Hakuryuu Kinsetsu

Desde seu Elo Espiritual com Nanabi, muito parecia ter mudado. Tinha descoberto não apenas a incomum habilidade de exalar um estranho pó luminoso, como também adquirira facilidade em um certo tipo estranho de jutsu: o Chakura no Ito. Ainda não conseguia grandes aplicações com a Rinpun, o pó luminoso, exceto exalá-la pela boca. Entretanto, com o Chakura no Ito, as coisas eram diferentes. Por parecerem um tipo relativamente simples de ninjutsu, de cara Haku tinha se dado muito bem com a técnica. Ainda que por intermédio de força e precisão física, conseguia manipular objetos a distância e, graças aos conhecimentos anatômicos, seres-vivos também. Além disso, graças ao seu talento inato em ninjutsu, conseguia concentrar o chakra desses fios a tal nível que, em situações normais, pareciam invisíveis a olho nú.

Sem dúvidas, conseguia ver muito potencial suplementar nos fios de chakra. No entanto, algo parecia faltar. Insistente, porém, de que conseguiria fazer tal habilidade útil para combate, foi esse aspecto que ele decidiu treinar logo que retornara de seu treino envolvendo o Chakura Moodo.

Deixando a vila para trás em direção ao deserto, Haku viajou por um tempo considerável até que encontrasse um campo de treinamento que parecesse adequado para uma habilidade tão exótica.

Tendo finalmente encontrado uma região montanhosa, cheia de rochas, externalizou o máximo de linhas de conseguia de cada mão e começou a testar com os objetos inanimados ao seu redor.

Kin começou testando seus limites. Usando seus fios, conectou-se a uma série de rochas. Percebendo, no entanto, que as muito maiores que um humano adulto não podiam ser manipuladas pela sua grande massa, com movimentos de dedos intercalados, fez as demais flutuar dos seus pontos de repouso. Indo até o limite com mais movimentos de dedos, percebeu que conseguia movê-las a até incríveis 170 metros de si. Não apenas isso, como suas velocidades atingiam a marca de 28m/s, um feito que talvez não fosse tão grande assim tendo em vista as velocidades que seus jutsus conseguiam atingir e também seu corpo, quando sob as habilidades amplificadoras certas. No entanto, se considerasse posteriores aumentos de força dessas mesmas habilidades, imaginava que conseguiria estender essa velocidade e alcance um pouco mais.

Liberando as rochas, começou a testar suas habilidades de interferir com as propriedades do fio em si. Até então azuis e com calibres bastante difusos, com certa facilidade conseguiu comprimi-los e, então, torná-los invisíveis a olho nu. Supunha que talvez doujutsus fossem capazes de detectá-los, já que ainda havia chakra ali. Entretanto, aquilo certamente poderia ter seus usos em muitas situações.

Focando-se ainda mais nessa alteração de características, tentou conferir alguma maior solidez e, quem sabe, afiação para os fios maleáveis. Afinal, como bem sabia, a capacidade de poder solidificar, maleabilizar e afiar projeções de sakin era algo bastante versátil, transformando algo como um versátil tentáculo em até mesmo uma afiadíssima lança de ataque. Algo que, apesar da sua habilidade natural em ninjutsu e controle de chakra, não foi algo tão fácil assim de se fazer. Entretanto, após o devido tempo e testes, em algumas horas foi finalmente capaz de controlar melhor as propriedades conforme suas necessidades.

A gama de possibilidades de experimentos com as rochas parecia crescer exponencialmente. E Haku estava bastante animado com o prospecto da utilidade daquela habilidade. Disparos perfurantes, ondas de fios cortantes e até mesmo contenção física de animais das proximidades pareciam algo cada vez mais simples para ele. Todavia, sentia que podia ir além. Fios sólidos talvez poderiam tecer defesas que, apesar de não serem tão resistentes quanto a sakin, talvez pudessem ter alguma vantagem pela ocultação ou versatilidade. O ápice, no entanto, veio quando se deu conta de que fios, talvez, pudessem ainda ser auxiliadores medicinais bastante eficazes.

Entretanto, antes que pudesse começar a testar tais técnicas e, assim, sair do básico até então adquirido, ouviu um estrondo e, então, um grito vindos de longe.

Estreitando os olhos, percebeu um jovem ninja na direção do que claramente era um deslizamento naquela região montanhosa. Naturalmente, como um jounin sentiu o imediato impulso de salvá-lo e até mobilizou seus fios de chakra, já previamente prontos para aquela tarefa. Contudo, tamanha a distância entre eles, que nem os fios e nem sua velocidade base conseguiriam chegar no garoto antes do deslizamento.

Foi então que se lembrou do trato feito com Nanabi. Aquele parecia um motivo mais do que razoável para convocar os poderes da besta e, por isso, não hesitou em puxar mais uma vez o poderoso chakra na direção do seu. Atento às consequências do Chakura Moodo, partiu para o resgate, mas atento ao seu tempo limite. Lançando-se num avanço junto dos seus fios, não demorou a perceber que, apesar da força ganha realmente ampliar a velocidade de seus fios, eles ainda eram ligeiramente mais lentos que seu próprio corpo naquela situação. Por isso, continuou a avançar o mais rápido que pode.

Ao que finalmente viu o jovem shinobi dentro do alcance do seu escudo de ouro, convocou as areias douradas de seu anel e, então, englobou-o com movimentos de mão específicos ao ignorar os selos de mãos necessários graças à sua maestria no sakin. Fora do caminho do deslizamento, esperou os escombros passarem, mantendo a esfera ao redor do rapaz — conectada ao chão adiante dos seus pés como um feto e seu cordão umbilical — o mais firme que pode.

Tendo o deslizamento cessado, Haku rapidamente prontificou dois membros de chakra, as Chakura no Te, a partir de seu manto. As mãos trabalharam incansavelmente para livrar a esfera ligada ao chão adiante de Haku pelo cordão de ouro. Então, ao que finalmente pode ver seu escudo reluzir exposto à luz do sol, esfacelou a sakin, usando as mãos para gentilmente pescar o garoto do meio da terra instável.

— Está tudo bem? — sério, com os braços cruzados, Haku perguntou de cima para o suna-nin empoeirado sentado no chão.

— S-sim, s-senhor S-sayoku… — duplamente em choque, o garoto arregalou os olhos diante do manto branco e os olhos negros do veterano, bem como pela situação de risco que havia acabado de enfrentar.

Muito tinha acontecido em pouco tempo aos olhos do genin e, apesar de conhecer bem as histórias sobre Hakuryuu, imaginar o poder necessário para grandes feitos e vê-lo em ação eram coisas totalmente diferentes.

— Tome mais cuidado com a escolha do seu campo de treinamento da próxima vez. Ainda mais quando estiver sozinho, ok? — recolhendo as mãos para dentro da batina branca de energia, ele continuou sério, e com um certo tom de bronca. — Agora, vamos… — suavizando eventualmente a carranca, emitiu um breve sorriso e apontou na direção da vila, iniciando a caminhada até lá.

"Ugh, como você é sem graça… — a voz de Nanabi surgiu em sua cabeça logo em seguida. — "Tanta coisa mais empolgante para estrear meus poderes e você se limita a algo tão… Simplório?" — Nitidamente entediada, a besta continuou a queixar-se.

"Bem, como disse, não pretendo usar seu poder irresponsavelmente e sem necessidade" — absolutamente em silêncio, acompanhando o garoto, Haku retorquiu mentalmente, já meio entediado também das reclamações. — "Salvar uma vida inocente pareceu… Bom, não pensei nisso na hora. Apenas fiz. Era o certo a se fazer" — dando discretamente de ombros, para que o garoto não percebesse e pensasse que era psicótico, Haku pode sentir o revirar de olhos da besta.

Apesar de aparentar estar pagando para ver, Nanabi ainda não parecia convencido de nada do que dissera no firmamento do contrato.

Assim como as mãos de chakra antes, o manto branco também começou a gradativamente rescindir. O garoto rapidamente se levantou e, após bater a poeira de suas vestes shinobi, correu para alcançar Haku, que caminhava de volta para Suna.

Entregá-lo no quartel-general para que pudessem localizar e notificar o sensei do genin parecia o melhor a se fazer. E, como já estava bastante satisfeito com o resultado daquele treino, imaginou que aquela era a deixa perfeita para retornar à vila e, então, para sua casa.

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