Batsuki estava pronto. Ao menos, era isso que dizia a si mesmo, esperando uma nova missão que o colocasse diante dos verdadeiros desafios de ser um ninja. Desde a missão no cemitério, alguns dias antes, ele não conseguiu se focar em nenhuma atividade. Ficava numa espera silenciosa, andando pelas ruas da vila atrás de um sinal de necessidade — mas ele não aparecia com tanta facilidade assim.

Sentado no sofá da casa com sua regata e o casaco de trabalho pendurado atrás da porta, ele ouviu a batida apressada na porta e saltou para atender na esperança de ser um ninja de alto escalão. Encontrou apenas um pergaminho coberto de cinzas oriundas de queimadas; conhecia os sintomas após ter explodido a própria casa no passado. Limpou-o com um assopro, abrindo em seguida. A mãe veio atrás dele, querendo saber o que acontecia. Fez a leitura ágil que tinha aprendido na academia e arregalou os olhos, escondeu-se dentro do casaco, deixando a gola alta cobrindo metade do rosto, e guardou o pergaminho no bolso.

—— Estou indo.
—— Se cuida, filho!

Acenou, mas não a ouviu. Avançou em grande velocidade, forçando os músculos das pernas a aceitarem o excesso de vigor impulsionado. Correu mantendo os braços para trás, melhorando a aerodinâmica, como havia aprendido nos tempos de estudante. Não conseguiu evitar de sorrir ao passar pelo centro da vila com as pessoas olhando em sua direção. Porque não era apenas uma criança correndo e brincando de ninja no meio dos adultos. Ele, naquele momento, era Batsuki, o ninja.

Parou nos portões da vila, o ar parecia um pouco mais denso ali. Encontrou, pelo chão, as mesmas cinzas que cobriam o pergaminho. Desenhavam uma trilha sutil. Seguiu-a em velocidade máxima, o ar ficando cada vez mais rarefeito pelos efeitos do incêndio. Fumaça podia ser vista no horizonte, erguida em colunas escuras. Não demorou para se encontrar na frente do cenário catastrófico, árvores cobertas de fogo, animais correndo assustados e muitas cinzas voando ao seu redor. Escondeu metade do rosto atrás da gola, escondendo o sorriso que deu espaço para uma encarada firme e determinada de quem está disposto a fazer o que for preciso para completar a missão.

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A intensidade das chamas deixou uma questão flutuar na mente do garoto: como ele seria útil? Estava contente em ser escolhido, claro, pois finalmente tinha a chance de exercitar uma tarefa mais complexa que uma simples limpeza de chão. No entanto, ele não tinha ideia de como suas habilidades explosivas seriam úteis naquele cenário. Mordiscou o lábio, suas técnicas só piorariam a situação. Cada explosão que cometesse espalharia ainda mais as chamas até elas se alastrarem para além dos limites florestais, correndo o risco de invadir casas e até mesmo a vila. Qual era sua função? Quanto mais tempo perdesse refletindo diante do cenário, mais as árvores tornariam-se meras cinzas.

Merda, resmungou levantando ao máximo a gola para cobrir de vez até o nariz como uma máscara. Seguiu em frente até uma das árvores, esperava encontrar algum shinobi no meio daquela confusão toda capaz de dar algum direcionamento a ele, um mero genin. Contudo, achou apenas um brilho azulado e translúcido contra a madeira com um pergaminho coberto de cinzas. Ao seu redor nenhum sinal de ajuda. Talvez a missão fosse mesmo simples, ele simplesmente não estava entendendo ainda o que precisava fazer. Sua inexperiência falava mais alto que sua inteligência em momentos assim — e detestava quando isso acontecia.

As instruções do pergaminho não eram muito claras. Parecia haver a necessidade de marcar as árvores com alguma coisa antes de liberar água, provavelmente através de elementos de chakra. Era possível usar explosões, terra e raios, não devia ser improvável conjurar água de alguma maneira utilizando o chakra; ainda mais se fosse através de marcas. Um galho caiu próximo dele, consumido por chamas. Afastou-se novamente, voltando ao espaço seguro, que ficava cada vez menos seguro, e voltou a analisar o conteúdo daquele pergaminho. A orientação devia ser óbvia para ninjas mais experientes…, por que não era para ele?

Bateu contra a própria perna, irado. Como devia fazer aquela missão possuindo habilidades tão contraditórias à necessidade da situação? Aqueles idiotas não sabem os ninjas que tem?!, resmungou mentalmente, tão esquentado quanto o clima ao seu redor. Atirou o pergaminho contra o chão, furioso. O mesmo brilho azul de antes fez uma marcação no alvo. —— Ah... —— ele soltou, sentindo-se um idiota. Como esperava se tornar o maior ninja da história se ainda era tão lento para certas coisas?

Agarrado ao pergaminho, avançou para dentro da floresta em chamas. Marcando vários pontos, ele poderia ajudar a salvar o meio-ambiente. As orientações eram mais simples do que aparentavam. Bastava marcar e depois fazer um selo de mãos simples para canalizar a corrente de chakra imposta e conectada entre eles. Um ninja experiente teria entendido rápido. No entanto, não era assim tão fácil. Mesmo correndo em velocidade máxima, as chamas eram muito mais velozes e ágeis. Tocava num tronco e precisava enfrentar labirintos de galhos, fogo e fumaça. Da mesma forma, após alguns minutos zanzando dentro da floresta, o cansaço se fez presente, fazendo-o suar e precisar abaixar a gola para ofegar.

Levou alguns minutos até chegar à última árvore dentro de seu raio de alcance. Tinha marcado as mais externas, esperando que a água conjurada invadisse o ambiente de fora para dentro, assim engolindo toda floresta. Terminou ficando do lado de fora dos limites florestais, as mãos nos joelhos, respiração ofegante. Esperava não ter que continuar exigindo tanto de seu corpo, pois não conseguiria. Ainda tinha um longo caminho pela frente para se transformar no maior ninja da história de Iwa…

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Ofegante, viu o brilho dos selos iluminar a floresta inteira de uma só vez. Que lindo, pensou, deixando-se ser uma criança por um breve momento, suficiente para se autocensurar na sequência, mordendo o próprio lábio inferior. Crianças não eram grandes ninjas, apenas pesos. Precisava ser melhor que aquilo. Se impressionar menos com cada nova descoberta, pois não tinha mais sete anos de idade. A infância tinha ficado para trás lá, quando seus poderes, ainda sem uma forma de controle, saíram de controle e acabaram com a vida daquele que lhe deu uma linhagem avançada. Além disso, não tinha tempo realmente para ficar absorvido na beleza do brilho; logo em seguida, assim como as instruções indicavam, uma enorme quantidade d’água surgiu, convocada do absoluto nada, inundando as árvores e extinguindo as chamas, porém, igualmente avançando sobre a vida do garoto.

Embora não tivesse forças para avançar em velocidade máxima, aproveitou-se da oportunidade para saltar até um dos galhos e assim esperar a maior parte do aguaceiro passar. Não foi suficiente para um descanso, entretanto, evitou que fosse devorado pela enxurrada pela falta de fôlego. Em seguida, desceu usando o controle mais básico de chakra para andar sobre as águas lentamente, sem pressa, afinal seu corpo não tinha mais tanta energia sobrando e já era difícil ficar sobre a água — que estava abaixando a cada passo dado. Batsuki voltou para a vila com a certeza da missão cumprida e a mais pura absoluta noção de que ainda faltava um caminho longo para se tornar verdadeiramente forte.

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