De acordo com seus pensamentos, os passos para evoluir precisavam começar de alguma forma o mais breve possível, portanto a menina de cabelos rosados havia traçado uma nova meta para aquele fim de tarde frio em Iwagakure. Como havia preparado sua caminhada até o centro da vila, ela resolveu enfim ir até o quadro de missões de menor relevância para ganhar um pouco de ritmo antes de partir de partir para algo mais arriscado, se dirigia ao prédio do quartel general. Chegando lá, foi bem melhor recebida do que a última vez que havia pego uma tarefa, na época, mais perigosa envolvendo um ninja arruaceiro que estava bagunçando a todos com pequenas explosões, mas dessa vez, os ninjas a reconheceram mais rapidamente, muito por conta de sua parente mais alta do que outrora.

[Chunnin] – Olá, senhorita Aiko! Até que enfim resolveu se mover e voltar a concluir missões. – saudou a garota, como se fossem íntimos, mas ainda mantendo distância da menor, era o mesmo ninja que a convocou, dias atrás, para fazer parte do time da garota.

- Olá... Bem, eu precisava sair de casa, passei perto e resolvi entrar... – mentiu, deixando a entender que não se importava com o fato da geração anterior estar se aproximando dela e, consequentemente, estar se sentindo mais fraca do que nunca. – Tem alguma missão fácil aí? Queria concluir algo rápido, antes de buscar novos ares em tarefas mais desafiadoras. – a tentativa de parecer mais como era antes de ir ao fatídico evento nos desertos de Sunagakure era medíocre, pois sua insegurança era nítida até em suas palavras sem confiança nenhuma.

[Chunnin] - Bom... Temos, mas... enfim... Você gosta de gatos? -  questionou a garota com um sorriso de deboche nos lábios.

[...]

A garota saia do local a passos lentos, seu rosto levemente corado e seus lábios se mexendo como se ameaçasse murmurar palavrões saíram sem qualquer som. Estava sentindo-se humilhada de novo, tão brava que sua timidez naturalmente ficava de lado. Nas mãos carregava um novo objetivo, uma pequena foto, trazendo consigo a imagem de um gatinho branco e alaranjado. Sua missão era simples, como ela havia pedido, mas deveras chata por sinal, era uma caça a um gato perdido no bairro um pouco acima do quartel general, praticamente excluindo qualquer possibilidade de falha e este fato era motivo da irritação da garota aflorar, afinal ela esperava mais do que uma missão de recém formandos. De qualquer forma, seguiu para o local combinado. A descrição do felino atrás da foto era com um garrancho horroroso e um pouco borrado, mas parecia legível. – “Ele gosta de carinho no queixo, mas é muito arisco, então cuidado. Observação: Ele não tem uma patinha, desde seu nascimento, portanto, vai ser mais fácil do que nunca identifica-lo.” – leu o verso com certo aperto no peito, analisando bem, aquele poderia ser o bilhete de uma criança que perdeu seu animal de estimação. Era óbvio que a Chunnin poderia mais que aquilo, mas também não poderia deixar a criança sem seu animal.

Já no bairro em questão, pode se constatar duas coisas, no meio do bairro havia uma imensa obra de pinturas, graças ao fato de ter visita de ninjas de outras vilas para o torneio de Gennins e que, uma infinidade de gatos estavam por toda a parte. De todos os tamanhos, idades e cores, inclusive com cores semelhantes ao gato perdido. A rosada custou a entender como processar aquelas informações, mas teve uma ideia um pouco diferente do que só sair clonando-se através do Kage Bunshin atrás de cobrir uma maior área. A garota passou a olhar em volta em busca de pistas que apontassem alguma evidência de localização de onde estaria possivelmente seu alvo. Com cuidado, seus olhos conseguiram enxergar através da iluminação artificial dos prédios recém pintados, umas marcas com padrões diferentes, como se um animal tivesse usado o muro com tinta fresca para apoiar suas patas e impulsionar sua escalada. – “Bingo, é isso! Esse bairro cheio de gatos deve estar repleto de vestígios de pegadas espalhadas por aí, que tal te procurar assim, tripé?” – sorriu timidamente, como antes, animada de verdade após muito tempo. Era bem verdade que a menina amadureceu tão depressa que não teve tempo de manter suas essências.

A jovem Aiko então começou a procurar com atenção vários sinais de pegadas ou marcas de arranhões nos posts de madeira que encontrava. Em cima de muros residenciais, em prédios abandonados, em cima e embaixo. Não era fácil rastrear um animal tão pequeno em meio a cidade movimentada, ainda mais naquele bairro altamente populoso principalmente por mais felinos. Quando encontrava algumas pistas, a menina as seguia até o fim, vez ou outra, encontrando os animais errados, mas nunca deixando de ter êxito em sua caça ao pequeno “tripé”. Havia passado algumas horas e a menina se sentou em um banco de praça, estava com a planta dos pés dolorida e bem cansada, naquela altura já havia perdido as esperanças de encontrar o pobre animal ainda naquela noite, mas quando tudo parecia perdido, a menina olhou para baixo e notou que o banco estava com a tinta fresca. – Ah não! Minha roupa toda! – lamentou-se com o ocorrido e no segundo seguinte, notou a marca de patas frescas com um padrão de três patas ali, do seu lado. Era a pista perfeita, as chances eram claras e ela não desperdiçaria seu tempo com lamentações pela vestimenta manchada. Usou sua velocidade para alcançar o felino, que não estava muito distante dali, cerca de apenas 20 metros do local do banco recém pintado. Quando finalmente agarrou o bichinho, uma voz atrás de si ecoou, estridente, como um grito de criança.

[Criança] – Finalmente, Faísca, a moça encontrou você mais rápido do que esperávamos! Vem cá garoto. – ele apanhou o felino do colo de Yunai, com cuidado, dando apoio para o bichano com as mãos por baixo de sua barriga.

[Chunnin] – Este é meu irmãozinho mais novo. Ele perdeu o gatinho e me pediu ajuda para encontra-lo, hoje mais cedo. Infelizmente não podíamos colocar nossa oferta no quadro de missões, pois estamos com alguns problemas financeiros e eu não pude abandonar o expediente mais cedo para ajudá-lo. Espero que não se importe em ter feito um pequeno favor para nós. – disse o homem, passando a mãos atrás da nunca em seus cabelos, estava envergonhado, pois aparentemente, havia enganado Yunai para concluir uma missão sem fins de recompensa.

- Bom, se seu irmão está contente, eu creio que a missão deu certo. – a moça voltou os olhos para o lado oposto aos dois presentes, estava com vergonha, afinal estava reclamando de uma missão tão pequena agora pouco e ao ouvir os detalhes desta, teve compaixão pela situação do rapaz mais velho. Todavia ela já ia se retirando, não havia tempo para perder, voltaria para casa.

[Chunnin] – Obrigado, moça, mais uma vez! Vou te recompensar quando tudo ficar melhor na minha vida! – proferiu acenando.

[Criança] - Obrigado moça. -  acenou. – Ah! Você deveria me ensinar como rastrear igual você fez, parece muito fácil e você achou o Faísca muito fácil, quero aprender com você. – disse apertando o gatinho.

- “Rastreadora? Eu?” -  pensou consigo mesma, se afastando e dando um aceno singelo ainda de costas.

Não havia percebido, mas a menina havia conseguido desenvolver, ainda que sem querer, uma técnica de rastreamento através de pistas. Não era muita coisa, mas com certeza, ela ficou muito feliz por ter conseguido encontrar o gatinho. Certamente a garota passaria a olhar essa nova qualidade de rastrear alvos com mais atenção, talvez ela pudesse aprender mais coisas a respeito disso através da leitura. Com toda certeza, Yunai leria muitos livros a respeito quando chegasse em casa. Por hora, sua participação ali havia terminado.