O treino com o homem foi interrompido com a chegada de um terceiro ser, estranho para mim. Ele tinha uma espada também, que parecia ser uma cimitarra, e começou a pedir treinamento. Parece que a fama de Mu ecoava para qualquer lugar onde ele estivesse.

O ex-samurai havia sugerido o que eu usei no treinamento agora contra o desconhecido. Eu treinei tão pouco tempo com Mu, será que isso seria o suficiente? Com a espada já em mãos, balancei a cabeça para o inimigo, dando o sinal de que um treino iria começar ali. Ele puxou sua cimitarra com disposição, parecia que ele gostava de lutar tanto quanto eu, mas não sabia se a sede de sangue daquele cara iria além de um simples treinamento. Coloquei uma palha na boca e impulsivamente falei: - Com essa falta de postura não será muito difícil de te derrotar. Eu nem senti que havia falado aqui até dar conta segundos depois, talvez no fundo eu quisesse dizer aquilo mesmo. Pude notar a fúria no olhar daquele espadachim, ele não sabia controlar suas emoções e esse treino poderia ficar perigoso demais. Fiquei em guarda, enquanto ele corria feito um furioso touro.

Estava com todas as palavras e acontecimentos da aula de Mu em minha mente, e teria que usar isso ao meu favor. "A espada é parte do seu corpo", ele sempre dizia. A primeira sequencia de golpes alucinados do inimigo foram bloqueadas com maestria, porém me senti recuar devido a força absurda que ele possuía. Ele não era dos oponentes mais velozes, mas tinha bastante força e fúria. Mais uma troca de cortes e espadas produziam faíscas brilhando com o reflexo do sol escaldante durante nossos movimentos. Um corte errado do inimigo quebrou uma pedra que estava atrás de mim, parecia que ele estava querendo mais é me matar. Ser canhoto era uma vantagem para mim, porque ele era um espelho dos meus movimentos e vice-versa. Mordia minha palha fortemente, fitando e analisando os movimentos do oponente até observar um padrão. Ele começava a suar, mas também pudera, estávamos batalhando já faziam duas horas.

Esquivar, bloquear e contra-atacar. Parecia que eu estava mais estudando o movimento dele e esperando algo do que querendo atacar, e aquele cara gostava disso. Parece que ser ofensivo era a área dele, então estava na hora de mostrar o outro lado da moeda e tomar uma iniciativa. Com movimentos velozes, comecei a atacar com a espada com cortes diagonais, que foram bloqueados com maestria pelo o inimigo. Me abaixei e tentei uma estocada no peito, que foi bloqueada pelo a cimitarra, bem em seu buraco, enquanto fui chutado no peito para longe. Ele sorriu sarcasticamente, parecendo me subestimar. Coloquei a mão no tórax e depois levei-a para o bolso, puxando uma outra palha e colocando-a na boca, já que a minha anterior havia caído quando tomei o chute.

Me levantei e comecei a analisá-lo. Pude agora ver, com aquilo que Mu havia falado, a espada como parte de meu corpo e as possíveis movimentações minhas pareciam ser reproduzidas na minha frente. Parti, confiante, em direção ao meu oponente, aplicando cortes diagonais e verticais, sendo bloqueados pelo o inimigo, enquanto girava para buscar alguma brecha em suas costelas ou costas. Ele parecia estar incomodado com a minha velocidade, que parecia maior agora. Eu estava dando o meu máximo naquele treinamento à partir de agora. Continuei tentando até ser empurrado em uma parede de pedra, no qual deixei propositalmente, batendo de costas na mesma. A dor era aguda, mas era um preço a se pagar. Aquele sorriso no rosto do desconhecido se abria de novo, e ele parecia empolgado para dar uma estocada que notavelmente usava grande parte de sua força. Com a minha velocidade no ápice, tentei esquivar daquele golpe, quase que instintivamente, aparecendo atrás do inimigo, colocando a ponta de minha lâmina quase encostando em sua nuca. Com um sorriso no rosto, falei: - Acho melhor você desistir agora.

Estava esperando alguma palavra de Mu, enquanto fitava o oponente fixamente, que parecia estar sem ação. Eu não podia abaixar a guarda e deixá-lo se movimentar. Eu já estava cansado demais para continuar com aquilo.