Mugen e Tetsuma caminhavam solitários pelas ruas de Kumogakure. Àquela hora da noite, sob o frio que precedia a nova estação, ninguém se atrevia a permanecer fora do conforto de suas casas, a não ser aqueles que eram obrigados devido a profissão que exerciam, aqueles que não tinham onde se abrigar ou os bêbados que enxiam com dinheiro os bolsos dos donos de bares. Mais para o centro da vila havia um desses estabelecimentos que, embora pequeno, estava curiosamente lotado. Foi nesse que o shinobi aposentado resolveu parar para comprar mais cigarros e uma pequena garrafa de saquê para esquentá-los. Demorou alguns minutos para que todo o processo de atendimento fosse concluído, mas logo a dupla voltou a caminhar.

— Para onde exatamente estamos indo, velhote? — Perguntou, após pegar o saquê da mão do mais velho e dar um generoso gole.

— Agora que você chegou no estágio mais avançado de seu sharingan, eu quero que veja algo. — Respondeu, pegando a bebida de volta.

A dupla passou pelo gabinete do Kage e chegou a uma espécie de monumento que estava propositalmente isolado. Eles permaneceram observando a estrutura de pedra por alguns minutos enquanto terminavam de partilhar o saquê.

— Reconhece esta pedra? — Questionou, Tetsuma.

— Não faço a menor ideia do que seja.

— Olhe com atenção.

Após um olhar atento, Mugen percebeu a seguinte escritura: "Até mesmo na pior das perdas, devemos reabrir nossos olhos para o futuro, pois sempre existirá um futuro para ir além”.

— O que isso quer dizer? — Não havia entendido.

— A pedra original com essas escrituras está localizada em um santuário em Konoha e uma cópia dela foi cedida de bom grado aos líderes das demais Vilas Ocultas como demonstração de paz entre as nações..., ela tem relação com o nome que carregamos e os olhos que enxergamos. — Então, o ex-shinobi ativou seu sharingan e sinalizou para que seu neto seguisse seus passos.

Exibindo seus belos olhos vermelho sangue, Mugen voltou a olhar o monumento e notou que a escritura havia mudado. As inscrições agora contavam sobre a existência de um poder que vai além, conquistado através do ódio, conhecido como Mangekyō Sharingan. Além disso, citavam a história de um garoto Uchiha que conquistou um poder inimaginável ao trilhar o caminho do ódio; entretanto, tal poder o consumiu e o deixou em terrível angústia, devido ao fato de que foi necessário passar um grande trauma, como perder alguém extremamente querido.

“Meus olhos..., eles podem ser mais poderosos? Mas...”, pensava.

— Velhote, isso é verdade? O que está escrito.

— Eu não tenho a resposta para isso. Já ouvi algumas histórias sobre esses olhos, mas nunca cheguei a conhecer alguém com eles.

— Entendo. — A resposta curta de Mugen foi sucedida por um olhar distante e pensativo.

— O quanto você estaria disposto a se arriscar por este poder?  Ou melhor, qual o preço você estaria disposto a pagar? — Perguntou, despretensiosamente.

O jovem Uchiha, que estava com a garrafa de saquê em mãos, bateu-a contra o chão e a partiu ao meio. Fazendo um rápido movimento, passou para as costas de Tetsuma e apontou a afiada ponta para contra a garganta do mesmo.

— Sério?

— É claro que não. — O jonin jogou o objeto cortante em um canto qualquer e se afastou. — Quem faria algo do tipo por conta de um mito? — Riu. — Vamos voltar, estou com frio.

Apesar da brincadeira, certamente aquelas inscrições iriam permanecer na mente de Mugen pelos próximos dias.

Considerações: