A noite anterior foi bem agitada, pelo menos para mim. Graças a minha contenção do ladrão comilão, o mesmo foi levado sob custódia e sem ferimento algum, creio que ele se lembrará de mim quando for se sentar, devido a rasteira que lhe dei, não era a minha intenção, mas infelizmente o sujeito não colaborou e algo precisava ser feito.

Acordei no dia seguinte, horas depois do horário de costume - antes do sol raiar - mas isso não faz muita diferença, assim espero, pois se realmente a vila estiver precisando de meus serviços, creio que não iriam poupar o meu descanso e iriam impor a tarefa, independente do meu estado, enfim. Como de costume, procuro me exercitar após acordar e iniciar minha corrida matinal, iniciando meu caminho pelos arredores do centro da vila e finalizando no campo de treinamento.

Durante meu percurso, já tendo percorrido cerca de uns 20 km, fui abordado por um ninja mensageiro, deduzi seu cargo devido a sua maleta cheia de pergaminhos e pelo modo que se aproximou - surgindo tão rápido a minha frente que quase não pude vê-lo.

― Obrigado meu caro, não terminei a corrida ainda mais eu pos… - assim que peguei o pergaminho da mão do sujeito, este simplesmente me deixou falando sozinho, me senti um idiota, mas apenas suspirei fundo, ignorei e realizei a leitura da proxima missão.

O Esquadrão Médico de sua vila está desenvolvendo um novo remédio e precisa de uma flor rara só encontrada em uma montanha muito distante, sua missão é ir buscar essa flor para que a produção do novo medicamento seja iniciada.

Não achei uma missão tão difícil assim, aparentemente, então guardei o pergaminho dentro do meu kimono e sigo em direção ao centro médico da vila. Chegando ao local, me apresento e aguardo as devidas instruções do local onde possa encontrar a tal flor, cujo iria saber através de um dos membros do esquadrão médico, a região aproximada da flor púrpura.

― Okay, deixa comigo! - disse e em seguida parti em direção aos portões da vila, na intenção de seguir caminho até a região aproximada da planta.

Não houve intercorrências durante o trajeto, até chegar na região baixa da possível montanha onde iria encontrar a tal flor. Olhei para cima e mal dava para ver o topo daquele lugar ― Nossa! O que não tive problema durante a longa viagem, creio que terei que enfrentar tudo de uma vez - pensei comigo e já me preparando para iniciar a escalada. Após focalizar uma quantia fixa de chakra para o fundo dos meus pés, procuro saltar a fim de ganhar alguns metros e iniciar a corrida, para conseguir subir pela montanha.

Caso obtenha êxito em chegar ao topo, iria aproveitar para descansar e iniciar a busca pela tal flor púrpura, seguindo as características que me foram dadas por um dos membros do esquadrão, não sei se tinha muito a que ser feito a não ser caminhar pelo local e procurar ficar atento ao redor, até enfim encontrar a bendita flor. Tendo a encontrado, procuro retirá-la do solo com cuidado, carregando-a a destra, retornaria para a vila, rumo ao centro médico, assim, concluindo a tarefa.


Caso tenha concluído a missão, acreditando que havia acabado por hoje, o esquadrão me solicita outra tarefa, não neguei ajuda, claro, mas peço ao menos para descansar antes de iniciar, eles concordam, e enquanto descanso um dos membros vai ditando a nova tarefa.

― Existe um acampamento médico muito próximo de nossa vila, eles estão fazendo estudos de campo, para encontrar novos medicamentos, precisamos que você vá até lá e auxilie-os na defesa do acampamento, pois há suspeitas de Ninjas Renegados nos arredores - brevemente me assustei com a última parte dita pelo sujeito.

― Peraí… ninjas renegados? Cês tem certeza que querem enviar um genin, recém formado para uma missão dessas?! Olha, não me levem a mal e nem estou negando a missão, mas isso não me parece muito uma missão de nível rank D - digo o que eu pensei para os demais presentes.

― Como te disse, há apenas suspeitas, até o momento não tivemos notícias de ataques, mas é melhor prevenir do que remediar - disse aquele cara com um cinismo, que não precisava ser expert para perceber, enfim.

― Tudo bem, já que é assim, irei até lá, onde estão?! - indaguei.

Assim que obtiver as informações de onde fica localizado o acampamento médico, me despeço novamente do esquadrão médico da vila, seguindo rumos aos portões, na intenção de atravessá-los rumo ao local. Caso consiga alcançar o acampamento, iria me apresentar aos membros presentes e diria o objetivo de minha missão. Os médicos disseram não precisarem de auxílio com as defesas do local, porém, precisavam de alguém para monitorar os arredores com um grupo que pretendia sair do local, para uma pesquisa de campo, a alguns kms de distância. Com isso, iria passar a noite no acampamento, ao menos, iria comer e dormir em uma cama confortável, em meio a natureza rochosa.



No dia seguinte, despertei com o som que somente a natureza nos proporciona, podia escutar o leve ruído de uma cachoeira e inúmeros pássaros cantarolando, que apesar da diversidade, pareciam estar em sincronia.

― Vamos?! - disse uma médica, com uma voz simpática e um lindo sorriso no rosto, ela me convida para tomar um café, para partirmos com o grupo, no caminho até o refeitório ao ar livre, a mesma explica ser a encarregada do grupo que irá realizar o estudo fora do acampamento.

Após um café reforçado, procuro acompanhar o grupo de médicos - cerca de uns cinco ao todo - mantendo cerca de uns 5m de distância deles, ainda que à distância, durante o trajeto podia escutá-los conversando, apesar de não compreender bem o assunto, pareciam usar muitos nomes técnicos.

Passado cerca de 2 horas, chegamos em um local repleto de plantas, das mais variadas formas e cores, rodeado por rochas, antes de me afastar, pergunto ao grupo se precisam de ajudas, estes agradecem e preferem que eu fique de vigia, então, procurei me sentar e escorar as costas em uma das pedras, observando o grupo que está a uns 20m de distância.

O silêncio é algo que costuma perturbar muitas pessoas, para eu é algo diferente, o silêncio significa que o ambiente está em paz, não que o som seja ruim, mas é que vejo como uma forma de poder acessar os nossos pensamentos interiores, como se permitisse que nos conhecesse. As pessoas acreditam fortemente que se conhecem, mas quando escutam apenas a si, muitos tendem a se perder em seus próprios pensamentos. Isso é algo que acredito e procuro pensar, principalmente quando temos oportunidade como estas, mesmo em missão. A vida é uma constância, assim como o tempo, se pegarmos o meu início do dia anterior para o de hoje, são completamente diferentes, ainda que seja óbvio, é algo a se contemplar, já pensou vivermos em um mundo que nossa vida não passa de uma rotina? Não que não haja uma constância, pois estaria sendo ignorante quanto a isso, mas de alguma forma, seja um ser divino ou o que for, consegue nos enganar, vejo como algo no bom sentido.

Perdido em meus pensamentos, quando “retorno a realidade”, iria perceber que falta um dos pesquisadores, os demais do grupo pareciam estar tranquilos ― Que estranho, será que eles não perceberam o sumiço do colega?! - pensei comigo, seguindo em direção a líder do grupo, quando cheguei perto dela, ela estava estranha ― Cadê o colega de vocês?! - indaguei preocupado, mas não somente ela como os demais presentes do grupo, estavam com rostos serenos e babando ― Ei, o que vocês tem?! - comecei a perguntar, enquanto me afastava deles, com certo receio do que estava acontecendo com eles, pareciam estar sem vida, não sabia explicar direito o que era ― Mas que merda que ta acontecendo aqui! - gritei, tentando procurar algo mais suspeito que os demais, quando noto algo brilhando entre duas rochas, cerca de uns 30m de distância, iria notar em seguida uma kunai vindo em minha direção, por sorte iria conseguir me esquivar saltando para o lado direito, cerca de uns 5m.

Rapidamente procuro realizar os selos Cobra → Carneiro → Macaco → Javali → Cavalo → Tigre, enquanto vou convertendo o chakra dentro do meu corpo em fogo, a fim de expelir uma esfera massiva, de aproximadamente 3m de altura, em direção às rochas de onde veio o ataque da kunai. Caso obtenha êxito, iria notar um sujeito de vestes pretas e mascarado, saltando do local e correndo em direção ao grupo abobalhado.

― Ah não! - bradei e em seguida procuro enviar uma pedra enorme em direção ao possível inimigo, mirando o centro do seu corpo mas o desgraçado iria desviar do ataque e em seguida disparar uma enorme bola de fogo em direção ao grupo ― Droga! - bradei e busco realizar os selos Carneiro → Cão → Boi → Cobra, posicionando ambas as palmas no chão, na intenção de criar uma cúpula ao redor de todo o grupo de iryonins, utilizando a terra pré-existente, a fim de protegê-los do ataque.

Caso obtenha êxito, o inimigo iria se dispersar por algum motivo que não compreendo, iria olhar ao redor não iria encontrar vestígios, assim desfazendo a defesa de terra e notando que os demais do grupo se encontravam presentes e meio atordoados.

― Cadê o outro?! - questionei os demais, apenas a lider conseguiu responder, com certa dificuldade, dizendo que o mesmo havia retornado ao acampamento ― Acho bom todos nós retornamos! - após minha sugestão, parece que todos concordam e assim seguiríamos juntos para o acampamento.