Era o momento para um novo treinamento. Dessa vez, Aoi buscou auxílio de seu pai para que o ajudasse a avançar o limite do seu genjutsu e, ao mesmo tempo, fortalecer o seu Ketsuryūgan. Estavam no mesmo lugar que sempre usavam para esses tipos de atividade mais reservadas, no jardim que ficava nos fundos da casa, onde era impossível que alguém bisbilhotasse pelos meios comuns sem serem notados. O ruivo e o homem estavam à poucos metros de distância, ainda era possível ouvir um ao outros quando falavam com um tom comum de voz. Aoi, diferente do comum, dessa vez não expressava nada além de foco total no que a figura paterna tinha a dizer.

— Você já sabe muito sobre técnicas de ilusão, então eu vou pular o básico — era impossível para o homem esconder o orgulho em sua voz — O que eu vou exigir daqui pra frente é... excelência — a seriedade com que falava entregava como seria o andamento daquele treino. Aoi acenou com a cabeça positivamente, ainda focado no homem — Uma ilusão deve, antes de qualquer coisa, ser coerente. — os olhos negros do mais velho se tornaram rubros, o garoto já sabia que aquela era a kekkei genkai que herdara de sua família — É possível manipular todos os sentidos de outro alguém, mesmo no mínimo detalhe que você consegue imaginar, e assim pegar seu oponente de surpresa antes mesmo dele conseguir reagir — e no mesmo instante que a frase terminou, a figura do homem se desfez. Sentiu um peso em seu ombro e, quando girou a cabeça para conferir, viu a mão de seu pai. Distraído com o foco exacerbado que deu à informação que recebia, mal percebeu a posição vulnerável que estava. O homem voltou ao seu lugar original, já com os olhos de sua cor natural, e olhou para Aoi — O desafio é fazer uma ilusão convincente — ele botou os braços pra trás e aguardou a prole.

Aoi entendeu que, às vezes, era melhor ser sutil ao invés de inundar os sentidos de alguém. Dessa forma, teria maiores chances da técnica passar despercebida. O garoto passou alguns minutos pensando no que deveria fazer e, conhecendo seu pai, imaginou o que funcionaria. Ele ativou seu próprio dojutsu e como o homem não queria evitar a ilusão, não foi problema conectar a técnica. A porta atrás do mais velho se abriu e uma voz reconhecida por ambos se apresentou — Amor, você sabe onde tá a chave da casa? — era a mãe de Aoi, vestindo as roupas do trabalho. Acostumado à ter que lidar com aquele tipo de situação, o pai respondeu — Acho que eu deixei perto da fruteira — enquanto ele dizia as palavras, virou seu rosto para olhar a esposa, mas percebeu que a mesma não estava lá. Quando se virou novamente, viu o filho a poucos centímetros de sua face, com um sorriso largo. — Te peguei — Aoi soltou alguns risinhos, satisfeito, acompanhado pelo mais velho que se vingou com um cascudo de leve.

Considerações: