Ao raiar da alvorada, os primeiros raios de luz se infiltravam pelas persianas, projetando sombras longas e sinuosas sobre o assoalho de madeira desgastada. As faixas de luz dourada entrelaçavam-se com o ambiente, conferindo ao quarto um ar etéreo, quase onírico. O Empalador jazia em profundo repouso, envolto no silêncio solene que somente o romper da madrugada pode proporcionar. O som suave e ritmado do bico de um corvo mensageiro tocando na vidraça — toc, toc — quebrou a tranquilidade do momento. Maeda despertou com uma leve irritação, seus olhos ajustando-se gradualmente à penumbra. Ergueu-se com movimentos lentos e deliberados, o corpo ainda imerso na letargia do sono. Caminhou até a janela, onde o corvo o aguardava pacientemente, seus olhos negros brilhando com uma inteligência perspicaz.

— Já era de se esperar — murmurou para si mesmo, ao abrir a janela e permitir a entrada do corvo.

Naquilo retirou o cilindro metálico preso à pata do animal e desenrolou o pequeno bilhete com dedos hábeis. Como suspeitava, tratava-se de uma nova missão. A mensagem descrevia o alvo: um traidor de alto escalão, um ex-membro da Anbu conhecido pelo codinome Fantasma. O traidor estava agora escondido em um reduto fortificado, um abrigo subterrâneo nos arredores do vilarejo.

O dia passou lentamente enquanto o Senju se preparava meticulosamente para a missão. Sentado em sua mesa de trabalho, com um café que por vezes bebia, analisou os dados fornecidos sobre Fantasma. Os relatórios eram detalhados, destacando as habilidades e o histórico do alvo, um adversário formidável que havia sido treinado nas mesmas artes sombrias que o próprio Prodígio. Acompanhava os dados um mapa detalhado do reduto subterrâneo, revelando a complexidade do esconderijo. Maeda estudou a planta com atenção, traçando mentalmente as rotas possíveis de entrada e saída. A fortificação era engenhosa, com múltiplas camadas de segurança e rotas de fuga ocultas. Passou o restante do dia revisando suas armas e equipamentos, assegurando-se de que cada kunai, shuriken e bomba de fumaça estivesse em perfeitas condições. Ajustou as tiras de seu uniforme, verificou o estado de suas botas e garantiu que a máscara estivesse impecável.

Ao entardecer, a luz do sol tingia o céu com tons de laranja e vermelho, anunciando o início de mais uma missão. Ele vestiu os trajes da Anbu com uma precisão quase ritualística. O uniforme negro e o colete cinza moldavam-se perfeitamente ao seu corpo, enquanto as proteções nos braços e as luvas reforçadas completavam sua aparência letal. As sandálias ninja, com picos projetados para a travessia de terrenos difíceis, encaixavam-se confortavelmente nos pés. A espiral tatuada no ombro era um lembrete silencioso de sua lealdade. Com o capuz do manto branco cobrindo seus cabelos e a máscara de oni ocultando seu rosto, o agora Ryū saiu de sua residência. As sombras do crepúsculo envolviam sua figura enquanto ele se movia com a graça de um espectro, invisível e implacável.

Avançava pelo crepúsculo com a serenidade de uma sombra, sua figura esguia deslizando pelas paisagens rochosas que circundavam o reduto subterrâneo. O véu noturno, pontilhado pelo brilho argênteo da lua cheia, concedia-lhe a cobertura perfeita, enquanto ele se movia com a graça de um espectro. As formações rochosas e a vegetação esparsa, iluminadas de forma etérea pela luz lunar, tornavam-se seus aliados naturais. Aproximando-se do âmbito, escolheu um ponto de observação oculto, abrigado por arbustos densos e uma saliência rochosa. Daquele refúgio, ele perscrutou a área com olhos treinados, atento a cada detalhe que pudesse revelar a rotina dos guardas. A percepção da experiência permitiu-lhe captar nuances sutis: o murmúrio distante dos passos, o brilho intermitente das tochas, o sussurro do vento atravessando as fissuras das rochas.

Os guardas eram cinco ao todo, e cada um exibia características distintas que Ryū anotava mentalmente com precisão quase clínica. O primeiro, um homem de estatura imponente e ombros largos, exalava exaustão, seus movimentos lentos e pesados denunciando a espera ansiosa pela troca de turno. O segundo, de porte mediano e expressão austera, patrulhava com uma disciplina marcial, os olhos varrendo o entorno com vigilância meticulosa. A terceira, uma mulher de físico atlético, movia-se com a fluidez de uma predadora, seus movimentos silentes e felinos. O quarto guarda, um jovem de olhar inquieto, demonstrava inexperiência e nervosismo, os passos irregulares e hesitantes. O último, um veterano de meia-idade com cicatrizes profundas, emanava uma confiança calculada e um ar de comando, suas ações refletindo a experiência acumulada. O Senju estudou os horários das trocas de turno, percebendo que ocorria a cada duas horas, com uma janela breve e crucial onde a vigilância diminuía significativamente. Sob a luz prateada da lua cheia, ele observou pacientemente, aguardando o momento oportuno. A presença do traidor, o famigerado Fantasma, manifestou-se finalmente. Um homem de meia-idade, de estatura média, com uma postura ereta e olhos frios como gelo. Seus cabelos grisalhos, cortados rente, e uma cicatriz proeminente na bochecha direita conferiam-lhe uma aparência austera. O semblante, marcado pela arrogância e autoconfiança, revelava a experiência de alguém que dominava as artes sombrias da Anbu.

Maeda, com seu vasto conhecimento tático, começou a delinear um plano meticuloso. Sabia que um confronto direto seria imprudente, dada a formação semelhante que ambos partilhavam. Decidiu, portanto, explorar a brecha na segurança proporcionada pela troca de turno, para infiltrar-se no reduto sem levantar suspeitas. Quando o momento chegou, moveu-se com a precisão e a letalidade de um Anbu como era. Aproveitou a distração do primeiro guarda, o homem corpulento e exausto, e aplicou um golpe certeiro na base do crânio, apagando sua consciência imediatamente. Ocultou o corpo nos arbustos antes de avançar silenciosamente. O jovem guarda, inexperiente e nervoso, foi sua próxima vítima. O Senju deslizou por trás dele, uma mão tapando-lhe a boca enquanto a outra aplicava um golpe preciso no ponto de pressão atrás da orelha. O corpo desabou sem um som, e o Anbu rapidamente o ocultou nas sombras. Movendo-se com a mesma precisão, abordou a guarda atlética. Seus movimentos foram rápidos e letais, desferindo um golpe que a imobilizou antes que ela pudesse reagir. Com a segurança do reduto comprometida, infiltrou-se no subterrâneo. Deslizou pelas sombras dos corredores estreitos e mal iluminados, evitando qualquer detecção. A penumbra profunda e o eco distante de seus passos refletiam a tensão crescente, à medida que se aproximava de seu alvo.

O ambiente era um labirinto opressivo, onde o ar carregava o odor metálico do ferro e a fragrância terrosa da pedra úmida, entremeados pelo aroma penetrante do mofo. Seus passos eram uma sinfonia de silêncio, as sandálias ninja acariciando o chão de pedra, evitando qualquer eco que pudesse trair sua presença. As tochas, dispostas esparsamente ao longo dos túneis, lançavam uma luz vacilante e trêmula, projetando sombras grotescas que dançavam nas paredes de pedra como espectros antigos. O som rítmico de gotas d’água caindo reverberava pelos corredores, criando uma melodia fantasmagórica que acentuava a tensão do momento. O Anbu respirava profundamente, permitindo que os cheiros e os sons se entrelaçassem em sua mente, formando um quadro detalhado e inquietante do ambiente ao seu redor. Enquanto avançava, um pensamento intrusivo cruzou sua mente, perturbando sua concentração. Ele percebeu que havia dedicado um dia inteiro àquela missão, negligenciando as pequenas coisas que compunham sua rotina diária. Sentiu a ausência reconfortante do calor de uma xícara de café fumegante, o sussurro do vento nas folhas de seu jardim, a sensação de paz que esses pequenos rituais lhe proporcionavam. Um leve desconforto atravessou seu ser, uma perturbação quase imperceptível que ele rapidamente reprimiu.

— Concentre-se — murmurou para si mesmo, forçando os pensamentos de volta ao abismo de sua mente.

No instante seguinte, uma pressão opressora inundou o ar, como se uma intenção assassina violenta tivesse se materializado ao seu redor. A energia era tão palpável e violenta que Maeda ficou momentaneamente paralisado, os músculos rígidos como pedra e a respiração suspensa. Reconhecendo o perigo iminente de uma morte concreta, canalizou sua energia vital para recuperar os movimentos, sentindo um calor intenso percorrer seu corpo enquanto forçava seus músculos a obedecerem. Adiantou-se pelos aposentos do Fantasma, os olhos captando cada detalhe com precisão acentuada. O alvo, percebendo a invasão, tentava escapar, movendo-se rapidamente pelos corredores. O Empalador o seguiu. O adversário virou uma esquina, seu perseguidor logo atrás, ambos executando uma coreografia letal em alta velocidade – 22 m/s. Os passos ressoavam pelo túnel, um clack, clack constante enquanto as botas do Fantasma batiam no chão de pedra. O Senju viu uma abertura e saltou, suas sandálias ninja quase silenciosas — swish — ao aterrissar. O que era caçado tentou uma torção rápida, girando o corpo para aplicar um golpe com o cotovelo, mas bem treinado como era o caçador desviou com um movimento fluido.

A perseguição culminou em um confronto físico no centro de um aposento maior. Ryū lançou-se para frente, desferindo um golpe com a palma aberta que o Fantasma bloqueou com o antebraço. O som do impacto — thud — reverberou pelo espaço. O inimigo contra-atacou com uma série de socos rápidos e precisos, dirigidos ao rosto e ao torso do Anbu. Ele desviou para o lado, os punhos do Fantasma passando rente ao seu rosto — whoosh, whoosh — enquanto ele se esquivava habilmente. A luta continuou, ambos caindo e se levantando em um balé de violência. O mais velho tentou um chute lateral, mas o mais novo segurou a perna no ar e torceu-a com força, ouvindo o grito de dor do traidor. Aproveitando a abertura, Maeda girou o corpo e aplicou um soco ascendente no estômago, fazendo-o dobrar-se em agonia. Com movimentos rápidos, o atacante posicionou-se atrás do alvo, seus braços envolvendo o pescoço do traidor em um mata-leão bem encaixado. O Fantasma lutou, tentando desesperadamente escapar, mas o Empalador apertou com precisão letal, cortando o fluxo de ar e sangue para o cérebro de seu oponente. O corpo do inimigo estremeceu e então ficou mole, a vida se esvaindo enquanto o Anbu mantinha a pressão até estar certo de que o traidor não respirava mais. Soltou o corpo inerte, que caiu no chão com um som surdo e respirou fundo, permitindo-se um momento antes de se mover novamente.

O tumulto do confronto não tardou a chamar a atenção dos guardas remanescentes. As luzes vermelhas começaram a pulsar com uma fúria incessante, tingindo os corredores de pedra com um brilho carmesim ameaçador. O som estridente de um alarme rasgou o silêncio do reduto subterrâneo, reverberando por cada parede e advertindo todos os presentes sobre o intruso. Maeda, percebendo a iminência do perigo, tomou um momento para avaliar rapidamente sua situação. Os olhos ágeis e experientes varreram o ambiente, buscando a rota de fuga mais próxima. Um corredor à sua esquerda, iluminado apenas pela intermitente luz de emergência, parecia ser a melhor opção para uma retirada rápida e silenciosa. Movendo-se com destreza, avançou pelo corredor sinuoso. Seus passos eram quase inaudíveis sobre o chão de pedra, mas ao virar uma esquina, deparou-se com dois guardas que corriam em direção ao alarme. A visão inesperada fez com que eles parassem abruptamente, olhos arregalados em surpresa.

O primeiro guarda, um homem de constituição robusta e músculos definidos, avançou com um grito de guerra, brandindo uma espada curta e ameaçadora. O Senju, com a agilidade de um dançarino – 22 m/s, esquivou-se do golpe, girando para o lado e desferindo um chute devastador no joelho do adversário – Força 3. O som seco do impacto — crack — reverberou pelo corredor, seguido pelo grito de dor do guarda que colapsou ao chão. A segunda guarda, uma mulher de porte atlético e reflexos rápidos, reagiu imediatamente, tentando desferir um golpe com sua lâmina. No entanto, o Anbu já estava sobre ela. Com um movimento fluido e letal, agarrou seu braço e o torceu para trás, imobilizando-a. Aplicou um golpe preciso na base do crânio dela, e o corpo da mulher desabou, desacordada, ao chão.

Com os obstáculos neutralizados, prosseguiu com sua fuga. O alarme continuava a soar, mas ele se movia com uma rapidez e precisão sobrenaturais, cada passo meticulosamente calculado para evitar qualquer ruído desnecessário. Seguiu pelo corredor estreito, subindo uma escada sinuosa que levava a uma saída secundária. Ao emergir na superfície, a brisa noturna envolveu seu rosto pelo buraco dos olhos da máscara, trazendo o aroma familiar da noite. Não perdeu tempo, deslizando pelas sombras em direção à sua residência. A missão fora concluída com sucesso, e ele sabia que, em operações dessa natureza, não havia urgência em reportar imediatamente. Sua prioridade era desaparecer sem deixar vestígios.