Parecia só mais um dia ruim dentro dos muros de Konohagakure. Estava imerso em pensamentos, relembrando todo o sofrimento diante o treinamento que Ryu impôs que eu fizesse ainda quando criança. O clima antes ameno, tornava-se caloroso com o passar das horas. O silêncio quebrou-se na medida em que duas batidas ocas puderam ser escutadas vindas da porta principal do pequeno apartamento. Direcionei-me até a porta, imaginando que seria minha mãe, em mais um dia em que ela tivesse esquecido a chave ou o bento. Quando girei a gélida maçaneta metálica, percebi a presença de um outro ninja trajando as cores e o símbolo do vilarejo estampado sobre a testa. Antes que pudesse indagá-lo sobre estar ali, ele se pronunciou. — Broly, certo? O responsável pelas missões de baixa patente está lhe convocando. Ele quer que seja rápido, existem algumas missões para serem realizadas e você foi escalado. — antes que pudesse contestar algo, ele sumiu, como em um passe de mágicas, realizando um simples selo de mãos. Suspirei firme, dando de ombros. Minha vontade era não realizar missão alguma, entretanto, por ser ordem de um superior, não havia outra opção.

De frente ao grandioso prédio, sem cerimônias, adentrei a instalação, observando um senhor por detrás de um longo balcão, repleto de papéis empilhados. Ele me recebeu com um sorriso e obteve, em resposta, o mesmo desdém característico de minha personalidade. — Bom… já haviam me avisado sobre sua personalidade. Pois bem, Broly, pegue esses cinco pergaminhos e complete cada missão descrita em cada um deles, sem exceção. Espero que todas as missões estejam feitas ao final do dia. — as ordens do velho, demonstrando o ar de superioridade, fizeram com que meu semblante mudasse completamente. O desdém deu lugar ao ódio, representado ao arquear a sobrancelha. Um único suspiro que se sucedeu, fez com que o ódio se esvaísse de meu corpo, enquanto me direcionei ao balcão, recolhendo os cinco pergaminhos apontados pelo velho representante.



‘’Entregas’’, repeti mentalmente ao ler o conteúdo do primeiro pergaminho. A missão rank D não parecia ser difícil, principalmente ao julgar meu físico. Utilizar a velocidade para percorrer Konohagakure inteira, entregando encomendas importantes no menor tempo possível seria mais fácil do que lutar contra um lobo selvagem.

Para começar, entretanto, precisei me direcionar até o centro de carteiros do vilarejo, onde um dos responsáveis apontou quais encomendas deveriam ser entregues, avisando, também, que cada uma continha o endereço do local que deveriam ser entregues. Sendo assim, comecei, correndo de um lado para outro dentro do vilarejo, desde o subúrbio, onde conheço como a palma da minha própria mão por morar por lá, até a parte rica, onde diversas casas de três andares e mansões ficam.

Algumas entregas demoravam mais do que outras, principalmente quando não tinha ninguém para receber a encomenda. Perdi cerca de meia hora ou um pouco mais para realizar nove das dez entregas, faltando, então, a última; uma caixa quase que do meu tamanho, tão pesada quanto qualquer urso selvagem. Carregá-la foi um trabalho árduo, inclusive, para alguém que não possui meu físico, seria impossível. Ainda assim, consegui e, portanto, com um sorriso sobre o rosto, sabendo que a primeira missão havia sido concluída com perfeição, direcionei-me até o centro dos carteiros, mostrando que havia entregado tudo, recebendo palavras de obrigado, concluindo a primeira, das cinco missões.


Dirigi-me ao local destinado ao treinamento das habilidades fundamentais, um espaço que conhecia como extensão do meu ser. A jornada do aprendizado ninja moldou minha essência, e aquele local era o palco onde as páginas da minha evolução se desenrolavam.

Ao chegar, deparei-me com a atmosfera familiar de um campo de treinamento, onde a prática de golpes físicos tornava-se uma expressão do meu aprimoramento constante. Entre os pesos, cordas e obstáculos dispostos, revivi momentos em que cada soco, chute e bloqueio eram a ponte que me conectava a uma maestria mais profunda.

Subi ao topo de um pequeno monte de treinamento, utilizando acrobacias aprendidas ao longo dos anos para alcançar a visão privilegiada. A destreza e fluidez dos movimentos eram um testemunho das horas dedicadas a aperfeiçoar cada detalhe. Dali, observando o campo de treinamento, rememorei os desafios enfrentados para fortalecer meus golpes e técnicas de defesa pessoal.

Cada sequência de movimentos era uma dança que ecoava a melodia do treinamento intenso. Desviei de obstáculos imaginários, recordando das vezes em que minha resistência foi forjada nos momentos de esforço extremo. O suor escorria, mas o compromisso com o meu próprio desenvolvimento impelia-me a continuar.

Os golpes físicos tornaram-se uma linguagem, uma narrativa que contava a história do meu crescimento como ninja. Cada soco desferido e cada esquiva realizada eram capítulos entrelaçados, conduzindo-me a uma compreensão mais profunda das artes marciais.

Ao concluir o treinamento, ciente de que cada gota de suor era um tributo ao meu aprimoramento, reconhecendo que não havia tempo a perder, foquei em partir para a próxima missão.


Fui até às áreas públicas designadas para a limpeza, onde as praças e parques de Konoha aguardavam serem cuidadas. A tarefa de preservar esses espaços, tão caros aos moradores da vila, era uma missão que transcendia a arte das sombras e se conectava diretamente com a essência de minha responsabilidade, mesmo que eu odiasse todos esses lugares, cercados por felicidade.

Ao chegar, deparei-me com a paisagem salpicada de detritos e folhas, clamando por restauração. Uma sinfonia de cores e texturas transformadas pela negligência, que agora demandava minha atenção. Peguei um saco de lixo e uma vassoura, ciente de que essa missão não era apenas uma obrigação, mas uma expressão tangível do amor que deveria ter pelo vilarejo, coisa que, obviamente, não tinha.

Cada passo ao recolher o lixo era um gesto de comprometimento com a beleza e ordem de Konoha. As folhas varridas formavam trilhas que guiavam os moradores pelos parques, resgatando o esplendor original daqueles espaços públicos. O ato de limpeza tornou-se uma dança, onde cada movimento era um elo entre mim e o ambiente ao redor.

Observando o resultado do meu esforço, percebi que a missão não era apenas sobre a remoção física do lixo, mas uma celebração da responsabilidade compartilhada por manter Konoha impecável. Cada pedaço de lixo recolhido era um passo em direção a uma vila mais vibrante e acolhedora.

Com o terminar da limpeza, restava continuar as missões.



Era hora de arrumar, limpar e realizar a manutenção da Academia Ninja. Não havia tempo para me queixar, tão pouco deveria, afinal, se a intenção era galgar novas graduação, naturalmente, precisava passar por missões fúteis e insignificantes como essa.

De frente ao grande prédio, com a fachada determinando ser a academia. Lembrei-me, como se estivesse no passado, frequentando o lugar intencionando graduar-se um dia. Entrei, sendo abordado por um dos professores que foi, inclusive, responsável por ser seu professor quando ainda era aluno.

—  Broly, que bom vê-lo aqui. Posso te ajudar? — foi direto ao ponto, afinal, parecia estar ocupado com algo.
— É, claro… vim fazer a limpeza e manutenção da academia. — mostrei o pergaminho da missão, deixando que o mais velho conseguisse ler. Ele consentiu com a cabeça, orientando para eu começasse na principal sala da academia. Lembrando-me exatamente de onde ficava, fui, sem esperar que o professor desse novas instruções.

Comecei pegando um esfregão e balde d’água, limpando o chão de madeira da gigantesca sala, visando tirar qualquer resquício de sujeira, assim como marcas no piso. Depois, passei a recolher os gis, guardando-os dentro de uma caixa, assim como limpando o quadro negro também. Em seguida, arrumei as cadeiras e mesas, deixando-as uniformes, uma do lado da outra, em cerca de cinco fileiras.

Passei mais de uma hora arrumando as coisas, até me aproximar do professor, mostrando que estava tudo pronto e limpo. Ele agradeceu, carimbando mais uma missão. Agora, faltava apenas uma e eu, com um sorriso sobre meu próprio rosto, continuei.


Caminhei até a parte periférica do vilarejo, conhecendo-a como a palma das minhas mãos. Cresci entre vielas pútridas, brincando e me divertindo como uma criança normal antes do acontecido que mudou minha personalidade. Com base no meu conhecimento, escolhi o melhor ponto para a patrulha, de cima, com visão para todos os lados da periferia, ou quase isso.

Ao chegar, avistei o maior prédio da região, subindo até ele a partir de outros telhados ao redor, com pulos conscientes. Dali, como imaginei, teria o melhor visual da periferia, suas vielas, pequenos comércios, prédios antigos e afins.

Fiquei observando a movimentação intensa do alto do prédio, próximo do parapeito, usando minha percepção para detectar qualquer atividade suspeita. Com o passar dos minutos, notei algumas crianças agindo de maneira estranha em grupo, próximas de uma venda de frutas. Sabia que crianças roubavam diariamente, às vezes para sobreviverem, outras por simples prazer. Movimentei-me rapidamente, descendo do prédio em direção ao grupo, utilizando a máxima velocidade pertinente naquele momento.

Ao chegar, testemunhei o ato do roubo, onde uma das crianças pegou, enquanto outras distraíam a vendedora, duas maçãs. Estendi a mão, interrompendo o movimento dela em guardar as frutas, mantendo meu semblante frio característico.

— Devolva isso. — ordenei, fazendo com que outras crianças olhassem para mim, assim como a própria vendedora.
— Vamos, saiam todos daqui, caso não queiram responder pelo crime de vocês. — com a segunda ordem, todos eles fugiram, enquanto a vendedora agradecia com um sorriso estampado sobre o rosto.

Voltei para o local de vigília, quando fui prontamente abordado por um superior, requisitando o relatório da missão.

— Não houve nenhum roubo ou movimento suspeito. — fui sucinto, pegando o pergaminho, entregando para o superior carimbar e guardando em seguida, enquanto ele sumia nas vistas. Com a missão concluída, era hora de partir para a próxima.

Consid.:

Usados:

Armas: