A manhã no deserto de Suna se desdobrava diante de mim, com o sol já erguendo seu calor abrasador. Meus cabelos ruivos dançavam ao vento enquanto eu me preparava para mais um desafio imposto pela vida de uma ninja. A missão era clara: um treinamento de sobrevivência no deserto. Um teste que, para muitos, era apenas uma etapa, mas para mim, uma oportunidade de reflexão e confronto com meus próprios demônios internos.

Caminhando pelas dunas intermináveis, a areia queimava sob meus pés, mas eu estava acostumada com a sensação. A solidão do deserto ecoava meus pensamentos, e a lembrança da perda de entes queridos pesava em meu coração. Meu irmão, que se foi antes que eu pudesse protegê-lo, era uma sombra constante nas minhas decisões.

A ansiedade pulsava em meu peito enquanto avançava, e eu me perguntava se algum treinamento poderia preencher o vazio deixado pela sua ausência. A bipolaridade, como uma tempestade iminente, ameaçava turvar minha visão e comprometer a concentração tão necessária no deserto impiedoso.

Ao chegar ao local do treinamento, um instrutor sério nos recebeu, explicando as técnicas básicas de sobrevivência. Cada palavra que ele proferia ecoava no meu íntimo, como se cada instrução fosse um lembrete de que, apesar de ser treinada para lidar com perigos físicos, a luta interna continuava.

O treinamento começou com a busca por água. Minha mente inquieta tentava focar nas instruções, mas a bipolaridade lançava dúvidas sobre minha capacidade de realizar tarefas simples. No entanto, a determinação se apoderou de mim. Eu não iria permitir que minhas fragilidades me impedisse de progredir.

Construir abrigos improvisados exigia uma atenção meticulosa, mas minha mente, muitas vezes em desalinho, estava determinada a superar esse desafio. Afinal, se eu conseguisse criar um refúgio sólido no deserto impiedoso, talvez pudesse encontrar uma forma de construir também a estabilidade emocional.

A busca por alimentos seguros foi o teste final. Meus olhos pequenos examinavam o solo árido em busca de qualquer sinal de vida, uma metáfora para minha busca incessante por um propósito. Enquanto a ansiedade tentava me puxar para baixo, eu me forçava a focar na tarefa à mão, lembrando-me de que cada desafio superado era uma vitória pessoal.

Ao final do treinamento, enquanto o sol começava a se pôr e as dunas se transformavam em sombras alongadas, eu me vi de pé. Suja de areia, mas erguida. A missão pode ter sido sobre sobreviver no deserto, mas, para mim, foi um exercício de sobreviver a mim mesma.

O deserto, com sua vastidão, me ensinou a solidão, mas também me proporcionou um espaço para confrontar meus medos. Eu saí dali com mais do que habilidades de sobrevivência; eu saí com uma compreensão mais profunda de quem eu era e o que eu poderia me tornar. O treinamento era mais do que enfrentar a natureza implacável; era enfrentar a tempestade dentro de mim.






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