Localizada em uma das áreas menos movimentadas do centro de Kumogakure no Sato está a Forja da Nuvem, comandada pelo aprendiz de ferreiro Uchiha Kinji. A fachada não é nada convidativa e não há nenhum indicativo do que se trata o estabelecimento, a não ser pelo símbolo de fogo talhado acima da porta, o forte odor de carvão queimado e a chaminé.

No interior, deparar-se-ão com um enorme salão e com o calor da fornalha quase sempre em brasas. O chão de concreto, forrado por poeira e fuligem, raramente é limpo e chega a ser incômodo para quem possui algum tipo de problema respiratório, recomendando o uso de máscaras protetoras por essas pessoas. No que tange aos equipamentos, a ferraria é completa possuindo desde simples martelos até bigornas pesadíssimas. Fora da área comum aos visitantes, existe uma sala destinada ao depósito das matérias primas e demais itens.

Depósito de Matérias Primas [27/50]

× Minérios Básicos (10);
× Minérios Avançados (6);
× Minérios Especiais (4);
× Minérios Lendários (2);
× Ervas Medicinais Básicas (5);

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— Que cheiro é esse, Kinji? — Questionou Mio, assim que chegaram ao estabelecimento.

— É o carvão que utilizamos para testar a fornalha..., logo você se acostuma.

Assim que adentraram, a felina correu para explorar o local e o Uchiha foi direto para o armazém ao fundo onde guardou todas as matérias primas que havia adquirido recentemente. Depois, retornou ao salão principal para recolher o carvão velho e terminar de organizar as ferramentas em seus respectivos locais. Além disso, esvaziou os barris de água para evitar que juntassem mofo e colocou o pote de ração e água da gata em um canto seguro.

— Acho que está tudo pronto, Mio..., deixei sua comida próxima a escada. Precisarei sair, mas não devo demorar muito.

— Tende não se meter em problemas, garoto. — Respondeu em tom irônico.

— Como se eu fizesse isso.

Ao deixar a forja, Kinji certificou-se de trancá-la corretamente e seguiu em direção aos portões da vila onde deveria se encontrar com o Raikage para partirem em uma viagem. O jovem ainda não tinha certeza do que exatamente fariam, mas definitivamente não poderia perder a oportunidade de adquirir um pouco mais de conhecimento com um shinobi de tamanha experiência como o líder de sua vila.

Considerações:

O movimento nas ruas próximas a Forja da Nuvem era relativamente baixo, uma das características pelas quais o Uchiha escolheu aquele local para sediar seu estabelecimento. Quando viraram na rua onde a ferraria estava localizada, puderem identificar que um homem de estatura baixa e braços musculosos expostos esperava em frente a porta, com duas grandes caixas de madeira ao seu lado. Sem apertar o passo, logo a dupla chegaria até ele.

— Pois não? — Abordou-o.

— Uchiha Kinji?

— O próprio.

— Vim trazer suas encomendas a pedido do Grande Mercador.

— Obrigado, pode deixar que eu levo lá para dentro.

O estranho acenou com a cabeça e saiu. Kinji destrancou a porta e a abriu em um só movimento. Um forte cheiro de lenha queimada foi liberado, fazendo com que o jonin encarasse seu líder ao mesmo tempo que pegava as caixas e as levava para dentro. — Sinta-se em casa, Sandaime-sama.

— Finalmente você voltou, garoto. — Uma voz feminina e fadigada surgiu de um dos cantos, pouco depois revelou-se pertencer a felina de pelos negros que estava sobre a mesa no centro do grande salão. — E trouxe visita..., visita importante pelo que vejo. — O Uchiha levou rapidamente as caixas até o armazém e voltou pedindo para que Kazuha se sentasse. — Sente-se, Sandaime-sama. Aceita uma bebida? Tenho um bom saquê aqui. — Ele pegou as canecas de madeira que estavam sobre a mesa e as encheu em um grande barril que ficava próximo a escada. Então, sentou-se e entregou uma delas a visita. — Essa é Mio, a gata de estimação da minha família. Enfim, o que achou do local? — Perguntou.

Considerações:

— O prazer é todo meu, Raikage-sama. — Respondeu a felina. — Desculpe-me pela situação do local, meu dono não costuma ser muito cuidadoso. — Complementou, provocando o Uchiha. Após quase finalizar com sua caneca de saquê, Kinji respondeu a dúvida de Kazuha. — Uma cobra que fala? Parece que isso é mais comum do que eu imaginava. Infelizmente não consigo te dizer quanto a isso, Mio já está em minha família a muitos anos e desde que a conheço ela já fala. Acredito que isso esteja ligado a inteligência desses animais que é acima da média, mas não posso afirmar com certeza. — Terminou a bebida. — Sim, eu quem projetei sozinho. Tive contato com outras forjas para ter base para isso, então não foi algo tão complicado. — Kinji observou atentamente as expressões de seu líder, que demonstrava não ser alguém tão acostumado com bebidas. As palavras seguintes desse, no entanto, surpreenderiam o jovem shinobi.

— Vivi a minha vida inteira às sombras de meu falecido irmão e foi por este motivo que acabei parando na casa de meu avô, aos seus cuidados. Se não fosse pela ajuda e treinamentos dele, eu jamais teria chegado onde eu estou hoje. No fim, aquilo que me levou à prisão acabou acontecendo, mas não deixo de ser grato a ele. — Levantou-se e seguiu até o barril para encher mais uma caneca de saquê. — No momento que eu ceifei a vida dele, meus olhos alcançaram um outro patamar de poder, nutrido pelo ódio. Acredito que, com toda sua experiência, já tenha visto algo parecido. No entanto... — sentou-se novamente. — É uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que sinto meu poder crescer exponencialmente, sinto minha vitalidade sendo consumida. Tenho receio de acabar exagerando ao utilizá-lo e isso me levar à morte. Então, até que eu tenha alguma ideia de como contornar a situação, não posso abusar. — Kinji deu mais alguns goles na bebida. — Dito isso, sei que preciso me tornar forte o suficiente sem depender dele. Então, não poderia desperdiçar a oportunidade de aprender com um Heroi do Mundo Ninja, como você, Sandaime-sama. — Sem sequer fazer careta, o Uchiha virou o resto da bebida. — Será uma honra. — O jonin era ganancioso e ansiava por reconhecimento, aquela, então, mostrava-se como uma oportunidade única.

Considerações:

A Sombra do Relâmpago de certo modo sentia algum tipo de compaixão ou empatia pelo Uchiha. Todavia, não o conhecia por completo. Kinji também carregava consigo a ganância e um lado sombrio. Por mais que não tivesse a intenção de fazer mal à alguém diretamente, seus interesses pessoais estavam acima de qualquer coisa. Era praticamente impossível ter um coração tão bondoso quanto o de um heroi para  Mundo Ninja. De qualquer forma, as palavras ditas por Kazuha eram inspiradoras. "Preciso voltar àquela pedra", pensou. — Não tenho dúvidas disso, Sandaime-sama.

No entanto, antes que quaisquer palavras sobre seu futuro treinamento fossem preferidas, eles foram interrompidos por um mensageiro que entregou uma carta ao albino, a qual dizia algo em relação a HYDRA: uma nova missão. A expressão preocupada do Raikage, acompanhada de sua fala, eram opostas a de Kinji. Pela primeira vez desde que se conheceram, o Uzumaki poderia ver um sorriso sincero e animado vindo de seu novo aluno. — Não podia esperar por uma lição melhor. — Respondeu, estalando os dedos e se levantando.

Considerações:

A lenha estalava devido a combustão dentro da fornalha que foi acesa recentemente. A temperatura no local, combinada entre o fogo e verão era quase insuportável. Mio, a felina de pelos negros, não se aguentava em pé e pendurava-se nos mais inusitados cantos do salão da forja. Ela não parava de resmungar e pedir para Kinji apagar a fornalha, fato que tirava totalmente a paciência do jovem, que estava sentado à mesa, concentrando-se na leitura de um livro sobre Naturezas Elementais. Intrigada, ela deixou sua posição atual e subiu na mesa para averiguar o motivo da concentração de seu dono.

— Por que está lendo isso agora?

— Recentemente, em uma de minhas missões, vi uma kunoichi utilizando raiton e me interessei por esse elemento..., parece-me bastante útil. — Indagou, sem tirar os olhos do livro. — Agora estou tentando entender suas características para aprender a conjurá-lo. — Complementou, fechando-o. — É melhor você ficar um pouco longe, não quero acabar te atingindo. — Disse, levantando-se e esperando a gata se afastar.

Os princípios por trás das transformações da natureza eram de domínio do shinobi, que já havia a treinado em outras oportunidades, consistindo em moldagem do chakra nas quantidades corretas para alteração de suas propriedades e características. Destarte, após o tempo gasto estudando as características da liberação do relâmpago, iniciou o treino prático.

Canalizando o chakra em sua mão direita, para melhor controle do que estava fazendo, tentou moldar o chakra de modo que ele se tornasse instável e cortante. As tentativas iniciais pareciam não surtir resultados e a dificuldade de Kinji era justificável, uma vez que as naturezas de seu domínio não eram parecidas com a nova. No entanto, com o passar do tempo e das tentativas, compreendeu melhor o funcionamento e passou a aumentar a frequência do chakra, por conseguinte, tornando-o mais vibrante e, enfim, tornando-se capaz de gerar relâmpagos.

— Me impressiono com o quão rápido você é capaz de aprender, agora..., apague essa fornalha, eu não aguento mais. — A felina reclamou novamente.

Considerações:

Kinji sequer teve tempo de abrir a porta da forja e foi atacado pela felina de pelos negros. Furiosa, ela não se conteve em pular em direção ao peito dele e cravar as afiadas unhas em suas vestes, chegando até a arranhar sua pele. — Garoto, você quer me matar de preocupação? Como você some por tanto tempo assim e sequer me avisa. — Disse, rudemente. — Que ferimentos são esses? — Questionou.

— Foi mal, Mio..., tive alguns imprevistos. — Respondeu, levando uma das mãos a cabeça e demonstrando uma expressão de culpa. — Foram só alguns arranhões. — Complementou.

Seguindo diretamente para o barril localizado ao lado da escada, o Uchiha encheu um caneco de saquê e sentou-se à mesa. Sobre ela, havia a última edição do jornal que recentemente foi entregue na residência e coletado pela gata. Essa, por sua vez, saltou para mesa e aguardou o jovem realizar a leitura – não sem antes fazer um comentário. — Têm coisas interessantes nesta edição. — Alertou.

O primeiro gole foi dado. O segundo, não. Quase que instantaneamente, após colocar o líquido na boca, Kinji o cuspiu. Os olhos arregalados indicavam que ele estava incrédulo com o que com o que acabara de ler. — Que nojo, garoto! — Exclamou a felina, afastando-se momentaneamente. — Depois de tudo isso, ela não meteu essa. — Reclamou. — Preste atenção, Kinji..., você não é burro. — O Uchiha retornou a leitura da carta, com mais atenção desta vez. “Algumas letras estão com a grafia diferente”, reparou. “F-u-i f-o-r-ç-d-a a e-s-c-r-e-v-e-r e-s-t-a m-e-n-t-i-r-a..., Filhos da p...” — Obrigado, Mio. — Agradeceu.

Todavia, como alertado pela gata, as demais informações contidas no jornal também tinham grande importância, como a morte de Sarada Uchiha, as casas pegando fogo na Folha e a queda de fragmentos da Lua no País do Vento. “Porém, não dá para confiar nessas informações”, pensou. — Dessa vez, você vem comigo..., Mio. — Levantou-se, chamou pela companhia da gata, que prontamente atendeu.

Considerações:

A noite caia sobre a Vila da Nuvem e consigo uma gélida garoa, resquício da estação que acabara de dar espaço para a primavera. Encontrava-me com os braços repousados sobre o batente da janela e com os olhos voltados para o centro da aldeia, observando a queda de gata gotícula de água. A rotina de trabalho na função de Raikage estava me deixando exausto e os recentes acontecimentos no embate contra a Hydra ainda assolavam minha mente. Imerso nesse conflito interno, lembrei-me que precisava renovar o estoque de comida de Mio e ver como andavam as coisas pela forja. Rapidamente joguei a capa que me identificava como Sombra do Relâmpago sobre meus ombros e segui em direção a estabelecimento.

Chegando a forjaria, logo adentrei e senti o suave aroma de carvão queimado que, por mais estranho que parecesse, me acalmava. Tão logo, alcancei o interruptor e ascendi as luzes. O silêncio que se seguiu, no entanto, me preocupava; afinal, era praxe Mio avançar ferozmente para cima de mim e me bombardear com sermões devido ao tempo que passei sem retornar ao local. Destarte, procurei-a em todos os cantos e a encontrei em sono profundo sobre as caixas do armazém. Evitei fazer qualquer barulho que pudesse a acordar e me permiti esboçar um leve sorriso, tento em vista que ninguém estaria por perto para ver essa expressão.

Retornando ao salão principal, retirei o restante do carvão velho que ainda estava na fornalha e o substitui por um novo. Após atear fogo, passei a reabastece-la até que estivesse tão quente quanto o sol do verão no deserto do País do Vento. Em virtude da alta temperatura, me desfiz de parte superior da vestimenta. Na sequência, peguei um restante de uma peça de metal que estava sobre a bancada e coloquei-a para aquecer. Enquanto o material não estava pronto para ser manipulado, aproveitei para pegar as ferramentas e as organizei sobre a mesa.

Após trocar a água do repositório ao lado da mesa, retirei o minério da fornalha com o auxílio de uma pinça grande e o coloquei para resfriar em água. Ao contato, uma fumaça branca emergiu e o sonoro e agradável som foi emitido. Seguidamente, coloquei o material sobre a bigorna e comecei a trabalhar.

Não tinha nada em mente inicialmente; contudo, o objeto diminuiu de tamanho à medida que era manuseado. Após alguns logos minutos de trabalho, cheguei a um modelo pontiagudo com um pouco mais de cinco centímetros de comprimento. Atentei-me, então, a dar um formato distinto para uma das pontas e moldei-a em uma espécie de fogo. Por fim, bastou lixar e polir o item confeccionado.

Assim que terminei, coloquei-o na direção da luz para conferir os detalhes e o brilho: estava perfeito. Apesar de tratar-se de um simples prego, o resultado havia me deixado satisfeito e todo o processo ocupou minha mente por algumas boas horas.  

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Considerações:

Acordei tarde no dia seguinte, provavelmente em razão do cansaço acumulado e da rara noite de tranquilidade. Ao me levantar, Mio ainda dormia próxima a mim, então decidi sair para comprar alguns dos materiais necessários para reformar a armadura que foi destruída durante a batalha contra Borsalino no Templo Otsutsuki. Não foi difícil encontrar o que procurava; afinal, sabia exatamente qual loja poderia fornecer o que eu estava procurando. Desse modo, efetuei rapidamente o pagamento e, após passar em uma padaria comprar alguns pães e frutas, retornei a forjaria.

Na fornalha ainda havia os resquícios do trabalho da última noite, então, bastou renovar o carvão e assoprar para que ela ardesse em chamas novamente. O trabalho de restauração era simples e rápido, uma vez que já possuí o molde da Oroborosu no Yoroi. Em pouco menos de uma hora, os pedaços foram juntados e o equipamento encontrava-se em perfeito estado para uso. Destarte, deixei-a repousar sobre o molde e fui preparar o meu café da manhã, que na verdade era o da tarde.

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Considerações: