突き刺す者

A lua minguante derramava sua luz etérea e difusa sobre o campo de treinamento da Anbu da Areia. O vento sussurrava suavemente, carregando consigo o aroma árido do deserto e o murmúrio distante das dunas, como se a própria vastidão do deserto estivesse a observar o progresso do Senju. Vestido com os austeros trajes do esquadrão, ele movia-se entre as sombras, suas pegadas dissolvendo-se no solo arenoso, quase invisíveis até mesmo para os olhos mais astutos. Sentado sobre uma rocha sob um arco de pedras naturais, ele revisava mentalmente as técnicas meticulosamente praticadas. Já havia dominado a arte de silenciar seus passos, mas sua ambição o impulsionava a transcender, a refinar-se até o ponto em que nem as mais sensíveis armadilhas auditivas poderiam percebê-lo. Seu propósito era singular e inabalável: tornar-se um verdadeiro espectro, indetectável não apenas pelos ouvidos, mas por todos os sentidos imagináveis.

Erguendo-se lentamente, ele caminhou até uma série de espelhos estrategicamente dispostos ao redor do campo, destinados a refletir qualquer movimento abrupto. Ele analisava os ângulos com precisão, observando como a luz da lua se fragmentava e dançava sobre as superfícies polidas. O segredo estava em usar as sombras naturais, em mover-se não apenas silenciosamente, mas de maneira que seus passos seguissem a cadência das sombras oscilantes. A vegetação escassa e os afloramentos rochosos do campo de treinamento compunham um cenário ideal para essa prática meticulosa. Ele compreendia que tanto as plantas quanto as pedras poderiam ser utilizadas a seu favor. Ajustaria seus movimentos para se harmonizar com o ambiente, evitando áreas onde o solo fosse mais propenso a produzir qualquer som. O objetivo não era apenas evitar a detecção visual, mas também qualquer ruído que pudesse trair sua presença.

Enquanto se movia, seus olhos atentos notaram um lagarto deslocando-se sobre as rochas, sua pele mimetizando-se perfeitamente com a paisagem circundante. Aquela criatura era um mestre do encobrimento, sua existência mesma uma lição sobre como desaparecer à vista de todos. Inspirado pelo lagarto, Maeda começou a adaptar seus movimentos, fluindo entre as sombras como uma extensão da própria natureza. Cada passo era meticulosamente calculado, a pressão de seus pés ajustada para evitar o som da areia deslocada. Ele empregava técnicas avançadas de respiração para minimizar o ruído de sua própria presença, controlando até mesmo os batimentos cardíacos para reduzir qualquer vibração que pudesse ser detectada por sensores mais sofisticados. Sua concentração era absoluta, sentindo cada fibra de seu ser se alinhar perfeitamente com o ambiente ao redor.

A noite adentrava seu manto negro, e a escuridão tornava-se ainda mais profunda. O silêncio vasto do deserto era interrompido apenas pelo ocasional sussurro do vento serpenteando entre as rochas. Maeda decidiu testar suas habilidades contra os sofisticados sensores instalados pelo comando da Anbu. Esses dispositivos estavam dispersos pelo campo, projetados para detectar até as mais sutis perturbações. Movendo-se com a precisão meticulosa, avançava pelo terreno. Conhecia a localização exata de cada sensor e compreendia perfeitamente seu funcionamento. Utilizava a cobertura natural oferecida pelas rochas e pela vegetação esparsa, empregando-as para obstruir as linhas de visão e dispersar qualquer som.

Alcançou um ponto crítico, um estreito corredor natural entre duas imponentes formações rochosas, onde a concentração de sensores era mais intensa. Ele fechou os olhos por um breve instante, visualizando mentalmente o percurso ideal. Ao reabri-los, seu olhar estava impregnado de uma frieza calculada e resoluta. Com um movimento fluido, avançou, deslizando pelos sensores sem ativá-los. Seus passos eram leves e precisos, sua percepção sintonizada para detectar qualquer sinal de alarme iminente. Ao alcançar o término do corredor, foi tomado por uma onda de satisfação silenciosa. Virou-se para contemplar o caminho percorrido, nenhum sensor ativado, nenhum som traiçoeiro. Seu treinamento estava completo, pelo menos por ora.