Logo ao amanhecer, Biskka foi chamada para uma sessão de treinamento de resistência que prometia ser tudo, menos fácil. O Jounin responsável, Kenshiro, aguardava-a no campo de treinamento, onde uma série de obstáculos e equipamentos já estavam montados. O céu ainda estava tingido de tons alaranjados quando ela chegou, mas mesmo assim, Kenshiro a saudou com um olhar severo e mãos firmemente cruzadas sobre o peito.

— Biskka, hoje vamos testar seu limite de resistência — disse ele, com um tom que não admitia hesitação. — Para um ninja, a força sozinha não é suficiente. É preciso persistência para superar qualquer desafio, por mais longo que seja.

Sem mais explicações, ele indicou que ela começasse com uma corrida de resistência ao redor do campo de treinamento, um circuito que incluía subidas íngremes, trechos com areia e passagens irregulares com pedras soltas. A Genin assentiu e iniciou o trajeto com um ritmo controlado. Em seus primeiros minutos de corrida, concentrou-se em manter a respiração estável, mantendo um ritmo forte, mas cauteloso. Conforme avançava pelo percurso, sentiu o terreno desafiador exigir mais de sua musculatura. As subidas exigiam potência nas pernas, e cada passo sobre as pedras a forçava a manter o equilíbrio e a precisão. Ela usou a concentração que aprendera em seus treinamentos de Taijutsu para evitar tropeçar ou deslizar em pedras soltas, mantendo-se firme e determinada a cada passada. Seu fôlego ainda estava controlado, mas sabia que o verdadeiro desafio ainda estava por vir.

Quando completou o primeiro circuito, Kenshiro a parou rapidamente, apenas para colocar pesos leves nos tornozelos e pulsos dela. A jovem sentiu o peso extra nas articulações imediatamente, mas não reclamou. Em vez disso, encarou-o com uma expressão firme, decidida a mostrar que aguentaria qualquer tarefa que ele ordenasse.

— Agora que se acostumou com o ritmo, vamos intensificar um pouco — Kenshiro falou, sinalizando que ela deveria continuar a corrida.

Com os pesos nos membros, Biskka recomeçou o trajeto, sentindo o cansaço se acumular mais rápido dessa vez. O peso adicional puxava seus movimentos, exigindo mais de sua força e resistência para manter o mesmo ritmo. Ela apertou os punhos e inspirou fundo, mentalizando que cada passada a deixava mais resistente, mais preparada para os desafios que surgiriam em missões futuras. A cada curva do percurso, ela podia ouvir as instruções de Kenshiro, que observava seus passos com atenção. Ele a incentivava a manter o ritmo, forçando-a a usar todo seu foco para seguir adiante, mesmo quando o corpo começava a dar sinais de cansaço.

Após completar duzentos e cinquenta voltas no circuito, Kenshiro fez sinal para que ela parasse e retirou os pesos. A respiração de Biskka estava mais ofegante, e ela sentia o suor escorrer pelas têmporas, mas seu espírito permanecia resoluto.

— Agora vamos para o próximo desafio — disse Kenshiro, guiando-a para outra área do campo, onde estavam dispostos vários troncos de madeira e sacos de areia pesados. — Carregue estes troncos de um lado para o outro mil vezes.

Biskka assentiu, respirando fundo antes de segurar um dos troncos. Ele era mais pesado do que parecia, e o esforço foi imediato. A pressão nos braços e ombros a fez ranger os dentes, mas ela não parou. Ajustando a postura para equilibrar o peso, começou a subir a arrastar pelo chão com passos firmes, mantendo o foco em cada passada e sentindo os músculos trabalharem intensamente. A cada subida, ela sentia o corpo exigir ainda mais energia. Seu corpo clamava por descanso, mas ela sabia que recuar não era uma opção. Kenshiro a observava ao longe, e Biskka tinha certeza de que ele não a deixaria desistir tão facilmente. Quando finalmente chegou ao topo, respirou aliviada por um breve momento, apenas para começar a descida com a mesma determinação, preparando-se mentalmente para o próximo tronco.

Quando completou a tarefa, Kenshiro já a aguardava com um novo desafio. Ele colocou uma série de sacos de areia ao longo do campo, instruindo-a a correr entre eles, em um percurso que a forçaria a mudar de direção constantemente, testando tanto sua agilidade quanto sua resistência. Cansada, mas determinada, a garota iniciou o percurso, movendo-se com foco e precisão entre os sacos. Cada curva e desvio exigiam dela uma explosão de energia, e a cada passada ela sentia o cansaço crescer. Contudo, a repetição constante começava a despertar algo diferente em Biskka: uma espécie de força que ia além do físico, uma vontade interna de superar qualquer limite que seu corpo impusesse. Para a fase final, Kenshiro a guiou até uma área do campo onde haviam barras e cordas, usadas para exercícios de tração e escalada. Ele olhou para Biskka, que ofegava profundamente, mas manteve o olhar firme.

— Agora, garota, quero ver sua determinação. Suba por essas cordas até o topo da plataforma e repita até não conseguir mais. Lembre-se, a resistência não é apenas sobre os músculos, mas sobre o quanto você consegue suportar mentalmente — disse Kenshiro, com uma expressão de desafio.

A Genin agarrou a primeira corda, sentindo os músculos dos braços e ombros queimarem ao puxar o peso do corpo para cima. A subida era lenta e extenuante, mas Biskka manteve a concentração, focada em vencer cada centímetro. Quando alcançava o topo, sua respiração estava descontrolada, mas, após alguns segundos, descia com cuidado, apenas para começar novamente. O ciclo de subir e descer parecia interminável, e a dor em seus braços e pernas aumentava a cada repetição. Ainda assim, a jovem não parou. Cada vez que sentia o corpo ceder, ela se lembrava dos ensinamentos de seu clã e das expectativas que depositavam nela. A determinação de se tornar a mais forte a fazia superar a exaustão.

Finalmente, quando já mal conseguia segurar a corda, Kenshiro ergueu uma mão, sinalizando que podia parar. Exausta, mas vitoriosa, ela desceu pela última vez, respirando fundo. Kenshiro a olhou com respeito.

— Bom trabalho. Esse é o primeiro passo para se tornar uma verdadeira guerreira. A resistência que você construiu hoje será apenas o começo de algo maior.

Biskka, ofegante e com o corpo em chamas, sorriu de leve. Ela sabia que estava no caminho certo e, mesmo sentindo o cansaço extremo, estava pronta para o próximo desafio.

Considerações: