Protesto em Konoha - 1

aquele dia Inazuma estava chegando em casa próximo das 19 horas. Assim que abriu a porta viu seus pais sentados no sofá, com a televisão ligada em algum canal que não prestou atenção, mas logo apareceu o homem que se proclamava Hokage. Saori chamou seu filho para se sentar e assistir, pois aquele era um momento importante para a vila. A pessoa em questão era Nathaniel Grey sendo oficializado no cargo de Hokage definitivamente. O recado dele foi claro, foi direto e aparentemente em prol da população. Seus pais começaram a debater sobre a questão, pareciam entender bem da política da vila, mas Inazuma não ouviu nada do que eles disseram, após o término da transmissão o jovem subiu para seu quarto eficou sentado na janela, com os pés no telhado. Retirou da bolsa um chiclete e começou a mascar de boca aberta. O jovem ficou ali por muito tempo até que um falcão veio até ele, entregando um pedaço de pergaminho que continha uma convocação emergencial para uma situação ainda sem informações.

“O que será que aconteceu agora? Para me convocar uma hora dessa sem dúvidas é algo de extrema urgência, mas não vejo nada chegando para minha mãe. Devo ir imediatamente.”

Inazuma jamais se recusaria ou ao menos se atrasaria para uma missão, quanto mais para algo importante. Deixou o papel em seu quarto caso seus pais o procurassem, levantou-se e começou a se mover por entre os telhados de maneira sutil e lenta, já que não era tão hábil em acrobacias, mas felizmente aquela movimentação era simples. Ainda assim chegou bem mais rápido do que seria se estivesse andando ou correndo. Quando se aproximou do quartel general avisou uma construção com uma escada lateral, indo do telhado até o chão, então Inazuma se aproximou e desceu pela escada, caminhando rapidamente até a entrada e avistando possivelmente a pessoa que o convocou, e Inoue.

O jovem se aproximaria das duas pessoas e se apresentaria para a convocação, ainda sem saber o que estava acontecendo.

- Boa noite, sou Inazuma, respondendo a convocação.

nazuma ouviu atentamente as instruções do Chunnin, percebendo o quanto a situação poderia vir a ser preocupante, as pessoas quando são tomadas pelas emoções simplesmente deixam a razão de lado e podem fazer besteiras.

“Mas isso é confuso, eu vi o pronunciamento do Hokage, ele não me pareceu falar nada que desagradaria a população da vila. Eu deveria ter ficado mais um pouco e ouvido a conversa dos meus pais, eles pareciam saber o que estavam falando. Droga, ainda tenho muito o que aprender.” – Pensava o jovem, tentando entender sozinho o motivo de fazerem aquilo, mas em vão.

- Nenhuma dúvida, senhor. – Disse o jovem em um tom firme, gravou em sua mente aquelas orientações, pois é isto que dita como uma missão deve prosseguir.

Aguardaria seus companheiros, rostos já conhecidos, para saber se eles teriam alguma dúvida, caso contrário iria para a área externa do gabinete, onde ocorria a manifestação. A primeira impressão que Inazuma teria era de que a maioria das pessoas ali eram trabalhadores e, possivelmente, sentiam um medo real pelo motivo que estavam protestando. Inazuma se colocaria na formação que os demais shinobis já formavam, ficando mais para o centro, assim se alguém precisasse de cuidados médicos ele poderia se mover rapidamente para ajudar. Iria ler os cartazes, até ouvir a voz de um homem falando sobre Konoha tomar casas e comércios e, se nenhum dos ninjas que já estavam lá quando eles chegaram falar algo, Inazuma diria em voz alta, quase gritando, tentando tranquilizá-los.

- E nós não temos nenhuma intenção de retirá-los daqui, senhor! Você está no seu direito como cidadão de Konoha em protestar pelo que acredita estar errado, eu respeito isso, e admiro pessoas que lutam pelo que desejam! Mas por favor, me diga, de onde tiraram essa história de tomar suas casas e comércios? O que eu ouvi o Hokage dizer, em seu pronunciamento, foi justamente o contrário. Ele afirmou que vai melhorar as coisas para nós, trabalhadores, e também os comerciantes, e sim nós também somos trabalhadores. Ele até disse que vai montar um orfanato, isso parece coisa de alguém que faria essa maldade contra nós? Não faz sentido isso de tomar casas e comércios.

Inazuma tentava acalmar e ao mesmo tempo entender a situação, se colocando junto com eles em suas palavras, como também trabalhador e cidadão de Konoha, imaginando que ao se colocar como seu semelhante eles entenderiam a verdade em suas palavras, e não as de alguém que estava ali para impedí-los.

as o quê? - Essa foi a única expressão que o surpreso Inazuma conseguiu proferir antes do homem sumir entre a multidão, mas não estava impactado pelo Hokage ser um elfo das trevas e sim pelo fato das pessoas simplesmente aceitarem isso. Por um momento o jovem se sentiu no meio de um dos livros de ficção que lia há muito tempo. A questão de controlar as mídias era algo mais fácil de se acreditar, mas não fez o menor sentido, manipular a mídia para fazer um pronunciamento? Quanto mais tentava entender, mais idiota parecia.

“Manipulação através do medo? Usando fatos sensacionais ou religiosos, como criaturas das trevas, para colocar os mais ignorantes contra uma figura sombria, que seria o Hokage. E qual será o próximo passo? Enviar um salvador para libertar o povo de Konoha?” – Pensaria o jovem, tentando entender o que estava acontecendo, mesmo sem ter a certeza de que seu pensamento estava correto ou se tinha inteligência o suficiente para entender a complexidade da situação, ou deveria dizer da enganação do outro lado?

O jovem buscava entender, se sua capacidade de raciocínio lhe permitisse, quem estava por trás da situação, buscando um ponto de partida e tentando relacionar a situação com o pronunciamento do Hokage, para mentalizar quem seriam os “inimigos”. Normalmente Inazuma não costumava fazer isso, mas nunca esteve em uma situação dessa e essa experiência parecia estar o tornando mais pensativo, reflexivo. Seu raciocínio foi interrompido por uma orientação de descanso, e notou que os manifestantes se preparavam para fazer o mesmo, até então tudo em paz, desembrulhou um chiclete e ficou mascando de boca aberta até pegar no sono, com a goma na boca. Descansou por algumas poucas horas e logo foi chamado por uma mulher alta de longos cabelos loiros, esta lhes passou instruções claras e Inazuma também notou que os envolvidos eram os seus conhecidos Genins. Notaria a reação do Aoba e chegaria a uma decisão.

“Nós nunca vamos ser um grupo mesmo.”

A personalidade dos três era totalmente oposta e aparentemente conflitante, nenhum deles parecia estar interessado no que o outro tinha a dizer.

- Irei para o Leste.

Decidiu o jovem, já se movendo na direção anunciada e cuspindo o chiclete numa lixeira próxima, não seria o momento de perder tempo. Iria andando e observando as pessoas ao redor, naquele horário da madrugada a maioria possivelmente estaria dormindo. Notaria então alguns homens conversando atrás de uma árvore, as três da manhã, provavelmente acreditando que não haveria nada de suspeito naquela informação. Inazuma observaria o local em que eles estavam e também o seu redor, como estavam possivelmente a uma distância mediana da manifestação então ainda estavam em uma parte movimentada da vila. O jovem procurava pelas construções ao redor daqueles homens ou da árvore na qual eles estavam escondidos, pensaria em uma forma de chegar perto deles, apesar de já ter uma boa ideia.

“Está de noite, essa hora não tem pássaros voando por aí, seria burrice me aproximar assim. A noite é dos predadores, mas que tipo de animal seria sorrateiro o suficiente para andar por aí de noite sem ser visto?”

Teria a resposta quase de imediato, afinal era um dos animais do qual ele gostava. Subiria em um telhado próximo de onde o jovem estava naquele momento, de preferência o mais baixo, e logo em seguida usaria o Henge no Jutsu realizando os selos do cão, javali e bode. Inazuma buscava se transformar em um gato, com pelos e olhos negros e de aproximadamente 1,44 metros de comprimento, o que significava que se ele ficasse em pé sob as patas traseiras ele seria uma criatura de 1,44 metros, um gato muito maior que o normal, mas possivelmente não tão estranho para uma vila com tantas criaturas fora do comum. 

Se moveria então pelos telhados, aproveitando-se da madrugada escura e da cor negra da sua pelagem, para se aproximar daqueles homens e ouvir do que eles falavam, sempre pelos telhados e buscando um ocultamento nos lugares em que estivesse escuro ou com sombras, fazendo o possível para não ser visto, apesar de ser apenas um gato em aparência. Se conseguisse, também notaria o pergaminho, e tentaria olhar para este e entender o que aqueles homens planejavam, do que se tratava o pergaminho e, se tivesse inteligência e memória para isso, tentar gravar em sua mente todas as informações daquele pergaminho, relacionando-os à conversa dos homens, caso conseguisse ouvir. 

Se obtivesse sucesso em todos os aspectos, tanto em obter informação como em não ser descoberto, tentaria sair dali da mesma forma que surgiu, se afastando pelos telhados sorrateiramente, pelas sombras, até conseguir se afastar o suficiente daqueles homens e de qualquer outro manifestante, e desfaria sua transformação ainda em cima de algum telhado próximo ao gabinete do hokage, onde os ninjas faziam a proteção.

a percepção de Inazuma, sua ideia havia tido êxito, descobriu informações relevantes sobre aquele protesto ao espionar aqueles homens estranhos. O objetivo deles era entrar no gabinete do Hokage a qualquer custo, mas qual o motivo? O jovem Hoki se perguntava pra que aqueles homens queriam entrar no gabinete, o que representaria exatamente? Querem tentar matar alguém poderoso como o Kage de uma vila? Querem roubar os segredos que pode haver lá? Muitas perguntas, muitas possíveis respostas, e sob essa confusão mental o jovem foi dispensado para descansar. Passaria por seus dois companheiros de missão, e direção a casa.

- Boa noite para vocês

Retornaria as 13 horas, conforme lhe foi indicado. Em casa, quando chegou, seus pais estavam dormindo e, quando acordou, eles já haviam saído. O cenário no protesto havia mudado radicalmente, pareciam mais agressivos e mais dispostos a cometerem um erro.

“Devem ter sido aqueles idiotas da noite passada. Eles podem ter influenciado mais ainda essas pessoas para que eles consigam entrar no gabinete do Hokage. Apesar de todo alvoroço, são apenas pessoas ignorantes sendo manipuladas. “

E então a situação desandou. Inazuma tentou ver quem soltou a frase que serviu como estopim, dizendo que o gabinete pertence ao povo. A população forçava a entrada, bombas de fumaça eram jogadas no ar pelos shinobis, e em meio ao caos o jovem Hoki acabou recebendo um empurrão e caindo no chão, e quando começava a se levantar viu uma jovem caída no meio da confusão, podendo ser pisoteada por toda aquela gente a qualquer momento, obrigando o jovem a pensar rápido.

“Se eu usar ninjutsu para atacar alguém a situação desanda, se criar qualquer defesa com terra alguém pode se machucar, estão todos aglomerados. Chidokaku vai deixá-los mais em pânico e vão pisotear ela. Ah, que seja.”

Agindo mais por instinto do que raciocínio, Inazuma tentaria se levantar e correr até a jovem. Juntando as mãos, realizaria um selo de mão para realizar o jutsu Iwa Bunshin no Jutsu, criando sete clones. Estes clones criariam o próprio cordão de defesa do jovem, circulando seu corpo e abrindo caminho para o original, todos se movendo na velocidade máxima (2m/s). Se conseguisse chegar até a garota, Inazuma analisaria primeiro se ela não aparentava ser uma ameaça, como uma armadilha para atraisr os ninjas para fora. Caso a ameaça não se concretizasse, ele abaixaria para tentar acalmá-la, abaixando a máscara que cobre seu rosto se necessário.

- Está tudo bem, veja, não temos tanta idade de diferença, eu só quero te ajudar. Você está machucada?

Subiria a máscara logo em seguida. Inazuma analisaria o corpo da jovem em busca de possíveis ferimentos, curando-os se necessário. Os clones ficariam ao redor dos dois tentando protegê-los, não deixando com que as pessoas se aproximassem e pisassem na garota, e se tentassem destruir esses clones eles na verdade se duplicariam, e se insistissem logo haveria mais Inazumas do que manifestantes. Se tudo corresse como esperado, o jovem acompanharia a garota para fora daquela confusão, seguindo pelas laterais da vila, longe do gabinete do Hokage e toda aquela confusão.

- O que diabos você estava fazendo lá afinal? É perigoso, as pessoas estão descontroladas e você poderia ter morrido pisoteada!

Se por algum motivo nada disso desse certo e os clones fossem dissipados, ou afastados já que eles não têm muita força, e o jovem não conseguisse sair dali com a adolescente, Inazuma protegeria a jovem usando seu próprio corpo, fazendo uma barreira por cima dela e recebendo qualquer consequência, ou ferimento, pelo seu ato. O principal dever de um ninja médico é salvar as pessoas e, também sendo um Shinobi, proteger os inocentes.

a hora da verdadeira confusão, as pessoas supostamente de bem pareciam se afastar da aglomeração, e o trabalho de Inazuma acabou se tornando mais fácil, ajudando a garota a se levantar e sair dali. Nesse momento foi possível perceber que a maioria dos envolvidos eram apenas pessoas inocentes que se deixaram levar pelas palavras, ainda não se sabe de quem. Com os planos descobertos por Inazuma, ficou clara a intenção deste grupo de invadir o gabinete e encontrar o Hokage, pareciam bem-dispostos a tirá-lo do cargo.  Inazuma foi então dispensado da missão, os manifestantes haviam se dispersado e alguns poucos bagunceiros presos. Ouviu o que Inoue falava pra si mesma, para a outra cabeça, e o semblante de dúvida demonstrava certo interesse.

- Pelo que entendi, isso era tudo uma distração para invadirem o gabinete do Hokage, tinham até um mapa. O que fariam se encontrassem o Hokage? Heh, provavelmente tomariam uma surra.

Achou que as coisas com os manifestantes pudessem piorar, mas no fim eram um bando de pessoas comuns contra ninjas treinados e muitos bem graduados. Iniciou então o trajeto para casa, coincidentemente na mesma direção que Inoue, mas ela era mais rápida e não desajeitava igual Inazuma, na verdade o garoto nem mesmo sabia se ela percebeu ele. Parou ao lado dela, achando que havia acontecido algo, e ouviu ela conversando com a outra cabeça, que nem parecia estar acordada. Inazuma parou ao lado dela, apreciou uma visão privilegiada da vila, enfiou o dedo na orelha da segunda cabeça que, poderia ou não estar dormindo, ele nunca sabia.

- Mas é claro que você chegará ao topo, é só continuar dedicada desse jeito. Eu acredito em você.

- Adeus, demônio ou, seja lá qual for seu nome... – Disse o jovem, já se movendo para o lado direito, em direção a sua residência e sem dar a chance de a garota responder, afinal já havia dito até demais para alguém que não se preocupava em fazer muitos amigos, mas acreditar no sonho dos outros foi algo que ele aprendeu.