Ao caminhar pela vasta Iwagakure no Sato, o tédio já me consumia por completo, e a preguiça em sair de minha casa tornava essa decisão cada vez pior. Sem rumo, cruzava as ruas sem pretensão alguma de chegar a um objetivo, nem mesmo tomando conhecimento do caminho que estava sendo trilhado, até topar com o campo de treinamento local, onde algumas crianças e adolescentes se reuniam em um tipo de jogo coletivo. Haviam sete delas, quatro de um lado, três do outro, uma brincadeira injusta, aparentemente. O lado com menos jogadores estava claramente passando aperto. Me aproximei de um banco e me sentei para observá-lo, colocando os pés por cima do banco e meus braços apoiados no joelho, com um pirulito derretendo em minha língua. Com uma breve análise, a brincadeira consistia em passar uma bola entre duas pedras, e quem o fizesse pontuava.

Em um dos movimentos da equipe, a bola vinha em minha direção, parando logo abaixo do banco onde eu me sentava. — Ei, chuta pra cá! — O garotinho gritava levantando seu braço para mim. — Chutar? Que saco… — Devagar, me levantei, puxando a bola de baixo do banco e a chutando com força, na direção do garoto. Com potencia, o objeto disparou na direção do pequeno, e por pouco não atingiu em cheio seu rosto. — Uoooou, você quer jogar?! Você é bom nisso! — O mesmo garotinho vinha até mim, me puxando pela mão. — Mas eu só chutei… como você disse pra fazer. — Antes que eu pudesse me decidir, já estava completando o time, formando um quatro contra quatro. As regras não me foram explicadas, mas o tempo em que observei foi suficiente para saber que deveria apenas fazer a bola passar entre as pedras. A partida recomeçou e o pequeno deixava a bola parar em meus pés, vendo que ainda estava a uma boa distância do objetivo. — Droga… eu preciso chegar até lá? Que saco… preciso acabar logo com isso para ir embora. — Arranquei com velocidade, sentindo o vento cortar sobre meu corpo, avançando buscando manter a bola próxima de mim, com pequenos toques que faziam a mesma ser jogada para frente e me acompanhar na velocidade. Quando a distância diminuiu, acertei o centro da bola com o peito do pé, a jogando fora do campo. — Oh, forte demais? — Suspirei. O garotinho vinha até mim, explicando que deveria usar uma área específica do pé em certas jogadas.

O time adversário começava com a bola, com um chute do que eles chamavam de goleiro. Para alcançá-los e ter a chance de pontuar, vi a necessidade de acelerar meus passos, e isso foi feito durante todo o jogo. Um dos aliados no time recuperava a posse, me passando a bola, que em um chute direto de canhota atravessava entre as pedras e marcava novamente. A velocidade do jogo foi aumentando e foi exigido um aumento em minha performance, precisando acelerar cada vez mais meus passos e minha maneira de ler o campo. No fim, cinco pontos foram marcados por mim, que suava, concentrado na partida. — Até que é divertido… acabamos? — Indaguei, pronto para ir embora mesmo achando algo estranhamente recompensador. O pequeno garoto confirmou que a partida havia acabado e que eles mesmos precisavam ir embora. Durante o trajeto para retornar a minha casa, senti minhas pernas mais leves, como se pudesse acelerar mais meu corpo do que antes. De certa forma, mesmo que sem a intenção, havia aprimorado meu físico.