幻想の達人

O azul predominava no firmamento, vasto e sereno, como um oceano inexplorado que se estendia sem fim, repleto de matizes que variavam do celeste mais claro ao profundo anil, contrastando suavemente com as nuvens esparsas que, como fiapos de algodão, pairavam preguiçosamente ao sabor dos ventos. Aquele azul imponente, imerso em uma calma quase etérea, parecia envolver o mundo em uma quietude contemplativa, impregnando o ambiente com uma sensação de infinito. O mesmo tom, translúcido e misterioso, refletia-se nos olhos que se guiavam por sobre as enormes pedras pontiagudas que se alinhavam horizonte afora. Seu estado meditativo naquela manhã era uma constante em sua rotina, um rito silencioso que marcava os dias mais comuns com uma serenidade quase sagrada. No entanto, por trás dessa fachada de tranquilidade, sua mente ansiava por escapar dos limites impostos pela própria criatividade. Por um breve momento, permitiu-se idealizar uma vida diferente, onde o normal não fosse uma abstração distante. Imaginou-se em um lar onde uma presença materna fosse tangível, calorosa, e não apenas uma ausência sentida no âmago. E ali, na contramão dessa fantasia, a figura de seu pai emergia como uma sombra persistente – um homem cuja rigidez não lhe permitia reconhecer o filho com o orgulho que ele, por direito, merecia. Era uma reflexão que, embora dolorosa, moldava seu entendimento da realidade, forçando-o a aceitar as lacunas em sua existência enquanto buscava preencher essas ausências com suas próprias forças.

Estendeu a mão à frente do corpo, como se tentasse alcançar uma imagem que existia apenas em sua mente, apenas para fechá-la no ar vazio e trazê-la ao peito. O gesto, impregnado de melancolia, culminou num fechar de olhos triste, como se naquele instante, por um breve segundo, o peso das ausências se fizesse insuportável. Mas, quase que de imediato, transformou seu semblante, dissipando a tristeza com uma força de vontade admirável. Um sorriso, determinado e resoluto, surgiu em seu rosto, seus olhos adquirindo uma firmeza indomável. Lembrou-se de sua necessidade de ser uma criança feliz, um papel que desempenhava com dedicação, sabendo que essa alegria era sua maneira de honrar a memória da mãe que perdera antes mesmo de ter consciência de sua própria existência. Era um tributo silencioso, mas poderoso, àquela que, mesmo ausente, ainda moldava sua vida de maneiras profundas e duradouras — Obrigado, mãe — Proferiu as palavras em um tom brando, permitindo que elas se dissipassem suavemente no ar, enquanto se levantava da rocha onde estivera assentado. Num gesto decidido, flexionou os joelhos, preparando-se para o movimento seguinte. Em um único impulso, lançou-se com precisão em um percurso acrobático, o corpo desenhando um arco digno de sua formação e harmonioso no ar. Seu destino era a vida shinobi.