Três anos haviam transcorridos, o mundo não havia se alterado em demasia. Kuroro havia amadurecido como pessoa, seja pelas diversidades que encontrou diante das incumbências do mundo shinobi, ou simplesmente pelo seu envelhecimento acumulado na experiência natural da vida. Faltava pouco para sua maioridade, dois anos são o que o separava. Ainda assim, o jovem não se via ansioso pelos números, suas responsabilidades, desde cedo já eram equivalentes com uma regra moral adulta. De qualquer jeito, tanto como ninja, como pessoa havia evoluído. O que tornava uma sensação ainda mais incomoda: Sua relação com seu pai, em todos esses anos permanecia a mesma, assim como sua patente na hierarquia do mundo ninja. Entendia que por um lado, quando jovem, havia subido degraus rapidamente para o seu posto atual. Portanto, mesmo que estivesse se sentindo preso a seu rank, não deveria ser algo para se torturar, simplesmente era um processo natural. Poderia já possuir os requisitos necessários, contudo, há também burocracia envolvida, era necessário aceitar a situação e se provar constantemente para ter seu mérito posto. Esse lado da sua vida existe um caminho a seguir, Kuroro sabe disso, o problema se dá pelo pessoal. Por um momento, quando esteve mal e foi socorrido pelo seu velho, pensou que as coisas iriam mudar e era questão de tempo, só que essa falsa esperança foi um machucado tão profundo, que preferia não ter tido mais nenhum envolvimento com aquele homem. A causalidade desse acontecimento, o fez passar esses três anos cogitando o reatar desse seu relacionamento, o problema é que ele não sabia o que fazer, como agir, que iniciativa ter. Não possuía falhas incorrigíveis no seu tratamento de relacionamentos, mas essa situação o colocava contra a parede e sem alternativas.

"Voce está muito pensativo hoje, Kuro-chan", Hanzo apontava de forma meiga, tentando tirar o seu amigo de dentro do seu próprio mundo. "Um pouco... Desculpa", respondia o Hyuuga. Apesar das duas situações citadas anteriormente, nesses três anos, pelo menos havia uma coisa boa que Kuroro poderia dizer que vivenciou, sua amizade com Hanzo. Desde o inicio, sempre houve um laço único entre os dois. O tempo só serviu para fortalecer e permitir que a intimidade se aflorasse de maneira mais profunda.

Os dois garotos estavam aproveitando o tempo juntos, caminhando por dentro da vila. O albino contava uma história engraçada que aconteceu recentemente em seu trabalho, Kuroro ria, apreciando a narrativa.

"Normalmente agora você diria algo completamente fora da realidade, está bem mesmo, Kuro¿", o questionamento do Hanzo, dava-se pela falta de ironia do Hyuuga, mas essa ausência não se tratava por conta dos seus pensamentos profundos, apenas deixou de utilizar essa arma para se defender, principalmente por estar mais acostumado com um relacionamento por conta do seu grande amigo. "Não se preocupe, é sério, estou bem. Pelo menos, agora eu estou".

Em uma troca de olhares mutua, confirmavam o bem-estar do outro. As palavras de Kuroro eram sinceras, o albino percebia e entendia isso. Contudo, sabia o que faria agora talvez incomodasse seu companheiro, queria tentar: "Ei, você deveria falar com seu pai", a expressão de Hanzo que normalmente era tão extrovertida, se tornou séria. Ele continuou a falar: "Não estou desmerecendo seus sentimentos, suas vivencias, mas não quero que você se arrependa. Sabe, eu nunca tive ninguém, seja familiar, amigo, realmente ninguém. Você é meu primeiro amigo de verdade", ambos coram um pouco por conta da conversa. "Sei que também sente o mesmo comigo, mas antes disso, você tinha uma família. Seu pai sofreu como você, ele só não conseguiu ser forte igual. Então... ", respirava fundo, buscando palavras. "Passou tanto tempo, tente dar uma chance", Hanzo encerrava sem saber se foi seu melhor discurso, se tinha dito as palavras certas, se tinha alcançado o alcançado de alguma forma. Mesmo assim, sentiu como se tivesse tirado um peso do peito.

Kuroro escutou as palavras em silencio, um nó na garganta o tomou por inteiro. Seu coração acelerou, suou frio, pensamentos borbulhavam dentro dos seus neurônios. Não esperava ouvir essas palavras, não agora e nem nunca. E mesmo querendo acreditar o contrário, sabia que Hanzo estava certo. Então, em um som quase inaudível, quase como se escapasse sem querer de sua boca, ele concordava: "Está bem".

Considerações:

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Equipamentos:

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Cálculos: