O ar frio das montanhas de Iwagakure soprava suavemente, fazendo os cabelos ondulados de Biskka dançarem ao vento enquanto ela mantinha-se firme em meio à vastidão rochosa que se estendia ao seu redor. À sua frente, a paisagem era formada por uma combinação de planícies acidentadas, paredões rochosos e desfiladeiros traiçoeiros, oferecendo um terreno perfeito para quem buscava treinar e aprimorar as artes ninjas de forma completa e brutal. Longe das areias quentes do País do Vento, o solo áspero e irregular do País da Terra trazia consigo um novo desafio e uma nova oportunidade para crescimento. Ela ainda se acostumava com aquele novo cenário. O ambiente de Iwagakure era severo, mas também inspirador. O local escolhido para seu treinamento ficava próximo a um vale onde grandes pilares de pedra natural se erguiam como sentinelas silenciosos. Era um lugar isolado e silencioso, onde o som do vento ressoava como um constante murmúrio, preenchendo o vazio entre as montanhas.

Biskka se encontrava no topo de um desses pilares. De lá, podia observar o horizonte sem fim de rochas e penhascos, sua visão cortada apenas por pequenos pontos verdes e rios que serpenteavam através das montanhas. Desde que havia deixado Sunagakure para se aliar ao País da Terra, tudo havia mudado. Agora, suas afinidades elementais estavam sendo moldadas e refinadas de maneiras que antes jamais imaginara possíveis.

Considerações:

Ela respirou fundo, fechando os olhos por um momento. A lembrança de Sunagakure ainda estava fresca em sua mente. Pensava nos pais, que precisaram se afastar e esconder-se, evitando qualquer retaliação. Mas tudo isso fazia parte do sacrifício que Biskka decidiu fazer. Ela sabia que em Iwagakure, seu potencial e ambições seriam respeitados e atendidos. Ali, o fogo e a terra combinavam de maneira sinérgica, e era justamente essa combinação que ela desejava explorar ao máximo. A kunoichi abriu os olhos, focando no espaço vazio à sua frente. Seus dedos se moveram de maneira calculada, formando uma sequência rápida de selos de mão. O fluxo de chakra que emanava de seu corpo agora era mais preciso do que nunca. Em questão de segundos, o solo ao redor começou a estremecer. A rocha se partiu, formando duas pequenas colunas que emergiram rapidamente do chão.

— "Não basta apenas ter força. O controle absoluto é o que define o verdadeiro domínio do Ninjutsu.” — Era o mantra que seu Sensei e Líder em Iwagakure, um Jonin experiente em técnicas avançadas de Doton, repetia constantemente. A quantidade de chakra não era tudo; o verdadeiro segredo estava no controle, na precisão. Com este pensamento, ela executou alguns selos de mão e usando de sua afinidade com o elemento Doton, moldou algumas colunas de rocha que subiram ao seu comando, mas ainda havia um tremor na base. Não estava bom o suficiente. Inspirou profundamente e dispersou as colunas, voltando a fechar os olhos e a se concentrar.

Considerações:

A manhã transformou-se em tarde enquanto Biskka continuava seu treinamento incansável. De sua posição, observou as sombras das montanhas mudarem lentamente com a passagem das horas. Gotas de suor escorriam por seu rosto, mas ela mantinha a postura firme, os olhos fixos nas pedras que giravam ao redor de seu corpo, como satélites ao redor de um planeta. Repetindo os selos e moldando o chakra. Deu um passo adiante e um único pilar de rocha emergiu do solo, com a superfície perfeitamente lisa e uniforme. Logo, o som oco das pedras caindo no solo fez-se presente e ela pôde descansar alguns minutos. Sentou-se numa rocha um pouco mais adiante onde pôde contemplar, mais uma vez, a visão de quase intermináveis planícies rochosas do País da Terra. Tomou um gole d'água e secou o suor com o antebraço para logo voltar ao seu foco após um longo e esasperado suspiro.

— Vamos lá... — disse num tom emeno, levemente animado.

Posicinou-se no centro do terreno rochoso, as pernas levemente afastadas para manter o equilíbrio enquanto o vento cortante das montanhas soprava ao redor. Inspirou e expirou o ar dos pulmões algumas vezes até sentir que o fluxo de Chakra do seu corpo estava em harmonia, e cada músculo de seu corpo parecia em completa sintonia. Sem hesitar, ela começou a mover suas mãos, os dedos dançando de maneira fluida e precisa. Cada movimento parecia ter sido ensaiado milhares de vezes, refletindo a intensidade e disciplina de seu treinamento. O som de seus dedos se chocando ecoava pelo campo de treinamento, e cada selo que executava liberava uma leve onda de chakra no ar. Os símbolos do Bode, Cobra, Javali, Cavalo, Tigre — os selos tradicionais — eram realizados de maneira constante e ininterrupta. Cada transição de uma posição para outra era feita com perfeição quase mecânica, sem um único vacilo, como se as mãos da kunoichi se movessem por vontade própria. Ela continuou, sem pausa, aumentando o ritmo. Os selos se tornaram uma sequência contínua: Dragão, Pássaro, Macaco, Cachorro, Tigre, Cobra, Rato... A precisão era tamanha que, mesmo com a velocidade crescente, os selos mantinham sua clareza, como se uma energia invisível fluisse por cada um deles, conectando-os. O chakra de Biskka respondia à cada movimento, moldando-se com exatidão às suas intenções. Firmou os pés nas pedras irregulares do terreno montanhoso e puxou o ar profundamente, sentindo o chakra se condensar em seu peito. Suas mãos se moveram com velocidade, formando selos complexos em uma fluidez quase hipnótica. O selo final — o Tigre — brilhou em suas mãos antes que ela o pressionasse contra os lábios.

— Katon: Karyūdan! — bradou, sua voz ressoando pelo vale.

Uma torrente de chamas ardentes irromperam no ar como uma tormenta em forma de cone. As chamas rugiram, foram direcionadas ao nada, uma vez que ela estava no alto das montanhas. sentiu o impacto reverberar pelas pedras, o fogo lambendo os céus e desaparecendo em uma cortina de fumaça.

Considerações:

Permitiu-se um breve sorriso de satisfação. Aquela execução fora diferente. Mais intensa. Conseguia sentir que suas reservas de chakra estavam mais firmes e responsivas, como se o tempo em Iwagakure estivesse a transformando. Seus olhos castanhos varreram a paisagem montanhosa ao redor, as planícies rochosas que se estendiam até onde a vista alcançava, pontuadas por elevações e picos. Iwagakure era rude, implacável, mas ali estava a liberdade que Sunagakure nunca lhe oferecera — o espaço para crescer e testar seus limites sem amarras. Mas o descanso durou pouco. Biskka fechou os olhos e se concentrou, sentindo o fluxo de chakra em seu corpo. A quantidade de selos, a perfeição nos movimentos e o uso de chakra se tornavam mais naturais, como se um novo patamar estivesse ao alcance. Ainda assim, ela sabia que dominar o Ninjutsu não era apenas questão de controle e força bruta, mas de precisão e equilíbrio.

Ela se levantou devagar, permitindo que o fluxo de chakra se estabilizasse novamente. Deixe que flua, pensou, as palavras do seu mentor ecoando em sua mente. Um dos shinobis mais velhos de Iwa a ajudara nos últimos dias, focando-se em sua técnica e apontando o que precisava melhorar. A força vem do equilíbrio, Biskka. Você deve se unir ao seu chakra, não forçá-lo a obedecer. Inspirou e posicionou as mãos à frente do corpo. Os selos começaram outra vez, num ritmo mais cadenciado. Tigre, Cavalo, Cobra. Concentrou-se não no poder bruto, mas no equilíbrio entre seu chakra e os selos, na precisão de cada movimento. Lentamente, começou a sentir uma diferença sutil. O chakra fluía mais suavemente, respondia melhor às suas intenções. Era como se cada selo não fosse um comando separado, mas uma parte do todo.

O ambiente ao seu redor começou a responder à sua presença. As pedras tremeram levemente enquanto ela mudava os selos para o elemento Terra. Em resposta, pilares de pedra emergiram ao seu redor, formando um círculo simétrico. Um a um, eles se erguiam, cada um mais alto que o anterior, até formarem uma pequena arena de pedras, a qual Biskka se posicionou no centro. O chakra reverberava no solo, ela podia senti-lo. A sensação era estranha e, ao mesmo tempo, familiar. Fechou os olhos mais uma vez e permitiu que seu chakra fluísse para a terra. Visualizou as pedras se movendo, deslocando-se com precisão milimétrica, e então as manipulou. Lentamente, os pilares que haviam emergido começaram a se dobrar e moldar, como se fossem argila nas mãos de um escultor invisível. Rochas se desprenderam, flutuando no ar ao seu redor. Com um simples movimento de mão, ela guiou as rochas em um caminho preciso e controlado, cada uma delas orbitando em círculos ao redor de seu corpo. A noite já havia caído e a kunoichi mal percebera. Foi uma pequena e grata surpresa quando a própria lembrou-a sobre a sua presença com uma brisa levemente gelada que soprou em seu rosto concentrado, fazendo-a relaxar por completo e sair do "modo de treino". Era hora de voltar. Recolheu as peças da vestimenta que estavam jogadas ali no canto, junto com uma bentö vazia e uma garrafa d'água e foi-se.

Considerações: