A noite caiu rapidamente em Iwagakure naquela data. Os ventos gelados de inverno sopravam com força as folhas das árvores do jardim dos Aiko, fazendo grande barulho e derrubando algumas dos galhos mais altos, recobrindo todo o chão. Embora fosse tarde, alguém parecia estar atenta a toda aquela cena natural e bela, era a mais jovem Chunnin da vila da Pedra, herdeira de tudo aquilo que seus olhos podiam observar pela varanda. – “Será que eu serei uma boa influência para meus aliados?” – questionou-se preocupada. Estava bem aflita quanto a sua posição na equipe que havia sido designada a cooperar como segunda em comando. Utahime era uma garota bastante diferente das demais, pois embora delicada, parecia ser forte e com um potencial incrível, segundo a menção de Allannia durante o encontro. Outro que não aparentava ser grandes coisas, mas tinha muito potencial para defender ambas as garotas do time, como um leão poderoso, era Brakios. Suas habilidades eram questionáveis, mas aparentava ter uma forte ambição em evoluir, coisa que há algum tempo Yunai havia perdido depois dos acontecimentos em Sunagakure. A verdade que a insegurança em suas habilidades se dava muito por ter fracassado como ninja diante de todas as nações, isso lhe agredia muito e machucava fortemente seu ego, mas tentava deixar isso oculto para os outros. Era bem verdade que sobreviver ao evento vívido retornando sozinha enfrentando as dunas e todos os perigos subsequentes a viagem, fizeram sua promoção ao nível superior ser facilmente acatada por todo o conselho de ninjas do vilarejo. Mas só isso seria o suficiente para conseguir o respeito de seus companheiros? Era óbvio que não.

Era hora de agir ao invés de ficar choramingando pelos cantos, pelo menos, tentar reagir em meio a depressão que estava se enfiando enquanto perdia tempo em seus pensamentos negativos. A menina ergueu-se prontamente quando mais uma vez recebeu os ventos de frente para seu rosto. Seus cabelos esvoaçantes teimavam em manter-se sob controle e em meio ao ato de tentar impedir que os mesmos caíssem em seus olhos azuis, ela por fim os apanhou com a destra e perdeu as madeixas em um coque bem firme. – “Agora eu não posso ficar para trás, eu tenho que mostrar a eles que posso ser uma líder confiável. “ – inspirou-se como pode. Com as mãos juntas, unidas em um selo único de concentração de energia de Chakra, a rosada levou aos pés uma parcela de sua aura azulada. Com a concentração, a menina se impulsionou para frente, com a intenção de ter impulso e aderência suficiente para ficar se prender a beira da sacada, sobre o encosto de mármore. Sem nenhuma dificuldade, dada sua habilidade inata em ninjutsu, ela começou a descer as paredes da sacada, em paralelo ao chão, sem qualquer problemas, graças a sua técnica básica aprendida ainda na academia.

Quando finalmente chegou ao chão, sem nenhuma dificuldade, ela curvou-se para baixo e levou ambas as mãos para os pés, retirando as meias logo após deixar de lado seus chinelos tradicionais de madeira. Com os pés nus, o frio lhe causou arrepios, mas para que conseguisse fazer o que pretendia, precisaria ter firmeza com os pés. Com alguns selos de mãos, formou a meio metro de distância, um objeto similar a uma bola de cristal, através de uma manipulação de elemento Shoton de nível C. A bola possuía aproximadamente dez quilos e possuía uma espécie de alça também perfeitamente moldada por cristais rosados. Ela pretendia expor o próprio corpo a um treinamento físico para adquirir mais força bruta. Dos pontos destacados por Allannia na reunião, claramente a jovem era uma mente por trás de seu time, mas que precisaria ser protegida por músculos e curas alheias. – Eu serei a proteção do meu time, nem que para isso eu tenha que suar toda noite com treinos às escuras. – confirmou em tom de voz baixo para que não trouxesse atenção de seus empregados.

Durante todo o tempo que ela ficou ali, a menina fez questão de tentar erguer aquele objeto a todo instante, incontáveis vezes até que por fim, com muito esforço, trouxe a toda sua força física, conseguindo erguer aquele objeto pesado para sua pouca idade. Era claro que ela não estava erguendo algo colossal, mas a questão que a menina era muito frágil fisicamente e, sua intenção era reverter esse fato. Quando finalmente passaram-se algumas horas, o suor e o corpo pareciam estar completamente acostumados a conseguir dominar aquele peso enquanto flexionava os joelhos para ter impulso e lançar o objeto para cima. Lançando-o o mais alto que pode, acima de sua cabeça, o objeto ganhou alguns metros antes de cair, a dois metros da rosada, agora satisfeita com seu progresso. Ao bater contra o chão, o item cristalino quebrou-se em milhares de pedaços, fazendo grande estrondo e trazendo a janela curiosos a fim de entender o que se passava ali. Alguns ameaçaram sair de dentro da mansão, pensando poder ajudar a jovem Aiko em sua empreitada incomum, mas ela com um sinal, ao notar seus olhares curiosos, os mandou cessar. – Está tudo bem, é um treino! – gritou para que ouvissem do lado de dentro.

Quando finalmente conseguiu atingir o domínio com o peso, agora era trabalhar a parte que lhe faltava como ninja, realizar alguns exercícios físicos a mais para garantir que tanto seu taijutsu e sua força fossem melhorados através do treino de repetições. Moldando novamente com seu elemento rosado, ela passou a construir alguns anéis de pesos diferentes, objetos grandes para que conseguisse passa-los por sua cintura. Colocando-os sobre si, Yunai começou a correr em volta de seu jardim, timidamente, até que pudesse se acostumar com os pesos adicionais. Quando sentia que estava confiante demais, a mesma passava a realizar alguns movimentos mais acrobáticos, como saltos cada vez mais distantes e, quando se sentia preparada, passava a aumentar a quantidade destes pesos improvisados. Não se soube exatamente quantas flexões com pesos ela fez, mas o fato de todo seu corpo estar suado após aquela atividade indicava que ela havia se esforçado tanto para conseguir chegar ao seu ápice até aquele momento, que ela precisaria ir direto para um banho. Ao se desfazer dos cristais, fez questão de desfragmentar o máximo que pode todo o conteúdo de seus cristais, quase a ponto de tornar-se apenas um pó rosado no chão, sua intenção era não dar trabalho adicional aos empregados no dia seguinte. Voltou até seus chinelos e os calçou mais que depressa. Seu treino havia finalizado e agora ela iria tomar seu banho merecido.