Já era quase de noite e Ethan estava como no dia anterior, desocupado, entediado, inquieto e sem disposição. No entanto, nem tudo estava igual, agora ele estava inclinado a se engajar em uma atividade. Ainda não tinha nenhuma ideia em mente, mas também não achou que isso seria um problema. Ideias iam e vinham. Elas eram boas? A maioria não, mas no meio desse mar de idiotices devia haver algo que fizesse sentido para o momento que o Uzumaki vivia na sua vida.

Enquanto pensava acerca do caso, absorvia um pouco de Chakra Natural. Foi nesse momento que a solução mais óbvia veio à sua mente: ele iria treinar. A princípio, pensou em descartar a hipótese, afinal aquele tipo de atividade parecia ser uma escolha muito previsível. “Ah! Como não tenho nada pra fazer, convenientemente, vou no campo de treinamento e depois de um pouco de esforço, adivinha, aprendi a dominar algo novo”, pensou, debochando da ideia. Mas no fim, não vendo outra alternativa, foi exatamente isso que se dispôs a fazer.

Primeiro se arrumou, colocando a mesma roupa de sempre, que por sinal não era lavada fazia semanas. Ele quase desmaiou com aquele cheiro, no entanto, seguiu de pé, indo até a porta. Então ele caminhou por diversas ruas, encontrou alguns conhecidos pelo caminho, se afastou e muito do vilarejo e, depois de algumas horas, chegou em um lugar isolado. Devido ao fato de sua ideia de treino ser um pouco arriscada, ele resolveu que precisaria ter certeza que não teria ninguém por perto. Portanto, se dirigiu até um lugar que, segundo ele, tinha sido esquecido por Deus. O lugar era afastado, nos limites do vilarejo e tinha a liberdade para fazer o que desse na telha, ou seja, era perfeito.

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Agora que já tinha concluído o primeiro passo do seu planejamento improvisado, encontrando um local apropriado, Ethan estava preparado para dar inicio ao treino. Antes de finalmente começar, reservou alguns minutos para absorver mais um pouco de energia natural. Após isso, um alongamento. O Uzumaki corria de um lado para o outro, esticava o corpo e tentava encontrar coragem. Com todo esse rito, o garoto levou cerca de 20 minutos para se aprontar, mas quando julgou estar pronto foi com tudo. Estava focado e não deixaria nada ficar no seu caminho.

Segurando o antebraço com a canhota, Ethan formava uma esfera de chakra na mão direita. No processo, ele ainda se preocupou em adicionar o estilo vento na mistura, dando vida ao Fuuton: Rasengan. Com isso, esperava entender um pouco mais sobre como o seu chakra reagia à certas técnicas seu arsenal. Jutsus utilizando aquela natureza não eram um mistério para ele, mas mesmo assim sentia que havia margem para evoluir. Sem ter uma base sólida que sustentasse a sua impressão, foi impossível não se sentir desmotivado. Mas, por outro lado, se aquilo realmente fosse verdade, os resultados o alçariam para outro patamar. Não seria uma tarefa fácil, sabia disso, exigiria muito esforço e persistência. Em muitos momentos iria querer desistir, mas ainda assim estava disposto a tentar.

Enquanto observava as reservas de chakra se esvaindo aos poucos, o Uzumaki analisava friamente a esfera em sua mão. Estudava como ela se comportava à medida que fazia alterações sutis no próprio fluxo de chakra. Se apoiando, principalmente, em todas as bases aprendidas na academia, esperava encontrar com isso um ponto de partida. Naquele momento, tudo que ele mais queria era uma falha, uma mudança súbita nos resultados.

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Não demorou muito até Ethan encontrar o chão. Ele se esforçou como nunca, tentando, a todo custo, obter algum tipo de resultado. No entanto, depois de tudo, a esfera em sua não se desfez e o garoto veio ao chão. Estava visivelmente abalado, decepcionado consigo mesmo, afinal de contas, havia falhado. Apesar de ter plena confiança em suas suas habilidades, ainda não era capaz de negar aquele impulso de se martirizar. Assim, o Uzumaki se tornava o seu crítico mais assíduo. Rasgava críticas, era impiedoso e não perdoava os deslizes que passavam diante dos seus olhos. Basicamente, o pior pesadelo na vida de alguém que se cobrava tanto.

Ainda que não soubesse como, Ethan sabia que precisava mudar algo. Se todos os esforços até agora não surtiam efeitos, quer dizer que era necessário acrescentar mais variáveis a equação. Desse modo, obteria mudanças. Assim, pelo menos, poderia errar e tentar de novo. Por isso, enquanto estava sentado no chão, sentindo pena de si mesmo, ele aproveitou para absorver mais um pouco de energia natural.

Foi nesse momento que uma ideia floresceu. Para obter resultados diferentes e variados, precisaria fazer coisas que nunca havia feito antes. Ele precisaria mergulhar de cabeça no desconhecido. Então, logo que pensou a respeito, entro no modo sábio. Com a ideia de testar algo novo, o Uzumaki notou que nunca tinha usado aquele modo de verdade. Durante todas as vezes que entrou naquele estado, nunca se propôs a fazer nada, apenas ficava parado. Por isso, viu naquele treino uma oportunidade única para testar a habilidade e como ela reagiria com os seus jutsus.

Ethan, com um salto, se levantou do chão. Depois, voltou a se concentrar no seu chakra. Ele queria entender como a energia fluía no seu corpo e, com isso, esperava encontrar nisso uma resposta. Após ficar parado por alguns minutos, descobrindo superficialmente como o seu novo corpo funcionava, ele decidiu testar uma ideia vaga que passou pela sua cabeça. O primeiro passo consistia em usar aquele mesma esfera de antes, no entanto, agora em proporções ainda maiores. Afinal, se quisesse recompensas altas, teria que arriscar. Então, erguendo a destra para o céu, ele começou a dar forma ao jutsu. Durante o processo, estava disposto a focar a sua atenção nos detalhes mais sutis. E assim seguiu moldando o seu chakra afim de conseguir um feito jamais visto.

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Enquanto se concentrava em conceitos chaves que davam ao jutsu as suas propriedades, a mudança de forma e da natureza, Ethan seguia preparando a técnica. Junto das bases da técnica, ele ainda se preocupou em encontrar uma forma de a sua transformação sábia influenciar nos resultados. Afinal, dentre todas as coisas que poderia fazer, aquilo era o seu trunfo.

À medida que a shuriken feita de chakra ganhava forma, Ethan suava frio. Até o momento tudo corria de acordo com o planejado, mas mesmo assim não era o bastante. O Uzumaki suava frio. Ele temia pela própria vida, afinal sabia o quão perigoso era alterar, nem que um pouco, um jutsu daqueles. Se cometesse apenas um erro bobo, isso já seria o bastante para decretar a sua morte. Então, conforme aquele ruído intenso invadia seus ouvidos, mais e mais o Sennin temia pelo fim.

Ethan começou a pensar em sair correndo dali, chorando. Mas, se o fizesse, quem lidaria com os efeitos daquela esfera em sua mão? Ninguém estava vindo ao seu auxilio, e muito menos podia garantir a própria segurança. No fim, ele só conseguia pensar em como tudo aquilo havia sido um erro, e em como teria sido melhor ter ficado em casa, deitado no sofá, reclamando da vida.

Pensamentos negativos não ajudavam em nada, foi o que o Uzumaki concluiu depois de alguns instantes. No entanto, não conhecia forma melhor para reagir ao constante medo da morte. Porém, ao passo que se enchia de dúvidas e arrependimentos, flash inundaram a sua mente. Ele se lembrou de Takumi no Sato, sobre como foi fraco e deixou que seus companheiros perdessem a vida. Na época, se sentiu um merda. Não adiantava chorar pelo leite derramado, sabia disso; no entanto, não conseguia parar de pensar sobre como as coisas podiam ter sido diferentes caso fosse mais forte, caso tivesse uma técnica capaz de dizimar seus inimigos num piscar de olhos. Foi então que voltou a atenção para a shuriken que carregava. Sem se dar conta, estava com a resposta que tanto procurava bem nas suas mãos.

Ethan cerrou os olhos, franzindo o cenho. De súbito, assim que percebeu que precisava mudar o “jogo”, tinha ficado sério. Encarava o horizonte, focado, esperando que a sua determinação fosse capaz de alcançar lugares que os seus olhos não. Não foi exatamente o que aconteceu, mas agora tinha recuperado a confiança perdida. Depositando toda a energia natural que possuía no corpo e as suas últimas esperanças naquele jutsu, esperava ser capaz de alcançar o poder capaz de mudar o futuro. Feito isso, ainda restava uma pergunta a ser respondida: como usá-lo? Com usar aquela Shuriken? Sem uma solução, seguiu os seus instintos. A imagem de uma Shuriken metálica sendo arremessada por uma figura sem rosto, em um ambiente completamente escuro, passou pela sua mente. Então foi o que fez. Ele lançou o jutsu com todas as suas forças.

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Após lançar a habilidade, Ethan não acreditou no que viu. Primeiro, percebeu que os troncos das árvores à sua frente haviam sucumbido perante a técnica, uma após a outra eram partidas ao meio pela Shuriken de vento. Depois, quando não esperava uma demonstração maior de poder, viu o projetil se expandir, devastando uma área considerável.

Embora tenha presenciado o fenômeno com os próprios olhos, ainda assim não fora capaz de acreditar naquilo. Estava surpreso e assustado ao mesmo tempo. Em estado de choque, seguiu observando os estragos, tentando não ser arrastado pela ventania gerada pelo ataque, e por fim agradeceu por não ter ninguém por perto.

Ao mesmo tempo que assimilava o ocorrido, também foi capaz de notar que as transformações pelo seu corpo haviam regredido. Conseguia imaginar o porquê daquilo, mas não se importou. Portanto, se concentrou unicamente no quanto estava cansado. Os joelhos ameaçavam ceder perante a exaustão, a respiração transparecia toda a euforia do momento e gotas de suor escorriam pela sua testa. Junto disso, notou também que a blusa grudava no corpo, como se ele tivesse pegado uma chuva severa, no entanto, apenas suava como nunca.

Após a explosão, um silêncio voltou a impregnar todo ambiente. Por fim, tudo que restou para o Uzumaki era um mix de emoções conflitantes. Ele não estava triste, mas mesmo assim se sentia mal, como se tivesse perdido alguém próximo. Por outro lado, não conseguia negar toda a satisfação que sentia com o progresso feito ali. Então, com mais problemas do que resposta, Ethan resolveu sair dali. E se tudo corresse de acordo com o planejado, correria até em casa, tomaria um banho quente e deitaria na sua cama, onde ficaria refletindo sobre as suas maluquices até pegar no sono, rezando para que o dia de amanhã fosse melhor.

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