Primeiros Passos

O dia amanheceu como qualquer outro para os moradores da Névoa Oculta, mas aquela manhã nublada era especial para Ryuji. Agora um shinobi formalmente formado, continuaria a trilhar o caminho que decidira seguir, realizando suas primeiras missões em nome da vila. Apesar de o incomodar um pouco, sabia que deveria começar por baixo, sem pressa, e foi até o prédio que distribui as missões para escolher alguma que lhe interessasse.

O lugar estava calmo, apenas com algumas pessoas indo e vindo, por isso a demanda de missões à serem cumpridas parecia estar maior que o normal. Interessado em conhecer o que a biblioteca da Vila tinha à oferecer, decidiu aceitar participar da limpeza do local. Assim que as formalidades foram concluídas, saiu em direção ao prédio.

Ryuji encontrou as portas fechadas para o público, provavelmente devido o horário, então deu três toques lentos na porta com a junta dos dedos. Pouco tempo depois, uma senhora com a metade da altura do rapaz abriu a porta, e esperou em silêncio com um olhar curioso — Vim ajudar com a limpeza, senhora — disse brevemente, mostrando o pergaminho com a missão. A mulher sorriu, abrindo a porta por completo — Aaaaah, sim. Entre, entre. Tem um pouquinho de coisa pra fazer — uma mentira, visto muitos pergaminhos e livros estavam espalhados pelas mesas de estudos. Ryuji suspirou, adentrando o espaço. — Só organize os arquivos em suas devidas seções, mas não guarde nas prateleiras! Isso eu faço depois. Mas dê uma limpadinha neles antes, ok? — o loiro concordou e foi direto fazer o trabalho antes que se arrependesse.

Os pergaminhos e livros estavam todos identificados por um código de letras e números, onde os primeiros dois dígitos correspondia a sua seção. Munido de um espanador de penas, tirou a poeira de cada um deles enquanto os amontoava antes de levar para seus devidos lugares. Enquanto isso, aproveitou para ver que tipo de informação poderia aprender se revisitasse o lugar com mais calma, e descobriu que poderia obter alguns conhecimentos sobre a geografia e história da região.

— Tá pronto — ele se dirigiu a senhora com poucas palavras assim que terminou. Apesar de não estar irritado, pois a tarefa pelo menos serviu para algo, queria sair dali o mais rápido possível. A mulher conferiu o trabalho e, satisfeita, liberou o rapaz. Ryuji queria algo mais interessante e, portanto, retornou em busca de outra missão.


De volta ao quadro de missões, os olhos de Ryuji procuraram por qualquer coisa que chamasse sua atenção entre as várias missões disponíveis. Umas delas, que foi a escolhida pelo loiro, solicitava a coleta de algumas ervas para produção de pílulas do soldado. Tomando posse do pergaminho, pediu informações sobre a localidade do laboratório e saiu em busca do mesmo.

Não demorou muito para encontrar a localidade do laboratório. As ruas estavam calmas e conseguiu se atentar ao caminho com mais cuidado, pedindo uma informação ou outra durante o percurso para os comerciantes que estavam disponíveis e, quando deu por si, estava na frente da construção. Sem querer estender aquele processo mais do que já tinha sido, ele entrou e procurou pela pessoa responsável pelo pedido. Uma mulher de aparência jovem, aproximadamente 25 anos, se identificou e entregou para ele uma lista contendo as ervas e as localidades onde poderiam ser encontrados.

Chegar até os lugares não era um problema em si, tinha que ir até uma região da costa próxima à vila, então para um ponto das montanhas e, por fim, encontrar uma planta numa clareira no meio da floresta, mas não tinha locais exatos para encontrar as ervas, então precisava buscar por conta própria. A primeira erva, que crescia apenas em terrenos muito úmidos, foi rapidamente identificada devido suas cores vibrantes, que se destacaram com a paisagem do lugar. Ryuji cuidadosamente cortou algumas delas e guardou consigo, e partiu para a floresta ao lado.

Dessa vez, o tempo para encontrar a localidade foi bem maior, no meio daquela mata densa parecia impossível encontrar alguma clareira aberta. Quando finalmente encontrou, já estava sem paciência e pegou as ervas de qualquer jeito, irritado, e seguiu em direção a ultima localização. Deveria procurar por pequenos túneis dentro das rochas, pois a planta crescia na ausência de luz solar. Em alguns minutos, encontrou algumas delas e recolheu, guardando-as com as demais. Terminada a busca, retornou em direção ao laboratório.

Ao entregar as plantas para a cientista e, depois de ouvir uma bronca pelo estado das ervas que estavam esmagadas, foi dispensado. Sem dizer nada, mas com claros sinais de irritação, Ryuji partiu em direção à sua casa para comer e descansar.


Passada poucas horas após o almoço, já alimentado e descansado, Ryuji saiu às ruas de Kirigakure mais uma vez em busca de realizar mais uma missão. Dessa vez, decidiu auxiliar com o caso dos ursos enlouquecidos. Pegou seus equipamentos e foi até a parte mais densa da floresta, próxima de um rio, onde a vida selvagem era mais viva, já que alguns pássaros e animais menores eventualmente se aproximavam da corrente pra beber água fresca. O rapaz ficou à espreita no topo de uma árvore a poucos metros da margem da água, esperando que os ditos ursos aparecessem.

Pouco mais de meia hora se passou quando o primeiro urso deu as caras e começou a beber água. Nada parecia estranho, parecia que só procurava se refrescar. Pouco tempo depois, um outro urso aparece, muito mais agressivo, rugindo enquanto corria na direção do que já estava lá. O primeiro urso, um pouco menor que último, se acanhou e se afastou da água, se enfiando nas matas e desaparecendo. O urso raivoso continuou a afugentar os demais animais, que procuraram abrigo floresta adentro, e ele permaneceu agressivo mesmo quando não havia animal algum próximo.

"Deve ser esse" Ryuji pensou, ainda escondido entre as folhagens, enquanto recolhia a areia de ferro do solo e a manipulava com Jiton para formar uma lança fina e afiada, fora das vistas do animal. Utilizando as forças magnéticas, lançou o mais rápido que pode na direção da cabeça do animal, na esperança de diminuir seu sofrimento. Surpreso, o grande mamífero não conseguiu sequer reagir, e caiu no chão assim que foi perfurado pelo material metálico.

Ryuji desceu da árvore em um salto e se aproximou do corpo sem vida — Sinto muito que teve que terminar assim — disse, percebendo que o calor daquele corpo se dissipava com o tempo. Sem sentir prazer algum no que fazia, ele pegou uma de suas kunais e raspou o pelo de várias partes do corpo do animal e as guardou. Deixando a cena para trás, Ryuji retornou para a vila e entregou o material que recolheu no laboratório que visitou mais cedo, para então ir para casa e encerrar aquele dia.


Um novo dia raiou e Ryuji já estava de pé. Seu guardião com quem dividia a casa não estava presente, mas deixo um café da manhã reforçado para o loiro comer. Terminada a refeição, ele foi novamente buscar outra missão. Dessa vez, tentado com a ideia de sair da Névoa Oculta, aceitou uma missão de escolta de encomenda até uma vila assentada em uma ilha próxima. Felizmente, o caminho até lá contava com uma ponte, o que evitaria o desconforto que Ryuji tinha com embarcações. Acertou os detalhes com o responsável pela entrega e o encontrou no portão no horário marcado.

O loiro seguiu o homem vigiando sua retaguarda pro todos o caminho, que aparentava ser tranquilo. Enquanto seguiam pelo caminho principal, nada além da névoa que pairava parecia ter interesse de se aproximar, mas o cenário mudou conforme se aproximavam da ponto. — É cruzando a ponte que acontecem os ataques — o homem susurrou para Ryuji, mas não era necessário. O genin sentiu-se observado assim que pisou na construção, onde a névoa era mais densa e barrava a visão a partir de alguns metros de distância, então por segurança empunhou uma kunai na destra.

Como uma profecia se cumprisse, duas shurikens voaram na direção de Ryuji, que defletiu os projéteis com a kunai. Ao mesmo tempo, surgindo da névoa, um homem pulou na direção do entregador com arma empunhada. Usando o Satetsu no Ude, a areia metálica serpenteou para fora da cabaça em um volume considerável, envolvendo o corpo do homem com a encomenda, servindo como escudo para barrar o ataque e, ao mesmo tempo, para puxar o homem para trás de Ryuji em segurança.

O bandido, surpreso com o seu ataque dando errado, assumiu uma postura agressiva, agora virado para Ryuji. O loiro, nada impressionado, cruzou os braços enquanto um sorriso ácido formava-se no rosto — Isso é tudo? Desista antes que você me irrite de verdade — seus olhos rubros se fixaram nos do homem enquanto a areia atrás de si transformaram-se em cinco estacas afiadas, todas apontadas na direção do ladrão. Amedrontado, o homem não pensou duas vezes em pular na água e desistir dos seus planos.

Aos poucos a areia se escorreu, tanto no chão quanto de volta para a cabaça, e ambos retornaram para o objetivo principal. O resto do caminho foi tranquilo e, chegando na tal vila, seguiu o homem até o destino da entrega, aproveitando ainda para recuperar um pouco das energias com o almoço que ele ofereceu como agradecimento por tê-lo salvo.


Retornando pelo mesmo caminho, confiante que agora não seria perturbado por ninguém, Ryuji voltava em direção à Kirigakure. Nos portões, enquanto reportava o que acontecera durante a saída, um grande estrondo fez a terra chacoalhar e surpreendeu até mesmo os guardas. Seguindo as ordens de um dos superiores, saiu em direção as minas com outros shinobis para averiguar o acontecido. Durante o caminho, alguns suspeitavam que tinha ocorrido algum acidente nas minas, enquanto outros confabulavam, dizendo que seria um ataque ou atentado contra o país.

Quando finalmente chegaram, foi possível confirmar a primeira hipótese. Alguns mineradores conseguiram fazer o próprio resgate e estavam ajudando outros que se feriram mais. Quando perceberam a aproximação do loiro e os demais, contaram o acontecido afobados — O teto começou a cair, acho que erramos em alguma coisa. O chefe ainda tá preso com algumas pessoas — o pequeno grupo discutiu o melhor a se fazer e, depois de uma breve discussão, um deles revelou ser usuário de Doton e conseguiria abrir caminho em segurança. O outro, iniciado nas áreas médicas, poderia começar a tratar os feridos. Ryuji ficou com o trabalho de transportar os feridos em segurança para fora.

Adentraram a mina, seguindo a voz do pequeno grupo que estava preso, e encontraram o lugar onde ocorreu o desabamento. Atrás de um amontoado de pedras, a voz abafada dos homens pediam por socorro. O outro shinobi formou algumas vigas de sustentação com o próprio solo e, aos poucos, desfez a parede que separava o grupo dos demais. A situação era simples, eles haviam ficado presos, mas a perna do chefe havia sigo pega pelo desabamento por tentar salvar aquelas pessoas. O loiro, aproveitando do ambiente rico em minério, formou uma maca improvisada com o Sabaku Fuyū e carregou o senhor até o lado de fora, onde deixou aos cuidados do pequeno posto de atendimento improvisado.

Com o tempo, mais shinobis chegaram e, com eles, alguns médicos mais experientes. Ryuji foi dispensado para voltar à vila, e assim o fez, satisfeito por ter conseguido ajudar aquelas pessoas, então terminou seu dia com uma refeição reforçada e uma boa noite de descanso.

Considerações: