Nas ruas serenas de Konoha, em meio aos perfumes de flores de cerejeira e o zumbido constante da vida ninja, uma pequena loja de armas se erguia modestamente. Ali, Kuroro Hyuuga passava seus dias de infância rodeado pela ternura de seus pais, Nobunaga e Megumi Hyuuga. O pai, um homem habilidoso e talentoso, encontrou sua paixão na forja de armas. Ele abandonou as trilhas ninja, optando por moldar metal em vez de destinos. Sua habilidade era tão refinada quanto sua devoção à família. A mãe, por sua vez, uma ninja talentosa em sua própria direita, escolheu abraçar a vida doméstica para estar ao lado de seus entes queridos. A loja da família Hyuuga não era apenas um local de comércio, mas um refúgio de calor humano e amor incondicional. Não apenas isso, acabavam por fugir levemente dos costumes tradicionais do clã, já que apesar da nobreza, optaram por viver em uma área comum da vila da folha.

Kuroro cresceu envolto pelos ensinamentos de seus pais, absorvendo as tradições de seu clã e os valores de trabalho árduo e dedicação. No entanto, a paz dessa existência serena foi rompida quando a enfermidade lançou sua sombra sobre a família. Megumi adoeceu, e apesar de todos os esforços e orações, a cruel mão do destino a levou embora, deixando para trás apenas memórias e lições preciosas para seu jovem filho. O garoto, agora órfão de mãe, viu-se diante de um dilema. Enquanto o luto ameaçava sufocá-lo, as palavras de sua progenitora ecoavam em sua mente, instilando-lhe a chama da determinação. Ela o incentivou a seguir o caminho ninja, a abraçar seu destino com coragem e honra. Enquanto o pequeno Hyuuga lutava para encontrar sua própria força para superar a dor, seu pai Nobunaga sucumbiu à escuridão que a perda trouxe consigo. Consumido pela dor e pela solidão, ele se refugiou em garrafas de álcool, deixando a loja e seus deveres caírem em desordem.

Assim, Kuroro encontrou-se enfrentando não apenas a perda de sua mãe, mas também a desintegração de sua família e do único lar que conhecia. Em meio à turbulência emocional e ao caos que envolvia sua vida, ele buscava desesperadamente uma luz no fim do túnel, uma esperança para restaurar o que fora perdido e reconstruir o que fora destruído.

O jovem seguiu em frente. Com o tempo despertou sua habilidade visual, graduou-se como um ninja. Essas conquistas foram comemoradas sozinhas. Não poderia ser considerado um prodígio, mas era esforçado. Todas suas habilidades foram aprendidas com muito estudo e por pergaminhos antigos herdados de sua falecida mãe. A falta de um tutor, obviamente criava uma lacuna da lapidação de suas habilidades, mas compensava com consistência e perseverança. Enquanto isso, a relação do seu pai permanecia a mesma, algo distante e sem toque. A única coisa que se alterou por parte de Nobunaga, é que pareceu voltar a se esforçar a forjar armas. Quando não estava ingerindo álcool, estava em sua forja, onde o barulho do martelo era mais alto que os seus pensamentos. Kuroro acreditava que seu progenitor retornara para sua fornalha, exclusivamente para ter mais dinheiro para usufruir das suas bebidas. Possivelmente estava sendo injusto com esse pensamento, mas era o que adentrava em sua mente nesse momento de desolação de praticamente não ter mais um pai.

Saber que seu pai estava mais focado em suas armas em que seu próprio filho, o garoto acabou por criar uma aversão a armas, onde um gatilho o impedia de manuseá-las com perfeição. Essa sua inabilidade armamentista poderia acabar sendo um empecilho para sua vida shinobi, mas conseguiu compensar com suas outras características, principalmente com um dote para o ninjutsu. Como todo recém-formado, seguiu por uma grande caminhada, cumprindo missão atrás de missão, mesmo parecendo tarefas simples e corriqueiras. Por ser jovem, o que normalmente aconteceria era querer pular rapidamente para o campo de batalha, mas por estar calejado e amadurecido ligeiramente mais cedo, dado aos acontecimentos de sua vida, entendeu suas obrigações como novato.
De maneira até que rápida, ao constantemente cumprir missões, acabou enfrentando tarefas mais complicadas que o normal, e em um piscar de olhos tinha ascendido à graduação de Chunnin. Estava orgulhoso de si e esperava que sua mãe, onde quer que esteja, também pudesse sentir. Mas como dito anteriormente, as coisas aconteceram de maneira rápida e natural, não o permitindo sentir o peso da sua conquista, além de uma felicidade comum. Por não querer estar em casa, apenas seguia cumprindo missões constantemente, assim como seu pai forjava armas, em uma tentativa cansativa de evitar que seus problemas consumissem sua mente já afetada.

O cansaço o afetou, acordou um dia com uma dor excruciante em seus olhos albinos. Sua visão turva o afetava, sua pressão baixava, não conseguia se manter em pé. Sentia que iria morrer, não entendia como seu corpo tinha chegado a esse ponto. Enquanto tentava desesperadamente sair de casa, para buscar o mínimo ar, já que até sua respiração parecia o maltratar constantemente dentro daquele quarto abafado, o impensável aconteceu. Ao quase cair de cara no chão no corredor de sua casa, seu pai apareceu para socorrê-lo. Nobugana agiu como um pai em definitivo procurou um médico, não saiu do lado do seu filho, deu-lhe apoio, palavras de conforto e até trocou suas toalhas molhadas. Nesse momento uma chama que antes estava completamente apagada, voltou a ascender. Uma conversa simples, de pai e filho, foi o suficiente para plantar uma semente no coração de ambos. Essa semente que poderia significar várias coisas: Esperança, dúvida, insegurança. Independente do que seja, era claro que era impossível ignorar.

O jovem Hyuuga então buscou diminuir seu ritmo, buscou entrar em missões com mais cautela, cuidado, respeitava seu corpo e suas limitações. Só que as seguiu concluindo, não com total perfeição, mas o suficiente para ter êxito em todas. Tanto pai, como filho, ainda estavam cada um em seu lado, mas a casa não parecia mais um calabouço, ainda faltava harmonia e só o tempo seria capaz de trazê-la de volta.

Os afazeres de um shinobi prosseguiam na vida de Kuroro. Suas missões que um dia foram cotidianas, tornaram-se perigosas. Não o suficiente para afeta-lo, querendo ou não, mesmo com paciência, era isso que sempre almejou. Queria se tornar um ninja renomado, viver grandes combates e experiências. E acima de tudo, queria ser capaz de orgulhar seu sobrenome e sua linhagem sanguínea. Nesse amontoado de incumbências de cumpria, uma missão de Rank B tinha se sobressaído do comum. A partir desses ponto suas tarefas eram únicas, cada atividade se diferenciava do seu jeito, mas esse em especial acabou se sobressaindo por conta da sua dificuldade, não de quando estava no pergaminho, mas que se tornou pelo que o jovem Hyuuga teve que enfrentar. Seu objetivo era salvar ninjas raptados de um vilarejo perto de Konoha, mas ao encontrar o esconderijo inimigo, a quantidade de adversários acabou causando problemas para ele. No final do dia, conseguiu se sobressair, superando os obstáculos impostos, desde uma barreira gigante de fogo, como uma formação inimiga quase perfeita. Salvou os ninjas machucados e voltando ao Quartel General, acabou recebendo uma indicação para outra subida na hierarquia, graças a seu desempenho em sua última incumbência.  

Agora um tokubetsu jounin respeitado, se aproximava da modesta loja que ainda chamava de lar. Seu coração pulsava com uma mistura de ansiedade e esperança, ansioso para compartilhar suas conquistas com o único membro de sua família. Ao empurrar a porta da loja, porém, ele foi recebido pelo silêncio opressivo e vazio. O cheiro de álcool impregnava o ar, uma triste lembrança do vício que tinha assombrado seu pai por tanto tempo. Nobunaga estava ausente, perdido em seu próprio mundo de sombras e escuridão. Um suspiro pesado escapou dos lábios de Kuroro enquanto ele enfrentava a dolorosa realidade mais uma vez. Ele tinha esperado, talvez ingenuamente, que seu pai estivesse lá para compartilhar seu orgulho e alegria. Mas a decepção era um fardo que ele já conhecia bem demais. Com um nó de tristeza apertando sua garganta, o garoto recuou da loja, desiludido e desapontado. Ele sabia que não deveria ter criado expectativas, mas uma parte dele ainda ansiava por reconexão, por um momento de união familiar que parecia sempre escapar de seu alcance. Sem mais nada a fazer naquele momento, recuou para sua rotina familiar - cumprir missões, uma após a outra, mergulhando na fadiga e na exaustão para escapar da dor e da solidão que o consumiam. Ele sacrificava seu próprio bem-estar em nome do dever, encontrando refúgio na familiaridade das batalhas e na camaradagem de seus companheiros ninjas.

Seu corpo, novamente cedia ao cansaço. Enquanto retornava de mais uma missão, sua visão voltava a ficar turva, seu corpo não se aguentava de pé. Estava ao ponto do colapso. Quando ia de encontro ao solo uma figura, mais albina que seus próprios olhos, surgia do nada e o segurava, impedindo seu impacto. Kuroro estava assustado, não apenas por ter sido salvo, mas por que o homem também possuía um chifre em sua testa. O ato de gentileza acabou criando uma relação entre ambos, que ainda iria se desenrolar.

Considerações:

Equipamentos:

Databook:

Jutsus utilizados:

Cálculos: