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Allannia Grey
HP:280/1500
CH:3446/4200
ST:06/07
Vila:Kirigakure no Sato
Palavras:2453
Seu tempo estava esgotando, percebeu. O corpo começava a pesar mais, e já não era mais tão rápida quanto antes. Utilizar constantemente os limites do seu corpo consumiu sua stamina gradativamente, e após tal precisou ativar o seu Raiton: Raigeki no Yoroi” para compensar a queda de desempenho. Não mais sentia capacidade de reagir fisicamente aos golpes, e se precisava dar mais algum chute, teria certeza que seria tão ineficiente quanto cócegas. Os animais se aglomeravam, passando por entre a sala que outrora Allannia esteve como cativa de maneira arrasadora, pisoteando os guardas em seu caminho. Aproveitou a algazarra para se esgueirar por entre eles, pela primeira vez progredindo de maneira significativa rumo à liberdade.
O portão por entre os reforços haviam entrado após o combate dentro de sua cela levava para uma vasta área de corredores. Aves se dispersaram rapidamente por múltiplas direções, enquanto animais terrestres hesitaram, não sabendo como prosseguir naquelas circunstâncias. Alguns escolhiam por conta própria, outros apenas ficavam em dúvida, sem saber como prosseguir. No fim todos escolheram seu rumo, exceto Allannia, que precisou ponderar. Começava a perceber de maneira mais a arquitetura de onde estava, vislumbrando o que parecia uma rede cavernosa de intersecções sem um ordenamento específico, como se fosse um esconderijo subterrâneo improvisado, no desconhecido. Não havia nenjuma janela, tampouco alguma menção de luz solar. Até mesmo tochas eram escassas em algumas das vias cavernosa, sendo tais os caminhos menos escolhidos pelos animais. Decidiu, mas não por muito tempo, pois existia a possibilidade de a qualquer momento ser atacada. Arriscou a questão da luminosidade como um critério para a sua decisão, optando pelo caminho do meio, ao lado de uma dupla de opções à direita e à esquerda, na qual metade destas não possuíam qualquer traço de iluminação. Seriam os caminhos a serem evitados.
Sua dedução mostrou correta, notando progresso. A respiração começava a ficar ofegante após tanto tempo em constante movimento, desde que conseguiu a sua liberdade provisória não teve trégua alguma em sua jornada. Seus passos a levaram para mais uma porta metálica que havia sido posta a baixo pelos animais, muitos de grande porte, com uma força física considerável. Quase recebeu ataques vindo de espécimes agressivas de felinos exóticos, mas a sua velocidade era superior aos bichanos, conseguindo evadir seus ataques sem maiores problemas, mesmo que o pouco espaço entre o fluxo intermitente circundante fosse um impedimento para sua defensiva. Exceto tais exceções, não enfrentou outros atos de ingratidão. A grande maioria estava mais preocupada em fugir rumo ao desconhecido, o mais rápido que podiam. Animais poderiam não ser famosos por sua racionalidade, mas era um consenso entre todos o valor da sobrevivência.
— Nenhum de nós queremos morrer — murmurou para si mesma — Se tem alguma coisa que humanos e animais tem em comum, é o amor pela vida — e seguiu o seu caminho.
Adentrando a área, percebeu uma sala usada para armazenar armas, completamente devastada pela passagem das criaturas ao local. Pouquíssimas armas estavam intocadas, não encontrando nenhuma das suas entre as remanescentes. Desde que havia sido sequestrada e desarmada, perdeu a posse destas. Suspirou, frustrada. Não sabia onde procurar Rauros e seus bens materiais, e cada momento que se passava a angústia se tornava um momento. Seguiu, em desânimo, desta vez passando por uma área peculiar. Era uma subida íngreme, que em sua concepção a levaria para a superfície, confirmando a sua hipótese sobre estar num esconderijo subterrâneo.
Enquanto subia, notou a inexistência de humanos no local. Não sabia se haviam ficado para trás, incapazes de escapar, ou se deliberadamente haviam aceitado o próprio destino. Os olhos, angustiados e desprovidos de emoção atravessaram a sua memória como lâminas. Eles pareciam crer que todos os esforços da chūnin era em vão. Um calafrio percorreu sua espinha, assim como o ressurgimento de seu negativismo e desânimo. Precisou lutar contra o sentimento, apressadamente pela escadaria. Haviam se passado alguns minutos desde a última ofensiva inimiga, era bem provável que estivessem focados em minimizar as perdas, recapturando o máximo de animais que pudessem.
Após uma extensa caminhada, chegou ao que parecia o fim da escadaria. Abaixo, pôde ver até onde se estendia os lances de degraus, numa ida sem fim numa imensidão abaixo dos olhos. Estava quase exausta, cambaleante. Havia sido a primeira a chegar, pelo que parecia, ao menos no que se referia aos seres terrestres. Algumas aves circundavam o local, obstruídas de passar por uma enorme camada metálica que estendia no fim da caverna. Ao seu lado, havia um pequeno apetrecho tecnológico, muito similar aos que viu na Essex Corp. Não sabia como manusear tais avançadas formas de bruxaria, tampouco possuía tempo o suficiente para dar meia volta e tentar novos caminhos. Algumas aves desistiam, outras permaneciam, olhando curiosas para a jovem chūnin. Sentiu uma delas pousar em seu ombro, fitando consigo a imensidão de teclas e comandos daquela máquina complexa.
— O destrave está aqui, em algum lugar, mas não sei por onde começar — suspirou, a situação era tão alarmante que estava conversando com um pássaro.
Desde a sua fuga, havia passado por circunstâncias que forçaram a sua mente a funcionar pensando em inúmeras variáveis. O desafio diante de si era o último obstáculo que restringia a sua liberdade. Caso conseguisse ultrapassar, poderia enfim escapar do cativeiro. Testou clicar em alguns dos botões, liberando a projeção de algumas imagens peculiares na tela, fornecendo nomes e dados sobre uma suposta empresa. Não sabia como havia chegado naquele resultado, pois havia meramente selecionado uma combinação de letras aleatória, revelando a grata surpresa como consequência.
— Vyrpel Thorm. Edwena Middleton. Galerito Morrigen. Avilla Blake — leu os nomes que apareciam, descendo a lista com o auxílio de um botão cuja aparência se assemelhava a uma seta, deduzindo que seria esta a sua função quando pressionou o mesmo — Viktor Grey? — surpreendeu-se ao ler o nome, vendo que o mesmo estava associado com a Hydra, tal como todos os outros, como seguidores de seus ideais. Não sabia se possuíam relação direta com o saque orquestrado em Silvermoon, mas a existência de um daqueles que compartilhavam o mesmo sobrenome que o seu era no mínimo intrigante — Quem será que é esse? — desejou ter tempo para coletar mais informações, apenas focou em memorizar os nomes, pois poderiam ser importantes para a solução da missão.
Concentrou todo o seu intelecto em decifrar como faria para encontrar a combinação que pudesse destravar os portões. Pensou cuidadosamente, utilizando toda sua inteligência para deduzir uma palavra-chave. Foi quando percebeu. Todos aqueles nomes, independente de quem fosse, poderiam ser ao solução do mistério. Clicou em sequência nas iniciais dos nomes visualizados (VEGAZ). Mas falhou, após carregar por alguns segundos, como se estivesse processando. O comando estava quase correto. A falha acarretou na abertura de uma tela anterior. Limitou-se a clicar com o auxílio de um cursor no nome de “Viktor Grey”, para que pudesse extrair mais informações.
Uma mensagem sugeriu que, por segurança, precisaria comprovar não ser outra máquina para acessar os dados. Era um complexo jogo de imagens, na qual o sistema oferecia uma palavra e precisaria associar em quais quadrados correspondiam ao que havia sido sugerido. A palavra escolhida havia sido “verdade”.
— Verdade? — percebeu nove quadrados, divididos por trios em três fileiras. Cada fileira havia um conceito. A superior mostrava três fênix, similares ao símbolo de seu Clã. Na segunda haviam três serpentes de várias cabeças. E na última, três sóis vermelhos — Qual deles aconteceu de verdade? Então foi o sol... — foi quando percebeu.
Era uma pergunta que apenas alguém do Clã Grey conseguiria responder. Tal como o seu membro. Associando rapidamente o conceito ao fundamento lógico, soube de rompante que a resposta era a fênix. O Plasma, elemento de nascença concedido aos membros de seu Clã, era dito sendo capaz de quase moldar a realidade, ao ponto de formar suas próprias verdades. Sorriu, vitoriosa, quando imediatamente surgiu uma nova tela. Uma palavra de cinco letras era requerida como senha, e de rompante recordou o conceito de outrora. Quando digitou “Plasma”, com muita dificuldade, pois precisou decifrar cuidadosamente as teclas e assimilar no que precisaria dedilhar, as respostas vieram. As combinações divergiam entre números, letras e símbolos, embaralhadas. Não havia sido feito para ser fácil de utilizar para invasores. Mas não impossível. Aos poucos sentia estar desenvolvendo uma facilidade maior de assimilar informações, utilizando a mente para a solução de seus problemas.
E demonstrou isso na prática. Um equipamento próximo imprimiu uma série de pergaminhos, cuidadosamente dobrados e guardados por baixo da sua roupa. Não encontrariam aonde estavam as suas informações, exceto que removessem seu vestido a força. Uma última mensagem surgiu, perguntando “Gostaria de sair?”, revelando apenas duas opções: “Sim, de verdade” e “Não, continuar”. Quando selecionou a primeira, o computador se desligou. E em seguida, veio a luz.
A camada metálica se abriu, liberando enfim os primeiros raios de sol após bastante tempo. As aves foram a primeira a fugir, seguindo em bandos para fora do cativeiro. Os animais aos poucos enfim conseguiram chegar ao topo, mesmo partindo primeiro a subida não era tão simples quanto parecia. Eles seguiram em frente, rumo até a liberdade por muito privada. Allannia teria ido também, se uma voz rude e grosseira não tivesse feito seu corpo gelar.
— Imaginei que encontraria você aqui, cachorrinha. Ou devo chamar de passarinho, já que quer tanto sair da gaiola? — a risada dele se misturava com uma fúria evidente — Eu avisei que se você não fosse obediente, eu daria um jeito em você. Pois bem. É aqui que termina.
— Não — reuniu convicção dizer — É aqui que começa.
Mas não foi ela quem começou. Ele veio primeiro, com um soco em seu estômago. Não conseguiu acompanhar os seus movimentos, devido ao fato de não acessar a sua velocidade máxima e a melhoria provocada pelo “Raiton: Raigeki no Yoroi” ser insuficiente para dar uma equivalência significativa ao confronto. Allannia arquejou, caindo de joelhos após o golpe. Ficou alguns segundos reunindo fôlego, antes de receber o segundo ataque. Um poderoso chute foi desferido em suas nádegas, quando ainda estava de joelhos, forçando o corpo da chūnin para frente. Apesar da área não conter nenhum ponto vital, a força física do adversário era tamanha que conseguia gerar danos significativos em si. O impacto violento a fez cair com intensidade no chão, protegendo a face com os braços, que sentiram com a queda.
Por um triz, poderia ter quebrado os ossos da mão e impossibilitar a conclusão de jutsu que necessitasse de selos. Apenas sentia dor, uma dor intensa que a deixava atordoada. Seu algoz se aproximou, novamente erguendo a Grey do chão como se fosse leve como uma pena. Era nesses momentos que ele demonstrava ser mais poderoso do que aparentava, e ela não poderia fazer nada contra isso. Ou poderia, se realmente quisesse. Mas as lembranças de seus assassinatos não saía de sua mente, por mais que por instantes pudesse se distrair com outras prioridades. Era uma fratricida. Não era digna de se considerar uma integrante do Clã.
— Eu poderia vencer — ela murmurou, com sangue escorrendo de seus lábios — Eu só precisaria. Eu só precisaria. Mais uma vez...
— Vencer? — ele riu, puxando ela para perto, pela primeira vez pôde ver seus olhos, negros e cruéis, por dentro do capuz — Não me faça rir, garota. Você não pode nem voar, passarinho. Está mais para cadela, agora sei. Você é minha cachorrinha, e vou fazer repetir várias vezes até aprender — e ele arremessou Allannia no chão, rasgando sua pele com inúmeros arranhões de pequeno porte, embora numerosos e espalhados por todo o seu corpo. Não viriam a ser cicatrizes, mas seriam o símbolo da sua vergonha para quem a visse naquele estado.
Quase perdeu a consciência. Se força o suficiente tivesse sido usada, todos os seus ossos teriam partido em mil pedaços. Mas era uma mercadoria. Apenas uma coitada. Digna de pena e misericórdia. Era como aquele brutamontes a via, irreverente. Ele se aproximou para dar o golpe final, quando ela debilmente ergueu o corpo para continuar tentando.
— Você não aprende nunca, garota. Estou cansado de você — os seus punhos se projetaram para o seu rosto com força máxima — Achou que eu ia ter pena de você? Eu avisei. É aqui que acaba.
Não teria tempo de desviar do golpe, portanto, utilizou o seu “Katon: Haijingakure no Jutsu” de maneira defensiva para aparar o soco. A força do Jutsu deveria colidir contra o poderoso soco, que estava vindo ser desferido em sua força máxima contra a chūnin. Conseguiu aparar o golpe, ao liberar uma enxurrada de cinzas ardentes que empurraram o alvo para trás, afastando seu ataque de maneira brutal. A técnica foi projetada num raio de 100 metros, gerando uma densa cortina de fumaça contra que impedia a visualização. Em seguida, ciente de que era perigoso passar pelo amontoado de cinzas sem visão da área, realizou o seu “Doton: Moguragakure no Jutsu” para se enfiar pela terra, movendo-se através dela aguardando o momento oportuno.
— Onde você está? — o seu agressor dizia, socando o chão violentamente, em busca de respostas — Está escondida, sua desgraçada? Apareça. Sua desgraçada. Apareça! — ele demonstrava o seu verdadeiro poder, cada um de seus socos violentos era destruidores, embora não esteja atacando de maneira apropriada e coordenada. Pois Allannia já havia retornado para a superfície, e estava numa distância segura de dez metros, atrás dele.
— ”Você me quer? Estou aqui” — ela quis dizer, mas na verdade apenas anunciou triunfante — Katon: Karyūdan — liberando uma respiração flamejante intensa na direção dele.
Sem chance de reação, o alvo foi pego de surpresa. As chamas engoliram o seu corpo, que já havia sido danificado de maneira indireta pelo “Katon: Haijingakure no Jutsu”, embora a sua intenção fosse de meramente afastar este com a propulsão das cinzas. O rival jazia no chão, moribundo. Era a primeira vez que conseguia alguma conquista significativa na missão, derrotando um dos principais oponentes.
Seguiu, rumando a saída, permanecendo numa distância de 50 metros do seu agressor, quando olhou de relance para trás. Ele estava de pé, novamente. Ofegante, disparou uma série de shurikens velozes, após retirar as mesmas da sua bolsa de armas rapidamente. Percebendo aquilo, não seria o suficiente, repetidamente, ele puxou algumas shurikens de sua bolsa de armas, disparando-as contra a chūnin em fuga. Rapidamente, reagiu liberando o seu Katon: Hōsenka no Jutsu, por pouco não sendo veloz o suficiente para evitar o golpe inimigo. As esferas flamejantes repeliram as armas ninjas, frustrando a investida dele. Por fim, ele sucumbiu, derrotado.
— Não posso cometer o mesmo erro que você — ela disse, num tom triste, e se aproximou uma última vez —Raiton: Raijū Tsuiga! — o cão elétrico anunciou o fim do combate, atingindo seu captor com uma corrente elétrica.
Rauros, a Leoa:
HP: 480/1000
CH: 1000/1000
ST: 00/05
Emme