Era uma noite como outra qualquer no vilarejo; sem muitos problemas à vista e de certa forma calma. No entanto, o que Eiji não sabia era que essa quietude não seria capaz de se manter por muito mais tempo, pois uma missão recém solicitada lhe seria entregue. Ele estava em sua casa quando tomou a convocação mãos, sendo entregue por um dos mensageiros que agiam em nome da vila. No momento em que isso aconteceu, a sua surpresa não poderia ser maior. Então sem se opor ao fato, preferiu apenas ir se arrumar, pois, segundo a mensagem, essa tarefa tinha uma certa urgência.

Após trocar rapidamente de roupa e pegar todos os seus equipamentos, enfim estava pronto para encarar de frente a sua próxima missão. Apesar de seu estado fragilizado, que o impedia de usar um dos braços, Eiji não parecia se enxergar como alguém incapaz, afinal tinha treinado bastante a fim de suprir esse empecilho que tornava quase escassas as suas possibilidades. Agora, se dirigindo até o portão leste do vilarejo, usando toda a velocidade da qual dispunha (22 m/s), esperava não estar tão atrasado, afinal de contas, não queria prejudicar o andamento da tal “missão de caráter urgente” da qual havia tomado ciência.

Não demorou muito até poder visualizar a silhueta daquele enorme portão que delimitava os limites do vilarejo. Sendo capaz de observar tal imagem, apressaria ainda mais o passo. Assim que chegou lá, logo de cara, não foi capaz de ver ninguém aguardando a sua chegada, ao contrário do que dizia a convocação recebida por ele. Estranhando esse fato, apenas manteve seus ombros encostados contra uma das paredes que tinha ali perto. Não muito tempo depois, aproximadamente 5 minutos, percebia a aproximação de um outro ninja, que seguia correndo rumo aos portões, visando atravessá-los de forma rápida e silenciosa. Mas antes que assim o fizesse, disse algumas poucas palavras para o Uchiha, que seguia esperando. – Rápido! Vamos! – sem qualquer tipo de apresentação ou cerimônia, ele fazia um gesto breve para que o jovem o acompanhasse. Apesar de não entender com muita exatidão o motivo por trás daquela pressa toda, apenas fez o que aquele ninja havia ordenado, seguindo-o com toda a sua velocidade (22 m/s).

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Durante os primeiros minutos, apesar do silencio que era compartilhado entre os dois shinobis, ambos insistiam em continuar correndo floresta adentro. E mais importante,  Eiji ainda não sabia qual era o seu papel naquela trama, e muito menos para onde estava sendo conduzido. – Por que será que ele não me diz nada? – questionava-se.

Ao contrário do que gostaria que acontecesse, o homem continuava a correr em um completo silêncio. A única coisa que sabia até então era que aquele moreno que o acompanhava devia ser um ninja de renome, pois o mesmo trajava roupas geralmente usadas apenas pela elite. Dentre todos os indicadores que poderiam ser notados pelo Uchiha, o colete esverdeado usado por ele era o que mais lhe chamava a atenção. Era bem verdade que não dava tanta importância assim para a posição que o sujeito pudesse vir a ter na hierarquia da folha, mas os seus trajes, imponentes e majestosos, faziam os seus olhos brilharem. Para ele, aquele colete era a expressão máxima de imponência que um Shinobi poderia vir a sonhar ter, e mais importante, com ele ninguém poderia ficar enchendo o seu saco.

Seguindo o mesmo ritmo de antes, ambos continuaram a correr. Os seus passos eram a única coisa que fazia a ponte entre as horas, que insistiam em passar. Quando a lua sobre as suas cabeças atingiu a sua expressão máxima, o moreno, abruptamente, cessou os seus passos. Ele então começou a deslizar os dedos sobre uma das árvores que ficava ao seu lado. O sujeito parecia também estar constantemente movendo o nariz, quase como se tentasse sentir algum tipo de odor em particular. Continuava sem proferir uma única palavra, apenas insistia em manter esses mesmos hábitos enquanto dava passos cada vez mais lentos e cautelosos.

– Estamos quase lá... Eu posso sentir... Ele está em algum lugar por aqui. – Sem mais detalhes, ele dava a sua fala por encerrada. Mesmo que Eiji não entendesse o que aquilo queria dizer, era inegável o quão abalado o seu companheiro de missão estava. Suas mãos tremiam, a respiração estava ficando mais ofegante, seus olhos não paravam quietos, assim como a sua cabeça. Percebendo isso, o chunin não teve muita dificuldade na hora de deduzir que algo estava prestes a acontecer, mas ainda não conseguia saber o que era.

Como mais um dos seus atos estranhos, aquele homem que o acompanhava retirou um apito de um dos bolsos. Levando o objeto até a boca, ele começou a emitir um som agudo e incomodo, que parecia machucar os ouvidos de quem o ouvisse. Após isso, ele apenas desapareceu da vista. Sem qualquer tipo de aviso prévio, deixava a figura do garoto desamparada em meio a uma escuridão infindável.

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Ao perceber o que tinha acabado de acontecer, ainda não conseguia entender o significado de tudo aquilo. Por isso, se contentou em manter os seus olhos atentos, tentando de alguma forma achar quaisquer resquícios da figura do seu superior, ainda desaparecido. Nem mesmo a baixa luminosidade do lugar era capaz de desmotivá-lo, muito pelo contrário, isso apenas o motivava a tentar ver através do que era ocultado pelo véu da noite. No entanto, os seus olhos naquele momento não dispunham da sutileza necessária para subjugar toda a escuridão que o cercava por todos os lados. E embora não fosse impossível enxergar algo ali, ainda tinha que lidar com as suas limitações. Então, com passos cuidados, visando não ativar nenhuma armadilha ou chamar a atenção para si, o Uchiha continuava a desbravar o desconhecido.

Não importava o quanto tentasse, parecia que ficaria para sempre afundado no poço de ignorância no qual se encontrava. A sua busca, mesmo que minuciosa, ainda estava longe de lhe mostrar algo de útil; conseguia ver apenas algumas marcas de garras dispostas em alguns troncos pela redondeza, mas também pouco se importou com o fato, não julgava ser importante. Foi nesse momento que toda a sua inexperiência veio à tona. Não sendo capaz de perceber o vulto enegrecido que se aproximava pela sua direita, acabava tendo sendo empurrado na direção contrária, chocando o seu ombro com o daquele ser. Toda a investida, e inclusive o choque, ocorrera em menos de um mísero segundo. Se por acaso o Uchiha não tivesse meios para reagir a aquele tipo de velocidade, acabaria tendo a sua vida ceifada.

Antes que pudesse ter a chance de reagir ao ataque que veio a receber, e até antes mesmo de perceber a investida do seu opositor vindo, sentia o seu corpo rolando pelo chão do lugar, parando apenas quando veio a colidir com uma árvore que ficava no caminho. Sequer entendia direito o que aconteceu, a única coisa que sabia era que se não fizesse nada, poderia acabar perdendo a vida para o que quer que fosse aquele vulto. Bastou apenas um instante para que então desse início do seu contra-ataque. Em reposta ao medo que estava começando a nutrir em seu âmago, não pôde mais conter todos os outros sentimentos negativos que insistiam em tomar conta da sua mente, e que também ativaram o seu instinto de sobrevivência. Tão rápido quanto tudo aquilo acontecia, deixava, inconscientemente, que os seus olhos assumissem uma nova coloração; indo de um tom brando de verde para um vermelho vívido (Sharingan). Sem que ele soubesse, a sua principal arma tinha sido posta em jogo.

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Todo o turbilhão de emoções tinha lhe atingido tão rápido que a fera de pelos enegrecidos ainda nem tivera a chance de partir novamente para o seu encalço. Com seus olhos, agora conseguia ver perfeitamente os movimentos que o monstro fazia. Em um primeiro momento, “aquilo” parecia estar se debatendo, como um animal preso em uma armadilha; indo de um lado para o outro. No segundo seguinte, voltava a dirigir toda a sua cólera para o Uchiha, que agora já tinha terminado de se pôr de pé. A dor que sentia no ombro atingido era incômoda, contudo, boa parte do desconforto era mascarado pela adrenalina do momento. Então, enquanto observava atentamente o animal, se assim pudesse chama-lo, viu que ele corria em linha reta na sua direção, preparando as suas garras para rasgar a sua pele.

Graças ao surgimento da sua mais nova habilidade visual, combater aquelas investidas não era uma tarefa tão difícil assim. Apesar de impensados, e quase imprevisíveis, os cortes com as garrar não eram tão difíceis assim de serem desviados, apenas precisava deixar que o seu corpo se movesse por conta própria. E mesmo que a sua velocidade fosse muito inferior à do seu inimigo, por algum motivo, não sentia tanta dificuldade em combatê-lo. Com saltos rápidos e precisos, desviava das garras que almejavam atingir o seu tronco, não importando o lugar. A situação, apesar de lidável, era completamente desfavorável para o Uchiha, pois mesmo que desviasse dos golpes, ainda não significava que tinha chances para contra-atacar. Assim seguiu, apenas desviando do que conseguia. No entanto, confiar em seus olhos acabaria sendo um dos motivos da sua ruína, já que a sua passividade o fez ser pressionado até um ponto em que não podia mais se defender, ficando com as costas contra um tronco de árvore, e tendo a fera a menos de três metros de distância.

Sendo obrigado a tomar uma escolha difícil, suava frio, quase como se tivesse se entregado. Foi então que, usando da sua habilidade de ler movimentos e a sua agilidade fora do comum, colocou o seu ombro direito na linha de ataque, fazendo com que o membro fosse perfurado. Com isso, finalmente tinha conseguiu deixar a fera parada, mesmo que só por um instante. Se aproveitando do fato das garras estarem cravadas no seu ombro, começaria a usar a mão esquerda para socar sem parar o rosto daquele animal, que seguia preso. A dor não era inexistente, mas perto da morte iminente ela se tornava cada vez mais suportável. Portanto, Eiji apenas continuava a socar o rosto “daquilo”, só parando quando tivesse a certeza de que a criatura havia perdido a consciência.

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Junto dos rios de sangue que escorriam por entre os dedos, percebia que a criatura nem era mais capaz de se mover, tampouco de respirar. Assim que isso aconteceu, tirou do ombro as garras que seguiam cravadas no membro. Por fim, caiu de joelhos, desativando a sua habilidade ocular. Nesse momento, também seria capaz de notar algumas gotas de chuva tocando o seu casaco. “Era isso?”, tomava um instante para se questionar. Ainda que tivesse subjugado o animal, sequer fazia ideia do que acabara de acontecer, apenas sabia que tinha sobrevivido; era o que importava. A situação não era propícia, e nem tinha ânimos para tal, mas mesmo assim o Uchiha punha um riso no rosto. Ele já não conseguia mais conter a sensação de alívio que sentia, então transformou o riso tímido em uma gargalhada que ecoaria por toda a floresta.

Não muito tempo depois, voltou a sentir a presença daquele ninja de elite ao seu lado. O homem apenas encarava o rapaz, que seguia com um riso no rosto. Àquela altura, o chunin já nem ligava para a presença do moreno. Após juntar todas as forças que lhe restava no corpo, se pôs de pé, apontando para o corpo caído do animal. – Essa que era a minha missão? – não esperou a resposta. – Se for, aqui está! Não sei o que é isso, e também não me importo, só vamos embora daqui – diria.

Após o tokubetsu pegar o corpo do animal nas costas, ambos retornariam para Konoha. Cambaleante e cheio de dores pelo corpo, Eiji ficava para trás, vendo a figura do homem se distanciar cada vez mais. Porém, não ligou. O Uchiha seguiu o próprio ritmo até que finalmente pôde se deparar com os muros gigantescos que protegiam e cercavam o vilarejo.

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