O sol nascente, em sua majestosa ascensão, espalhava raios dourados sobre a vila de Shimogakure, banhando-a com uma luz suave que dissipava as sombras da noite finda. O campo de treinamento, envolto no sussurrar sereno das árvores, servia de palco para um drama íntimo, onde Kurama Saitō, de postura altiva, exibia uma seriedade pouco vista. A expressão que outrora se escondia sob o véu de um sorriso irreverente, agora refletia uma concentração profunda e singular. Não mais o Kurama despreocupado, mas um aspirante a ninja, determinado a aprimorar suas artes e habilidades.

Seu início foi de simplicidade metódica — um breve aquecimento, como se o próprio corpo fosse um templo a ser reverenciado antes da batalha. Cada músculo respondia com vigor renovado, como o leito de um rio oculto que corre sob a superfície tranquila de um lago. Com uma respiração profunda, Kurama fechou os olhos, buscando dentro de si o chakra, aquela força vital que nutria suas técnicas. Seu alvo naquela alvorada seria o Bunshin no Jutsu, a criação de um clone — uma técnica de aparência modesta, mas que exigia destreza e refinamento.

Com mãos ágeis, ele desenhou selos no ar, chamando a energia que fluía por suas veias para fora de seu ser. Um clone emergiu ao seu lado, uma sombra pálida de si mesmo. Contudo, em seus olhos faltava a centelha da vida, o brilho que distinguia o real do imaginário. Aquilo que nascera não era mais que uma réplica imperfeita, sem a vitalidade que deveria possuir.

Kurama, no entanto, não se deixou abalar por tal falha. Dissipou o clone com um gesto resoluto, sua mente limpa e focada no aperfeiçoamento. "A prática," pensou ele, "é o caminho para a maestria." E, com tal pensamento, suas mãos novamente esculpiram os selos, sua mente concentrando-se na imagem de si próprio, em cada nuance, cada detalhe. Ele infundiu sua essência, seus maneirismos, e a força de sua própria presença na réplica.

Desta vez, o clone tomou forma com maior clareza, quase indistinguível do original. Kurama o observou de perto, reconhecendo as melhorias, mas ainda havia lacunas a serem preenchidas. Ele persistiu, repetindo o processo incansavelmente, ajustando a cada nova tentativa, refinando os detalhes com a paciência de um artesão. O tempo escoava como a areia de uma ampulheta, e a manhã foi consumida por um ciclo de tentativa, erro e determinação inabalável.

Por fim, ao dobrar das horas, ele conseguiu. Um clone que se movia, respirava e reagia como ele próprio — uma verdadeira extensão de seu ser. A satisfação o tocou, mas sua ambição não o deixou repousar. Com um olhar para o horizonte, ele passou ao próximo desafio: o Henge no Jutsu.

Fechando os olhos mais uma vez, Kurama visualizou a imagem de quem desejava se tornar. Cada detalhe, da textura da pele à cor dos olhos, até o peso dos movimentos, foi cuidadosamente desenhado em sua mente. Executou os selos com precisão e sentiu a energia envolver seu corpo, moldando-o como argila nas mãos de um escultor invisível. Ao abrir os olhos, ele não mais via Kurama Saitō, mas a figura de outro, perfeita em quase todos os sentidos.

Porém, "quase" não bastava. Ele desfez a transformação e tentou novamente, ajustando a maneira como fluía o chakra, suavizando cada imperfeição. Com o tempo, cada detalhe finalmente se alinhou, cada traço foi afinado, e ao término, Kurama sentiu a doce satisfação da conquista.

O treino exauriu seu corpo, seus músculos clamando por descanso, mas sua mente estava serena. Havia, enfim, dominado o Bunshin no Jutsu e o Henge no Jutsu. Não eram mais simples truques rudimentares, mas armas afiadas, forjadas pela chama de sua perseverança. E ainda que o caminho à frente fosse longo, Kurama sabia que um passo crucial havia sido dado naquele dia.

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