O clima estava agradável em uma bela manhã em Kirigakure no Sato. Fumiko estava em seu quarto, sentada na sua cadeira em frente a sua mesa, com uma dúzia de grossos livros amontoados, todos do mesmo autor. O interesse do dia? Pesquisar e estudar sobre selos de uma mão. Despertou seu interesse quando ouviu uma história de seu tio sobre um ninja, que ele infelizmente não lembrava o nome, que lhe ajudou a escoltar suas mercadorias enquanto ia fazer algumas vendas em Konohagakure, uma vez que esta seria uma ótima habilidade para combate, decidiu se aprofundar no assunto.  

Infelizmente, os livros não estavam lhe ajudando o suficiente. Aprendera apenas um selo ou outro, mas as informações ainda estavam muito confusas, cheia de rodeios ou incompletas.

— Ah, mas que droga! Qual a dificuldade de ser uma pessoa competente e escrever um livro de estudo conciso sobre determinado assunto?! — enfurecida, exclamou a jovem. Jogando dois ou três livros no chão com sua tamanha indignação.

Após o estrondar dos livros sendo impactados ao solo, ouve-se leves batidas na porta.

— Está tudo bem aí? — perguntou seu tio, amedrontado com a gritaria e os barulhos vindos do quarto de Fumiko.

— Não! Não está tudo bem! A cada dia, mais eu me questiono sobre a qualidade de ensino desta vila e se há realmente escritores capazes de executar minimamente sua profissão! Eu juro que se eu encontrar esse tal de Kunai de Assis, eu mesmo quebro o pescoço dele! — reclamou a menina.

Seu tio abre a porta, entra no quarto da garota e pega um dos livros que ela jogou no chão, dando uma leve folheada no mesmo.

— Kunai de Assis? Esse nome não me é estranho. Se eu não estiver enganado, talvez este era o nome do ninja que me ajudou na escolta que te contei. Lembro de algumas pessoas chamando ele de “Kunai” ou algo assim. — comentou o homem enquanto lia um pouco o livro que pegara no chão.

— Como um homem tão inteligente e habilidoso pode ser tão burro?! Quer saber?! Eu mesma irei encontrar esse cara e irei encher a cara dele de bolacha! Talvez com um lápis enfiado em seu olho ele consiga escrever melhor! — disse a garota, enfurecida, enquanto se levantava abruptamente da cadeira.

Fumiko então se vestiu e partiu em busca de Kunai de Assis, enquanto ainda se decidia se iria tirar suas dúvidas sobre os livros ou se realmente iria cravar um lápis no olho do homem.

Achar tal pessoa não era algo fácil. Não tinha pista nenhuma de onde começar a procurar, nada lhe garantia que ele poderia estar na vila e muito menos se ele ainda estava vivo. Mas, decidiu que iria começar a procurar pela biblioteca, o mesmo lugar onde pegou os livros emprestados, talvez o bibliotecário soubesse de alguma coisa.

Andou algumas quadras e finalmente chegou no local. Era uma pequena casa de esquina, onde ficaria difícil se movimentar caso duas pessoas entrassem ao mesmo tempo na loja e estava inundada de livros de todos os mais diversos tipos. Lá dentro, estava um jovem menino que aparentava ter a mesma idade de Fumiko, sentado atrás de um balcão, estava completamente relaxado enquanto bebia uma xícara de café e lia um livro.

A menina entra na biblioteca e segue diretamente para o jovem.

— Tudo o que você sabe sobre o Kunai de Assis! Agora! —  disse ela enquanto batia no balcão com sua mão direita para chamar a atenção do menino.

O jovem se assustou e, de primeira instância, achava que estava sendo assaltado. Acabou por derrubar o café que segurava confiantemente sobre o livro em que lia, destruindo completamente a página em que estava.

— Pode levar tudo! — disse o garoto enquanto levantava seus braços.

— Deixa de teatro! Não é a primeira vez que você me vê aqui. — disse Fumiko.

O menino então olha alternadamente, sem expressão, para o rosto de Fumiko e para a página do livro que ali estava totalmente destruída.

— 20.000 ryous. — falou o jovem, com uma voz firme, enquanto estendia sua mão, esperando que a garota pagasse pelo livro que, indiretamente, destruiu.

— Nem vem com essa! Você que estava bobeando igual um pato! Devia agradecer por ter te alertado. O que você faria se isso fosse um assalto? — indagou a menina, tentando mudar a situação a seu favor.

— Você é uma figura e tanto, Fumiko. Pode ter certeza que irei colocar isso na sua conta na próxima vez que for comprar algo aqui. — disse o garoto, enquanto deixava seu livro de lado e prestava atenção na garota. — O que você quer? — complementou.

— Você tem alguma informação sobre o Kunai de Assis? Tenho sérios assuntos a tratar com este autor. — disse a menina.

O garoto então puxa um livro que estava embaixo do balcão e folheia-o por alguns segundos.

— K… K… K… Aqui! Kunai de Assis! Parece que ele vai fazer uma palestra pública na praça principal da vila. Ele não parece ser muito popular, para ser sincero, acho que você é uma das poucas pessoas que pegou os livros dele. — disse o garoto.

Fumiko então, segura firmemente nas mãos do garoto, fazendo o mesmo corar um pouco.

— Muito obrigada! — disse a menina, enquanto soltava a mão do garoto e corria para fora da loja.

— Saiba que eu não irei absolver sua dívida! — gaguejou o garoto enquanto via a imagem da garota sumindo através da porta.

Fumiko tinha seu caminho traçado. Caminhou algumas ruas e finalmente chegou na praça principal da vila. Lá estava ele, um homem velho com sua belíssima barba branca e seus óculos redondos amarrados à sua roupa. Estava falando sozinho, ninguém tinha interesse em ouvir as palavras confusas de um velho shinobi.

— Ahá! Então é você o Kunai de Assis! — exclamou Fumiko, enquanto apontava para o idoso.

— Oh, quem é você, minha jovem? — perguntou Kunai.

— Meu nome é Fumiko, meu bom senhor. E tenho sérias críticas a sua escrita e a seus livros. Eles não fazem sentido nenhum! — reclamou a garota.

— Ora, minha pequena, sua geração já não tem o mesmo apreço pela leitura do que antigamente, muito menos a mesma interpretação. — disse o homem, enquanto se aproximava para ver a jovem mais de perto.

Fumiko então, começou a perguntar o significado de diversas frases e termos que havia lembrado, Kunai os respondeu de prontidão, dando os devidos significados e interpretações.

— Lembre-se, minha pequena, você não deve entender o que está escrito, mas sim o que está sendo dito. — disse o homem, enquanto afagava a cabeça da garota.

— Não é muito mais fácil você só me ensinar logo esta técnica? Ela não deve ser tão difícil! — indagou a menina.

O homem gargalhou.

— Eu sou uma pessoa ocupada, mas tente reinterpretar diversas vezes a mesma coisa, busque pensar da mesma forma que eu pensei quando escrevi aquilo, naquilo que eu estava sentindo e o contexto em que eu estava. Assim, você conseguirá entender não só meus livros, como também o que qualquer autor realmente quer dizer. Além disso, tais técnicas não são tão fáceis de serem descritas e ensinadas. — disse o homem, enquanto ria.

A garota agradeceu o homem e voltou para casa. Pegou os mesmos livros que demorou horas para ler e começou a lê-los novamente. Agora, a garota conseguiu pegar as devidas instruções e dicas. No primeiro dia, começou a fazer alguns exercícios de selos, que infelizmente não deram resultado algum. Mas não se desanimou, agora tinha todas as informações que precisava para aprender tal técnica.

No décimo dia, já dominava alguns selos simples. Começou a vê-los de forma diferente, seu chakra era um grande livro e cada selo era uma palavra, com um pouco mais de prática, conseguiria interpretá-los da mesma forma que, agora, interpreta as palavras de um livro.


No vigésimo dia, já conseguia executar alguns selos com perfeição, mas não era o bastante, o combate não admite falhas. Necessitava abrir ainda mais a sua mente para as diversas percepções e concepções do mundo em sua volta.

Ao trigésimo dia, depois de uma maratona de intensos estudos, Fumiko finalmente conseguiu interpretar seus selos de mãos de uma forma diferente, sabia agora, como manipular de forma muito mais eficaz os seus selos, sabendo o que cada um significava e podia significar. Pela primeira vez em sua vida, Fumiko foi capaz de executar um jutsu com apenas uma de suas mãos. Agora, necessitava apenas se adaptar para começar a utilizar esta técnica em lutas posteriores.

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