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A voz rouca se destacou em todo o cômodo amadeirado. Um pergaminho sob a mesa central, com um carimbo destacando o símbolo de as cores tradicionais da Pedra. — Está pronto. Pode entregar ao garoto que foi recém aprovado como genin. Ele terá um ótimo mestre nessa missão. — Disse ele, repousando o carimbo e soltando, da boca, um intenso fumo provindo do cachimbo carregado pela destra. O sorriso no rosto representava esperança de uma nova jóia surgindo em meio ao lamacento e putrefato vilarejo. À sua frente, o homem responsável por entregar o pergaminho com a mais nova missão de Chōsō. O encarregado sumiu da frente do velho como um vulto, usando sua velocidade somada a uma técnica de cintilação corporal.

Duas batidas secas podiam ser escutadas por toda a vizinhança do prédio localizado na periferia do vilarejo. Chōsō estava dormindo, em um dos dois quartos do apartamento e acordou de forma abrupta, sem entender muito o que estava acontecendo. Demorou alguns segundos para assimilar que estava em seu quarto e não no sonho, indo a passos lentos para atender a porta.

Quando abriu a porta se deparou com o mesmo mensageiro, carregando consigo um pergaminho e o símbolo de Iwa estampado. Sem qualquer palavra, ele pegou o pergaminho e deixou com que o homem à sua frente sumisse em uma nuvem de fumaça pequena. Suspirou fundo, imaginando que poderia ser mais uma missão comum igual tantas outras que já fez, entretanto, achou estranho o fato de um mensageiro lhe entregar. Nunca haviam feito isso, sendo motivo suficiente para arquear a sobrancelha em resposta. Não hesitou em abrir o pergaminho e ler as informações contidas nele.

Pergaminho escreveu:Bom dia jovem Chōsō. Em nome do vilarejo digo que é um prazer tê-lo conosco sob nossa tutela. Hoje, você está sendo convocado para uma missão de suma importância, onde será necessário viajar até um vilarejo vizinho, aliado nosso, junto de um superior e resolver um mistério que tem assolado os aldeões de lá. Você deverá encontrar Scar, seu superior, hoje à tarde no portão principal para que possam se conhecer e viajarem até o local destinado.

Conforme lia dava para ver um sorriso verdadeiro brotar de lado a lado da própria face. Estava contente, afinal. Pela primeira vez conseguiria sair do vilarejo em uma missão oficial e de suma importância, como dita no pergaminho. Correu para o quarto em velocidade moderada, absorvendo toda a bagunça e pensando em juntar suas armas, colocando-as na hip-pouch, como também separar o traje específico de ninjas da Pedra para ir encontrar Scar e saírem em incursão ao vilarejo vizinho.

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Todos os preparativos estavam devidamente prontos. Chōsō mantinha o sorriso na face, mascarando a ansiedade de sair numa missão tão importante quanto a referida no pergaminho. Ficou imaginando como seria Scar, se ele, assim como o apelido sugere, possui uma cicatriz tão marcante assim. Alocou, por último, a hip-pouch na cintura, virada para o lado esquerdo para que consiga usar sua mão dominante caso precise sacar, de forma rápida, uma das diversas armas básicas que carrega consigo. Um suspiro longo se sucedeu, conforme o mancebo via a porta do seu pequeno apartamento. Estava na hora de sair e, assim fez.

Sentiu a brisa úmida abraçar seu corpo. Não gostava tanto assim do frio que atua durante o inverno dentro da Pedra, mas até isso foi fácil de ser ignorado pela ansiedade. Rumou na direção do portão principal como apontado no pergaminho, aproveitando dos telhados para conseguir pegar alguns atalhos que não fosse seguir as vielas lotadas de comerciantes e moradores do vilarejo. Tomou cuidado para não escorregar com o resquício de neve das nevascas que vira e mexe aparecem durante o dia.

Seus passos sobre os telhados irromperam quando visualizou, no horizonte, o colossal portão do vilarejo. Conforme foi se aproximando conseguiu ver que mesmo no inverno os comerciantes iam e vinham, assim como o gigante símbolo da Pedra talhado no arco do portão. Quando se aproximou um pouco mais, pôde ver alguns responsáveis pela autorização de entrada e saída, assim como Scar, aguardando o mancebo de forma inquietante já que parecia balançar um dos pés, mostrando que não conseguia ficar parado por muito tempo.

Um pouco sem jeito se aproximou mais de Scar, vendo seu superior encará-lo de cima para baixo, com uma feição de poucos amigos e, obviamente, a grande cicatriz quase que em forma de X sobre os olhos e testa. Os fios cinzas sobre alguns enegrecidos deixavam claro a experiência do homem à frente do mancebo, assim como sua postura.

— Desculpe o atraso, senhor Scar. — Chōsō se mostrou um pouco intimidado com a presença do superior, abaixando a cabeça quando se desculpou, fitando as botas militares do homem, assim como o solo arenoso.

Ele, por outro lado, levou a destra sobre a cabeça do mancebo, colocando um pouco de força no gesto. — Não se preocupe. Eu que tenho a mania de chegar cedo mesmo. — Ele suspirou fundo, tirando a mão dos cabelos enegrecidos do jovem que, por outro lado, suspirou fundo de alívio ao saber que não seria punido por ter chegado atrasado.

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O silêncio perdurou por quase um minuto. Ambos não tinham mais o que falar a não ser começar a caminhada em direção ao pequeno vilarejo apontado como aliado da Pedra. Scar tomou a dianteira, pedindo para que o mancebo de fios enegrecidos o seguisse gesticulando com a destra. O mais velho carregava consigo, além de um mapa, cantis de água e aparentemente algumas rações militares para o caso de precisarem. Chōsō pensou em como ele havia se precavido com perfeição para uma longa viagem, mesmo que não fosse o caso.

Andavam em velocidade moderada, pela estrada principal que liga Iwagakure com o outro vilarejo. Scar mantendo a dianteira, sempre, fazendo algumas pausas pontuais para alimentação e hidratação. Apesar do frio e das breves nevascas, ainda assim, era necessário manter-se hidratados. Pelo menos era assim que Scar fazia.

Chōsō, em uma das pausas, mesmo preferindo na maioria das vezes manter-se calado e aprender com o silêncio, preferiu por puxar assunto com o homem. — Então, senhor Scar. Esse mistério assolando o vilarejo que estamos indo… qual o nome dele mesmo? — Fez uma pausa sucinta, levando a destra sobre o queixo tentando lembrar o nome do vilarejo, entretanto, sequer conseguiria, afinal, não foi informado no pergaminho da missão.

Scar sorriu em resposta, colocando uma das rações de carne de porco na boca. O gosto parecia detestável, mas era necessário para se manterem alimentados para o que poderia vir a acontecer. — Também não sei o nome não. Geralmente, vilarejos vizinhos assim não possuem nome ou tão pouco são significativos para que sejam lembrados. E, por isso mesmo, é estranho sermos designados até lá para resolver esse mistério. Não me vejo sendo a pessoa ideal para isso, mas ok. — O da cicatriz respondeu o mancebo. Nem mesmo ele, superior, sabia os motivos deles serem escolhidos, assim como não sabia o nome do vilarejo também.

Mais uma vez o silêncio se instaurou entre eles, acompanhando-os durante o maior tempo de viagem. De acordo com Scar, não demorariam mais do que três horas do ponto em que estavam para chegarem. Pelo menos essa era a estimativa. Bastava continuarem pela estrada principal, entretanto, Scar fez um gesto orientando a parada de Chōsō. — Acredito ser melhor continuarmos por uma estrada alternativa. Quero ter a oportunidade de analisar esse tal vilarejo antes de, de fato, chegarmos. Alguma objeção? — Não que o jovem fosse ter coragem de ir contra as ordens, mas ele se contentou em consentir com a cabeça afirmativamente. Por outro lado, Chōsō pegou um dos cigarros em seu maço, acendendo-o e dando um longo trago, sustentando seu vício, enquanto Scar procurava em seu mapa uma estrada alternativa.

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Quando Scar achou, no mapa, a melhor rota alternativa para os dois seguirem, mostrou ao Genin, apontando com o indicador o local exato. Ele, por sua vez, consentiu com a cabeça deixando claro que havia entendido por onde deveriam seguir. Esperou seu superior guardar todos os itens que havia retirado da bolsa enegrecida. — Vamos então. Tentaremos ser o mais furtivos possível, não quero ser surpreendido por nenhum ladrão. Geralmente essas rotas não muito utilizadas são o antro desses vermes. Deixe que eu vá na frente, mas cuide da nossa retaguarda. — O mais velho orientou Chōsō que, com um sorriso amarelo no rosto, o respondeu, deixando claro que iria seguir as instruções.

Assim foram. Caminharam por mais algumas horas pelo caminho que, surpreendentemente, não havia nada além de pedras, rochas e poeira. O silêncio perdurou. Chōsō, além de ser responsável por olhar a retaguarda, aproveitou para analisar seu superior, entendendo os trejeitos dele, assim como os movimentos e forma de pensar. Se havia dentro do mancebo a pretensão de tornar-se um ninja renomado dentro do vilarejo, galgando novas graduações, deveria começar a aprender como se portar e pensar como um.

Em um momento do trajeto, Scar fez mais uma vez o sinal característico para que parassem, entretanto, dessa vez, buscou se esconder atrás de algumas formações rochosas à direita de onde estavam. Chōsō mímico o movimento dele, sem tanta maestria, mas suficiente para conseguir chegar no mesmo lugar, oculto pelo pequeno relevo disforme. O superior apontou pros próprios olhos e, em seguida, para a estrada da qual estavam seguindo momentos atrás. Nela, dava para ver um grupo de homens guardando uma carroça e, nela, uma jaula feita inteiramente de ferro degradada pelo tempo. Dentro da jaula, algumas pessoas que não dava para discernir se eram jovens, adultos ou idosos por todos, sem exceção, estarem ocultos por mantos enegrecidos, dos pés às cabeças.

Chōsō, julgando estar em uma distância segura para conversar com seu superior, dirigiu algumas palavras à ele, em baixo tom. — Isso é estranho, não? Talvez tenha alguma ligação com os misteriosos sumiços. — Scar respondeu gesticulando para que o mancebo fizesse silêncio.

Alguns minutos foram suficientes para que a caravana passasse, não estando mais à vista dos dois. Scar limpou a poeira de sua roupa com leves batidas, conforme deu mais algumas orientações ao mancebo. — Não vamos tirar conclusões precipitadas. Apenas absorva a informação e, caso realmente faça sentido, poderemos deduzir algo a partir dela, mais pra frente. — A cautela andava junto do homem, era um fato que até mesmo Chōsō foi capaz de perceber, com poucas horas de convívio. — E o que faremos então? — Retrucou o jovem. Scar apenas apontou na direção da estrada, significando para que eles seguisse adiante, rumo ao vilarejo.  

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Não tardaram em continuar seguindo pela estrada. Com Scar na frente e Chōsō atrás, preocupado com a retaguarda da recém formada dupla, seguindo as ordens do seu superior como um ninja novo e dedicado a aprender. O silêncio perdurou por longos minutos quando finalmente o homem a frente do jovem se virou até ele. — De acordo com o mapa, é logo à frente. Antes de continuarmos, sabendo que precisamos investigar esses sumiços, preciso saber quais habilidades você possui. Tentei ver no seu relato mas não tinha nada muito específico sobre. — Ele sorriu pela primeira vez, mostrando dificuldade até nisso. Era óbvio a falta de habilidade em socializar que Scar tinha, entretanto, seguindo as ordens de seu superior, o mancebo de fios enegrecidos acatou sem pensar duas vezes. Não era um problema pra ele falar sobre suas habilidades ninjas.

— Bom, sou especializado em Ninjutsu, tendo algumas técnicas de infiltração. Fora isso, possuo um domínio básico do elemento terra que, inclusive, venho buscando me aperfeiçoar no trato dele para alcançar um novo patamar. — A explicação tirou um sorriso ainda mais sincero da face de Scar. Chōzō olhou com certo receio, mas logo soube o motivo.

— Também sou um usuário de Doton, igual a você. Inclusive, posso me considerar um dos mais fortes dentro do nosso vilarejo no que tange manipular e usar técnicas com base nesse elemento. — Pontuou ele, tentando ao máximo minimizar sua fala para que não soasse como prepotência. Chōsō gostou do que escutou. Não esperava que seu superior na missão seria um manipulador de Doton assim como ele, apesar do abismo entre os dois ser, mesmo não tendo sequer visto, absurdo. — Quem sabe você possa me ensinar algo para que eu melhore meu refino sobre o domínio do elemento. — Disse o jovem, esperançoso que Scar dissesse sim. Foi surpreendido com a afirmativa do mais velho ao balançar a cabeça, entretanto, o gesto foi seguido de algumas palavras. — Posso pensar, mas você vai ter que mostrar seu valor. Consegue se infiltrar então, né? Hm… o que acha de eu servir como isca, chamar a atenção dos aldeões enquanto você, com suas habilidades de infiltração investiga? — A animação na face do mancebo era nítida. Consentiu com a cabeça, acatando a ideia de Scar sem ao menos retrucar.

Então, eles se separaram. Seguindo as ordens de Scar, Chōsō não se aproximou mais do vilarejo, pegando um caminho totalmente alternativo, pelas rochas, se camuflando entre elas para não ser visto, ou pelo menos tentar. Precisava chegar mais próximo para utilizar de suas habilidades. Recostou sobre uma das pedras, aproveitando do tamanho colossal dela, tendo certeza de que seu corpo ficaria completamente oculto. Puxou um dos cigarros do maço, precisando saciar seu vício uma vez mais. Deu dois tragos, sentindo a fumaça correr pelos pulmões, a ardência dela, fazendo com que qualquer ansiedade ou nervosismo se esvai-se junto ao fumo sendo expelido pela boca.

HP: 625/625 | CH: 1175/1175 | ST: 00/05

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Foi se aproximando aos poucos do vilarejo, tentando manter-se oculto pelas rochas durante o processo de diminuir a distância até onde pretendia ir. O mancebo continuou assim por longos minutos, enquanto entreolham para a estrada principal vendo Scar se movendo, como se os movimentos de ambos estivessem interligados. Assim, se aproximaram, cada um com sua tarefa, quase que em momentos iguais. Antes de chegar mais perto, Chōsō olhou para todos os lados buscando ter certeza de que não estava sendo seguido, não por meios normais. Tendo em vista que não estava, realizou um único selo de mão do Tigre, deixando o próprio chakra reverberar pelo corpo, vendo cada parte dele sumir, tornando-se invisível utilizando o reflexo de luz ao redor. — ‘’Meisaigakure no Jutsu’’ — disse mentalmente.

Com sua técnica preparada, restava entrar no território do vilarejo enquanto Scar seguia o plano à risca. Pulou o muro que não passava de mais do que um metro e oitenta, feito de madeira, da mais básica possível. Dentro, olhou para todos os lados uma vez mais, tentando encontrar moradores, identificar estruturas e o que mais pudesse achar estranho. As casas eram construídas com madeira, similar a dos muros que guardam o pequeno vilarejo. Os telhados de palha, com uma ou outra com telhados normais semelhantes aos de Iwa. Ademais, não havia nada de diferente. Crianças brincavam, velhos conversavam, alguns homens trabalhavam e mulheres cuidavam de suas casas.

Conforme foi entrando mais no vilarejo, foi percebendo que era tão pequena quanto um bairro qualquer. Sequer tinha metade do tamanho da periferia onde mora. Começou a pensar consigo mesmo qual era a importância do pequeno vilarejo, pra não dizer minúsculo, aos interesses de Iwagakure no Sato. Obviamente a política dita as alianças e, sabendo disso, Chōsō mantinha-se crente de que, mesmo pela aparência, no lugar onde estava agora existia uma boa razão pela qual deveria ser defendida, só não estava tão clara assim.

Não demorou mais do que trinta minutos para percorrer todo o vilarejo, de forma superficial, apenas pelas ruas arenosas e algumas construções feitas de pedra, diferentes das casas e demais construções. Ao notar onde estava, viu Scar conversando com dois velhos, parecendo serem os líderes ou anciões. A curiosidade tomou conta do mancebo que se aproximou tomando cuidado para não ser escutado, confiando plenamente na habilidade de ficar invisível graças aos reflexos de luz. Assim fez, chegando o mais perto possível para conseguir escutar a conversa entre os três.

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