Nathaniel já tinha entrado em Iwagakure no Sato, mas precisava chegar em um local que não lhe era conhecido ainda: uma praça que ficava no centro da vila, onde algumas pessoas costumavam se encontrar, principalmente idosos, para jogar baralho e conversar sobre a vida. Lá, faria uma rápida parada para se encontrar com Ryuuzaki e B.A, para que assim traçassem os seus objetivos em meio a sua própria missão. O Grey teve que perguntar para algumas pessoas como fazia para chegar no local, dando a sorte de um ninja da vila, um Chuunin, se prontificar a lhe mostrar o caminho. Logo que chegou na praça, Nate pode ver um homem ruivo e um cara negro, um pouco mais alto, esperando por ele, chegando perto dos dois. A praça estava cheia de gente, e viu até mesmo uns jovens de aparência gótica passeando.

── Finalmente, hein! ── exclamou Ryuuzaki.
── Eu não vim de cavalo, como vocês. Eu vim andando, como deveria ser. ── pontuou Nathaniel.
── Por que não usa seu Choujuu Giga para criar um pássaro para te trazer aqui? Parece que te apresentei aquela gótica atoa. ── comentou B.A. ── Aliás, qual a sua missão aqui mesmo? ── ficou curioso.
── Preciso entregar uma carta a um antigo conselheiro do governo da Shodaime Tsuchikage. ── explicou o Grey. ── Aparentemente, ele não tem muito tempo de vida e tem um filho fora do casamento que não sabe, de um antigo amor. ── comentou, olhando para a praça movimentada. ── E o tio de vocês, cadê ele? ── perguntou.
── Não é o nosso tio, Elfo, ele e O Tio. É uma alcunha que ele ganhou em Konoha, e se espalhou pelo mundo. Ele é uma lenda quando se trata de teorias da conspiração e assuntos ocultos. ── Ryuuzaki disse.
── Esperem! Vocês vieram para cá para procurar um conspiracionista!? Puta merda, vocês devem estar malucos! ── falou com certa incredulidade.
── O cara é louco de pedra, mas tem umas informações que outras pessoas não sabem. E ele sabe muita coisa sobre o Kiyoshi. Nem sempre ele acerta, mas digamos que ele acerta... 75% das vezes. ── Ryuuzaki falou.
── O que já é melhor do que nada. ── B.A falou.
── Meu Deus... Olha, vamos nos hospedar em um lugar com três quartos, e depois vemos o que fazemos, ok? ── avisou Nathaniel.

[...] Depois de procurarem um bom hotel em Iwagakure e se hospedarem de forma devida, Nathaniel seguiu para o endereço indicado pelo seu chefe, que se surpreendeu quando o Grey disse que queria fazer aquela missão de Rank B. Ele recebeu todas as informações necessárias de como chegar até a vila e o local que deveria ir, e assim Nathaniel rumou para o tempo onde o conselheiro de nome Morimoto morava. Assim que chegou na residência, ele tocou o sino do local, cruzando os braços e esperando por alguém que o atendesse. Logo chegou um rapaz de vinte e poucos anos, cabelo castanho e corte militar, com o físico de um shinobi, sendo um pouco mais alto do que Nate.

── O que você quer aqui, shinobi de Konoha? ── perguntou o rapaz de forma ríspida, reparando na bandana de Nathaniel.
── Meu nome é Nathaniel Grey, e eu sou carteiro de Konoha. Eu tenho um pergaminho para o Sr. Hayashi Morimoto. Ele se encontra aqui? ── Nathaniel quis saber.
── Um shinobi carteiro? Precisa complementar a renda, é? ── falou rindo, mas depois ficou sério. ── Meu pai não se encontra no momento, e pode demorar a voltar. Entregue a carta para mim, e eu passarei para ele. ── avisou como se aquilo fosse uma ordem.
── Preciso entregar para ele pessoalmente. É bastante importante que ele saiba da informação que possuo, e preciso garantir isso. ── Nathaniel comentou.
── Ele vai saber, agora me entrega essa carta! ── falou um pouco mais alto.
── Eu sigo ordens, cara. Não posso fazer isso, mesmo que você queira. E não grite comigo. ── Nathaniel pediu friamente.
── Eu falo do jeito que eu quiser, porra! E quando for falar comigo, use SENHOR no final! Eu não sou um shinobizinho qualquer! Me dá esse pergaminho, e depois dá uma volta e pergunta por aí quem é Hayashi Kenji. ── o cara falou, esticando a mão.
── Se você falar comigo assim de novo, Hayashi Kenji vai ser um homem morto. ── Nate avisou, sem dar o pergaminho.
── Está me desafiando, seu merda!? ── perguntou o cara. ── Pois saiba que sou amigo pessoal da Tsuchikage! É só eu mandar uma carta, e eu acabo com a sua vida! ── ameaçou, mas aquilo era tudo mentira. Nathaniel chegou perto do homem, ficando cara a cara com ele.
── Manda a carta pra ela. Depois que você acabar com a minha vida, eu acabo com a sua. E isso não é uma ameaça, porque pra mim, só covarde e filho da puta faz ameaça. Isso é uma promessa, Hayashi Kenji. ── Nate avisou, saindo do local, mas sem deixar de olhar para o cara. ── Eu vou achar o seu pai, então já vai se desapegando daquilo que você acha ser a sua fonte de poder. ── falou em relação a sua riqueza. ── E se tentar fazer alguma coisa contra mim, bem... Nem a Tsuchikage vai te salvar. ── o alertou, indo embora.

Nathaniel foi direto para o hotel onde estava hospedado após se desentender com o filho do destinatário da sua carta. Quando chegou lá, encontrou uma mensagem em sua cama em um pergaminho. “Fomos procurar o Tio em Iwa, não nos espere acordado.” Ele leu a mensagem e foi direto deitar em sua cama, ainda que com a luz acesa, olhando para cima e pensando na vida por alguns instantes. Não demorou muito para que pegasse no sono e dormisse, acordando no dia seguinte e procurando nos outros quartos, constatando que nenhum dos dois tinha voltado para casa.

Logo foi até a recepção do hotel, tomando um café reforçado, para que assim pudesse voltar a casa de Morimoto para lhe entregar o pergaminho. Ele se arrumou apropriadamente, mas não se dirigiu direto para a casa do mesmo, mas ficou na espreita em cima de uma casa próxima, observando o local para ver se o mesmo estava em casa. Nate deduziu que se tentasse falar com outra pessoa que não fosse Morimoto, as repercussões não seriam muito boas.

Esperou pacientemente por alguma movimentação, mas tudo que viu foi Renji e os seus empregados. Decidiu esperar que algum dos empregados saísse de casa para fazer algum tipo de tarefa para então começar a segui-lo, para enfim obter informações sobre Morimoto. Assim que uma moça saiu com uma sacola vazia, Nathaniel acompanhou-a por alguns metros, sem que ela desconfiasse de que estava sendo seguida. Quando ela entrou em uma mercearia, Nathaniel foi atrás dela, parando no corredor próximo a moça morena e de trejeitos simples.

── Olá, senhorita. Me perdoe interromper as suas compras, mas preciso de informações sobre o seu patrão, o Sr. Morimoto. Meu nome é Nathaniel Grey, e eu sou um carteiro de Konoha. Preciso de informações sobre a localização dele, pois tenho que entregá-lo uma carta muito importante. ── revelou sem cerimônias.
── Sinto muito, senhor Grey, mas o meu patrão não se encontra na vila neste momento. Ele está com uma doença muito rara e severa, praticamente incurável, e que exige muitos cuidados. É por isso que ele está em Kirigakure no Sato, o único local com um médico especialista neste tipo de doença. Ele deve retornar em até no máximo 24 horas, mas eu posso entregar a carta para ele pessoalmente. ── disse, estendendo a mão para receber o pergaminho.
── Infelizmente, preciso entregar este pergaminho pessoalmente nas mãos do seu patrão, pois preciso me certificar disso. ── avisou. acenando com a cabeça e saindo sem dar muita ideia para a moça, afinal ela poderia acabar insistindo.
Assim que estava para sair do estabelecimento, Nathaniel notou que um ninja de Iwagakure no Sato se aproximou da moça para lhe fazer perguntas, mas ele não ficou por lá para ouvir nada. Precisava se afastar, ou acabaria lutando em uma mercearia novamente. Como não encontraria o destinatário do seu pergaminho naquele dia, resolveu que focaria no outro assunto que o levou para Iwagakure no Sato. Quando estava seguindo para o hotel, ouviu uma voz feminina o chamar.
── Nathaniel! ── chamou uma moça, fazendo Nate olhar para trás.
── Ravenna! O que está fazendo aqui? ── disse surpreso, vendo a ruiva lhe dar um sorriso tímido.

[...] Nathaniel convidou a garota Grey para tomar um café, então os dois foram para uma cafeteria próxima. Nate acabou contando o porquê de estar ali, e ficou surpreso por saber que Ravenna estava em Iwagakure no Sato junto a algumas pessoas conhecidas por ele em Silvermoon para um pequeno festival que teria na cidade. Ainda que fosse um evento não muito divulgado ou com tamanha repercussão, ainda era algo que valia a pena fazer uma viagem. Mais surpreso o Grey ficou quando soube de uma das atrações do festival.

── Espera! Eu já cantei com esses caras do Horizon! Que bom que eles escolheram um nome pra banda! ── comentou olhando para o panfleto.
── Sério? Bem, eles não são a melhor banda do mundo. O novo vocalista é bem mediano, isso no melhor dia deles. ── Ravenna falou.
── O outro também não era lá grande coisa. ── sussurrou o jovem de cabelo negro. ── Mas as músicas novas deles são legais! Até conheço algumas letras. ──
── Soube que o antigo vocalista bateu com a cabeça na banheira e morreu enquanto estava ensaiando com a banda. ── comentou a ruiva, deixando Nathaniel alarmado.
── É... Foi isso mesmo. ── disse sem graça, lembrando do que realmente tinha acontecido com o cara.
── Você devia cantar com eles. Aposto que eles iriam adorar, e o público também! ── a ruiva disse.
── Não, não, eu não estou aqui para isso! Eu tenho algumas pendências em Iwa, e quando eu terminar, voltarei para Konoha. ── respondeu Nate.
── Mas é só entregar um pergaminho para um senhor doente. Não é tão difícil, né? ── questionou Ravenna.
── Quando se trata de entregar certas mensagens, Ravenna, é mais difícil do que você pode imaginar. ── falou, fazendo a garota sorrir para ele.
── Você é bem misterioso. Isso é até charmoso, se você quer saber. Gosto de mistérios. ── ela comentou com uma certa timidez.
── Entendi. ── disse o rapaz, que não sabia o que dizer ou o significado daquelas palavras, e também acreditava que não precisava saber.

[...] Nathaniel teria que esperar longas horas antes de conseguir entregar a carta para Morimoto, e pelo que poderia imaginar, seria muito melhor para ele se não ficasse sozinho dando bobeira na rua. Renji, o seu filho, provou ser um homem arrogante e que se achava no direito de dar ordens a um Jounin de uma vila distante, então o Grey imaginava que ele deveria tratar aqueles do seu entorno de maneira muito pior. Não era muito difícil imaginar que ele poderia vir a ser seguido por ninjas da própria vila, que poderiam querer interceptar a sua carta, ainda que por meios violentos.

Quando a noite chegou, Nathaniel se despediu de Ravenna e foi direto para o hotel onde estava hospedado. Ele acabou ficando surpreso quando chegou na porta do local, vendo que toda a gangue estava lá esperando por ele, todos conversando.
── Olhem, o Rei Delas chegou! ── Ryuuzaki falou com um sorriso sacana.
── O que? do que estão falando? E o que eles dois estão fazendo aqui? ── Nathaniel ficou confuso com aquelas palavras.
── Eu e Kimiko verr você conversarr com garota ruiva de orelhas pontudas. Você saberr bem as garotas com quem ficarr, Petit Nate! ── avisou River, vendo que Kimiko fazia alguns gestos com a mão. ── Kimiko dizerr que ela também quererr verr o Tio. ── comentou também.
── Eu não estou ficando com a Ravenna. Ela é uma garota que eu conheci em Silvermoon. ── respondeu.
── Kimiko dizerr que garota parecerr gostarr de você. ── River falou.
── Sim, somos amigos. ── Nate explicou.
── Ela quererr dizerr de outro jeito. ── River retrucou, deixando Nathaniel mais confuso ainda, o fazendo perceber que B.A não dizia nada.
── Okay, okay! Depois vocês fazem uma festinha do pijama para tratar da vida amorosa do Elfo. Temos que encontrar o Tio agora mesmo. Ele não é do tipo que gosta de esperar. ── Ryuuzaki interrompeu a conversa.

O quinteto rumou para o bar na Zona Norte de Iwa, uma área mais pobre, encontrando um homem velho e baixinho sentado em uma mesa grande, com a bengala do seu lado e um livro sobre a mesa, tomando um copo de água da garrafa que ele próprio tinha levado. Ryuuzaki e os outros confiavam nas informações da Lenda com as suas próprias vidas, por mais insano e improvável que ele falasse. Assim que o velho viu o grupo entrando no bar e se aproximando dele, ele ficou aliviado, mas não menos estressado.

── Ryuuzaki, seu desgraçado! Por que demorou tanto? O pessoal aqui estava me olhando feio, como se eu fosse a porra de um Azulado! ── disse o senhor conhecido como "O Tio", ajeitando o seu óculos.
── Por que não pediu nada para beber então? ── Nate perguntou algo que parecia óbvio na sua cabeça.
── Beber essas bebidas alcoólicas? Sabe o que colocam nessas bebidas, rapaz!? ── disse incrédulo com a pergunta do Grey. ── Você não ensinou nada sobre esse mundo para esse garoto, Ryuuzaki? Cuidado, ele pode ser um espião da elite shinobi para pegar e matar aqueles que sabem a verdade. Você já testou ele? ── perguntou para o ruivo. Nate olhou para B.A, que estava mais perto, que fez um sinal para que ele relevasse as suas palavras.

O grupo se sentou, e logo pediram chopp para beberem, e umas batatas fritas para acompanhar. O Tio ficou resmungando, dizendo que eles estavam pedindo para morrerem cedo, enquanto eles ficavam esperando pelas bebidas.
── E aí, garoto, como está a sua missão? ── perguntou B.A.
── O cara não está em Iwagakure no Sato, deve voltar em algumas horas. Assim a empregada do Morimoto disse. ── disse o Grey.
── Morimoto, o conselheiro? Um Azulado desgraçado! Dizem que ele está se escondendo porque o seu corpo já não se tornou um receptáculo viável. Precisa saber mais sobre as merdas desse mundo, rapaz. Os Azulados estão em todos os lugares! ── resmungou o velho.
── Azulados? ── perguntou Nathaniel.
── Os Azulados são criaturas de outro planeta infiltrados neste planeta, com o objetivo de fazer com que a população mundial seja reduzida em 10%, além de criar uma superelite para oprimir os sobreviventes. São uns 1% dos 1% da elite rica desse mundo, conspirando com esses alienígenas desgraçados. Eles fornecem a tecnologia e os conhecimentos ocultos, e nós oferecemos a nossa própria gente. ── falava em voz baixa, como se tivesse contando um segredo. ── Os Kages e as grandes nações, os senhores feudais, os grandes bilionários, todos eles juntos. Por que acha que Suna deixou de ser uma Grande Nação? Não é a primeira vez que isso acontece. É só a elite estalar os dedos, e uma grande nação deixa de ser uma grande nação, e eles saem lucrando com isso. A mesma coisa com os Hokages de vocês. Só sendo muito burro para não perceber que Sarutobi Kaden ainda controla Konoha. Depois dele, ninguém ficou no cargo por tanto tempo e quem não faz o que ele quer, ele manda matar igual fez com outros ninjas da vila que acabaram sabendo demais. ── falou bravo.
── Você acha que o Shodaime mandou matar pessoas da própria vila? ── perguntou Nathaniel.
── Aquele homem nunca deveria ter sido Hokage, para início de conversa! Na batalha final contra Shisho, ele saiu fugido de lá como um covarde! Ele entrou no cargo como um homem pobre, e saiu de lá, anos depois, multimilionário. ── disse o Tio, ainda que não demonstrasse nenhuma evidência. Nathaniel não acreditava em nada daquelas coisas, e não conseguia entender como os outros lhe davam confiança.
── Tio, com todo o respeito, mas viemos aqui para sabermos mais sobre o Kiyoshi. ── Ryuuzaki interrompeu a conversa de Nate e do senhor.
── Uchiha Kiyoshi, o original gangster. Esse cara é muito sofisticado no crime. ── disse o Tio, abrindo o seu livro, pegando algumas fotos. ── Ele está criando um culto em seu nome. Visitando pequenos vilarejos e comunidades, nunca grandes cidades. Ele sabe da verdade igual a nós, e usa isso para atrair pessoas para a sua seita. Mas Kiyoshi não quer ser um segundo Pastor ou algo do tipo. Tudo o que ele quer é se blindar, porque segundo dizem, ele está com uma doença severa. O filho da puta não vai viver por muito tempo, por isso ele reuniu os seus Quatro Cavaleiros. ── aquelas palavras fizeram eles se surpreenderem. Kimiko rapidamente levou as mãos aos braços, ficando toda arrepiada, algo que Nathaniel notou.
── Quatro cavaleiros? ── perguntou, quando o Tio olhou para o lado.
── Fodeu. Estamos cercados. Eles vieram me pegar. ── disse com as pernas trêmulas.
── Do que está falando, Tio? ── B.A perguntou.
── Os caras a algumas mesas de distância. Um deles tem uma tatuagem de caveira flamejante. Eles são mercenários, estão aqui para me pegar. Eu não devia ter saído do meu esconderijo, não devia! ── disse nervoso, até que Kimiko fez uns gestos com a mão, pois ouvia a conversa do quarteto.
── Kimiko dizerr que eles não estarr atrás de você, Tio... Eles estarr atrás do Petit Nate. ── respondeu River.

Todos ficaram tensos com a notícia de que haviam mercenários dentro do bar que estavam atrás de Nathaniel e, por tabela, deles. O Tio ficava com as pernas tremendo, esperando o momento em que alguém teria a brilhante ideia de sair do local. Ryuuzaki fez um sinal com a mão, e então o grupo começou a se levantar lentamente. De repente, quando o ruivo estava tomando a dianteira, um homem robusto se levantou da mesa ao lado, deixando o chopp cair no chão, assustando o grupo.

── Não olha por onde anda, meu chapa? Olha o que fez com minha roupa! ── bradou o homem.
── Não tenho culpa de você ser um Zé Bunda idiota que não olha para trás antes de se levantar. ── Ryuuzaki respondeu. ── É só pagar por outra bebida. ── avisou, vendo que os caras da mesa se levantaram, assim como os mercenários. Era uma cilada, mas quem tinha armado aquilo?
── Quem vai pagar vai ser você. ── ameaçou o homem, puxando uma soqueira e tentando socar Ryuuzaki, que jogou as costas para trás, desviando do ataque, segurando o homem pela gola do colete e lhe dando uma cabeçada.
── Corre, garoto! ── gritou B.A para Nathaniel.

De repente, uma briga generalizada começou no bar. Os mercenários foram para cima da gangue, sacando kunais, adagas e outras armas cortantes fáceis de serem manuseadas, então começaram a troca de socos e tentativas de golpes. Nathaniel, Ryuuzaki, B.A, River e Kimiko socavam e chutavam todos aqueles que tentavam chegar perto deles, se embaralhando pelo bar, quebrando as mesas e cadeiras que estavam pelo caminho. Um cara tentou quebrar uma cadeira nas costas de B.A, o fazendo se virar para trás e pegar o homem pela blusa, jogando-o contra a prateleira de bebidas. Nathaniel olhou para o lado e viu Ryuuzaki socando o rosto do homem em quem derramou bebida, enquanto o Tio engatinhava no chão para sair do bar. Um cara então puxou a sua perna, o fazendo gritar de medo.

River foi mais ligeiro e correu até o mesmo, deslizando no chão e acertando a perna do mercenário, pegando o seu pescoço e batendo a sua cabeça contra uma mesa. Ele deu um sorriso para o velho, que apontou para trás e mandou ele ter cuidado, porque um homem estava com uma pequena foice, pronto para decepar a sua cabeça. Só que Kimiko percebeu o perigo, aproximando-se com extrema velocidade e socando o rosto do cara. Nathaniel estava prestes a fugir, quando um mercenário se colocou na sua frente.

── Vem aqui, garoto! Prometo não te machucar, até porque Kiyoshi quer você vivo. ── disse o mercenário com rabo de cavalo.
── Ah, é? Bom, só tem um problema nisso. ── sussurrou.
── Qual? ── perguntou o mercenário, quando Nathaniel usou do laser de plasma para jogar o homem contra a janela, quebrando-a imediatamente.

Aquilo abriu a passagem para Nathaniel, que pulou a janela e estava pronto para fugir, quando se viu cercado por um grupo de ninjas da Vila da Pedra. Entre eles, Hayashi Renji, que rapidamente deu um sorriso. Ryuuzaki olhou do lado de dentro para a situação, e Nathaniel rapidamente fitou o ruivo. Os dois se olharam por alguns segundos, e por um momento, houve uma "comunicação telepática" entre eles. Não literalmente, mas quando Nate acenou positivamente para ele, o líder da gangue pegou duas bombas de fumaça do bolso e jogou no chão, causando uma explosão que tirou a vista do que estava acontecendo do lado de dentro.

── Ajoelhe-se e coloque as mãos atrás da cabeça, Sr. Grey. ── falou um dos shinobis.

[...] Cinco ninjas de Iwa, incluindo Renji, escoltavam Nathaniel até uma das saídas da vila, mas não a tradicional. Não houve ida a delegacia ou denúncia a Tsuchikage ou qualquer figura em posição de autoridade, afinal se eles o levassem para lá, Nathaniel contaria toda a verdade sobre os seus objetivos de estar ali, e mencionaria a carta que deveria ser entregue ao antigo conselheiro da vila. Quando chegou nos portões, Nathaniel deu alguns passos para frente, depois virou-se, ficando a cinco metros de distância dos ninjas.


── Por que você faz tanta questão assim de eu não entregar pessoalmente essa carta para o seu pai, Renji? Do que você tem medo? ── perguntou em voz alta.
── Isso não te interessa, seu bosta! Agora vá embora e nunca mais volte aqui! ── ordenou Renji. ── Aliás, não foi muito difícil fazer você ir embora. Vieram uns caras aí perguntando por você, e eu pensei: por que não ajudá-los? Eles pareciam beeeem interessados em você, então eu dei uma forcinha, afinal sabia que isso seria benéfico para mim. Sabia que você era do tipo que gostava de arrumar confusão, então só fiquei esperando a merda rolar, e aí executei a lei de Iwa. Agora você não pode fazer nada, não é? Afinal, se tentar alguma coisa, é só eu reportar que você arrumou briga na vila e eles te expulsam daqui rapidinho. Mas você não quer um incidente diplomático, não é? ── perguntou com um sorriso sarcástico.
── Entendi... Você sabe o conteúdo da carta, não é? ── perguntou em voz alta. ── Sabe que tem um irmãozão em Konoha que pode garfar uma parte da sua herança que você tanto espera para receber. Você é filho único, não é? Por isso não aprendeu a compartilhar. ── comentou, caminhando para perto de Renji.
── Você sabe quem esse carinha é? O filho de uma empregada qualquer, uma vagabunda que abriu as pernas para o meu pai na esperança de tomar o lugar da minha mãe e nos tirar o que era nosso por direito. Mas quando ela engravidou, o meu pai a colocou para correr, e nunca mais tocou no assunto. É por isso que um bastardinho não vai entrar na minha família e tomar aquilo que pertence a mim, mas NÃO VAI MESMO! E você já não pode fazer mais nada para mudar isso. ── avisou, cuspindo no chão, perto do pé de Nate.
── Tem certeza? ── perguntou. ── Porque vocês não apresentaram nenhuma denúncia formal contra mim, e... Não me levaram para o seu quartel general ou para nenhuma estação policial para documentar o flagrante, e ainda não expuseram os meus direitos como cidadão estrangeiro, o que quer dizer... Que eu sou um homem livre. ── disse olhando nos olhos de Renji.
── É, verdade... Você é um homem livre. ── sussurrou, coçando o rosto e olhando para o lado, rindo para os amigos.

De repente, ele acertou um cruzado de direita no rosto de Nathaniel, que teve o rosto deslocado levemente para o lado. Os ninjas de Iwa ficaram rindo, enquanto o Grey passou a mão pelo nariz, olhando para Renji.

── É isso que você chama de soco? ── perguntou, e então acertou um soco bem potente no nariz de Renji, o fazendo cambalear para trás e cair de bunda no chão, sangrando pelo nariz. Os caras começaram a gritar, mas não fizeram nenhum movimento ofensivo. ── Eu não tenho intenção de causar problemas na vila de vocês, mas o amiguinho de vocês está atrapalhando a minha missão. Não entrem no meu caminho. ── ordenou, concentrando chakra pelo seu corpo e enviando energia elemental das suas mãos para o chão, saindo do chão e voando para dentro da vila.

Os ninjas de Iwa não atacaram Nathaniel, mas o perseguiram enquanto ele voava para longe deles. Ele passava por cima de algumas casas, enquanto os ninjas pulavam de terraço em terraço. Assim que conseguiu alcançar uma distância considerável dos caras de Iwa, ele passou pelas ruas da vila, enquanto tentava achar um local para se esconder. Voltar para o hotel seria uma péssima ideia, pois poderiam lhe achar facilmente. Andava pela rua de cabeça baixa, quando virou numa esquina e viu dois dos caras que estavam atrás dele perguntando algo para um terceiro ninja da vila que vinha passando. Quando um deles viu Nate na esquina, apontou o dedo gritando para ele, obrigando Nate a começar a correr. Quando estava no meio do caminho, uma porta se abriu ao seu lado, ele parou próximo de um beco, sem saber para onde ir, quando de repente alguém puxou o seu pulso, arrastando para dentro da escuridão, colando as suas costas na parede e tapando a sua boca.

── Shhhhhhh! ── sussurrou Ravenna, ficando quase que colada nele, olhando para ele nos olhos enquanto os ninjas passavam pelo beco e nem viam os dois ali, achando que tinham perdido Nate de vista. ── Eles não podem nos ver no escuro porque somos a escuridão. Isso não é poético? ── sussurrou a garota, ficando corada.

Depois de ficarem no beco por uns dois minutos esperando os ninjas se afastarem daquela região, Ravenna levou Nathaniel para um pequeno prédio um pouco mais afastado dali, onde eles subiram as escadas em silêncio, enquanto ela fazia questão de segurar a sua mão para levá-lo ao local. Quando chegaram perto de uma porta, Ravenna imediatamente bateu nela, esperando por alguns segundos, até que alguém abriu-a, permitindo que os dois entrassem. Para a sua surpresa, Nathaniel estava no local onde a banda Horizon estava hospedada. O pessoal se alegrou ao vê-lo, se levantando para cumprimentar o rapaz.

── NATE! ── o baterista da banda o abraçou animado, deixando-o surpreso.
── Eu disse que iria achá-lo. ── Ravenna falou com um sorriso timido.

[...] Enquanto comiam pizza, Nathaniel acabou contando tudo o que tinha passado para os membros da banda Horizon, desde a sua chegada em Iwagakure até as dificuldades da sua missão. A nova tecladista da banda, de nome Ayumi, contou para Nate que ela e o baterista viram Ryuuzaki e os outros fugindo pela porta dos fundos do bar, dizendo que precisavam sair da vila o mais rápido possível e, segundo as próprias palavras do ruivo, "O Elfo sabe se virar sozinho.".

── Que preconceito!! ── Ravenna falou sobre o apelido de Nate.
── Relaxa. Já estou acostumado com isso. O negócio agora é eu conseguir ficar longe desse desgraçado do Renji e entregar o pergaminho para o Sr. Morimoto. ── disse o Grey. ── Minha dificuldade maior não é lutar contra os caras aqui, mas é não lutar. Se eu entrar numa briga com os ninjas daqui e matar um deles, posso acabar causando um incidente diplomático. Se eu morrer, também. Agora tenho que me manter afastado deles. ── avisou.
── Você não vai conseguir nada agora, cara. E o pior: eles podem fazer alguma covardia com você, principalmente por causa do horário. O melhor que você faz é descansar, esperar mais um pouco. ── sugeriu um dos guitarristas, de nome Shinji.

Nathaniel aceitou a sugestão do rapaz, esperando todos irem para os seus quartos para se ajeitar no sofá, afinal ele era uma visita surpresa. Ele conseguiu dormir a noite toda, acordando no dia seguinte e tomando café com o pessoal. Assim que saiu daquele prédio, Nathaniel caminhou com a cabeça baixa, tirando a bandana no seu braço e guardando em seu bolso, ficando perto de pequenos grupos que caminhavam pela rua, para escapar dos olhos dos shinobis de Iwa. Se lutasse contra eles em plena luz do dia, sua missão poderia fracasssar.

Foi então que tomou uma decisão arriscada, mas que valia a tentativa: invadiria a casa de Sr. Morimoto. Ele sabia onde o local ficava, e sabia o que precisava fazer. Nate acabou voltando para o hotel onde estava hospedado, passando pela recepção e percebendo que tinha um ninja da vila sentado em um sofá lendo jornal. Assim que passou por ali, Nathaniel entrou no elevador, mas logo foi para o seu quarto, onde colocou um sofá na porta. Esperou por alguns minutos olhando na janela, vendo um grupo de shinobis entrando pela porta do hotel, comandados por Renji, enquanto alguns escalavam o prédio usando o chakra em seus pés.

De repente, ele ouviu batidas na porta. Estavam tentando invadir o local a força. Nathaniel pegou espaço para tomar impulso e então sair pela janela, passando pelos ninjas que escalavam o prédio, e então ativando o seu jutsu de vôo, usando a sua natureza elemental para planar em pleno ar novamente. Ele utilizou-se do seu jutsu para voar por Iwagakure no Sato, passando até próximo do Gabinete da Tsuchikage, chamando a atenção de alguns ninjas próximos. O seu intuito era chegar a casa de Morimoto, o que foi possível graças ao seu plano. Porém, chegando lá, dez ninjas da vila cercaram ele. Quando o mesmo colocou os pés no chão, um homem de mais de dois metros segurou Nate, o colocando de bruços no chão.

── O que está acontecendo aqui!? ── perguntou Morimoto em voz alta, saindo da sua casa junto com a sua esposa.

Assim que Morimoto chegou no local, Renji apareceu imediatamente, tendo conseguido chegar antes que Nathaniel abrisse a boca sobre a situação. Nathaniel ainda estava no chão, e tinha um joelho enorme na sua nuca, o impedindo de fazer muita coisa. O filho de Morimoto estava visivelmente desesperado, pois o pai poderia estar prestes a descobrir a verdade.

── Pai, por favor, entre para casa! Esse cara é perigoso, e tem causado muitos transtornos em Iwa. ── mentiu Renji, ou melhor, contou uma pequena parte da verdade. ── Eu vou levar esse criminoso para a justiça! ── prometeu o jovem.
── Vamos, Morimoto, vamos deixar que o nosso filho cuide da situação. ── ordenou, enquanto Nathaniel era levantado e segurado pelos braços.
── Senhor, tenho uma carta de Konoha para você! ── falou bem alto, levando um tapa bem forte no rosto de Renji, sem conseguir reagir. Porém aquelas palavras mexeram com Morimoto, pois sabia que havia algo em Konoha que tinha deixado para trás.
── Não dê ouvidos a esse idiota. ── falou sua esposa. Porém Morimoto se virou e caminhou até a porta.
── Soltem o rapaz, e deixem que ele fale. ── ordenou. Renji tentou protestar, mas ele permaneceu firme na sua posição.

Nathaniel foi solto contra a vontade de Renji, e então puxou o pergaminho do seu estojo de equipamentos, entregando para Morimoto. Ele logo lembrou do seu grande amor do passado, alguém com quem teve uma paixão avassaladora, mas que foi destruída pelo destino. Imediatamente o senhor começou a chorar ao descobrir que tinha um filho em Konoha, fruto do grande amor da sua vida. Na carta, ele obtinha mais informações sobre o rapaz e conciliava a idade do rapaz com a época que tudo tinha acontecido.

── Aquela favelada desgraçada... Eu dei tanto dinheiro para aquela alpinista social ir embora e deixar a nossa família em paz, mas ela resolveu voltar do inferno para tentar tirar mais da gente! Você não irá aceitar esse bastardo como o seu filho, não é? ── disse a esposa de Morimoto, sem nenhum pudor.
── É claro que vou! Ele é meu herdeiro, assim como Renji! ── sussurrou, deixando o seu filho primogênito irritado. ── A verdade é que ela foi a única mulher que me amou de verdade, e não por eu ser alguém numa posição elevada. No momento em que minha reputação estava baixa por conta de polêmicas envolvendo mentiras sobre mim, ela foi a única que me deu apoio, mesmo sendo só uma empregada da casa. Ela dizia que eu seria capaz de provar a minha inocência, e eu fui. Agora sei porque ela foi embora, mesmo eu tendo dito a ela que me separaria. Você usou de um golpe muito baixo, Hima. Chantageando ela com um problema familiar... ── sussurrou Morimoto. ── Rapaz, pode voltar a Konoha e dizer que irei visitar o meu filho o mais rápido que eu puder. Eu só preciso resolver assuntos aqui na vila... Como o meu divórcio. Se for para morrer, eu passarei os meus últimos momentos ao lado do meu grande amor. ── falou com um sorriso no rosto, olhando para o céu, fazendo a sua esposa quase desmaiar, sendo amparada pelos empregados de dentro da casa.
── Eu disse que ia acabar com a sua vida. ── sussurrou Nathaniel para Renji, o que fez o rapaz explodir de raiva e puxar uma kunai, para tentar matar Nathaniel, mas os seus próprios amigos o seguraram, evitando assim uma tragédia. Renji ficou xingando o jovem de Konoha, até que o seu pai o mandou se controlar, fazendo o mesmo baixar a bola.

Assim que terminou de ler a carta, Morimoto logo a assinou, provando que tinha a recebido e lido o conteúdo dela. A missão tinha sido cumprida com sucesso, apesar de todas as dificuldades. Restava saber se Nathaniel conseguiria voltar para casa vivo depois de ter arrumado problemas com alguns ninjas de alta patente da vila, ou se eles iriam deixar para lá.