O vento quente do deserto cortava o rosto de Biskka enquanto ela corria pelos terrenos arenosos de Sunagakure. Seus pés moviam-se ágeis, levantando pequenas nuvens de poeira a cada passo. A luz do sol refletia nas poucas rochas e vegetações secas ao redor, mas a genin já estava acostumada com a implacável hostilidade do ambiente. Sua respiração mantinha-se regular, focada em conservar o ritmo e a energia.

— De novo sozinha… — ela pensou, embora não se incomodasse. Tinha se tornado um padrão. Missão após missão, as responsabilidades eram suas, e apenas suas. Quando a convocaram naquela manhã para investigar uma assinatura estranha de chakra próxima à Cidadela da Areia, a ideia de não ter uma equipe de suporte foi mais um alívio do que um incômodo. Afinal, não precisar se preocupar com outros permitia-lhe focar-se no objetivo. O pergaminho entregue pelo Quartel General estava guardado em uma das bolsas de equipamentos que trazia presa ao lado da coxa. Apesar de o conteúdo ser escasso em informações, o pouco que dizia era suficiente para saber que não se tratava de algo simples. Um artefato antigo, escondido por sabe-se lá quanto tempo, e que de repente começara a emitir uma assinatura de chakra perceptível. Aquilo por si só era preocupante, e se pensava em possíveis armadilhas, ou até outros ninjas que pudessem estar de olho no item.

Considerações:

Segundo as informações no pergaminho, um artefato chamado "Máscara do Escorpião Celeste" repousava numa tumba antiga, oculta entre as ruínas esquecidas a sudoeste da Cidadela da Areia. A lenda dizia que a máscara, além de aumentar as capacidades sensoriais de seu portador, tinha a habilidade de amplificar seu controle de chakra, mas ao custo de possivelmente consumir a mente e o corpo de quem não fosse forte o suficiente para controlá-la. Esse artefato raro e perigoso havia sido encontrado recentemente por arqueólogos, e a assinatura de chakra que emitia era tão intensa que até mesmo ninjas sem habilidades sensoriais deveriam ser capazes de percebê-la.

— Um lugar perfeito para um objeto amaldiçoado — pensou Biskka, ao analisar o conteúdo do pergaminho pela terceira vez, mantendo-o dobrado de forma segura dentro de sua bolsa. Ela parou um momento, respirando profundamente e sentindo o ar quente invadir seus pulmões. O calor do deserto não era um problema para ela. Pelo contrário, fazia-a sentir-se mais conectada com seu próprio chakra de Yōton, quase como se a paisagem ao redor alimentasse sua força interior. Mas ela sabia que a tarefa que tinha em mãos não seria fácil. Ao longe, já era possível ver as formas desfocadas das ruínas que se erguiam como sombras contra o mar de areia dourada. Eram apenas vultos ainda, pedaços de um passado antigo enterrados e desgastados pelo tempo. À medida que ela se aproximava, um leve formigamento começou a percorrer sua pele, e Biskka soube imediatamente que havia chegado perto do que procurava. Mesmo sem ser uma Ninja Sensorial, ela pôde perceber a presença do chakra que fluía do artefato. Não era sutil; era uma pressão intensa, quase sufocante, que parecia vibrar no ar e fazer o solo ao redor pulsar levemente.

Considerações:

Ao longe, a Cidadela da Areia era visível como uma mancha no horizonte, suas torres e estruturas contrastando com as vastas dunas douradas. Mas seu objetivo estava além, ainda mais ao sul, entre as ruínas esquecidas de um tempo antigo. Os arqueólogos, pelo que dizia o pergaminho, haviam localizado uma tumba soterrada entre formações rochosas, protegida e oculta por camadas de areia. A presença humana ali havia cessado abruptamente, e os detalhes eram vagos quanto ao porquê disso ter acontecido. Ela chegou ao local no final da tarde, o sol baixo no céu tingindo o deserto com tons alaranjados e vermelhos. Assim que pisou nas ruínas, notou os sinais de que algo não estava certo. Ferramentas arqueológicas estavam espalhadas pelo terreno: pás, picaretas, cordas e barracas desmontadas. Tudo abandonado às pressas, como se os que estavam ali tivessem fugido repentinamente. Havia cadernos de anotações abertos, folhas de papel que haviam sido arrancadas e levadas pelo vento, formando redemoinhos efêmeros. Biskka franziu o cenho e caminhou entre os escombros. Não havia um único sinal de vida. Nenhum rastro humano, nenhuma marca de pegadas recentes na areia. E, o mais inquietante, nenhum indício de combate ou resistência. Era como se as pessoas tivessem desaparecido no ar, deixando para trás apenas suas ferramentas.

Considerações:

Ela parou ao lado de uma das entradas para a tumba, uma fenda estreita entre duas enormes rochas. A abertura era pequena, mal tinha largura suficiente para que um adulto pudesse passar, e a descida parecia levar direto para um abismo de escuridão. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação desconfortável que nada tinha a ver com o chakra emanado da máscara.

— Ah, mas que merda... — lamentou-se ao perceber o quão dificil era para ela entrar em locais fechados. Respirando fundo para tentar afastar o peso em seu peito. Ela nunca havia admitido isso para ninguém, mas espaços confinados sempre mexeram com seus nervos. Mesmo quando era criança, odiava brincar em cavernas ou lugares muito fechados. O sentimento de impotência, de estar presa e incapaz de se mover livremente, a fazia querer recuar. Mas esse tipo de fraqueza era algo que um ninja não podia se dar ao luxo de ter, especialmente em uma missão solo e tão importante quanto aquela. Ela ajustou a bolsa de armas nas costas e se agachou diante da abertura. Uma respiração profunda. A adrenalina começou a se acumular em seu corpo, mas ela manteve a calma. Concentrou-se em seu treinamento, no controle de sua respiração. O chakra começou a fluir com mais intensidade, ajudando-a a controlar a ansiedade que ameaçava crescer dentro de seu peito.

Lentamente, Biskka passou pelo estreito buraco e começou a descer, pressionando as mãos e os pés contra as paredes rochosas para se manter equilibrada. O ar ao seu redor era seco e denso, e cada movimento seu parecia amplificado pelo silêncio opressor. A luz da superfície começou a desaparecer gradualmente, e a escuridão engolfava a passagem. O túnel parecia mais estreito a cada metro, e a sensação de sufocamento aumentava. A pressão de chakra ao seu redor também se tornava mais intensa. Era quase palpável agora, como uma presença viva que parecia acompanhar cada um de seus movimentos. Ela podia sentir o peso do artefato mais profundamente em suas veias, um fluxo energético que reverberava dentro da caverna. O desconforto era crescente, mas Biskka continuou.

Considerações: