Infelizmente, não pude me encontrar com a Jonin Mei quando sai do gabinete – a mulher realmente era rápida e escorregadia. Assim como esperado de um Jonin. Não tendo mais motivo para ficar perambulando, e sabendo que o meu Sensei estava ocupado, cabia voltar para minhas funções normais...

Interrogadora Sargenta do time de Tortura e Interrogação de Kumogakure. Era um título que me encaixava, mas jamais havia imaginado que estaria aqui um dia. Veio quase de maneira inesperada, mas o trabalho me convém.

Só há uma pegadinha: Enquanto ser Sargento em uma estrutura militar tradicional significa o começo do caminho junto do alto escalão, marcando o inicio de uma carreira como oficial, aqui na divisão de Tortura e Interrogação a situação era um pouco diferente... De fato, Sargento era sinônimo de Iniciante, Novato ou Estagiário. Esse fato me deixava mais do que um pouco irritada, e então tornei minha prioridade perder o título de ‘Novata’ assim que possível, mas, assim como tantas outras coisas na vida, não era tão fácil assim.

Apesar da minha introdução á divisão ter sido um tanto... bombástica (se matar dois alvos e capturar outros dois, os interrogando minuciosamente pode ser considerado ‘bombástico’), aquilo era apenas mais um caso de ‘Excessão, não Regra’, e sendo assim, como qualquer outro iniciante ao time, tinha que passar pelos vários testes e treinamentos básicos e obrigatórios que eram exigidos de todos os membros.

E, pelo lado bom, eu já sabia exatamente onde ficavam minhas deficiências técnicas, e agora era apenas uma simples questão de trabalhar contra elas o mais rápido o possível para continuar a progredir em minha carreira. Outra coisa que me beneficiava era de que, como uma membra da divisão, eu podia recorrer aos outros membros para qualquer ajuda que eu necessitasse – é claro, com seus limites.

Após um curto período de procura, encontrei alguém que pudesse me ajudar – Capitão ‘Tanki’, parece que usava um codinome ao invés do nome verdadeiro. Era um homem já com suas quatro décadas nas costas, cabelos brancos e ralos, e uma disposição extremamente irritada, com um pavio curtíssimo. De fato, minha primeira introdução ao homem foi desviar por pouco um livro jogado diretamente contra minha testa quando entrei na sala dele. Tenho que admitir, que toda a primeira impressão que eu tive do homem foi negativa, e se não pelas palavras dos outros operativos que eu havia conversado, eu teria saído dali e finalizado todas minhas interações com o Capitão.

Mas, após um tempo de conversa (completamente cheio de insultos e ofensas direcionadas a tudo que estava em seu redor), tive que admitir que apesar da disposição terrível, o homem era um gênio em seu campo. De fato, parecia que não havia uma única pergunta que ele não conseguia responder, apesar que as respondia como se fossem fatos simples da vida e que o fato de eu não saber me fazia uma idiota.

Tive a sorte de fazer o velho homem concordar em me ensinar alguns macetes e técnicas simples para meu novo campo de atuação – e a primeira aula foi mais humilhação do que uma aula de verdade. O primeiro objetivo dele era me ensinar a ‘Postura’ de um interrogador, começando pelo fato de que, nas palavras dele, ‘Você anda como uma pata obesa!’. Em algumas horas, o velho capitão havia me mostrado como andar de forma silenciosa – dedos dos pés no chão, depois calcanhar, dobrando os joelhos, sem arrastar os pés. De fato, era algo bem... óbvio, mas ter alguém para te orientar adequadamente foi um ótimo acelerador. Também me ‘orientou’ a ‘substituir’ todos os meus calçados por outros feitos com material que absorve impactos, preferencialmente feito de pano ou outro material macio – Em outras palavras, eu tive que amarrar um pedaço de pano em volta dos meus pés para não ficar andando pela vila descalça.

Após dezenas de cutucões, golpes contra a minha nuca, insultos e afins, Tanki declarou que pelo momento, nossa aulinha introdutória havia acabado. Apesar de curta, esse era apenas o pulo súbito em ‘Reconhecer nada sobre o assunto’ e ‘Conhecer os básicos’. Eu ainda tinha um longo, longo caminho para percorrer nesse treinamento... E, de acordo com as palavras do homem, agora era hora para um teste prático... Eu apenas podia imaginar o que poderia ser que ele tinha em mente para mim.