O vento quente do deserto cortava o rosto de Biskka enquanto ela corria pelos terrenos arenosos de Sunagakure. Seus pés moviam-se ágeis, levantando pequenas nuvens de poeira a cada passo. A luz do sol refletia nas poucas rochas e vegetações secas ao redor, mas a genin já estava acostumada com a implacável hostilidade do ambiente. Sua respiração mantinha-se regular, focada em conservar o ritmo e a energia.

— De novo sozinha… — ela pensou, embora não se incomodasse. Tinha se tornado um padrão. Missão após missão, as responsabilidades eram suas, e apenas suas. Quando a convocaram naquela manhã para investigar uma assinatura estranha de chakra próxima à Cidadela da Areia, a ideia de não ter uma equipe de suporte foi mais um alívio do que um incômodo. Afinal, não precisar se preocupar com outros permitia-lhe focar-se no objetivo. O pergaminho entregue pelo Quartel General estava guardado em uma das bolsas de equipamentos que trazia presa ao lado da coxa. Apesar de o conteúdo ser escasso em informações, o pouco que dizia era suficiente para saber que não se tratava de algo simples. Um artefato antigo, escondido por sabe-se lá quanto tempo, e que de repente começara a emitir uma assinatura de chakra perceptível. Aquilo por si só era preocupante, e se pensava em possíveis armadilhas, ou até outros ninjas que pudessem estar de olho no item.

Considerações:

Segundo as informações no pergaminho, um artefato chamado "Máscara do Escorpião Celeste" repousava numa tumba antiga, oculta entre as ruínas esquecidas a sudoeste da Cidadela da Areia. A lenda dizia que a máscara, além de aumentar as capacidades sensoriais de seu portador, tinha a habilidade de amplificar seu controle de chakra, mas ao custo de possivelmente consumir a mente e o corpo de quem não fosse forte o suficiente para controlá-la. Esse artefato raro e perigoso havia sido encontrado recentemente por arqueólogos, e a assinatura de chakra que emitia era tão intensa que até mesmo ninjas sem habilidades sensoriais deveriam ser capazes de percebê-la.

— Um lugar perfeito para um objeto amaldiçoado — pensou Biskka, ao analisar o conteúdo do pergaminho pela terceira vez, mantendo-o dobrado de forma segura dentro de sua bolsa. Ela parou um momento, respirando profundamente e sentindo o ar quente invadir seus pulmões. O calor do deserto não era um problema para ela. Pelo contrário, fazia-a sentir-se mais conectada com seu próprio chakra de Yōton, quase como se a paisagem ao redor alimentasse sua força interior. Mas ela sabia que a tarefa que tinha em mãos não seria fácil. Ao longe, já era possível ver as formas desfocadas das ruínas que se erguiam como sombras contra o mar de areia dourada. Eram apenas vultos ainda, pedaços de um passado antigo enterrados e desgastados pelo tempo. À medida que ela se aproximava, um leve formigamento começou a percorrer sua pele, e Biskka soube imediatamente que havia chegado perto do que procurava. Mesmo sem ser uma Ninja Sensorial, ela pôde perceber a presença do chakra que fluía do artefato. Não era sutil; era uma pressão intensa, quase sufocante, que parecia vibrar no ar e fazer o solo ao redor pulsar levemente.

Considerações:

Ao longe, a Cidadela da Areia era visível como uma mancha no horizonte, suas torres e estruturas contrastando com as vastas dunas douradas. Mas seu objetivo estava além, ainda mais ao sul, entre as ruínas esquecidas de um tempo antigo. Os arqueólogos, pelo que dizia o pergaminho, haviam localizado uma tumba soterrada entre formações rochosas, protegida e oculta por camadas de areia. A presença humana ali havia cessado abruptamente, e os detalhes eram vagos quanto ao porquê disso ter acontecido. Ela chegou ao local no final da tarde, o sol baixo no céu tingindo o deserto com tons alaranjados e vermelhos. Assim que pisou nas ruínas, notou os sinais de que algo não estava certo. Ferramentas arqueológicas estavam espalhadas pelo terreno: pás, picaretas, cordas e barracas desmontadas. Tudo abandonado às pressas, como se os que estavam ali tivessem fugido repentinamente. Havia cadernos de anotações abertos, folhas de papel que haviam sido arrancadas e levadas pelo vento, formando redemoinhos efêmeros. Biskka franziu o cenho e caminhou entre os escombros. Não havia um único sinal de vida. Nenhum rastro humano, nenhuma marca de pegadas recentes na areia. E, o mais inquietante, nenhum indício de combate ou resistência. Era como se as pessoas tivessem desaparecido no ar, deixando para trás apenas suas ferramentas.

Considerações:

Ela parou ao lado de uma das entradas para a tumba, uma fenda estreita entre duas enormes rochas. A abertura era pequena, mal tinha largura suficiente para que um adulto pudesse passar, e a descida parecia levar direto para um abismo de escuridão. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação desconfortável que nada tinha a ver com o chakra emanado da máscara.

— Ah, mas que merda... — lamentou-se ao perceber o quão dificil era para ela entrar em locais fechados. Respirando fundo para tentar afastar o peso em seu peito. Ela nunca havia admitido isso para ninguém, mas espaços confinados sempre mexeram com seus nervos. Mesmo quando era criança, odiava brincar em cavernas ou lugares muito fechados. O sentimento de impotência, de estar presa e incapaz de se mover livremente, a fazia querer recuar. Mas esse tipo de fraqueza era algo que um ninja não podia se dar ao luxo de ter, especialmente em uma missão solo e tão importante quanto aquela. Ela ajustou a bolsa de armas nas costas e se agachou diante da abertura. Uma respiração profunda. A adrenalina começou a se acumular em seu corpo, mas ela manteve a calma. Concentrou-se em seu treinamento, no controle de sua respiração. O chakra começou a fluir com mais intensidade, ajudando-a a controlar a ansiedade que ameaçava crescer dentro de seu peito.

Lentamente, Biskka passou pelo estreito buraco e começou a descer, pressionando as mãos e os pés contra as paredes rochosas para se manter equilibrada. O ar ao seu redor era seco e denso, e cada movimento seu parecia amplificado pelo silêncio opressor. A luz da superfície começou a desaparecer gradualmente, e a escuridão engolfava a passagem. O túnel parecia mais estreito a cada metro, e a sensação de sufocamento aumentava. A pressão de chakra ao seu redor também se tornava mais intensa. Era quase palpável agora, como uma presença viva que parecia acompanhar cada um de seus movimentos. Ela podia sentir o peso do artefato mais profundamente em suas veias, um fluxo energético que reverberava dentro da caverna. O desconforto era crescente, mas Biskka continuou.

Considerações:

O túnel se estreitou ainda mais antes de se alargar abruptamente, revelando uma única câmara escura à frente. Biskka hesitou por um momento à beira do limiar, os olhos ajustando-se à penumbra à medida que ela varria o ambiente em busca de qualquer sinal de armadilha ou perigo iminente. Para sua surpresa, a câmara era apenas um grande espaço retangular, desprovido de qualquer adorno ou enfeite que indicasse a presença de uma tumba. Não havia pinturas nas paredes, colunas ornamentadas ou inscrições antigas. Somente quatro paredes de pedra lisa e fria cercando o ambiente. O coração de Biskka bateu mais forte ao perceber que aquele local não era nada do que esperava. Não era uma tumba no sentido convencional. Era mais como uma câmara de contenção, uma espécie de prisão para o objeto em questão. No centro, uma redoma de vidro grossa descansava sobre um pedestal de pedra simples. Dentro dela, repousava o artefato que ela havia procurado.

A "Máscara do Escorpião Celeste".

A máscara, feita de algum tipo de metal reluzente e misterioso, parecia pulsar com uma vida própria. Um brilho azul-acinzentado emanava de suas fendas e contornos, irradiando uma energia que fazia o ar ao redor vibrar com intensidade. Biskka sentiu os pelos de sua nuca se eriçarem, e a pressão que antes era opressiva agora se tornou insuportável. Ela não precisou ser uma ninja sensorial para perceber o quanto aquela coisa era perigosa. O chakra que emanava da máscara parecia quase sólido, preenchendo a câmara com uma força que lhe causava náusea e desconforto. Ela engoliu em seco, tentando controlar o tremor em seus dedos enquanto se aproximava da redoma. Cada passo parecia ecoar no vazio silencioso da câmara, amplificando a sua presença no ambiente. Um momento de hesitação a tomou assim que alcançou a redoma, e ela sentiu o peso do que estava prestes a fazer.

— Não há sinais dos arqueólogos. Nenhum indício do que aconteceu com eles. Apenas essa máscara... — pensou, olhando em volta mais uma vez. O silêncio era absoluto, exceto pelo som distante de sua própria respiração.

Ela sabia que algo estava errado. Era como se aquela câmara, aquela máscara, fosse um ímã que atraía qualquer um que se aproximasse... e depois os consumisse. Com um movimento rápido, Biskka formou alguns selos e tocou a redoma com cuidado, testando sua resistência. Nenhum selo explosivo, nenhuma armadilha visível. Aparentemente, a redoma havia sido apenas colocada ali como uma barreira física. E com um movimento preciso, ela a retirou de cima do pedestal, revelando a máscara em toda sua glória. O objeto era tão frio quanto belo. As fendas escuras onde deveriam estar os olhos pareciam mirá-la, como se a máscara estivesse avaliando-a, pesando a própria essência de Biskka. A pressão de chakra ficou ainda mais forte, e um som sibilante encheu a câmara, como um zumbido que ecoava em sua mente.

— Certo... acabou — disse para si mesma, fechando os olhos por um breve segundo para reunir a coragem que lhe restava. Biskka estendeu a mão e segurou a máscara com firmeza, ignorando o calor intenso que atravessou sua pele no momento em que tocou o artefato. Com um puxão decidido, ela arrancou a máscara do pedestal e a enfiou rapidamente em sua bolsa.

Tudo ficou em silêncio por um momento. O zumbido cessou, e o chakra que antes era opressivo pareceu se retrair para dentro da bolsa onde a máscara estava guardada. Biskka respirou fundo, sentindo um alívio temporário ao ter completado a missão, mas o alívio durou apenas um segundo. O chão começou a vibrar de forma sutil, e uma corrente de ar frio passou por seu rosto, como se a câmara estivesse exalando um último suspiro. O instinto lhe gritou para sair dali imediatamente. Virou-se, correndo para a saída o mais rápido que pôde. O túnel parecia ainda mais estreito e opressor do que antes. A cada passo, o ar parecia se tornar mais denso, mais pesado, e a escuridão ao seu redor era completa, engolfando-a. A ansiedade começou a apertar seu peito novamente, mas ela se obrigou a manter o foco. Subiu pela abertura estreita de onde havia descido, os dedos pressionando-se contra a rocha, os pés buscando apoio em cada reentrância. Quando finalmente avistou a luz do lado de fora, um suspiro de alívio escapou de seus lábios. Mas assim que emergiu da abertura, o alívio foi substituído por um alerta imediato. Uma sombra se mexeu no canto de sua visão periférica. Biskka parou, virando-se rapidamente para olhar em volta. E então percebeu. Não estava sozinha. Cercando as ruínas, ninjas encapuzados com vestes escuras e mascarados emergiram de detrás de pilastras quebradas e blocos de pedra. Suas posturas eram firmes e disciplinadas, e cada um carregava armas prontas, como se já estivessem esperando por ela.

Considerações:

— Que sorte a nossa você ter encontrado a máscara para nós — disse uma voz masculina, calma e fria, vindo de um dos ninjas mais próximos. — Não há necessidade de violência, kunoichi — continuou a voz. — Apenas entregue a máscara e ninguém sairá machucado.

Ela olhou ao redor. Não sabia quantos mais estavam escondidos. Poderia sentir seus músculos se retesando, o chakra começando a fluir mais rápido dentro dela. Entregar a máscara estava completamente fora de questão. logo percebeu a gravidade da situação e, com um sorriso largo e desafiador que atravessou seu rosto, deixou a tensão dissipar-se como fumaça. Aquele tipo de pressão, o peso de estar cercada e ser a caça, despertava nela algo quase primitivo. Uma excitação que fazia seu sangue fervilhar e seu chakra pulsar mais forte. Ela se endireitou, os ombros relaxados e os punhos se apertando suavemente ao lado do corpo.

— Vamos recorrer a violência? Que sorte a minha — perguntou ela com um largo sorriso e um brilho selvagem nos olhos. Após dizer isso, a kunoichi desapareceu num borrão. A velocidade com que se moveu deixou os ninjas ao redor surpresos, suas reações um segundo atrasadas enquanto tentavam acompanhar o deslocamento abrupto dela no campo. Biskka apareceu à direita do flanco, tão próxima ao inimigo que ela podia ver o reflexo de seu próprio olhar selvagem nos olhos arregalados do homem. Ele tentou recuar, mas ela foi mais rápida. Com um simples movimento da mão livre, formou selos numa sucessão rápida e fluida, utilizando apenas os dedos de uma única mão.

— Katon: Karyūdan! — A kunoichi sussurrou com a voz carregada de decisão. No instante seguinte, ela inclinou a cabeça para trás e, ao abrir a boca, uma torrente de fogo irrompeu. As chamas saíram de sua boca como um dragão enfurecido, rugindo de dentro de sua garganta, e envolveram o ninja a uma distância de menos de um metro. O som das chamas crepitando e chiando preencheu o ar, e em menos de um segundo, o corpo do inimigo foi consumido pelo fogo ardente. Ele soltou um grito de agonia que se dissipou tão rápido quanto surgiu, e então... nada restou além do cheiro forte e nauseante de carne queimada. O ninja, outrora um obstáculo à frente dela, agora não passava de cinzas no vento do deserto.

Os ninjas hesitaram, mas apenas por um breve momento. O líder fez um sinal quase imperceptível com a mão, e todos os cinco restantes se lançaram em direção a kunoichi, suas lâminas reluzindo ao serem puxadas de suas bainhas. O som dos pés deslizando na areia do deserto preencheu o ar quente e árido, e o brilho feroz nos olhos mascarados indicava que aqueles homens não estavam dispostos a se acovardar diante da força que ela acabara de demonstrar. Biskka ergueu o braço esquerdo, uma kunai já firmemente presa em sua mão. A lâmina do inimigo, uma espada longa e afiada, desceu com força em direção ao ombro da kunoichi, mas ela desviou o golpe com um movimento calculado, o metal ecoando ao ser desviado. Com uma torção de pulso, ela fez um arco para baixo e, num movimento rápido, deslizou a kunai pela lateral do adversário, cortando uma das coxas com um golpe preciso. O ninja gritou, o sangue jorrando no ar enquanto ele recuava com um passo desajeitado. Mas antes que pudesse sequer reagir, ela girou o corpo, deslizando a lâmina contra a jugular dele. O grito cessou imediatamente, e ele caiu, o corpo tombando pesado na areia dourada.

Não houve tempo para saborear a vitória. O segundo adversário já avançava com uma série de ataques rápidos e precisos, kunais e shurikens voando de suas mãos com velocidade estonteante. Biskka se abaixou e rolou para o lado, os projéteis passando por ela e cravando-se no solo. Um terceiro ninja apareceu de repente pelo flanco, brandindo uma katana que ele manejava com habilidade mortal. A lâmina cortou o ar com um zunido ameaçador, forçando-a bloquear com sua kunai. O impacto fez a lâmina dela tremer em suas mãos, mas ela firmou o punho e lançou-se contra ele, aproveitando a abertura. Com um grito de esforço, ela pressionou a katana para o lado e, com um movimento rápido do pé, chutou a areia contra o rosto mascarado do inimigo. Ele recuou cegamente por um segundo — um segundo o suficiente para que ela se movesse com rapidez. Ela afundou a kunai na lateral do pescoço dele, um movimento direto e letal, e o corpo do ninja estremeceu, antes de desabar.

Três ainda restavam.

— Mais...? Por mim tudo bem — Biskka disse, ofegante, mas o sorriso continuava ali, quase delirante. O calor do combate, o cheiro de sangue e carne queimando misturado ao ar seco do deserto... Era intoxicante. Seu peito subia e descia enquanto ela movia a cabeça lentamente de um lado para o outro, avaliando os três oponentes restantes.

Eles hesitaram novamente, os olhos ocultos pelas máscaras se encontrando por um breve momento. Pareciam se comunicar em silêncio, provavelmente ponderando se o confronto valia o risco. Mas o líder deles, o homem que ainda permanecia impassível à distância, acenou levemente com a cabeça. E então, como se fossem um só corpo, os três avançaram em sincronia perfeita, cercando Biskka de todas as direções. Ela estreitou os olhos, um sorriso astuto surgindo em seu rosto. Sem perder tempo, executou rapidamente um único selo de mão, a concentração absoluta. Com um gesto firme, ela pressionou a palma contra o solo arenoso.

— Kiahahah! — sua voz ecoou firme no ar do deserto.

No instante seguinte, o chão abaixo deles começou a estremecer, e rachaduras rubras surgiram por entre a areia. Os ninjas hesitaram, olhando para baixo confusos, mas antes que pudessem reagir, jatos de lava fervente irromperam do solo. O calor abrasador os atingiu como um golpe mortal. O magma se espalhou rapidamente, engolfando os três antes que pudessem sequer soltar um grito de agonia. As chamas ardentes e a lava pulsante os envolveram, seus corpos contorcendo-se brevemente antes de serem reduzidos a meras sombras nas labaredas. O ar ao redor ficou pesado com o cheiro de carne e metal derretido, e o solo ao redor deles se transformou numa piscina incandescente.

Considerações:

Agora, restavam apenas os dois. Biskka ergueu o olhar na direção do último oponente, aquele que, até então, não havia se movido. Ele parecia manter-se calmo, mesmo diante da visão de seus companheiros sendo consumidos pela lava incandescente. Um ninja experiente, com certeza. Alguém que não se abalava facilmente. O olhar dela, porém, refletia a chama do caos ao seu redor, enquanto ele a observava com um semblante impassível. Ela não hesitou. Em meio ao magma que ainda borbulhava e resplandecia ao seu redor, Biskka avançou com uma explosão de velocidade. Seu corpo tornou-se um borrão enquanto a areia e as pedras derretidas voavam para trás. O inimigo, prevendo o ataque, também se moveu, sacando uma kunai com um movimento rápido e fluido.

Biskka desferiu o primeiro golpe, um soco direto visando o rosto dele. O ninja desviou habilmente para o lado, a kunai deslizando pelo ar na direção dela. Biskka desviou com um giro rápido, aproveitando o movimento para girar a perna e desferir um chute na altura da cintura. O homem ergueu o braço, bloqueando o ataque com o antebraço, e revidou com um soco que ela mal conseguiu evitar. Os dois começaram a trocar golpes incessantes, socos e chutes sendo bloqueados ou desviados por um fio de cabelo. O som das kunais se chocando ecoava pelo campo de batalha. Em um movimento ágil, Biskka avançou com a lâmina em um ângulo descendente, tentando pegar o adversário no flanco. Ele aparou o ataque, o metal das lâminas emitindo um som agudo que ressoou no silêncio do deserto. O inimigo aproveitou a proximidade para tentar um ataque direto com a perna, mas ela girou o corpo para o lado, evitando o golpe por centímetros. Contra-atacou com um chute lateral, acertando o torso dele e forçando-o a recuar alguns passos. Eles se encararam por um breve segundo, respirando de forma pesada, mas nenhum parecia disposto a recuar.

— Você é forte… — murmurou o ninja, a voz fria e calma. Mas antes que ele pudesse terminar, Biskka voltou a investir.

Considerações:

O oponente de Biskka era um homem com um físico atlético e vestia uma túnica preta com detalhes vermelhos nas bordas. Sua máscara era de cerâmica branca com um símbolo de escorpião esculpido na testa e traços vermelhos ao redor dos olhos, que davam um aspecto sinistro. Ele tinha cabelos longos e negros amarrados em um rabo de cavalo baixo, e usava um lenço cobrindo a boca e o nariz. Seu arsenal de kunais e frascos pendia da cintura, e, mesmo cercado pelo magma, mantinha uma postura calma e confiante, observando Biskka com olhos analíticos e frios. Ela aterrissou de costas na areia quente, o impacto forte o suficiente para deixar o corpo dormente por um segundo. Um grunhido de dor escapou de seus lábios, e o sorriso desafiador desapareceu por um momento enquanto se forçava a se levantar rapidamente. O vento ao redor do homem ainda agitava o ambiente, fazendo os grãos de areia dançarem como pequenas lâminas no ar.

— Füton?! — murmurou ela, os olhos semicerrados e a respiração ofegante. Ele a olhava com calma, a rajada de ar já começando a se dissipar, mas deixando um recado claro: ele era mais do que apenas um combatente comum.

O ninja manteve sua posição, avaliando-a com um olhar frio por trás da máscara de escorpião. Ele ergueu a mão calmamente e, em um instante, moldou selos rápidos e precisos. Com um movimento firme, ele direcionou a palma para Biskka e bradou:

— Fūton: Atsugai! — O ar ao redor pareceu se comprimir de repente, criando uma pressão intensa e concentrada. A explosão de vento a atingiu como uma marreta invisível. Biskka foi arremessada para trás em uma velocidade impressionante, sem tempo para reagir. O impacto foi brutal. Ela atravessou o campo como um projétil humano, e o mundo ao seu redor se transformou em um borrão indistinto. O som de ossos batendo contra pedra reverberou no ambiente quando seu corpo se chocou violentamente contra uma das antigas paredes das ruínas. A força do impacto a prendeu ali por um breve momento, como se o vento estivesse tentando esmagá-la contra a estrutura sólida. Sentiu uma dor aguda explodir em suas costas, percorrendo sua espinha como um raio. O choque foi tanto que ela mal conseguiu soltar um grito. O ar saiu de seus pulmões, e, de repente, tudo pareceu parar. A pressão diminuiu e o vento se dispersou, deixando apenas o eco da colisão e a respiração entrecortada de Biskka. Ela caiu de joelhos, uma mão escorregando para o chão enquanto tentava estabilizar o corpo tremendo. Uma pontada profunda atravessou suas costelas, e, quando finalmente tossiu, sangue respingou de seus lábios, manchando a areia aos seus pés. Antes que Biskka pudesse reagir, ainda ofegante e dolorida pela investida anterior, uma sombra se projetou à sua frente. O ninja moveu-se com uma velocidade impressionante, aparecendo a centímetros dela. Seu rosto sereno e inexpressivo mal demonstrava esforço enquanto seu punho se fechava com firmeza e se projetava diretamente contra o abdômen de Biskka.

— Urgh! — O ar escapou de seus pulmões de forma abrupta quando o soco a atingiu. Sentiu os músculos abdominais contraírem, a dor se espalhando em ondas pelo corpo. O impacto a ergueu no ar por alguns segundos, e mais sangue foi expelido de seus lábios. O golpe tinha sido tão forte que ela mal conseguiu perceber a sequência que se seguiu.

Com a mesma fluidez letal, o homem girou o corpo e lançou um chute direto no rosto dela. O pé acertou em cheio, um estalo seco ecoou pelo campo de batalha, e Biskka foi jogada violentamente para o flanco. Seu corpo girou descontrolado pelo ar antes de colidir contra o solo arenoso, derrapando até parar alguns metros adiante. A cabeça dela rodava, a visão embaçada pelas lágrimas de dor e pela sensação latejante que se espalhava por seu crânio. Ela tentou se erguer, mas seus membros pareciam pesados, o sangue pingando pelo canto da boca enquanto ofegava.

Considerações:

O ninja inalou profundamente e, com um movimento ágil, abriu a boca, disparando uma série de tiros de ar comprimido em rápida sucessão. O som agudo dos projéteis cortando o ar era como um trovão abafado, reverberando pelas ruínas e ecoando no campo de batalha. Biskka, ainda lutando para recuperar o equilíbrio, mal teve tempo de reagir. Seu corpo se moveu instintivamente, mergulhando para o lado e rolando na areia quente para evitar o primeiro disparo. O jato de vento passou a milímetros de sua cabeça, levantando uma nuvem de areia que obscureceu sua visão por um momento. Outro projétil veio logo em seguida, e ela se esquivou com um salto ágil, mas não conseguiu escapar completamente. Sentiu uma dor aguda rasgar seu braço esquerdo enquanto o tiro o acertava de raspão, deixando um corte superficial que logo começou a sangrar. Ela não parou, porém, continuou se movendo, os olhos fixos no oponente. Os ataques não cessavam. Mais tiros de ar foram disparados, cada um deles em uma direção diferente, forçando-a a mudar de rota constantemente. Um deles passou rente à sua perna, causando um novo corte, e o próximo raspou a lateral de seu ombro, arrancando um grunhido de dor dela. O inimigo estava jogando com precisão cirúrgica, testando-a, tentando reduzir suas defesas aos poucos. Foi quando ela percebeu uma pequena brecha.

— Doton: Dosekidake! — bradou Biskka com firmeza, sua mão tocando o solo ao seu lado. Quatro estacas de terra irromperam do chão, avançando em direção ao inimigo a partir de ângulos diferentes, cada uma com a intenção de perfurá-lo onde estivesse.

O ninja percebeu a investida e, sem perder tempo, moldou chakra em seus pés. Com um impulso poderoso, ele saltou para o alto, escapando por pouco das estacas de pedra que se chocaram umas contra as outras onde ele estivera. Ainda no ar, Biskka aproveitou a brecha e, antes mesmo que ele pudesse pensar em contra-atacar, sua outra mão já se movia em novos selos rápidos.

— Katon: Kaen Senpū! — ela sussurrou, os olhos fixos na silhueta suspensa acima dela.

Uma espiral de chamas furiosas emergiu do solo, rodopiando com força em direção ao céu. As chamas dançaram e se retorceram ao redor do corpo do ninja, envolvendo-o em uma tempestade ardente que subia de baixo para cima. O calor abrasador preencheu o ar, e o som do fogo rugindo foi ensurdecedor. Preso no ar, o oponente não conseguiu evitar completamente o jutsu. As chamas o envolveram, e ele soltou um grito abafado quando a espiral flamejante o atingiu. O vento ao redor dele agitou-se violentamente, mas, mesmo assim, as chamas conseguiram tocá-lo, queimando parte de suas vestes e deixando marcas de queimaduras em sua pele. Ele usou mais chakra de Liberação de Vento para dispersar parte do fogo ao seu redor, mas antes mesmo que o ninja pudesse reagir e planejar seu próximo movimento, seus olhos se arregalaram ao ver um grande punho de pedra emergir de repente em sua direção. Biskka, sem dar-lhe tempo para retaliação, moldou seu chakra e invocou um golem de pedra imponente.

— Doton: Gōremu no Jutsu! — gritou a kunoichi, sua voz cortando o ar carregado de fumaça e calor.

O golem, com mais de três metros de altura, se ergueu rapidamente do chão, feito de rocha sólida e resistente. Com um único movimento, a criatura estendeu o enorme punho, o som de pedras se arrastando ecoando no ambiente. O ninja, ainda no ar e cercado pelo calor residual do jutsu anterior, teve apenas um breve segundo para perceber o ataque vindo em sua direção.O punho do golem o atingiu com força avassaladora. O impacto foi devastador. O corpo do inimigo foi arremessado como uma boneca de pano, voando por metros através dos céus. Uma nuvem de poeira e pedras se levantou com o golpe, e ele atravessou o ar descontroladamente antes de desabar no solo, seu corpo rolando e deixando um rastro de sangue e areia.

O silêncio caiu pesado sobre as ruínas, apenas o som do golem se autodestruíndo e tornando-se pedras novamente, seguido do baque seco do corpo inerte do inimigo caindo sob as areias.

Considerações:

A kunoichi de Sunagakure arfou pesadamente, sentindo a exaustão pesar sobre seus músculos. A adrenalina do combate começava a se dissipar, deixando apenas a dor pulsante de seus ferimentos. Ela soltou um suspiro entrecortado e abaixou a guarda, o corpo relaxando enquanto caminhava até o inimigo caído. Cada passo fazia uma pontada aguda atravessar suas costelas, e ela cerrou os dentes. Era óbvio que havia quebrado algumas delas, e os cortes profundos em seus braços e pernas latejavam dolorosamente, cortes esses causados pelas rajadas de vento cortante do oponente. Mesmo assim, ignorando a dor e com certa dificuldade, Biskka se ajoelhou ao lado do corpo inerte e iniciou o processo de desarmá-lo. Ela removeu qualquer arma que ele ainda possuía — shurikens, kunais e até um pequeno pergaminho preso em sua cintura. Em seguida, puxou fios de aço da própria bolsa ninja e começou a amarrar o inimigo com destreza.

— Hunf, mas quem é você afinal, seu puto!? — resmungava enquanto trabalhava.

Não satisfeita apenas em prendê-lo, ela segurou os braços do homem e, com um movimento brusco e calculado, deslocou ambos os ombros. Ele despertou por um breve momento, soltando um grito rouco de dor antes de cair na inconsciência mais uma vez. As amarras agora envolviam seus punhos e tornozelos, impossibilitando qualquer movimento. Respirando fundo, conferiu em sua bolsa se ainda possuía o artefato consigo — a Máscara do Escorpião Celeste. O artefato reluzia de leve sob a luz do sol, e um sentimento de conquista a percorreu. Mas havia ainda um longo caminho a percorrer. Com o Nukenin amarrado e inconsciente aos seus pés, ela olhou para o horizonte em direção a Cidadela da Areia.

— Aposto que consigo escolta para retornar a Vila — murmurou, começando a arrastar o corpo dele. Ali, esperava encontrar um ponto seguro para recuperar suas forças e, enfim, retornar para Sunagakure.

Considerações: