Era domingo a noite, quando Nathaniel terminou de jantar e saiu de casa, caminhando até a biblioteca da cidade, que estava fechada, mas o dono o aguardava do lado de dentro, pois o Grey tinha um missão lá dentro. Sem dizer muitas palavras, Nate apenas mostrou o pergaminho para o dono da biblioteca, um homem de 60 anos que parecia não ter família, por pedir uma missão em pleno domingo a noite. Sua justificativa era que ele estava tendo poucos clientes nos últimos meses, dizendo que seus livros estavam cheios de poeira e que os seus funcionários acabavam fazendo uma grande bagunça ao limpar os livros. Imediatamente Nate pediu por uma vassoura e panos para começar o trabalho, e então começou limpando os livros e as estantes da biblioteca, retirando toda a poeira contida dentro delas. Aquilo era necessário, pois as poeiras que não caíssem no pano acabariam indo ao chão, não sendo necessário varrer duas vezes.

   Com as estantes e livros limpos, Nathaniel passou a cuidar do chão, mas antes ele levantou as cadeiras e colocou em cima das mesas, varrendo todo o salão e entre os corredores, juntando tudo em pequenos montes de lixo. Depois disso, ele pegou a pá e juntou toda a sujeira, enchendo a pá e jogando tudo no lixo. Tal coisa deixou o dono da biblioteca admirado, já que o local estava tudo limpo. Imediatamente, ele pegou a escada e limpou as lâmpadas e ventiladores, colocando os panos em um balde. Enquanto descia da escada, Nate se preparava para guardar as coisas e ir embora, quando foi interrompido pelo dono da biblioteca.

   ― Ei, falta limpar o banheiro e a cozinha. - disse o dono do lugar. Naquele momento, Nate percebeu que algo estava errado.
   ― A descrição da missão dizia que eu deveria limpar somente o salão principal. - justificou, já guardando os utensílios do local, pegando o pergaminho para mostrá-lo.
   ― Espera, eu especifiquei que deveria ter o local inteiro limpo, não só o salão principal. - o homem falou.
   ― Foi você quem descreveu os detalhes da missão, então vou cumprir o que está aqui, até porque eu não sou empregado. Poderia ser, mas não sou. - avisou em tom de brincadeira. - E de fato, eu já cumpri. Agora eu devo ir, pois tenho outras missões para cumprir hoje. - disse, quando o bibliotecário segurou seu pulso.
   ― Ei, seu trabalho não acabou aqui! Você vai limpar o local todo, porque eu paguei por esse serviço, e você é o meu empregado por hoje! Agora faça o seu trabalho, Gennin! - ordenou.

   Nesse momento, Nathaniel virou o rosto na direção dele, agarrando o pescoço do homem com força, e então colocando a cabeça dele contra o balcão, pressionando-o com força. O bibliotecário ficou resmungando e gritando de dor, mas nada fazia Nathan largar o homem, afinal eles estavam sozinhos.

   ― Você não me diz o que eu tenho que fazer, NINGUÉM me diz o que eu tenho que fazer! - avisou, pegando uma caneta num pote próximo e colocando na mesa. - Eu vou embora agora, mas antes você vai assinar a declaração de que estive aqui e cumpri minha missão. Estamos entendidos? - Nate o fez assinar rapidamente, o olhando com ira. - Se preocupa não, logo isso aqui vai estar cheio de gente... Ou de poeira de novo. - falou zombando, saindo da biblioteca com o pergaminho assinado.

   Nathaniel acabou passando por uma certa dificuldade em um dos dias de sua evolução que o impediu de cumprir com as missões que tinha combinado, mas quando se recuperou minimamente, ele foi para a casa do Sr. Kayo, que tinha encomendado uma missão para que pintassem o muro da sua casa. Não era algo muito complicado: era só pegar as tintas de cor marrom e verde, e o rolo para então começar a pintar o seu muro. O muro não era muito grande, mas também não era pequeno. Primeiro, ele tratou de forrar o chão próximo ao muro com jornais e folhas velhas, para que evitasse de cair gotas de tinta no chão. Depois, ele pediu por fitas durex, para demarcar os limites dos muros, para que não pintasse uma cor por cima da outra. Depois de molhar o rolo com a tinta, ele começou a passá-la de cima para baixo, tomando cuidado para não sujar o chão todo, e também para que a pintura ficasse minimamente uniforme, reforçando a pintura umas duas vezes, de forma que ficasse belo e livre de reclamações. Ele precisou pintar os quatro muros, pintando os lados norte e sul de marrom, e os lados oeste e leste de verde, gastando trinta minutos em cada pintura. Em duas horas, Nathaniel conseguiu fazer um trabalho que ficasse perfeitamente executado, arrancando elogios do proprietário da casa, um homem idoso que dizia que os netos não serviam para o trabalho braçal.

   ― Os jovens de hoje em dia são tudo vagabundo! Só querem saber de farrear e ficarem trancado no banheiro! – disse o velho, fazendo Nate olhar para o velho com a sobrancelha erguida. – Meus parabéns, meu jovem. Me dê o pergaminho para assiná-lo. – pediu sorridente.
    ― Obrigado, senhor. Está me ajudando bastante em minha evolução. Agora com licença, que irei para a minha próxima missão. – sussurrou, depois de entregar o pergaminho para o homem, junto com uma caneta.

   Nathaniel caminhava para a sua última missão Rank D da semana, antes de começar a se arriscar em missões mais difíceis. As informações que recebeu era que deveria impedir uma matilha de lobos de continuar atacando as ovelhas de uma das únicas fazendas de Konoha que ainda tinha ovelhas. Assim que chegou nas proximidades do local, Nathan foi falar com os donos da fazenda, se presentando como ninja de Konoha, e dizendo o motivo de estar ali. Logo deu instruções claras para os donos da fazenda.

   ― Fiquem longe das janelas e protejam suas portas. Diga para os seus funcionários apagarem todas as tochas e entrarem dentro do curral com as ovelhas, segurando pás e foices. Eu não devo demorar muito, então não se metam na briga. Não poderei ajudar vocês se ficar focado em protege-los. – avisou, vendo a matriarca entrar dentro de casa com os seus dois filhos, enquanto o homem da casa foi conversar com os seus funcionários.

   Enquanto isso, Nate foi ficar em cima de uma árvore próxima do cercado, sabendo que os lobos tentariam invadir o local. Em uma hora, uma matilha de lobos se aproximou, caminhando em marcha lenta. Eles não tinham medo nenhum dos homens que estavam ali, pois eles tremiam em segurar as suas pás e foices. O curral não era tão grande, então eles poderiam pulá-lo facilmente. Mas antes daquela matilha tentar realizar algum movimento brusco, Nathan realizou selos manuais rápidos, lançando cinco pequenas bolas de fogo na direção dos lobos, acertando dois deles, mas outros sete desviaram no meio do caminho.

   Nathaniel logo deu um salto, ficando entre os lobos e o curral, numa distância de seis metros entre eles. Retirou uma kunai do bolso, girando-a no dedo indicador esquerdo, mantendo os olhos semicerrados na direção dos sete lobos, que estavam famintos e sedentos de ódio. Por um instante, Nathan tremeu de medo. Nunca tinha entrado em uma luta de verdade, e tudo o que tinha feito até aquele momento era através de treinamentos.

   De repente, um dos lobos correu em sua direção e saltou para abocanhar o seu ombro, mas Nathan acabou dando um salto rápido para o lado esquerdo, desviando com uma enorme facilidade, vendo o lobo passar no vazio. Naquele momento, o garoto se assustou com a sua velocidade, resultado dos seus treinamentos intensivos.

   ― Eu estou.. Mais rápido. Caramba, não tinha noção de como meus reflexos estão mais apurados. – disse em sigilo, respirando fundo e rapidamente vendo um dos lobos se aproximar, e então girou o corpo, para ter a potência e agilidade o suficiente para acertar um chute na cabeça do lobo, que rolou para o lado. ― Sim, isso é por causa dos meus treinos. Se eu continuar assim, ficarei muito mais forte... Mas para me tornar mais fortes, preciso praticar mais. – pensou, pegando mais uma kunai e colocando-a na mão direita. ― Preciso criar um padrão de movimento na minha mente e executá-lo de forma primordial, para me livrar desses lobos. – mentalizou o garoto.

   Foi então que ele deixou que os lobos se aproximassem, percebendo que eles corriam em linha reta, e que atacavam um de cada vez, talvez para que um deles derrubassem o alvo, e os outros viessem atrás. Sendo assim, Nate acabou tendo uma ideia. Quando os mesmos chegavam perto dele, Nathaniel dava um pequeno salto para o lado, e então dava um segundo salto, mas na direção dos lobos, enquanto eles estavam em pleno ar, perfurando os seus corpos com a kunai. Era um movimento padronizado, como deveria ser, afinal estava em menor número e suas habilidades em combate ainda eram limitadas.

   ― Sim, eu estou vencendo! Venham todos, pois EU IREI DERROTÁ-LOS! – bradou internamente, abatendo um por um, atingindo os seus corpos e, quando não os matava imediatamente, os enfraquecia a ponto deles não conseguirem permanecer na luta.

   No final, aqueles que sobreviveram acabaram fugindo com dificuldade, deixando um rastro de sangue, um rastro que os fazendeiros seguiam para terminar de derrotar a matilha. Enquanto isso, Nathaniel limpava as suas kunais na vestimenta, enquanto recebia os cumprimentos do dono da fazenda.

   Mas o que ele queria mesmo era ter o pergaminho assinado, para que assim ele pudesse voltar para casa.