Objetivos:
— Treinamento de Status (100 pontos)
— Superação do Defeito: Preguiçoso

— Reiji! — chamava-me a minha mãe, com uma voz suave, mas audível do corredor de minha casa enquanto eu estava deitado na cama, fingindo que dormir. — Reiji! — chamou-me novamente, passando uns segundos, com uma voz já mais alta, mas ainda não era uma voz suficientemente raivosa para me fazer levantar da cama, para fazer tirar a minha máscara de quem fingia que dormia e que não estava a ouvir os chamamentos.

— REIJI! — voltava a chamar-me, desta vez mais próxima da porta do quarto, mas ainda não era o suficiente para me colocar em sentido. Entretanto, a porta do quarto se abriu estrondosamente e bateu com muita força contra a parede. A velha tinha entrado no corpo e estava bastante nervosa e agressiva. Agarrou a minha orelha e me obrigou a levantar com esse puxão de orelha. — ACORDOU AGORA, SEU PREGUIÇOSO?! EU SABIA QUE VOCÊ SÓ ESTAVA FINGINDO, MAS VOCÊ TERÁ O SEU CASTIGO AINDA HOJE! — berrou ela, bem nos meus ouvidos, tão alto que passado alguns minutos ainda podia sentir a sensação dos gritos delas.

Eu já estava vestido e pronto a sair, porque, realmente, só estava a fingir que dormir. Ela me puxou pelas orelhas por toda a casa até ao pátio. — TIRAREI A PREGUIÇA DE VOCÊ COMO TIREI DO SEU PAI, SEU IDIOTA! — continuou falando extremamente alto. Era possível que fossem audíveis fora do espaço da minha casa, nos arredores e mais ainda. — Aguarde aqui! — disse ela, num tom de ordem, largando a minha orelha quando estávamos no meio do pátio, no espaço que, usualmente, eu usava para treinar com o meu pai.

— Filho, tenho dó de você, não quero nem ver o que vai acontecer e vou até virar costas. — disse o meu pai, num tom de quem estava bastante assustado e de quem já sabia o que ia acontecer. — NÃO VAI NÃO, VOCÊ VAI FICAR AÍ ASSISTINDO E É SE NÃO QUER QUE FAÇA O MESMO COM VOCÊ NOVAMENTE — gritou novamente, desta vez dirigida ao meu pai, que se despia da sua postura séria e ficava aterrado de medo.

A minha mãe voltava com umas vestes diferentes. Voltava vestida de ninja e até com uma bandana da Vila Oculta da Folha. Nunca tinha visto a minha mãe vestida daquela forma, nem sequer sabia que ela, alguma vez, tinha sido ninja. — Vo-você é uma ninja? — perguntei, com a surpresa estampada no rosto. Na cara dela, era visível um sorriso. — A sua mãe não é uma simples ninja, foi e ainda é uma das melhores utilizadoras de Taijutsu da Vila Oculta da Folha, dona de uma força, resistência e velocidade descomunal. Nem a minha manipulação das sombras mais forte é capaz de segurá-la. — pronunciou-se o meu progenitor, descrevendo todo o talento e potencial da minha mãe como ninja.

— Eu sou isso e muito mais, que você ainda verá, Reiji. — adicionou ela, num tom de voz de quem estava bastante convencida. — Agora venha atrás de mim e só pararemos quando você for capaz de me acompanhar. — disse ela, enquanto caminhava em direção à porta do pátio, por onde sairíamos em direção à rua. Mal a porta se fechou, ela começou a correr a uma velocidade que para mim era impossível de acompanhar, então só fiquei parado, olhando para ela e surpreso. — Vai demorar? É preciso puxar sua orelha e pô-lo a correr no mesmo ritmo que eu? — perguntou ela, retoricamente.

O puxão de orelhas que tinha levado tinha sido suficiente por hoje e não queria levar nenhum mais. Minha mãe vestida assim me dava ainda mais medo, mas treinar com ela pela primeira vez era algo que eu queria fazer. Apesar da minha preguiça, queria provar-lhe que era mais forte do que o que ela pensava e que já tinha evoluído desde que me tinha tornado um genin. Então, comecei a correr num ritmo muito baixo, em passo de corrida, tentando poupar a minha energia e combater a minha preguiça.

— Tem de correr mais rápido ou nunca pararemos! — disse ela, quando passava por mim em corrida, após já ter terminado a primeira volta ao percurso que ela tinha definido. — Você é um preguiçoso, nunca conseguirá ser um ninja tão bom quanto eu ou seu pai assim! — voltou a falar, quando passou novamente por mim após ter concluído mais uma volta ao percurso. Eu não tinha acabado nem a primeira. — Que ninja é você que nem sequer é capaz de correr mais rápido um pouco e ainda nem uma volta deu? Que fraco, morrerá na primeira missão mais perigosa que for! — dizia novamente, após a terceira volta ao percurso. As palavras dela estavam sendo duras, mas ainda não eram o suficiente para me deixarem muito perturbado. Uma pequena raiva já se notava, mas nada que me fizesse explodir.

Finalmente já tinha acabado a primeira volta e a minha mãe já ia na sexta. Não tinha como eu acompanhar o ritmo dela e as provocações dela continuavam e cada vez se tornavam mais agressivas e intensas. — Não ouse dizer que faz parte da nossa família, você não merece os sobrenomes que tem! O que eu fiz de errado para merecer um filho tão demente e fraco? — pronunciava-se uma vez mais, quando voltava a dar-me uma volta de avanço.

— Dessa forma, nunca conseguirá tornar um mundo melhor para os seus filhos ou sequer para a vila. É por causa de ninjas fracos e insignificantes como você que existe o mal. — continuava com os seus comentários insultuosos e desprezíveis, cujo único objetivo era quebrar-me psicologicamente e ela estava a conseguir.

Ao fim de três horas a conseguir e de ela já me ter dado setenta e oito voltas de avanço, ela conseguiu-me quebrar-me psicologicamente. — Olho para você e vejo que devia ter fechado as pernas no dia do seu nascimento, ao menos não teria tanta vergonha quanto estou sentido agora — comentava ela. Nenhum filho merecia ouvir aquilo, por mais que soubesse que era sem seriedade e o objetivo era funcionar como motivação para dar o meu melhor. Parei e me debrucei sobre os joelhos. As lágrimas escorriam-me pela cara até ao fim do rosto e molhavam o chão.

Mesmo inconsolado e em prantos, ela continuava a correr, fazia comentários cada vez mais agressivos sobre o quanto eu era fraco, os meus poderes eram insignificantes e ela tinha vergonha de ter um filho assim e, ainda por cima, sem vontade de melhorar, pois era muito preguiçoso. Ela deixou-me com muita raiva e eu estava com muita vontade de lhe mostrar a força de vontade que existia naquele momento. Na vez seguinte que ela voltou a passar por mim, eu soltei tudo o que tinha dentro de mim, todos os sentimentos bons e maus, libertei o máximo de velocidade e tentei acompanhá-la pelo máximo de tempo que consegui.

Não aguentava o ritmo dela, e, ainda assim, os comentários continuavam. As lágrimas caíam-me do rosto misturadas com o suor, mas eu não ia desistir. Eu ia mostrar à minha mãe que eu tinha potencial para me tornar mais forte, para ser um grande ninja e que merecia ter os sobrenomes que tinha. Mostraria para ela que só por eu existir, o mundo já era um lugar melhor e que eu seria capaz de o tornar um lugar melhor, que encontraria o meu caminho e lutaria por ele.

Continuei a correr intensamente, mas não consegui chegar a metade das voltas que ela deu. Quando voltava a passar à porta de casa, reparei que ela estava parada, falando com o meu pai. — Reiji, vamos para dentro. Estou cansada de mostrar às pessoas o quanto você é fraco e insignificante para um ninja. — comentou novamente, de forma agressiva. O meu pai não se pronunciou sobre aquilo. Deixou a porta aberta para que eu entrasse e assim fiz.

Ela já estava no pátio, bem no centro, em prancha e a fazer flexões. — Como eu disse, só pararemos quando você me acompanhar. — lembrou-me do que ela tinha dito anteriormente. Eu estava exausto, mas eu ia provar-lhe que era capaz de, em algum momento, acompanhá-la. Juntei-me a ela com as flexões, mas enquanto ela era capaz de fazer repetidamente o movimento de flexionar os braços e levantar o corpo logo a seguir, eu apenas conseguia fazer dez de cada vez e tinha de parar. Conforme os músculos iam ficando cansados, eu reduzia esse número até que não consegui levantar mais o meu corpo.

— Não aguenta mais flexões? Fazemos abdominais então — referiu, enquanto virava o seu corpo de barriga para cima. Sentia-me cada vez mais fraco por não conseguir mostrar-lhe que eu era capaz, incompetente e inútil. Virei-me de barriga para cima e fiz os abdominais com ela. O meu corpo estava tão exausto que eu não sentia parte dos músculos, mas, ainda assim, eu tentava, por muita que fosse a vontade de desistir.

Mais uma vez, aquele exercício não foi o fim e a pior parte ainda estava para vir. — Prenda-o com a sua sombra. — disse ela, dirigindo-se ao meu pai, que, sem contestar, lançou a sua sombra na minha direção e imobilizou-me por completo. Por muito que eu tentasse libertar-me dela, para mim, era impossível, não tinha força suficiente para contestar um jutsu de algum de uma patente tão superior à minha. Foi então que a minha mãe começou a fazer de mim um saco de treino. Cada murro que me acertava era mais forte que o outro, cada pontapé que me dava era mais forte que o outro. Não havia nenhum sítio do rosto pelo qual eu não sangrasse ou que já não tivesse inchado, mas o pior é que ela continuava a acertar-me como se tivesse uma raiva completamente louca por mim.

Passado alguns minutos, pediu ao meu pai para que me soltasse. O meu corpo simplesmente caiu no chão, cansado e completamente destruído por todos aqueles golpes físicos. Eles ficaram ali a olhar para mim por vários minutos enquanto eu gemia de dor e me tentava levantar. — Vamos! Ele não é forte o suficiente para se levantar, hoje ficará a dormir cá fora e não terá direito a qualquer refeição. — comandou ela, com uma fala direcionada ao meu pai.

Aquilo já não me chocava ou abalava. Tinha percebido a mensagem que ela queria passar. Se eu continuasse com a falta de vontade que tinha, mesmo um ninja sem dar o seu melhor seria capaz de me derrotar como se fosse uma brincadeira. Não seria capaz de ensinar os meus filhos a serem ninjas ou de ter algum pupilo. Não seria capaz de proteger a vila. Eu tinha que ser alguém melhor e devia procurar isso. Podia ainda não ter encontrado o meu caminho ou saber exatamente o que almejava, mas eu chegaria lá algum dia.

Foi naquela mensagem que eu ganhei força para me levantar. Lentamente fui levantando o meu corpo. Primeiro o tronco com os braços que ficava em pé sobre os joelhos. De seguida, uma perna de cada vez. Embora queixoso, fui capaz de ir corresponder ao desejo dela de me levantar. — Já acabou, mãe? Ainda estou de pé. Quer ir correr de novo? — disse, com um sorriso desafiador na cara. — Amanhã treinaremos novamente, e no dia a seguir de novo e todos os outros até eu conseguir superá-la. Levantar-me todos os dias cedo para treinar com você e com o pai, eu ficarei melhor e me tornarei um ninja do qual vocês se possam orgulhar, me tornarei um ninja mais forte que vocês. — continuei, dando a palavra à minha mãe que me dedicaria à vida ninja como ela queria e esperava que eu me dedicasse.

Naquele momento, ela correu na minha direção e me abraçou. Carregou o meu corpo para dentro e fez todos os curativos necessários. Eu podia ver as lágrimas nos olhos dela. Aquilo tinha doído mais a ela do que a mim, mas eu precisava daquela missão para perceber que tinha de me tornar mais forte e não ter medo dos compromissos e conflitos. Só dessa forma conseguiria ser mais forte. Ela pediu-me desculpa por todos os comentários, por todas as palavras e por todos os golpes que me acertou. — Eu percebi a necessidade disso agora, mãe, e lhe agradeço por me ter feito ver o quão e o porquê de eu precisar de melhorar. — concluí, antes de cair no sono.

Eu era um ninja e não podia rejeitar qualquer missão que me fosse dada. Mesmo uma missão rank D poderia ter consequências graves na minha vida se eu não fosse forte o suficiente, embora fosse improvável. Numa missão rank C ou superior isso já poderia acontecer com mais facilidade. Ela provou-me que, mesmo sem usar habilidades ninja, era possível eu ser derrotado, portanto bastaria uma pessoa com uma forma física superior à minha e eu seria derrotado, no melhor dos casos, acabaria ferido o suficiente para nunca mais poder ser um ninja e não era isso que eu queria, não mais.

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