O sol ainda despontava no horizonte quando Biskka chegou ao pátio de treinamento de Iwagakure. Desta vez, seu foco não era aprimorar os músculos ou fortalecer o fluxo de chakra, mas sim dominar o controle de uma arma. Em suas mãos, repousava uma katana simples, levemente curvada, com uma lâmina afiada e brilhante. O peso e o equilíbrio dela eram estranhos no início, forçando-a a ajustar seu corpo e sua postura para suportá-la com firmeza. Diante de si, um sensei especialista em Kenjutsu aguardava com paciência. Ele, um veterano do uso da espada, sabia o quanto a arte exigia dos novos estudantes. O homem deu uma breve explicação sobre a importância da concentração e do respeito à lâmina, que não deveria ser vista como uma extensão qualquer, mas como parte do corpo e, ao mesmo tempo, uma extensão da mente.

— Veja a lâmina como uma corrente entre sua mente e seu corpo — instruiu o sensei, enquanto a guiava na postura inicial, corrigindo a posição dos pés e a inclinação dos ombros. — Para dominá-la, é preciso primeiro se harmonizar com seu peso, suas dimensões e sua força.

Com as correções, A Genin respirou fundo, encontrando uma posição mais confortável e segura. O metal refletia a luz, e ela sentia o peso da arma em suas mãos, um lembrete constante de que não era apenas um objeto, mas sim uma força. Após alguns ajustes, o sensei pediu que ela realizasse o primeiro movimento de corte, explicando como canalizar sua força de modo a focar a precisão e o impacto na lâmina. O corte deveria ser rápido e firme, mas sem exageros; equilíbrio era fundamental. Ela concentrou-se, erguendo a espada ao lado do rosto e, com um movimento calculado, desferiu seu primeiro corte em direção a um espantalho de treinamento à sua frente. O som da lâmina cortando o ar trouxe um arrepio à sua pele, uma combinação de excitação e respeito pelo poder que poderia despertar. Embora o corte ainda fosse desajeitado, o sensei observou com aprovação.

— Merda, não é tão fácil quanto parece... — resmungou ela.
— É apenas o começo — ele comentou, encorajando-a a repetir o movimento. — Quando sentir que sua mente e sua lâmina estão conectadas, cada corte será mais fluido e poderoso.

Esperançosa, a jovem repetiu o movimento, tentando captar cada detalhe das instruções, ajustando o ângulo dos braços, sentindo o peso da lâmina em cada corte. Esse início, embora cheio de imperfeições, plantava a semente da confiança. Biskka começava a entender que dominar a espada exigiria mais do que força: precisaria de paciência, precisão e dedicação. Qualidades que ela, como uma lutadora nata que era, tinha.

Considerações:

Os dias passavam como vento entre as montanhas, e cada manhã a jovem retornava ao Centro de Treinamento de Iwagakure, determinada a aprimorar seu domínio sobre a katana. Seu sensei, sempre atento, havia preparado um novo desafio naquele amanhecer: várias colunas de bambu, dispostas de forma irregular no pátio externo. — Hoje, vamos focar em precisão e controle — orientou ele, com uma expressão séria. — Cada golpe deve ser certeiro e equilibrado, aplicando apenas a força necessária. Kenjutsu não é apenas sobre força; é uma dança entre suavidade e poder.

— Entendo, vamos tentar — disse ela simplesmente.

A Genin observou as colunas com os olhos semicerrados, a mão firmemente posicionada sobre o cabo da lâmina. Deu um passo à frente, levantando a katana e concentrando-se antes de desferir um corte horizontal. O bambu partiu-se de forma limpa, mas o sensei não parecia completamente satisfeito; ele assentiu para que ela continuasse. Sem hesitar, a garota preparou-se para o próximo corte, ajustando-se a cada movimento. Com o segundo golpe, reduziu um pouco da força, controlando o impacto; no terceiro, focou-se na precisão do ângulo. A cada nova investida, sentia que a lâmina respondia um pouco melhor a suas intenções. Logo, cortava o bambu com um misto de técnica e cuidado, e cada coluna que caía reforçava sua conexão com a espada. O sensei aproximou-se, segurando um pedaço do bambu cortado.

— Você está aprendendo, mas precisa ir além da técnica. Kenjutsu exige mais. A lâmina deve responder ao seu espírito e não apenas à sua força — disse ele, sério, e apontou para as colunas restantes. — Agora, tente de ângulos diferentes. Surpreenda-me.

A Lee assentiu, assumindo a postura inicial e, ao invés de um corte direto, movimentou a katana de forma a atacar o bambu a partir de baixo, deslizando a lâmina em um arco sutil. O corte foi suave, preciso e rápido. Ela logo trocou de posição e atacou de um novo ângulo, adaptando-se aos comandos do sensei. Os golpes começavam a fluir em harmonia, fundindo técnica e instinto. A garota compreendia que cada golpe, cada movimento exigia adaptação imediata, e a katana se tornava uma extensão de sua própria vontade. À medida que os exercícios se intensificavam, ela sentia um cansaço se acumulando nos braços, mas não deixava isso influenciar seus movimentos. O que importava era o controle, a capacidade de manusear a lâmina como parte de seu corpo, respeitando cada detalhe. Os cortes tinham de ser medidos e fluidos, não brutos. O treinamento começava a esculpir nela a compreensão de que o verdadeiro Kenjutsu era uma arte sutil, que demandava mais do que força; exigia disciplina e precisão. A jovem refletia sobre cada aprendizado. Percebia que o Kenjutsu não era uma simples técnica de combate, mas uma forma de domínio próprio, de entender a própria força e limites. Embora ainda houvesse um longo caminho, a Genin sentia, agora mais do que nunca, que cada treino a aproximava do verdadeiro potencial das lâminas.

Considerações:

Com a técnica inicial aperfeiçoada, o treinamento da jovem avançava para um novo desafio: combinar velocidade com precisão. O sensei, implacável e meticuloso, agora exigia que ela integrasse movimentos rápidos, obrigando-a a se mover com agilidade enquanto executava cortes precisos.
— A velocidade sem controle não é nada — advertiu ele, com um olhar intenso. — Você deve ser rápida, mas nunca às custas da precisão. Cada golpe deve ser tão certeiro quanto o anterior. —
—*Hunf!* Falar é fácil... — resmugou em pensamento enquanto franzia a testa pela advertência que acabara de tomar.

O treino começava a exigir dela uma sincronia mais profunda entre corpo e mente. Ao comando do sensei, avançava rapidamente para uma fileira de pequenos sacos de areia pendurados por cordas. Os sacos balançavam de maneira imprevisível com o vento, exigindo que ela calculasse os cortes com precisão milimétrica. Em uma explosão de energia, desferiu o primeiro golpe, cortando o saco de areia em um movimento rápido. No instante seguinte, já se movia para o próximo, tentando manter a mesma precisão sem perder a velocidade. A cada novo corte, a Genin sentia o peso da espada fluindo melhor em suas mãos, como se, aos poucos, ela e a lâmina se tornassem uma entidade única. Em um dos movimentos, hesitou por um segundo, o que resultou em um corte ligeiramente torto. O sensei, sempre atento, não deixou o erro passar despercebido.

— Mais foco! Deixe que a espada siga o movimento natural de seu corpo, sem pressa, sem hesitação — instruiu ele.

Ela respirou fundo, recolocando-se na postura inicial. Sabia que, para dominar o Kenjutsu, era preciso muito mais do que força e boa vontade; era necessário um controle absoluto, uma fusão completa entre sua mente e seu corpo. Tentou liberar o cansaço acumulado e se esvaziar de pensamentos, concentrando-se apenas no próximo alvo, deixando a lâmina responder ao instinto.

Com os olhos fixos em uma das estacas de bambo, a jovem avançou, dessa vez com uma postura renovada, os pés movendo-se firmemente pelo solo de pedra do pátio externo. A espada cortava o ar com uma fluidez precisa e sutil, os movimentos sucedendo-se sem interrupções. A cada golpe, sentia a aura do Kenjutsu se fortalecer, como uma dança letal de precisão e velocidade. A garota agora começava a antecipar os seus próprios movimentos fazendo com o que seguinte fosse perfeitamente encaixado na sequência, e o tempo entre cada corte encurtava-se. Seus reflexos se afinavam, e os golpes tornavam-se mais consistentes, sem perder força ou técnica. Ela havia aprendido a ver além da matéria do saco de areia, como se o movimento do alvo fosse tão claro para ela quanto sua própria respiração. Estava totalmente sincronizada com o ritmo da batalha, o corpo fluindo com a lâmina em uma dança ágil e precisa. Quando finalmente terminou a série de cortes, o sensei caminhou até ela. Havia um ar de aprovação em seu rosto, uma expressão rara que ele exibia somente quando via progresso genuíno em seus pupilos.

— Muito melhor — disse ele, com um pequeno aceno de cabeça. — Mas lembre-se: a verdadeira velocidade surge da calma. Nunca acelere além do necessário. A espada deve ser sua aliada, não um fardo.
—É, realmente eu consegui perceber mais fluídez nos meus movimentos — respondeu enquanto balançou a lâmina duas vezes fazendo dois cortes no ar — Acho que com mais alguns dias eu já esteja pronta para um combate real

Considerações:

O último estágio de seu treinamento era o mais rigoroso de todos. Sob o olhar atento de seu sensei, a jovem agora enfrentaria uma sessão de combate intensivo, onde não apenas sua técnica e velocidade seriam testadas, mas também a força de sua determinação. No centro do pátio, o sensei postou-se como seu adversário, empunhando uma espada semelhante à dela. Seu olhar estava firme e inabalável, como se pudesse prever cada movimento que ela faria.

— Agora que dominou o básico, veremos se pode manter a precisão e o controle sob pressão real — disse ele, assumindo uma postura de combate. — Prepare-se!

— Heh, pode vir! — Com um aceno, a garota firmou a pegada na espada e se posicionou. A tensão no ar era palpável, e ela sentia cada fibra de seus músculos preparada para responder ao primeiro movimento. O silêncio parecia se estender por um longo momento, até que, em um instante, o sensei avançou, desfazendo a quietude com um golpe direto e rápido. A Genin reagiu de imediato, erguendo a espada em defesa. O impacto foi intenso, fazendo-a recuar um passo. Mas a energia de seu sensei não diminuía; ele atacava com golpes sucessivos, obrigando-a a se mover rapidamente e defender-se de cada investida. Os sons das lâminas ecoavam pelo pátio, misturados com o som das respirações e o barulho dos pés raspando contra a pedra.

A cada defesa, sentia os braços tremerem com a força dos golpes. Mas, em vez de se deixar abater, canalizava o que aprendera, equilibrando o fluxo da espada com o movimento de seu corpo. Sabia que, para ter sucesso, não bastava apenas se defender; precisaria encontrar brechas para atacar também. Estudando o ritmo dos golpes do sensei, percebeu um padrão em suas ofensivas. Esperou o momento certo, e quando ele lançou outro golpe horizontal, inclinou-se levemente, girando a espada para um contra-ataque rápido e direto. Por um instante, sentiu o peso do golpe atravessar o corpo de seu oponente, mas o sensei desviou habilmente, esquivando-se com um leve sorriso.

— Isso é mais do que força ou técnica — ele murmurou enquanto retomava a posição.

A garota assentiu, sentindo as palavras ecoarem em sua mente. Com esse pensamento, voltou ao combate com uma mentalidade renovada, focada não apenas na vitória, mas em cada movimento que realizava. Quando atacava, fazia-o com convicção. Quando se defendia, ancorava-se na calma interna que aprendera a desenvolver. Em pouco tempo, a sincronia entre ela e a espada estava tão completa que o sentido de esforço desaparecera. O sensei então interrompeu o treino com um movimento breve, abaixando sua espada. — Está pronta — afirmou, com uma expressão de respeito que ela nunca havia visto antes. — Com o tempo, sua alma e sua espada se tornarão uma só.

— Mas, o que...? — disse ela encarando o mais velho com uma expressão um pouco confusao mesmo tempo que abaixava a sua guarda. — Pensei que íamos lutar — completou.
— Não há necessidade para isso agora — disse ele — O seu inimigo é você mesma. Continue praticando, nunca esteja satisfeita consigo mesma e, quem sabe um dia, você se tornará uma Mestra. — completou simplesmente, suas palavras soltando em meio a um sorriso satisfeito.

A jovem abaixou a cabeça em agradecimento, sentindo que havia superado um limite importante. Sabia que ainda havia um longo caminho pela frente, mas agora tinha certeza de que cada passo na arte do Kenjutsu a levaria não só a dominar a lâmina, mas a fortalecer o espírito que a guiava.

Considerações: