O inverno não estava dando mole nesse ano. O frio era abundante por toda vila, e não seria diferente em minha casa. Por esse motivo havia decidido ficar embaixo dos cobertores e dormir até tarde. Mas, infelizmente, fora arrancada as pressas de lá.

O homem suava frio enquanto dava as notícias para mim, reportando a missão que teria de realizar imediatamente. Meu descanso teria de esperar, pois pessoas precisavam de minha ajuda. Arrumei-me numa velocidade incrível, ajeitando os pertences que poderiam-me ser úteis.

Logo, parti de casa e fui em busca do pelotão de médicos que teria de acompanhar. Felizmente, o agasalho que vestia me livrava do pior que o vento gelado poderia causar. Do mesmo modo, os médicos estavam trajados de acordo com o clima.

—— Olá, me chamo Nagao. Serei eu que irá guiar vocês até o local do ocorrido. —— Me apresentei rapidamente com uma simples saudação. Não esperei que cada um se apresentasse, pois não tínhamos tempo a perder.

Partimos, então, para o lugar onde havia ocorrido aquela tragédia. Tivera que diminuir o passo para que os médicos conseguissem me acompanhar, afinal, era muito mais rápida que eles. Durante o percurso, Yuko, o cirurgião, explicou quais pessoas deveríamos socorrer primeiramente, informando os tipos de machucados e lesões que poderíamos encontrar.

Mesmo que tivesse prestado atenção nele, sabia que não poderia ajuda-los com o tratamento dos feridos, pois não conhecia muito sobre tal assunto. Assim, resolvi que daria apoio na locomoção das vítimas.

Chegamos, então, ao nosso destino. O local estava uma bagunça, todo destruído. Os médicos que ali já tinham chegado, corriam dum lado ao outro. Quando um deles percebera nossa chegada, aproximou-se de nós e perguntou quem era o médico responsável pelo grupo.

—— Sou eu. Me chamo Yuko, começaremos a ajuda-los imediatamente. —— disse o homem, logo dando instruções para os outros, assim como para mim. Desta forma, deixei-os com os mais necessitados e procurei pelas pessoas que tinham ferimentos menos preocupantes.

Só que tudo piorou. O céu estava contra nós, pois começava a nevar. Teríamos de ser mais rápidos, além de termos de mover os enfermos para outro lugar. Com a ajuda de um enfermeiro, usei uma maca para transportar os seres ao abrigo mais próximo, que felizmente tinha resistido ao ataque inimigo.

Não demorou para que todos estivessem alocados em segurança. Só que ainda restava pessoas lá fora, provavelmente congelando com o cair da neve. Procurei, então, pessoas que podiam estar soterradas por desmoronamentos dos prédios e casas. Foi quando ouvi uma voz, ela gritava por ajuda e vinha de baixo dos destroços do que antes era uma casa.

Aproximei-me dali e percebi que era uma garotinha quem gritava. Felizmente, ela não tinha sido atingida fatalmente pelos blocos quebrados, mas sua perna estava esmagada por uma parte do que antes era uma parede.

—— Não se preocupe —— gritei para ela ——, prometo que vou tira-la daí.

Agora, só me restava saber como faria isso. ''Inútil, você não vai conseguir salva-lá", protuberou a voz em minha mente. Ignorei-a e procurei uma árvore. Quando encontrei uma, apesar de estar morta e seca, quebrei um de seus galhos ao me pendurar nele. Levei-o até o local onde a menina estava e o usei para forçar a pedra a levantar. Enquanto fiz isso, pedi para que a garota se arrasta-se para trás, para que sua perna quebrada saísse dali.

Coloquei ela em meus braços, enquanto aninhava seus cabelos e dizia que ficaria tudo bem. Entreguei-a para Yuko, que logo começou o procedimento cirúrgico. Infelizmente, ela teria que amputar sua perna, mas conseguiria ficar viva.

Encontrei mais três pessoas, dois ninjas e uma mulher. Eles foram mais difíceis de serem transportados, mas consegui leva-los ao local onde os médicos estavam. Contudo, o clima piorou e uma nevasca começou a cair por ali.

Fora tarde demais quando a encontrei, ela não passava de uma garotinha inocente. O sangue dela manchava a neve ao seu redor, estando quase com o corpo encoberto por ela. ''Pensou que conseguiria salvar todos? Idiota, eles morreram apenas porque eram fracos".

—— Cale a boca. — gritei para a voz em minha cabeça. O choro fora inevitável, lágrimas rolavam por meus olhos. Se eu tivesse sido mais rápida, talvez ela estivesse viva agora. Droga.

Tentei encontrar mais alguém, mas só haviam corpos sem vida. Arrastei-os para o abrigo, deixando um rastro de sangue na neve por onde os puxava. Dez pessoas foram mortas, seis ninjas, três mulheres e uma criança.

Felizmente, salvamos um número muito maior do que o que somavam as perdas. Yuko e os outros médicos que vieram junto comigo fizeram um ótimo trabalho. Por fim, eles ficaram por lá para acompanhar o quadro dos pacientes, enquanto eu voltei para Kumo na primeira oportunidade que o clima permitiu.

Durante o caminho que fazia, repetia aquela cena uma vez atrás da outra em minha mente. Não conseguia esquecer o rosto daquela garota. Agora, só podia rezar para que ela estivesse num lugar melhor.

200|250.

Bolsa ninja

Senbon: 30 = 15
Hikaridama: 05 = 05