Nyanta me conduz até o centro do local, o mesmo disse que posso desativar minhas técnicas, pois não seria preciso escalar para descer, pois iremos pegar um elevador ― Ah, não! - reclamei, odiava tudo aquilo que se mechia de um jeito que me deixava enjoado, assim como embarcações e principalmente elevadores, inclusive me recordo do ocorrido durante o exame chunnin, se não fosse minha gula e aquele maldito elevador, creio que teria sido mais fácil a primeisa faase, tanto para min, quanto para a equipe ― Okay, okay, acho que é melhor suportar um enjoo do que ter que passar por tudo aquilo novamente - digo me referindo a escalada daquela torre, o felino cinzento apenas esboçava um sorriso sereno.

― Desculpe novamente pelos maus modos de Nekomamushi, apesar de seu comportamento engraçado, ele é muito orgulhoso com seu status como governante de Neko no Yōsai, nya - disse o cinzento, enquanto descíamos naquele paralelepípedo de aço ― Apesar deste comportamento "animado", ela costuma ser bem agressivo e impiedoso, pode ser teimoso mesmo quando não está com raiva, como você mesmo pode presenciar, ele não gosta de receber ordens, nya. Apesar de seu comportamento teimoso, às vezes abrasivo, Nekomamushi se preocupa genuinamente com seus amigos e invocadores, também é firmemente leal e possui uma vontade incrivelmente forte, digamos que se ele fosse capturado e torturado, para revelar a localização e/ou alguma informação sobre seus aliados, ele perderia os membros do corpo e até morreria, recusando-se a revelar, sei disso, nya - o gato parecia pensativo, apesar de conseguir apenas escutá-lo, peço um tempo para ele - com a mão - para se recuperar do enjoo ― Vejo que tem problemas com elevadores, quando estou enjoado, costumo cuspir bolas de pelos, nya - não sei se a era uma sugestão ou o gato estava sendo irônico, mas pouco importava ― Mas voltando sobre Nekomamushi, sua lealdade a seus aliados significa que ele tratará qualquer um que tentar prejudicá-los cruelmente, assim, ele tem muitos comportamentos felinos que às vezes podem levar a melhor sobre ele, como o fato de gostar de lamber as patas,  brincar com bolas e brinquedos para gatos, e comer catnip, nya. Um fato intrigante, que contrário da maioria dos gatos, no entanto, ele adora tomar banho, nya, que medo!

O felino realmente conhecia muito bem o seu governante, me preocupa o detalhamento da descrição fornecida, parece que Nyanta abria a boca fácil, sequer me conhecia direito e tinha lá tanta intimidade comigo, para me dizer tudo aquilo a respeito de Nekomamushi, mas enfim, apenas me mantive curioso das motivações daquele gato, todo pomposo, ele me lembrava um pouco Tay.
― Chegamos, nya! - disse o diplomata.

― Graças, finalmente! Ufa! - disse a após correr para fora daquele elevador, respirando lentamente e tentando recuperar aquele enjoo, até minha visão estava turva ― Cara, tu fala de mais! - disse para o felino.

― Ah sim, costumo ser bem receptivo com nossos convidados, ainda mais quando este é alguém que chama a atenção de Nekomamushi, nya

― Entendi… para onde iremos agora?! Esse deserto é longo, demais! - reclamei mesmo, poxa, tava cansado vei.

― Teremos que caminhar mesmo, pois os demais estão espalhados por ai e quero lhes apresentar, bom você conhecê-los, pois caso precise de nossa ajuda… agora que contei sobre nosso governante, conte-me sobre você, nya

Visto que não tinha muito o que fazer com relação a locomoção, a não ser caminhar, prossigo ao lado de Nyanta por deserto escaldante, enquanto isso, vou contando sobre minha história ao cinzento, desde meus tempos como gangster, a morte de Borsalino e minha formação como genin. Expliquei sobre as habilidades de meu clã, o que parece surpreender o gato. Conto sobre minha viagem ao país do vento, ao um estranho templo e ocorridos naquele lugar, em seguida, sobre o Inspetor Bugiganga e a minha viagem até Fujisawa, onde conheci Isoka Morrow, o cara que me ensinou sobre o estilo de luta com chiclete; por último, os ocorridos no exame chunnin, desde a saída de Konoha até a perseguição dos gatos, lógico, não deixando de mencionar onde conheci o Mingau.

― Ah, agora entendi porque o Mingau gostou tanto de você! - não entendi muito bem o que ele quis dizer com aquilo, mas pouco me importava ― Chegamos a taverna, costumamos nos reunir aqui para papear, durante descansos de nossos afazeres, olhe quem está ali, nya. Olá Sharuru e Happī, nya! - este apontava para uma dupla de pequenos felinos sobre o balcão do local.


O que se encontra dançando, todo alegre, tem o pelo de cor azul, sendo o da barriga de cor branca, tendo um laço verde em volta de seu pescoço. Do seu lado, outra de cor branca ornamentada com um top que consiste em amarelo mostarda e vermelho com um laço rosa, e uma rosa, sua expressão não parecia nada carismática, parecia com raiva do outro que ali do seu lado dançava todo alegre.

― Ola Nyanta, olha só o passinho novo que eu aprendi! - disse o gato azul, fazendo uma dança bem engraçada por sinal.

― Happi, você tá ridículo desse jeito! - a felina revirava os olhos, cruzando os braços.

― Olá Sharuru & Happī, este aqui é o Choko, ele acabou de fazer o pacto de sangue conosco, com autorização direta do Nekomamushi, nya! - assim que o cinzento finalizou, o estabelecimento fez um breve silêncio, todos voltaram as atenções para mim.

― Qualé a de vocês?! Tão me medindo porque? Tão querendo arrumar briga?! - não gostei nem um pouco, posso estar em desvantagem, mas não gostava nada daquele comportamento, já entrando em posição de guarda.

― Nossa, esse rapaz conseguiu essa façanha direta do nosso governante, parece ser um garoto bem especial! - disse a gatinha branca, que desce do balcão, puxando o outro pelo braço - o arrastando pelo chão - e vem até minha direção ― Muito prazer Choko, eu sou a Sharuru e este idiota aqui é o Happī

― Olá, Happī! - o gato azul diz animado, mesmo naquelas condições.

― Estes dois são grandes conhecedores das artes sábias, são extremamente inteligentes e habilidosos, servindo como conselheiros para os chefes da tribo e mestres de treinamento para os contratantes, nya. Vivem grudados um no outro e são praticamente inseparáveis, ainda que a relação não seja exatamente harmoniosa; entre tapas e beijos, a orgulhosa Sharuru e o cômico Happī se entendem melhor do que ninguém, e a grande sabedoria que carregam fazem deles membros inestimáveis para os gatos e peças valiosas no campo de batalha, nya!

― Aaaah Nyanta, assim você me deixa envergonhada! - disse a gatinha com a bochecha corada.

― Também te acho inteligente Sharuru! - disse o gatinho azul, após se levantar, só não entendi o motivo da gatinha ter dado um soco na cabeça dele.

― Eles são assim mesmo! - disse o diplomata, ao reparar minha expressão assustada ― Pessoal, vou ali pegar um copo de leite, vocês podem cuidar do nosso convidado?

―  Deixa conosco! - a dupla responde simultaneamente.

Assim que Nyanta se afasta, os pequenos felinos me conduzem até uma mesa no canto da janela, eu me sento no assento acolchoado e ali permaneço junto a eles.

―  Nyanta é calmo, mas pode ficar despreocupado, ele é extremamente confiável, é a própria definição de um "gato legal", raramente sendo surpreendido por alguma coisa. No entanto, ele ainda tem senso de humor e está disposto a contar piadas quando for a hora certa. Ele é gentil com todos e vê os valentões como pessoas desprezíveis e ignorantes. Ele é sempre leal aos seus amigos e está disposto a lutar por eles, aconteça o que acontecer. Tendo passado por uma grande tragédia muitos anos atrás.

―  Ele é um lutador muito habilidoso, um cavalheiro em combate, usa uma rapieira como muita propriedade.

― Vocês costumam abrir o bico para desconhecidos, sobre seus companheiros?! - indaguei a dupla.

―  Você não é estranho! - a gatinha diz em um tom risonho.

―  É! Você foi aceito diretamente pelo próprio Nekomamushi, mais confiável que isso, só sendo o Nekomamushi, haha!

― Entendo…

Nyanta e Nekomamushi, possuem algo em comum, ambos são leais e aparentam ser orgulhosos, reconheço estes sentimentos ― Será que isso é algo característico dos gatos? - fique com essa incógnita, deixando-a para depois.

―  Obrigado pessoal, se quiserem ficar ou se retirar, sintam-se livres! - disse o cinzento, sentando-se ao meu lado com um copo de leite.

A dupla se despede e se retiram do local de uma forma engraçada até, a felina dando uns cascudos no outro, pareciam estar discutindo, mas o azulado não esboçava nenhuma reação de raiva, apenas sorrindo.

―  Tá vendo aquela gata ali vestida com um moletom bege, de capuz de gato e mangas compridas que cobrem seus braços, nya?! - ele disse apontando para um ser bizarro no canto da taverna, carregando um prato com comida que mais parecia resto, apenas aceno com a cabeça positivo para Nyanta ―  Esta é Taokaka, seu capuz foi declarado para esconder seus traços faciais e ela nunca o remove, tudo que pode ser visto são um par de olhos vermelhos e um sorriso sempre constante que tende a emular emoções ao transmitir expressões faciais, nya. Apesar deste mistério, é uma gata despreocupada que só deseja o melhor para seus amigos e familiares, seu único desejo é proteger aqueles que ela ama, ou que lhe oferecem comida, nya. Infelizmente, ela também é a personagem menos inteligente do nosso reino, nya. Sua rotina diária consiste em comer e dormir, e ela pode, e muitas vezes vai esquecer tudo o que faz ou é dito para fazer dentro de três passos ou segundos, nya. Claro, nem é preciso dizer que ela não é totalmente burra, ela costuma dar apelidos para aqueles que conhece, para que ela possa tentar se lembrar deles facilmente mais tarde, nya. Ela realmente sabe quem eles são, mas prefere a rotina do apelido, nya.

― E porque eu vou querer invocar uma coisa dessa?!

― Ela é extremamente habilidosa com taijutsu, seu ataque é capaz de partir até montanhas, nya!

― Uou! Realmente, uma gata bem forte! - por isso não devemos julgar um livro pela capa, nunca ficou tão claro essa frase ― E aquele gato preto com chifre ali, comendo que nem um esfomeado, quem é?! - apontava em direção a criaturinha.

―  Ah, este é Kuro, ele é muito brincalhão e cheio de energia, provavelmente está comendo rápido, pois quer brincar, vive para brincar com os demais No entanto, ele tem um lado feroz também, nya. Ele não gosta de ficar sozinho e é visto derramando lágrimas, nessa situação, nya. Ele possui habilidades com transformação e tem uma técnica que o torna enorme, ótimo para ocasiões em combate com criaturas grandes e afins, nya!

― Que dahora, deve ser massa ficar em cima dele e ter uma visão panorâmica de cima, dos lugares! Ah, e aquele gato lá na torre que me curou, como é mesmo o nome dele… - tentei recordar, mas não obtive sucesso.

― Mymyamo?

― Isso, ele é o curandeiro de vocês né?!

― Em falar nele, olha ele chegando. Já te adianto, se você quiser encontrar ele, 80% estará por aqui bebendo e 20% ao lado de nosso governante - o felino mencionado, entra pela porta do estabelecimento, senta-se em um dos assentos perto do balcão e logo em seguida o bartender felino lhe traz um copo e uma garrafinha de saquê.

― Por isso achei ele meio estranho, só não sabia distinguir o que era.

― Ele é o curandeiro mais competente dos gatos, suas habilidades médicas só não são mais famosas que o seu alcoolismo, nya. Mymyamo vive bêbado e dificilmente leva qualquer coisa a sério, detesta compromissos e obrigações e por isso sempre reclamará inicialmente quando for invocado, nya. Sua constante embriaguez dá a ele um jeito filosófico e existencialista, por isso está sempre questionando a necessidade de batalhar, nya. Mymyamo nunca foi visto sóbrio na vida, e, graças a isso, ninguém conhece verdadeiramente a sua real personalidade - há quem diga que seu sangue se tornou puro sake, nya. Apesar disso, é bondoso e gentil, e não deixa de prestar socorro a quem clama por sua ajuda, ainda que o possa fazer entre resmungos e xingamentos, nya.

Conversando um pouco mais com Nyanta, após conhecer os gatos dos quais posso contar, este mencionar que a grande maioria possuem hábitos solitários, os gatos de Paradi-tō são reservados e desconfiados, por isso não é habitual confiarem em humanos. Vivem há séculos escondidos das outras espécies, mas nunca deixaram que sua existência fosse de fato um mistério. Ao longo do tempo, vários registros arqueológicos têm demonstrado uma relação de colaboração mútua entre gatos e homens, com esses chegando a ascenderem como representações tangíveis de deuses em culturas e religiões antigas; mas como inferência do histórico de abusos e escravidão que a espécie enfrentou na mão dos humanos, os gatos delimitaram desafios bastante severos para os que desejam firmar alianças com o seu povo, razão que justifica o pequeno número de seus contratantes pelo mundo.

― Bom, acho que está na hora de eu retornar… só de pensar que terei que fazer todo aquele caminho até Iwa, já me dá uma preguiça…

― Te deixamos lá próximo aos portões da vila, nya! - disse o cinzento ― Ah, olha só quem chegou, nya. - após me levantar, olho em direção a porta e vejo Mingau entrando, este corre em minha direção e salta em meio peito, fincando suas unhas em minhas vestes, ele escala até se envolver ao redor do meu pescoço, deixando sua cabeça e patas dianteiras sobre meu ombro esquerdo e suas patas traseiras sobre o ombro direito ― Parece que alguém deseja ficar contigo, nya!

― Agora eu sei teu nome, Mingau. - o malhado miava, creio que em resposta ao seu nome anunciado.

Acompanhei Nyanta até o lado de fora da taverna, ele pede para apoiar minha mão sobre sua cintura, em seguida realiza alguns selos e após uma fumaceira desgraçada, apareço em frente aos portões de Iwa.

― Acho que chegamos, nya

― Obrigado, deixa eu voltar para o centro de convenções, vou vê se algum ninja da folha terminou o exame e quem sabe, ir embora acompanhado dessa vez

― Qualquer coisa, basta nos invocar agora, nya

― Digo o mesmo, falou tiu! - me despeço do felino, seguindo rumo aos portões, a fim de adentrar a vila e ir ao centro de convenções, de costas, escuto o barulho que ocorre ao realizar o jutsu de invocação, quando olho para trás de relance, não vejo mais o grande gato cinzento.