abri levemente os olhos, subjugado por um raio solar que transpassava os galhos das árvores. Era uma calmaria imaginável somente no éden. Às vezes sentia-me rígido; sinal de que não estava me concentrando o suficiente, recobrava o pensamento correto e despedia-me da sensação. Se não fosse pela confiança do gato, era o medo que me circundaria, mas não foi. Passaram-se horas, ou dias, não soube dizer ao certo; quando concentrei-me somente em algo, perdi a noção do tempo, mas, chegou em uma hora em que a energia sequer encontrava barreiras para atravessar até o meu corpo, porque o meu corpo já estava fundido com a natureza; não havia necessidade de ida e vinda. Estávamos entrelaçados. A última coisa que conseguia me lembrar foi quando senti meu corpo cansado, mas ainda leve, sem peso, sem dor. Era só uma sensação de relaxamento que meu corpo adotou, forçando-me ao sono. Quis dizer à Ōneko que estava sonolento e que precisava dormir, mas, não fui rápido o suficiente. Já estava a dormir. Atrás de mim, uma árvore longa e esbelta. Meu corpo levemente se deitou, encostando-se no tronco familiar, minha cabeça caiu no ombro e meus lábios ficaram semiabertos. Uma última brisa arejada chacoalhava meus cabelos escuros, mas isto já não pude sentir.


Chrollo; HP: 400, CK: 770.

Chrollo estava cansado de treinar e o velho felino respeitou aquilo, porém horas depois o bastão do gato estava batendo suavemente na cabeça do menino, despertando-o. As duas esferas verdes que eram os olhos do bichano estavam próximas o suficiente do rosto de Chrollo que ele poderia assustar-se, mas, no fim, era por uma boa causa e um sorriso se formou na face do bichano. — Chrollo-kun, mostre-me o seu novo poder, sei que aprendeu — pediu gentilmente, os bigodes se movimentando como os de um filhote, apesar da idade dele.

Dentre as florestas um lobo saltara. Um lobo branco, da cor de prata da lua. Seu salto fustigava meus sentidos; meus olhos prendiam-se no movimento abrupto e certeiro. O felpudo sequer me notava. E repetindo o processo, dirigiu-se até o topo da colina, donde a lua era mais visível no céu. O morro íngreme inclinado-se permitiu que o animal, um pouco desacelerado, pausasse em sua margem, observando a bruxuleante lua. Era uma noite sem nuvens, sem brisa. Nem fria, nem quente. Era de costume o animal pernear, mas dali era loucura. Em sua última ascensão, o selvagem parece que fosse transcender; seu pelo brilhava intensamente e seu uivo ecoou por toda a redondeza, mas não aconteceu. O animal caiu. E eu, em pânico, o segui. Não sabia o porquê, mas estava correndo, até que saltei junto, instigado.

O som de algo batendo em algo era a primeira coisa que ouvi. Ainda estava escuro, mas quando abri os olhos, tudo clareou. Ōneko estava ali, e para nossa surpresa, não me assustei com seu rosto a centímetros do meu. Acostumado com os gatos e muito fiel à eles, não encontrei motivos para me assustar. —— Ah, Ōneko. Eu tive um sonho estranho. Eu estava... ah, esquece. —— bocejei uma vez antes de me apoiar no chão, as duas mãos para trás, erguendo o corpo. O gato havia falado algo sobre mostrar o que eu havia aprendido. Não sabia ao certo, mas iria tentar. Era só o que me restava, afinal.

Acho que devo apenas repetir o que fiz antes... pensei comigo mesmo, fechando os olhos novamente. Havia me esquecido que eu deveria fazê-lo deitado, mas já era desnecessário, visto que estava de pé. Não sentia nenhuma mudança drástica, ou talvez, já estivesse acostumado? Esteticamente, não mudei, já que não havia me olhado no esp— interrompi meu próprio pensamento quando fitei minhas mãos. Notei garras que não estavam ali antes. Guiado pelo momento, gritei para o gato: —— Uau! O quão estou diferente? Diga-me! —— entusiasmado. —— Ei, não estou velho, estou? —— uma breve memória [...]

Descobri depois que o templo era lotado de gatos. Deveria visitá-los mais. Oneko e eu demos várias risadas depois de finalizar o meu treinamento, e por fim, jurei-lhe defender o templo e preparar-me para os dias sombrios que virão.

Sennin Mōdo
Tipo: Nekos
Descrição: O Sennin Mode é o resultado do uso de energia natural, juntamente com chakra normal, um ninja em perfeito equilíbrio para fortalecer drasticamente suas habilidades. Senjutsu (仙术; Literalmente significa "Técnicas Sábio") refere-se a um campo especializado de técnicas que permite que o usuário sentir e, em seguida, recolher a energia natural (自然 エネルギー, shizen enerugī) em torno de uma pessoa. Praticantes do Senjutsu podem, então, aprender a desenhar a energia da natureza dentro deles misturando-a com seu próprio chakra (criado a partir da energia física e espiritual dentro do shinobi), acrescentando uma nova dimensão de poder de chakra do sábio, resultando na criação do "Chakra Senjutsu "(仙術 チャクラ, senjutsu chakura). Este chakra não pode ser visto por ninguém, além daqueles que foram treinados em senjutsu. Este chakra novo permite que o usuário entre em um estado com poderes chamado Sennin Mode, que pode aumentar drasticamente a força de todos ninjutsu, genjutsu e taijutsu. Uma pessoa que é capaz de usar senjutsu é chamado um sábio (仙人, sennin). Atualmente, existem duas formas conhecidas para aprender senjutsu. Um deles é para estudar com os sapos do Monte Myōboku, como Shima, Fukasaku, Jiraiya e Naruto fizeram. Gamakichi e Gamabunta também parecem estar familiarizado com ele. Outra forma é estudar com serpentes da Caverna Ryūchi onde Kabuto Yakushi aprendeu. Um pré-requisito para ser capaz de utilizar o senjutsu é que o utilizador tem de ter um grande reservatório de chakra para manipular a energia natural.
Habilidades: + 1 de velocidade (contando com o bônus do SM, totalizando 3), habilidade de crescer garras afiadas como lâminas (unhas) nas mãos e pés, capacidade de saltar à grandes distâncias, exímio equilíbrio, agilidade em geral (reflexos, etc) aumentada, grande flexibilidade e Kanchi.

Chrollo; HP: 400, CK: 1070.

Chrollo havia dominado, o gato soube disso e sorriu. — Não, não estás velho, mas estás feroz — respondeu com uma risada suave ao fim. Em seguida, ele deu as costas para o jovem como se o mandasse ir embora, aceitava a ajuda, mas para aquela promessa ele respondia: — Se houver tempo, agradeceremos, agora volte para a vila, talvez seja bom você estar por lá em breve... — aos poucos ele desapareceu na escuridão e Chrollo partiu tendo dominado uma nova habilidade; a capacidade de ser o Eremita dos Gatos.

Considerações.: