Alguns dias haviam se passado desde o fracasso de Biskka em uma missão importante. A sensação de derrota ainda queimava em seu peito, mas, em vez de deixar a frustração a consumir, ela a usou como combustível. Sabia que precisava se tornar mais forte, mais implacável, se quisesse evitar outra falha. Seu Yoton: Yagan, embora poderoso, ainda não estava no nível que desejava. Era hora de elevar seu domínio sobre a Kekkei Genkai de Liberação de Lava. Para isso, Biskka se isolou nas montanhas próximas de Iwagakure, encontrando refúgio entre as rochas íngremes e os desfiladeiros silenciosos, onde o ambiente bruto espelhava sua determinação. As montanhas ofereciam um cenário perfeito para o treinamento. O ar frio e rarefeito fazia com que cada respiração fosse um esforço consciente, e o solo irregular desafiava seu equilíbrio a cada passo. O ambiente natural era duro e implacável, o que refletia perfeitamente o que Biskka buscava: força através da adversidade.

Vestindo apenas uma calça de tecido leve e ataduras que cobriam seus seios, Biskka sentia o vento cortante bater contra sua pele morena. Suas mãos estavam calejadas de tantos dias de treino, mas isso era apenas mais um sinal de sua evolução. O isolamento e o clima hostil não eram problemas para ela. Pelo contrário, eram aliados silenciosos que testavam sua resistência física e mental. Em uma área mais plana entre duas elevações rochosas, ela se preparou para o treinamento. O objetivo daquele dia era claro: tornar a sua Kekkei Genkai mais poderosa, mais controlada, e capaz de infligir danos maiores e mais precisos. Sua técnica, que expelia lava incandescente, já era destrutiva, mas precisava de mais fluidez e precisão para se adequar às suas ambições. Queria que a lava fosse uma extensão de seu corpo, moldável e flexível como uma ferramenta mortal. Ela se posicionou no centro da área de treinamento, com os pés firmemente plantados no chão rochoso e áspero. Fechou os olhos por um momento, sentindo o chakra fluir por seu corpo. Inspirou profundamente, concentrando-se em fundir o fogo e a terra, as duas forças naturais que formavam o seu Yoton. O calor intenso começava a acumular-se em seu peito, e a sensação familiar da energia vulcânica pulsando dentro dela a confortava.

Considerações:

Os dedos da Shinobi começaram a se mover com precisão enquanto formava os selos de mão. Bode, Cobra, Cavalo, Rato. Cada selo ativava uma parte de seu chakra, moldando-o de acordo com a técnica que estava prestes a usar. Seus movimentos eram fluidos, quase automáticos, fruto de anos de treino árduo. Quando terminou o último selo, abriu os olhos, sentindo o poder pulsando dentro dela.

— Yoton: Funkyūgan no Jutsu! — exclamou com firmeza, e imediatamente sua boca expeliu uma torrente de lava líquida.

A lava jorrou no chão, espalhando-se com um brilho alaranjado intenso. O calor era abrasador, e até mesmo as pedras próximas começaram a rachar e derreter sob a temperatura insuportável. Biskka observou o fluxo com atenção, mas não estava satisfeita. A lava era poderosa, mas precisava ser mais controlada, mais maleável. Ela queria que o Yoton fosse uma arma precisa, não apenas um jato descontrolado de magma. Respirando fundo, ela decidiu tentar novamente, ajustando seu controle de chakra. Vamos tornar isso mais fluido, mais rápido, pensou, enquanto moldava a técnica mais uma vez. A lava voltou a sair de sua boca, mas desta vez ela focou em mantê-la concentrada, formando uma espécie de barreira ao redor dela. O fluxo de magma era mais fino, mas muito mais intenso, e começou a manipulá-lo com mais destreza, fazendo com que a lava se movesse ao seu redor em padrões precisos.

O suor escorria de sua testa enquanto o calor emanava de sua própria técnica, mas ela não parou. Sua concentração estava no máximo, e seus olhos focavam na lava como se fossem parte de sua própria carne. Ela usou as mãos para guiar o fluxo, controlando o caminho da lava com uma precisão que antes não conseguia alcançar. A técnica estava progredindo, mas ainda havia muito a ser feito. Decidiu mudar o foco para um alvo físico. A alguns metros de distância, uma grande formação rochosa se erguia imponente. A Chünin fixou o olhar nela, sentindo o desafio que aquela estrutura representava. Precisava testar a força da lava contra algo sólido, algo que resistisse à sua técnica. Com um movimento ágil, Biskka direcionou a lava em direção à rocha. A torrente incandescente colidiu com o monólito de pedra, escorrendo por sua superfície áspera. A pedra começou a rachar imediatamente, mas queria mais. Ela intensificou o fluxo de chakra, fazendo com que a lava se movesse com mais velocidade e pressão. As rachaduras na rocha aumentaram, e pedaços começaram a cair, transformando-se em vapor à medida que a lava os envolvia por completo.

Considerações:

Sentindo que ainda não havia atingido o limite que queria, Biskka respirou fundo e intensificou o fluxo de chakra mais uma vez. O magma agora formava um círculo ao redor da rocha, subindo como uma muralha de calor abrasador. Finalmente, com um último empurrão de chakra, a lava explodiu, cobrindo completamente a rocha em uma camada de magma fervente. O som das pedras estalando e se desintegrando ecoou pelas montanhas. O corpo da garota começou a dar sinais de exaustão logo após o último ataque. Sentia o fluxo de chakra diminuir drasticamente, quase como se cada gota de energia tivesse sido arrancada de seu ser para alimentar a muralha de lava que agora lentamente se solidificava ao redor da rocha. Seus músculos estavam tensos, o calor da técnica ainda irradiava de seu corpo, e cada respiração parecia pesada, como se o ar ao redor tivesse se tornado mais denso.

Ela arfava, seu peito subindo e descendo rapidamente, enquanto o suor escorria em grandes gotas de sua testa e ombros, misturando-se com o pó das montanhas. Suas pernas tremiam levemente sob o peso do cansaço acumulado e, por mais que quisesse continuar, sabia que seu corpo atingira o limite. Lentamente, Biskka deu alguns passos trôpegos até uma rocha que estava à sombra de uma elevação maior. Sentou-se com cuidado, sentindo os músculos latejarem de tanto esforço. Seu coração ainda batia rápido, martelando em seu peito. Com um suspiro longo e frustrado, ela puxou sua mochila, vasculhando até encontrar o cantil que havia trazido. Ao desenroscar a tampa, percebeu que restava muito pouca água. Levou o cantil aos lábios, inclinando-o para que as últimas gotas descessem lentamente por sua garganta seca. O frescor temporário da água aliviou um pouco o calor que sentia por dentro, mas era insuficiente para a verdadeira sede e desgaste que a dominava. Enquanto bebia, seus pensamentos vagavam. A exaustão a fazia refletir sobre seus limites, algo que ela raramente permitia que a detivesse, mas naquele momento, era impossível ignorar o cansaço profundo que sentia.

Com os olhos semicerrados, ela observou a paisagem à sua frente. As montanhas ao redor pareciam imponentes e intocadas, como se estivessem a assistir seu árduo treinamento em silêncio. O vento das alturas era frio e penetrante, contrastando com o calor infernal que ela acabara de liberar.

— É assim que tem que ser — disse para si mesma, munida de um largo sorriso enquanto limpava o suor da testa com o antebraço.

Considerações:

Ainda sentada sobre a rocha, Biskka fechou os olhos por um momento, concentrando-se nas batidas do próprio coração. Mesmo com o cansaço acumulado, ela sabia que ainda havia mais a ser feito. O treinamento com sua Kekkei Genkai estava longe de ser completo, e o poder que almejava, longe de ser alcançado. A sua determinação era maior do que o esgotamento. Cada fibra do seu corpo implorava por descanso, mas sua mente, sempre focada, recusava-se a ceder. Com um último suspiro, ela se levantou da rocha. Suas pernas tremiam levemente, mas mantinha-se firme. As mãos pesavam com a fadiga, mas Biskka começou a movê-las rapidamente, executando selos em uma sequência precisa. Os símbolos tradicionais formavam-se com fluidez, quase por reflexo, à medida que seu chakra se moldava às intenções do jutsu. Bode, Cavalo, Cobra, Javali, Tigre — as transições eram rápidas, e cada selo ressoava com o fluxo de chakra que ela dirigia para suas mãos. Quando completou o último selo, Biskka levou a palma ao chão com força, como se buscasse fundir sua própria energia com a terra abaixo de seus pés. O impacto gerou uma pequena reverberação no solo ao seu redor, e, por um momento, tudo ficou em silêncio. As montanhas pareciam prender a respiração junto com ela. Em seguida, sentiu o chakra pulsar em suas veias, canalizando-se diretamente para o solo.

— Yōton: Akaoka! — invocou, sua voz baixa, mas carregada de poder.

O solo começou a mudar sob sua mão. As pedras frias e irregulares que a cercavam começaram a se aquecer, um calor crescente emanando do ponto onde sua palma tocava o chão. Ela sentiu a familiar energia de sua Kekkei Genkai fluindo pelas suas mãos, como se estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Então, em um movimento súbito, a terra começou a se derreter. Rochas e cascalhos se fundiram e começaram a borbulhar, transformando-se em magma líquido. Uma poça de lava começou a se formar ao redor de onde sua mão tocava o solo, crescendo lentamente. O calor era intenso, fazendo o ar ao redor distorcer-se em ondas visíveis. O chão rachou com o calor, pequenos pedaços de pedra estalando à medida que o magma se expandia, uma substância fervente e perigosa, pronta para consumir tudo em seu caminho. A lava fluía como uma corrente de fogo vivo, estendendo-se lentamente, engolindo o terreno ao redor. Seus olhos permaneciam fechados, mas ela sentia cada pulsação da terra, o magma respondendo à sua vontade, como se fosse uma extensão de si mesma. O calor envolvia seu corpo, e apesar da exaustão, ela manteve o foco, controlando a lava com precisão.

Considerações:

Por um momento, Biskka manteve-se naquela posição, sentindo o poder que emanava de sua Kekkei Genkai. O magma a obedecia, moldava-se sob sua vontade, mas não havia espaço para distração. Um deslize, e ela sabia que poderia perder o controle. Ela respirou fundo, seus pulmões queimando com o calor crescente. Com cuidado, começou a diminuir o fluxo de chakra. A lava, antes intensa e furiosa, começou a esfriar gradualmente, endurecendo em uma camada sólida sobre o solo rochoso. Biskka abriu os olhos lentamente, observando os resultados de seu treinamento. Onde antes havia pedra dura e inflexível, agora havia uma superfície irregular, preta e lisa, onde o magma havia se resfriado. Ela se ergueu, ainda sentindo a tremedeira no corpo. Havia avançado mais um passo, mas a exaustão estava cobrando seu preço. Cada parte de seu ser clamava por repouso, mas a sensação de poder, de controle sobre a terra e o magma, era o que a impulsionava a continuar.

Sua respiração estava pesada, e o suor continuava a escorrer por sua pele, evaporando quase de imediato ao contato com o calor residual da lava. O dia finalmente chegava ao fim, e Biskka sentia o peso de cada segundo que passara treinando. Seus músculos estavam exaustos, e o cansaço consumia até seus pensamentos mais simples. Respirava com dificuldade, o corpo ainda quente pelo intenso uso de chakra. Cada parte dela doía, desde os pés calejados pelas rochas irregulares até as mãos trêmulas pelos selos repetidos inúmeras vezes. Ela olhou uma última vez para o campo de treinamento que, agora, estava marcado pelas cicatrizes do magma que havia moldado. Havia mudado o cenário a sua volta, o que era um bom indicador. Com um suspiro profundo, limpou o suor da testa e guardou seus pertences. Lentamente, caminhou pelas trilhas das montanhas, o crepúsculo se espalhando pelo céu. Seus passos eram pesados, arrastados. O treinamento tinha sido brutal, mais exaustivo do que qualquer outro que fizera, mas sabia que estava no caminho certo. Amanhã, começaria tudo de novo, mas por hoje, era hora de ir.

Considerações: